Loki

Foi lindo o Inferninho Trabalho Sujo que fiz com a Porta Maldita nessa sexta-feira na Casa Rockambole. A ideia, que começou como uma oportunidade de fazer um grande evento para o lançamento do disco de estreia da banda Boca de Leoa, evolui para um encontro de três bandas promissoras da nova cena de São Paulo, todas engatilhando momentos distintos de suas carreiras, mas sempre espalhando uma vibe alto astral e dançante durante todos os shows. A noite começou com uma apresentação precisa da Tietê, usina de som que mistura elementos jamaicanos, paulistanos, latinos e outras groovezeiras e que ainda adia o lançamento de seu segundo álbum, gravado desde o ano passado – e que, em tese, sai ainda em 2025. O entrosamento dos músicos é patente e embora não haja uma liderança musical, o grupo gira em torno do pulso determminado pela baterista e vocalista Rubi e pelo carisma e versatilidade da vocalista e saxofonista Dodó. As duas impulsionam o volume de som do resto da banda, que atravessa o público como um trator grooveado em câmera lenta e acaba de anunciar seu primeiro show num Sesc, quando tocam, no próximo dia 11, no Sesc Belenzinho.

Depois foi a vez das estrelas da noite mostrarem que não estão pra brincadeira. É incrível a desenvoltura e a solidez musical mútua da Boca de Leoa, algo que só se constrói com muito show, trabalho que elas vem fazendo sério há uns dois anos. E mesmo felizes por estar lançando seu No Canto da Boca em grande estilo, é possível perceber o quanto elas já evoluíram em relação à banda que gravou o disco no ano passado – e sua química conjunta é tão empolgante quanto a postura individual de cada uma delas: Be Cruz está esmerilhando na bateria, sempre mantendo o pulso firme que conduz o grupo, a baixista Duriu traz peso e leveza aparentemente contraditórias ao seu instrumento, enquanto Nina Goulios nasceu para ser guitar heroine e Duda Martins domine o público com seu carisma inabalável e vocal que ainda está mostrando sua força. Elas ainda contaram com participações especiai, quando tiveram Rubi e Dodó da Tietê tocando percussão e sax em várias músicas, chamaram o flautista Vitor de Biagi e o acordeonista Pedro Zatz para acompanhá-las em outras e até mostraram uma música nova – um rock (!) composto dois dias atrás que fez o público abrir uma improvável roda de pogo. Ao convidar Luíza Villa, da Orfeu Menino, para o bis (que contou com todas as outras participações especiais), usaram seu primeiro hit “Vem Moreno” como uma forma de transformar a Casa Rockambole em uma quadrilha junina. Showzaço que mostra que elas estão só começando.

E a noite fechou com o melhor show da Orfeu Menino até hoje. Além de composições novas e uma única versão para música alheia (“Tudo Joia”, do Orlandivo, que só surgiu porque o público pediu bis), ainda contou com a transformação do tecladista Pedro Abujamra em showman, que saiu de trás do seu instrumento para brincar com a plateia sem deixar o groove cair. A cozinha formada por Tommy Coelho e João Ferrari segue tanto firme quanto dançante, enquanto o guitarrista João Vaz, que entrou para a banda no início do ano, pinga gotas de rock e blues no mapa musical de jazz brasileiro e MPB dançante dos anos 70 do grupo completamente à vontade. À frente de todas, o furacão Luíza Villa, explodindo seu vocal arrebatador, seu corpo performático numa eterna dança e seu carisma inabalável para deixar o público enlouquecido. Todas essas qualidades se juntaram ao humor inerente dos cinco na inédita “Hondureña”, irresistível música caricata latina em que Luíza encarnou uma aeromoça em portunhol conduzindo o público para uma utopia caribenha enquanto tocava um agogô que por vezes soava como um cowbell, outras caía pro groove, que ainda teve Abujamra conduzindo uma “cuenga humana” com o público, colocando-o para dançar numa fila em plena Rockambole, encerrando a noite com o astral lá em cima. Noitaça.

#inferninhotrabalhosujo #tiete #bocadeleoa #orfeumenino #aportamaldita #casarockambole #noitestrabalhosujo #trabalhosujo2025shows 112, 113 e 114

Kim Gordon atualiza o cartão de visitas de seu mais recente disco solo para se encaixar no clima de pesadelo que paira sobre seu país. A bordoada “Bye Bye” ganha uma versão “Bye Bye 25” que chega às plataformas de áudio nessa sexta-feira, acompanhado de um clipe que clona o clássico clipe do Dylan para sua “Subterranean Homesick Blues”. O alvo, claro, é Trump – mas sem precisar dizer seu nome.

Assista abaixo: Continue

O grupo norte-americano Yeah Yeah Yeahs começou uma nova turnê esta semana, priorizando apresentações intimistas em teatros e aproveitando essa oportunidade para resgatar músicas que nunca tocaram ao vivo (ou que não tocam nos palcos há anos) e fazer versões que canções que admiram. A turnê Hidden in Pieces começou na terça passada, quando o grupo apresentou-se no Fox Performing Arts Center, na Califórnia, e além de tocar “Little Shadow”, “Mars” e “Let Me Know” pela primeira vez ao vivo (e resgatar para os palcos “Mystery Girl”, “Warrior” e “Isis”, que tocaram pela última vez há quinze anos), também aproveitaram para saudar Björk em uma versão deslumbrante para “Hyperballad”, com direito a cordas. De chorar.

Assista abaixo: Continue

Música como religião.

Ouça abaixo: Continue

O mestre nos deixou, mas sua inspiração, legado e lembranças ficam, mantendo-o vivo entre nós. Pude vê-lo ao vivo duas vezes, uma no Brasil, quando tocou seu Smile dentro da programação do Tim Festival de 2004, e depois no Primavera Sounds em Barcelona, quando o vi tocando seu Pet Sounds na integra. No primeiro ainda não tinha essa mania de filmar shows que tenho hoje, mas consegui registrar o segundo (numa câmera que não era tão boa quanto a atual, especificamente no que diz respeito à altura do som). Mas é um momento único na minha vida que posso reviver e compartilhar com todos. Assista abaixo: Continue

Eu nao estava preparado para essa notícia. Vai-se um mestre. Obrigado.

Imensa satisfação em chamar para apresentar no palco do Centro da Terra a primeira apresentação musical da artista plástica Antônia Perrone, que encarna o pseudônimo Antônia Midena para apresentar o espetáculo Antônima, uma peça sonora e textual que mergulha no mundo das palavras para tentar explicar o inexplicável, ao unir música e teatro numa apresentação sobre som e sentido, em que será acompanhada por Acompanhada por Alex Huszar, Amanda, Bel Aurora e João Rodrigues, misturando textos inéditos e canções próprias. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos já estão esgotados.

#antoniamidenanocentrodaterra #antoniamidena #antoniaperrone #centrodaterra #centrodaterra2025

Morreu um dos maiores nomes da canção norte-americana. Sly Stone não foi responsável apenas pela criação do funk a partir da fundação feita por James Brown, mas também um dos principais nomes no surgimento de uma nova alma negra norte-americana (e, posteriormente, mundial) bem como por ter transposto barreiras que vão para além dos gêneros, raça ou religião. Um mestre e hitmaker como pouquíssimos.

“Vocês vão ser os primeiros a ouvi-la, sabe? A partir daqui não tem volta. Certo, vamos lá. Fiquem à vontade”, disse o homem Tame Impala Kevin Parker ao dar um segundo DJ set surpresa em Barcelona, na Espanha, durante o fim de semana do festival Primavera Sounds. Na sexta-feira ele apareceu como convidado surpresa do próprio festival e depois, no sábado, discotecou no clube Nitsa, quando tirou da cartola a primeira música de sua banda desde que lançou seu quarto disco The Slow Rush, pouco antes da pandemia, em 2019. De lá pra cá, ele lançou algumas músicas solo ou em colaboração com outros artistas (uma faixa pra trilha sonora do filme Dungeons & Dragons e duas parcerias, uma com o Thundercat e outra com o Justice, além de produzir o disco mais recente de Dua Lipa), mas nenhuma com o nome de sua banda – até este sábado. E se a faixa ainda sem título servir de guia para o próximo trabalho do projeto psicodélico de Parker, espere um disco voltado para a pista – ou pelo menos é o que faz parecer essa base housêra que atravessa o single, ainda sem data de lançamento.

Assista abaixo: Continue

Air ♥ Charli XCX

E por falar na Charli, imagine que você está curtindo o show do Air e lamentando que eles não chamam vocalistas para cantar as melodias de algumas de suas músicas específicas até que, logo quando o vocal de “Cherry Blossom Girl” vai entrar, ninguém menos que a própria Charli XCX sobe ao palco para acompanhar a dupla francesa. Foi isso que aconteceu neste sábado, durante a participação do grupo no festival parisiense We Love Green. Imagina!

Assista abaixo: Continue