Loki

Nerdismos de Copa

Primeiro, um guia (desses que tão circulando por email) pros gringos pronunciarem os nomes dos jogadores brasileiros. Valeu, Ju:

1 – Did Are
2 – Car Full
3 – Look See You
4 – Who One
5 – When Mear Son
6 – Who Bear To Car Loss
7 – Add Dream An No
8 – Car Car
9 – Who Now Do ( Few Now Mem No )
10 – Who Now Dream You Gay You Show
11 – Zero Bear To
12 – Who Jerry Scene
13 – See Seen You
14 – Crisis
15 – Lowis On
16 – G You Bear To
17 – June In You
18 – Mean Arrow
19 – G You Bear To Silver
20 – Rich Are Dream You
21 – Fried
22 – July Seissor
23 – Who Bean You

E depois, é uma conspiração oculta que diz que, não apenas o Brasil irá conquistar o hexa (sabia que pronuncia-se “Éza” e não “Éksa” – não lembra como se fala “hexágono”, não?) esse ano, como vai ficar cinco copas sem ganhar nada. Léo e Arnaldo que começaram esse papo, se liga na ordem dos campeões da Copa…

1930 – Uruguai
1934 – Itália
1938 – Itália
1950 – Uruguai
1954 – Alemanha
1958 – Brasil
1962 – Brasil
1966 – Inglaterra
1970 – Brasil
1974 – Alemanha
1978 – Argentina
1982 – Itália
1986 – Argentina
1990 – Alemanha
1994 – Brasil
1998 – França
2002 – Brasil
2006 – ?

Então pegue o ano de 1982 como centro e vá reparando na estranha coincidência que acontece à medida em que nos afastamos dele – as copas anterior e posterior a 82 são da Argentina, indo mais pra trás e pra frente as copas são da Alemanha (74 e 90), depois Brasil (70 e 94) e, a única não-coincidência acontece agora, quando em 66 e 98 os campeões são Inglaterra e França – mas, rá!, são times europeus que ganharam seu único título quando foram o país-sede. Por essa conta, a copa de 2006 equivale à de 58, que foi o primeiro título brasileiro. Ou seja, se ganhar essa, é a última!

Mas até parece: tá tudo se armando pra final ser Brasil e Alemanha (a melhor final em todos os sentidos – audiência, publicidade – talvez não em futebol) e comece a reparar a quantidade de matérias falando que o povo alemão é outro, renascido, bem-humorado, longe daquele estereótipo da eficácia e da seriedade, que se redescobriu no futebol, que apagou o fantasma do nazismo e o escambau. Enquanto o povo fala da China, a Alemanha se arreganha toda pro mercado e tá aí, prontinha pra vir (segunda maior economia do mundo, esqueceu?), só falta ganhar um élan de gentebonice aí fica fácil. E de onde virá essa cobertura de sorrisos?

Mas, pô, o Brasil podia jogar direito pelo menos algum joguinho, né?

Mais YouTubices


Calypso com Iron Maiden;


Bing Bong Brothers e o poder do bigode (são os mesmos caras do Just 2 Guys);


James Brown mutcholoco;


Clipe classe do Mr. Catra (“Sem Mistério”);


Erros de gravação do Chaves;

O vizinho chato do Mateus;


Frank Zappa com John Belushi;


Orson Welles breaco;
Calotas picture (vai dizer que não era tudo que você queria?);
“Crazy” kid.

Tem mais, claro que tem. E valeu quem me mandou essas coisas, eu não lembro quem mandou o que (Vlad, Kalatalo, Mini), mas valeu eniuei.

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O violão martelado e a voz achatada de Jeff Mangum, o líder e cérebro do Neutral Milk Hotel, parecem tão inofensivo quanto um vagabundo bêbado que canta à sua janela às cinco da manhã. O que ele canta também não parece fazer sentido, como se inventasse a letra de uma música conhecida, criando imagens estranhas e novas. Na primeira música (“King of Carrot Flowers Pt. One”) do segundo disco de sua banda, In the Aeroplane Over the Sea (Merge, importado), ele canta sobre uma infância em que “a mãe enfia um garfo no ombro do pai/ E o pai joga lixo pelo chão/ Enquanto nos deitamos e aprendemos pra que servem nossos corpos”.

Cru e espontâneo, Mangum nos pega pela mão e nos leva a uma psicodelia rústica, caseira, que começa a se descortinar após a entrada de um mágico acordeão, nos avisando que, daí em diante, vem a mágica. Como o coelho de Alice, a voz de Jeff não pára para observar o ambiente e é nosso único referencial com o mundo real. Então mergulhamos de cabeça num mundo de sons que existe na cabeça do Neutral Milk Hotel, sem pára-quedas nem salva-vidas.

O Neutral Milk Hotel é uma das bandas do grupo multimídia Elephant 6, uma turma de amigos baseada em Athens, Georgia (terra de gente boa como R.E.M., B-52’s e Man or Astroman?) que resolveu fazer música para a própria apreciação, sem se preocupar com repercussões externas e com ampla vazão ao experimentalismo. Fazem parte deste grupo bandas como Olivia Tremor Control (que lê a psicodelia dos anos 60 como se fosse um filme surrealista) e Apples in Stereo (adeptos retrô 7do folk sessentista), que criaram uma cena particular, ousada e que aos poucos deixa de ser apreciado por uma pequena elite.

O que une as bandas do Elephant 6 é a clara despreocupação com o resultado final, a aceitação do erro e do irregular como um acerto, a imprecisão da música. O Neutral Milk Hotel se encaixa neste quesito pela forma peculiar que Mangum usa sua voz e pela naturalidade que os sons do grupo suspiram.

Jeff é descendente direto de uma geração que sabia dos limites da própria voz, mas não se importa com isso – o importante é cantar o que deve ser cantado. Como Syd Barrett (fase solo), Roky Eriksson (dos 13th Floor Elevators) e Captain Beefheart, ele deixa seu vocal cantar o que quiser, com ímpeto, garra, força e vigor. Qualidades filtradas por uma fragilidade e crueza do som, que se refletem no violão que toca. E se levarmos em consideração que ele está cantando sobre suas experiências de vida, mas de uma forma simples e fantástica (fingindo ser surreal para falar de coisas reais) encontramos um compositor ímpar na música popular atual.

Pois ele acredita na possibilidade de ser um poeta, fazer rock e ser levado a sério, sem maquiagens ou modismos. É preciso coragem para se lançar cru e despojado desta forma numa década marcada pela ironia e cinismo. Ele está jogando suas cinzas sobre nós, como o principal desenho do encarte (um gramofone misturado com um avião) e a letra da faixa-título (“E um dia vamos morrer/ Nossas cinzas voarão/ Do avião para o mar”) nos fazem crer. E não parece intimidado com isso, pelo contrário.

Ele fala conosco (“Estou te ouvindo onde quer que você esteja”, canta em “Two Headed-Boy”) criando imagens fantásticas com palavras simples (“E o pai pensava em formas diferentes de morrer/ Cada uma delas um pouco mais do que ele sequer ousaria tentar”), virando nosso ponto de vista o tempo todo. Enquanto canta que ama Jesus Cristo, ele escreve no encarte – no lugar da letra – que “desde que isso parece confundir algumas pessoas, eu quero dizer que eu realmente quis dizer o que canto. Apesar do tema infinito infinito do disco não seja baseado em qualquer religião e sim na crença que todas coisas têm uma luz clara dentro delas”. Mais tarde, canta-nos que “Deus é um lugar”.

Acompanhando o vocal de Jeff, vem o lado instrumental do grupo, uma banda marcial que perdeu a guerra. Trombones, percussão, trumpetes e saxofones cabisbaixos, tocando como se lamentassem a vida, chutando notas musicais no chão. A pompa dos arranjos de George Martin atravessada pela melancolia dos instrumentais de Nino Rota, uma tristeza preguiçosa tocada por uma banda de circo do começo do século.

In the Aeroplane Over the Sea é isso: psicodelia deprê, surrealismo cru, modernismo de bazar. Um estranho e mágico lugar musical onde as canções parecem esculpidas na madeira, em casas sem forro sob um céu nublado. O clima fim-de-século está espalhado por todo o encarte do disco, só que o século é o 19, o que transforma o Neutral Milk Hotel num elixir mágico vendido por mascates de casa em casa. Um remédio caseiro, mas sem contra-indicações: recomenda-se a audição várias vezes por vários dias.

1. The King Of Carrot Flowers, Pt. One
2. The King Of Carrot Flowers, Pts. Two And Three
3. In The Aeroplane Over The Sea
4. Two-Headed Boy
5. The Fool
6. Holland, 1945
7. Communist Daughter
8. Oh Comely
9. Ghost
10. (untitled)
11. Two-Headed Boy Pt. Two

Texto de 1999

Enquanto as luxuosas instalações do Marriott Hotel recebem, em Copacabana, no Rio de Janeiro, a cúpula mundial do conhecimento compartilhado ao redor de sua grife mais reluzente – a marca Creative Commons –, um informal baixo clero deste mesmo setor reúne-se em Ipanema, numa pequena loja de quadrinhos, roupas e assessórios alternativos, para celebrar a entrada no mainstream de seu produto mais bem recebido pelo mercado – o super-herói Capitão Presença.

“As Aventuras do Capitão Presença” (Conrad) não apenas consagra a inspiração coletiva instigada em toda uma geração de cartunistas como oficializa a carreira de Arnaldo Branco, o criador do personagem, que criou-se na internet e aos poucos come pelas beiradas do sistema: tornou-se colaborador fixo da revista “Bizz” e tranpôs a revista independente “F.” para a mesma Conrad que agora o publica em livro.

Natural que este lançamento acontecesse sob o manto de seu personagem mais popular, o herbífumo voador que reacende a questão das drogas no imaginário coletivo brasileiro – em seu caso, especificamente, a maconha. Enquanto nomes que se tornaram referências canábicas tupiniquins, como Gil, D2 ou Gabeira, hoje pigarreiam antes de começar a falar do assunto (sem contar as pára-quedistas Soninha e Luana Piovanni, que, sem querer, levantaram e deram bandeira ao mesmo tempo), o Capitão Presença esfrega na cara a familiaridade não apenas com a maconha, mas com o submundo da droga que o Brasil alimenta e finge não alimentar.

E não apenas do ponto de vista legal, mas também social, medicinal, artístico ou rotineiro. Afinal, não custa lembrar que o único super-poder do personagem é ter maconha na hora em que as pessoas precisam de maconha. Olha como o malandro carioca foi se reinventar…

Não é mero humor feito para quem usa drogas, como o excesso de obviedade parece supor. Este, tal como seus em pares de outras eras (Freak Brothers, Cheech & Chong e Wood & Stock), é só mais um elemento de crítica a este suposto público-alvo.

Isso, claro, sem o mínimo pudor ou formalismo intelectual, no humor sempre amargo de Arnaldo, que logo criou toda uma fauna ao redor do personagem, com nomes que falam por si, como o pidão Super Aba, o cachorro Malhado e o vacilão Mané Bandeira. Não bastasse seu universo, Presença ainda foi lançado para presidente da república neste ano, numa campanha em que o personagem promete “acabar com a seca não apenas no nordeste, mas em todo o Brasil”.

Mas o que une o encontro de Copacabana com o happy hour em Ipanema é o fato do personagem ser, na prática, um exemplo de conhecimento compartilhado e produção coletiva. Criado em duas tiras por Arnaldo, Presença ganhou vôo próprio e passou a ser redesenhado por cartunistas e ilustradores de sua geração que, a despeito (ou justamente por causa) das drogas, passaram a criar o personagem de forma coletiva – e assim Arnaldo publicou o personagem (como todo o livro) na licença Creative Commons. E enquanto no iCommons discute-se generosidade intelectual em palestras e workshops, esta mesma generosidade é celebrada, à brasileira, sem tanta teoria e com mais diversão – e longe, embora menos de um bairro de distância, dos gringos.

AS AVENTURAS DO CAPITÃO PRESENÇA
Editora: Conrad
Quanto: R$ 25 (144 págs)
Lançamento: hoje, às 19h, no La Cucaracha (r. Teixeira de Melo, 31-H, Ipanema, Rio, tel. 0/xx/21/2522-0103)

Esse texto saiu na Folha dessa sexta

Copa Cabana

A aspa do dia saiu daquele paragrafinho que sempre vem no canto do PublishNews:

“Nossa literatura ignora o futebol, e repito: nossos escritores não sabem cobrar um reles lateral”
Nelson Rodrigues

Sensacional, tributo e tanto.

Nada como um pala

Eu tinha comentado com a Fab dia desses que demorou pra aparecer o vídeo em que o Jarvis Cocker aparece aloprando a apresentação do Michael Jackson no Brit Awards de 96, coisa que a gente só conhecia dos NME da vida. Eis que ela me manda o link hoje.

A ironia aos poucos vai matar a publicidade. Enquanto isso…

Espiral ²

Infinito quadrilátero.

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Antes de abandonar os palcos, os Beatles começaram a experimentar em estúdio, guiados por música erudita, pop norte-americano, aventuras técnicas e drogas psicodélicas, continuando à frente de seu tempo com o fundamental Revolver

Paul McCartney incentivando os Beatles a fazerem pequenos trechos de sons superpostos, inspirados em John Cage e Karlheinz Stockhausen. John Lennon querendo soar como o Dalai Lama no alto do Himalaia ao cantar letras inspiradas na versão do Dr. Timothy Leary para O Livro Tibetano dos Mortos. O dedo oriental de George Harrison em uma canção sem mudanças de acordes. A bateria frouxa e hipnótica de Ringo Starr, mais tarde ressuscitada por moderninhos como Beck (“New Pollution”) e Chemical Brothers (“Setting Sun”). O produtor George Martin obrigando funcionários dos estúdios Abbey Road a sincronizarem gravadores em colagens aleatórias de som. O técnico Ken Townshend inventando os vocais ADT (Artificial Double Tracking) e o engenheiro de som Geoff Emerick metendo a voz de Lennon numa caixa Leslie dentro de um órgão Hammond. E isso tudo no primeiro dia de gravação do sétimo disco dos Beatles, a quarta-feira dia 6 de abril de 1966, para uma única canção. A música se tornaria “Tomorrow Never Knows”, mas ali, no início do álbum, o grupo assinalava a faixa como o começo de uma nova fase, batizando-a sem modéstia de “Mark I”.

Fato – afinal, um ano antes estavam gravando a popzinha “You’re Going to Lose that Girl” e dois anos antes era a vez do rock “A Hard Day’s Night”. A distância era muito grande. “Tomorrow Never Knows” era o início de uma era de experimentação na música popular que iria explodir na renascença psicodélica do ano seguinte, transformando o horizontes da cultura pop no caleidoscópio de referência que conhecemos hoje. Com Revolver, os Beatles entravam numa escalada artística que iria dar em obras-primas como Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, o Álbum Branco e Abbey Road, finalmente atingindo o topo do mundo pop. Até então, com o jovem e moderno Rubber Soul, eram uma banda pop exercitando todo seu potencial. De 1966 em diante, passariam a explorar as novas fronteiras da arte contemporânea, mas sem perder o senso de perfeição que haviam mirado no álbum anterior.

De repente, descobriam as vantagens da manipulação sonora depois de gravada. “Revolver estava sendo conhecido como o disco em que os Beatles diziam: ‘OK, está ótimo, agora vamos inverter isto ou acelerar ou arrastar”, lembra Emerick no livro The Complete Beatles Recording Sessions, “eles tentaram tudo de trás pra frente, só pra ver como soava”. “Quando experimentamos o som de trás pra frente, eles passaram a inverter tudo”, concorda George Martin em seu Summer of Love – The Making of Sgt. Pepper. As inovações técnicas iam além da distorção, aproximando a microfonação o máximo possível: microfones dentro de instrumentos de sopro, grudados em violoncelos, colados na bateria. “Eles ouviam um monte de discos americanos e ficavam perguntando: ‘Como podemos ter este som?’”, recorda o produtor.

Mas enquanto a técnica entusiasmava o lado juvenil de George, Geoff e Ken, o grupo estava sendo ousado mesmo nas novas composições. As drogas exerciam um papel fundamental na nova fase do grupo. “Dr. Robert” cantava sobre um médico pronto para levantar o astral de quem quisesse, uma versão musical para Max Jacobson, o farmacêutico-mor da marginália nova-iorquina; “Got to Get You Into My Life” é sobre o entusiasmo de Paul McCartney com fumo (“é o meu primeiro arroubo sobre maconha”, confessa Paul na autobiografia Many Years from Now); assim como a preguiçosa “I’m Only Sleeping”, de Lennon; e as duas faixas que fechavam cada um dos lados do vinil – “She Said She Said” e “Tomorrow Never Knows” – são sobre viagens de ácido: a primeira disfarça um tour lisérgico que Lennon teve com o ator Peter Fonda (vertido em “she” na faixa, para não dar na cara) e a segunda escancara a exploração de realidades induzidas em versos nada discretos (“Desligue sua mente”, “ouça as cores do seu sonho”).

Por outro lado, abriam continuavam entrando em portas musicais abertas nos discos anteriores. “Eleanor Rigby” é a evolução natural de “Yesterday”, com “cordas à Bernard Herrman”, como pediu Paul ao produtor Martin. “Taxman”, “Yellow Submarine” e “I’m Only Sleeping” brincavam com efeitos sonoros e arranjos superpostos. “Love You To” é George Harrison em sua primeira incursão de cabeça à cultura hindu que havia flertado em “Norwegian Wood”. “Here, There and Everywhere” e “For No One” – esta com solo barroco de trompa – transformavam Paul McCartney num jovem Schubert, compondo pequenas sinfonias em vez de baladas de amor. “Good Day Sunshine”, “Got to Get You Into My Life” e “I Want to Tell You” fazem a ponte com o pop norte-americano, enquanto “Dr. Robert” e “And Your Bird Can Sing” ajudavam a country music em sua própria evolução. Os assuntos abordados pelo disco iam da cobrança de impostos a contos infantis, passando por existencialismo, psicodelia, fossa amorosa, amor à vida, paixão latente, crítica social e metáforas diversas.

Poucos meses depois do lançamento do disco (no dia 5 de agosto de 1966), o grupo encerrou definitivamente a primeira fase de sua carreira, ao anunciar que não iria mais tocar ao vivo. A partir daí, o desafio do grupo seria sintetizar os anseios e dúvidas de uma geração – e assim fizeram ao serem os primeiros a darem o primeiro passo adiante, até seu fim, em 1970. Revolver encontra o grupo no exato momento da mudança, um sofisticado registro da melhor música pop de 1966 que flagra a mudança de parâmetros de toda uma era. “A mudança toda foi gradual”, conta John Lennon no livrão Anthology, “mas estávamos conscientes que, se havia uma fórmula ou algo do tipo, esta era mover-se para a frente”.

Revolver
1966
Produção: George Martin
A capa do disco já havia sido criada por Robert Freeman (uma colagem em espiral das metades de cima dos rostos dos quatro Beatles repetidas vezes) quando o grupo pediu ao velho amigo Klaus Voorman para recriá-la. Voorman, um dos ‘exis’ (grupo de jovens artistas existencialistas alemães no começo dos anos 60), conheceu o conjunto na época em que eles tocavam em Hamburgo, antes de gravarem o primeiro disco. A capa proposta por Klaus agradou em cheio: “Gostamos da forma que ele nos colocava como pequenas coisas saindo do ouvido das pessoas. E ele nos conhecia o suficiente para nos capturar de uma forma bonita em seus desenhos”, lembra Paul, “nos sentimos elogiados”. Na colagem da capa, Voorman usou duas fotos (uma de John e outra de George) que já haviam saído na contracapa do disco anterior, Rubber Soul. – As faixas “Paperback Writer” e “Rain” foram gravadas nas mesmas sessões de Revolver, mas serviram de aperitivo ao público para o novo álbum, sendo lançadas como um compacto no primeiro semestre de 1966 (em maio nos EUA e em junho na Inglaterra). “Rain” trazia a primeira gravação invertida da história da música gravada à luz do dia. “Fomos nós os primeiros”, resmungava John Lennon, “não foi nenhum Jimi Hendrix ou o fuckin’ The Who”.