Retomamos as atividades no Centro da Terra em 2018 com shows de três artistas durante o mês de fevereiro. Quem inaugura a nova temporada é a debutante Isabel Lenza, que faz seus primeiros shows da vida ao mostrar seu disco Ouro ao vivo com uma banda que conta com integrantes do Bixiga 70 na formação – ela toca na próxima segunda (dia 5) e na segunda seguinte à do carnaval (dia 20). Após a folia é a vez do mítico Negro Leo inaugurar as terças-feiras da programação (dias 20 e 27), mostrando seu Action Lekking ao vivo, disco que foi rascunhado durante sua temporada no ano passado, em abril. E na última segunda-feira do mês é a vez da Papisa revisitar o espetáculo Tempo Espaço Ritual, que inaugurou em outubro do ano passado no mesmo local. E prepare-se que é só o começo do ano, logo após o carnaval anuncio os donos das temporadas do primeiro semestre deste imprevisível 2018. O Pedro deu mais detalhes sobre a temporada deste mês em seu blog no Estadão e os ingressos já estão começando a ser vendidos online aqui.
Ainda sem anunciar a data de lançamento de seu próximo disco, Head Over Heels, a dupla de funk oitentista Chromeo lança mais um single, a sinuosa “Bedroom Calling”, que conta com a participação do vocalista The Dream, autor daquela “Yamaha” de 2010.
Deixa cair…
A vocalista da Trupe Chá de Boldo e do Frito Sampler Julia Valiengo lança-se em dupla com a cantora Mariana Degani ao compor e gravar o delírio latino da música “De Boca”, cuja origem foi literal, como ela me explica num email: “Uma vez, aqui na pompeia, eu levei um tombo no meio da rua e caí direto com a boca no chão. Não machucou nem nada, mas depois do susto eu levantei e saí andando com uma sensação super nova, que era a lembrança daquele impacto da boca com o asfalto. Aquilo foi tão gostoso, me deu um baita prazer. E assim veio a inspiração pra música”, lembra.
Mariana lembra que soube da música que iria ser parceira pelo celular: “Num dia qualquer recebi uma gravação da Julia, era um registro de whatsapp dela cantando o refrão que dá início à música e um convite pra uma parceria. Assim que escutei já vieram várias imagens na minha cabeça: volta da balada, alterações de percepção, a alegorização da queda e seus significados. Decadence sans elegance, mas ela não está nem aí. Se entrega ao prazer da queda, de boca.”
“Escrevi o refrão e chamei a Mari pra escrever o resto da letra”, continua Julia. “Eu não contei pra ela do tombo num primeiro momento, o que foi massa pois ela fantasiou todo um universo em torno daquela queda. Nós somos amigas de longa data, cantávamos juntas numa banda de reggae no começo dos anos 2000 e sempre tivemos essa vontade de uma criação em parceria. Rolou tão bem que logo empolgamos pra filmar clipe e tudo! Não temos a pretensão de gravar um disco ou lançar um novo projeto, o que a gente queria era mesmo fazer uma música e tocar ela nas pistas! A Mari segue com seu projeto solo rumo ao segundo disco e eu continuo com a Trupe e o Frito”, empolga-se, antes de anunciar que outras novidades virão.
Eis a capa do single:
E o clipe da música:
E o Franz vai liberando seu primeiro disco sem o guitarrista Nick McCarthy aos poucos. Always Ascending sai no mês que vem e o grupo já liberou quatro faixas, contando essa novíssima “Lazy Boy”.
Todas seguem o clima noturno e pista de dança que o grupo abandonou após o excelente Tonight, embora o imaginário visual do disco aponte para outro tipo de excentricidade, como podemos experimentar no clipe da ótima “Feel The Love Go”:
O jornalista e herói indie Fabio Bianchini estava entretido com uma possível volta de sua mítica banda Superbug, mas resolveu voltar a lançar hinos através de seu alter ego Gambitos. “‘Pop Songs Your Tinder Match Is Too Stupid to Know About’ é a primeira música do terceiro EP dos Gambitos, Politics of Post Modernism Pool Party of One. Quer dizer, talvez vire um álbum, mas provavelmente não, deve ser EP mesmo. Os dois primeiros saíram, simultaneamente, em 2008, e antes disso teve uma faixa isolada, Mik and Honey”, ele me explica por email, antes de dizer que tudo pode ser encontrado em sua conta no Soundcloud. E é com essa faixa nova que ele recebe 2018:
“Como dá para notar, Gambitos é um negócio intermitente, se materializa bem de vez em quando”, explica, resumindo que a banda é basicamente ele e quem estiver a seu lado. “Nas atuais gravações, até o momento os Gambitos são também André Seben, ex-Superbug e talvez o mais clássico dos guitarristas de Florianópolis, Paula Ende, ex-vocalista das Borboletas Acrobáticas e o Menino Isoladinho e mais outras, Márcio Bicado, ex-Motel Overdose, ex-Verano, mais um monte de coisa, toca nuns lances da Camerata também, Cicero Bordignon, ex-Maltines, Casablanca, e Jean Gengagnel, Moebiius, ex-Mottorama. E dessa vez vai rolar também formação pra uns shows ao vivo, mas ainda não dá pra falar.”
Nem bem linkei o áudio que o Unknown Mortal Orchestra publicou no fim do ano passado e agora vem o grupo com a primeira música da nova fase, a pessimista e garageira “American Guilt”, que parece ecoar o cinquentenário do tenso 1968, igualmente barulhento e em espiral descendente, cantando sobre a culpa americana que faz “até os nazistas gostarem dele”.
Que bordoada essa notícia da morte do Mark E. Smith. Um dos maiores ícones do rock inglês, o dono do Fall era um desses sérios candidatos ao posto de maior inglês vivo (Alan Moore e Charlie Brooker são os outros dois) e sua carreira parecia interminável da mesma forma que parecia existir desde sempre. Dezenas de discos lançados um atrás do outro, influenciando gerações e gerações de artistas em todo o mundo com um único lema: “foda-se tudo”. Era um artista que nunca imaginei que poderia vê-lo ao vivo, até que o acaso me sorriu no ano passado, quando fui pra Liverpool e minha querida amiga Megssa (ex-vocalista dos Fish Lips, quem sabe, sabe) me interceptou para Manchester assistir a um festival que tinha Royal Trux, Swans e… The Fall! Nem pestanejei e peguei o trem em seguida, para presenciar uma apresentação em que Mark mandava tudo à merda, como reza sua lenda: balbuciava os vocais como se tivesse dando um esporro no público, desligava e ligava os amplificadores, deixando os músicos (todos mais novos que ele) putos ou rindo, cantando com dois microfones ao mesmo tempo, tocando a bateria com um dos microfones antes de atirá-lo na plateia. A apresentação ia do humor ao terror em segundos e a sensação de periculosidade no palco era palpável – a qualquer minuto o velho Mark poderia fazer qualquer coisa, como sair do palco do meio do show, forçando a banda a buscá-lo na marra. Eis o vídeo que fiz do histórico show (pelo menos para mim):
Obrigado, Sir Smith. Com sua morte, o mundo fica menos divertido e caótico, mas seu legado é imbatível.
Essa ilustração que o belga Aleksandar Savić fez para a revista Fortune parece ilustrar bem o mapa mental de nossa atenção nesta era digital.
Interessante perceber como o Facebook é maior que os Estados Unidos do Alfabeto.
O designer norte-americano Peter Stults cogitou versões de filmes modernos refeitas com elenco e time de produção da era de ouro do cinema, criando uma galeria impressionante de filmes fictícios com grande potencial de ser foda. Dá uma sacada:
E tem muito, mas muito mais, no portfólio original do cara.
“Enquanto há um tumulto acontecendo, o Yo La Tengo quer lembrar como é que se sonha”, conta o escritor Luc Santé, que escreveu o texto que acompanha o próximo disco do grupo nova-iorquino, There’s a Riot Going On, que será lançado no dia 16 março pela Matador e é o primeiro álbum do ícone indie desde o ótimo Fade, lançado em 2013. Composto, como sempre, a partir de improvisos instrumentais que lentamente tornam-se canções, o disco conta apenas com Ira Kaplan, Georgia Hubley e James McNew como participantes e o único elemento exterior a este processo foi o músico John McEntire, do Tortoise, que mixou o disco.
Batizado a partir do clássico disco de Sly & The Family Stone no início dos anos 70, o disco pega um rumo bem diferente do funk politizado de onde veio a inspiração. “Em 1971, o país parecia estar nos limites de se separar, quando Sly & The Family Stone gravaram There’s a Riot Going On, um disco de energia obscura e criativa”, o escritor continua apresentando o novo álbum. “Agora, sob circunstâncias semelhantes, o Yo La Tengo lança um disco com o mesmo título, mas com uma força diferente. Um disco que propõe uma alternativa à raiva e ao desespero”. O grupo antecipou quatro das 15 faixas do novo disco – “You Are Here”, “Shades of Blue”, “She May, She Might” e “Out of the Pool” – que mostram este novo rumo – aquele mesmo velho conhecido dos fãs.
Eis a capa e os títulos das músicas do novo disco, que será lançado pela Matador.
“You Are Here”
“Shades of Blue”
“She May, She Might”
“For You Too”
“Ashes”
“Polynesia #1”
“Dream Dream Away”
“Shortwave”
“Above the Sound”
“Let’s Do It Wrong”
“What Chance Have I Got”
“Esportes Casual”
“Forever”
“Out of the Pool”
“Here You Are”
O disco já está em pré-venda no site da Matador.










