E já que estamos nessa onda da Clairo, vocês ouviram a música inédita que ela lançou num set pra NTS no dia dos namorados no ano passado? No meio de músicas de nomes quase desconhecidos do doo wop, soul dos anos 60 e rhythm’n’blues (como Truetones, Love Potion, Nick Gillette, Blossom Dearie, Toni & The Hearts e Joe Cuba), ela soltou essa pérola deliciosa que se der a tônica do próximo álbum, estamos feitos. Dá pra ouvir a partir do minuto 27, no set abaixo: Continue
Essa segunda noite da temporada de Paulo Beto no Centro da Terra foi absurda. Reunindo um time sem ressalvas, ele simplesmente deixou o som rolar e a química entre os músicos transformou o palco do teatro num laboratório de improvisos repentinos e composições espontâneas que iam tomando corpo a partir de pequenas doses de ritmo cogitadas por algum dos integrantes da banda Zeroum, sendo seguido ao mesmo tempo pelos outros três numa sintonia finíssima. Na bateria, Edgard Scandurra dava toda a quadratura pós-punk e por vezes kraut que pairava sobre os quatro, temperada pelos synths dessa vez discretos conduzidos por PB, mais presente na guitarra – punk-funk como deveria ser – do que em seu instrumento eletrônico nativo, o baixo de groove cavalar conduzido por Luiz Thunderbird e o vocal caótico e frito de Tatá Aeroplano, tocando seus brinquedos com pedais criando efeitos intuitivamente. Num dado momento, Thunder pegou o microfone e reforçou o caráter instantâneo das composições, reforçando que parte da energia vinha da plateia: “A gente sentiu esse lance Devo vindo de vocês”, reforçou. Uma noite memorável.
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Lana Del Rey mal lançou o primeiro single de seu novo álbum (a lindíssma “Henry, Come On”) como aproveitou o auê pra postar um longo vídeo no Instagram em que ela, depois de agradecer a todos envolvidos nessa nova fase, menciona que talvez o disco atrase e que talvez ele mude de nome de novo (além de ter avisado que semana que vem tem música nova, chamada “Bluebird”). Não bastasse isso, descobriram que a capa do novo single é um print de tela do celular, com direito inclusive à barra de rolagem relativamente visível no canto direito. Ai ai essa mulher… ❤️
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E sábado também teve Clairo no Coachella, que aproveitou a oportunidade para aumentar ainda mais a grandeza de seu ótimo Charmed, passeando por quase todo o repertório do disco do ano passado e chamando não apenas os ex-integrantes de sua banda Shelly para dividir o palco em “Steeeam” como chamando ninguém menos que o principal político de oposição nos EUA, Bernie Sanders, para apresentá-la ao palco. Ela é demais ❤️
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E neste sábado no Coachella, Charli XCX resolveu subir ainda mais o sarrafo de seu 2024 ao ampliar a grandeza de seu Brat para o palco do festival na Califórnia. Em vez de mostrar músicas novas ou novas colaborações, preferiu reunir, num mesmo show, ninguém menos que Lorde e Billie Eilish (e, vá lá, Troye Sivan também) além de passear por todo o repertório de seu disco do ano passado (à exceção de “B2B” e “Rewind”) e encerrar com uma versão para “I Love It”, da dupla Icona Pop, a primeira vez em que ela entrou no imaginário mundial, em 2012. E em vez de aproveitar o show para mostrar um novo passo em sua carreira ou finalizar o capítulo Brat, ela preferiu deixar em aberto, mostrando um vídeo no final da apresentação em que diz que quer que o verão Brat dure pra sempre… O que ela quer dizer com isso? Brat 2025?
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Lady Gaga causou nessa sexta-feira no Coachella ao trazer uma versão burlesca e grandiosa de seu recém-lançado Mayhem como uma ópera dividida em quatro atos (Act I: Of Velvet And Vice, Act II: And She Fell Into A Gothic Dream, Act III: The Beautiful Nightmare That Knows Her Name e Act IV: To Wake Her Is to Lose Her). Entrelaçando hits como “Bloody Mary”, “Poker Face”, “Born This Way”, “Alejandro” e “Born This Way” com as primeiras aparições em palco para “The Beast”, “Garden Of Eden”, “Zombieboy”, “How Bad Do U Want Me”, “Shadow Of A Man” e “Vanish Into You”, ela ainda trouxe uma versão da ótima “Abracadabra” remixada por Gesaffelstein, que foi lançada nas plataformas de áudio no mesmo dia. Seu disco mais recente talvez seja seu melhor álbum (preciso escrever sobre ele) e pode ser que sua versão ao vivo a eleve para um nível que sua carreira ainda não alcançou, tanto em termos artísticos quanto comerciais. O que torna seu show em Copacabana ainda mais importante…
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A lenda do reggae nos deixou nessa sexta-feira.
Dia 12 de abril temos mais um encontro no Bubu, quando transformamos o restaurante da marquise do estádio do Pacaembu em nossa pista favorita. É mais um dia de Desaniversário, festa que faço com a Camila, a Clarice e o Claudinho e que não deixa ninguém parado – e ninguem se acabar até mais tarde, pois começamos às 19h e terminamos à meia-noite, sempre com aquela sequência de músicas que todo mundo gosta de cantar junto. A entrada custa 50 reais e o Bubu fica na Praça Charles Miller s/nº. Vem dançar com a gente!
Permita-me o clichê: é muito bom viver na mesma época em que Gilberto Gil. O baiano não apenas construiu-se como um monumento humano à brasilidade, triangulando forrós, rocks, sambas, reggaes e afoxés para descrever sua leitura de Brasil, misturando inúmeros sentimentos relacionados a quem vive aqui. Vê-lo por duas horas e meia do alto de seus 82 anos reger uma multidão de súditos com um rosário formado por dezenas de sucessos que poucos nomes na história da música pop conseguem dispor, tocando violão e guitarra como poucos ao mesmo tempo em que cantava como na flor da idade é presenciar um milagre. O primeiro show de sua turnê Tempo Rei em São Paulo foi um acontecimento mágico em que ele colocou no bolso as recentes turnês gigantescas de seus contemporâneos, Milton Nascimento e a dupla de irmãos Caetano e Bethânia. Diferente do primeiro, trouxe uma banda novíssima e completamente devota de sua obra, composta em boa parte por seus filhos e netos. Diferente dos dois últimos, jogo para a galera e trouxe uma seleção de sucessos invejável, cantada por todos a plenos pulmões. Temperando as músicas com vinhetas de outras que não entraram na íntegra, atravessou todas as fases de sua carreira em ordem relativamente cronológica, tocadas com arranjos dinâmicos e próximos dos originais numa banda que tinha naipe de metais, time de percussão, quarteto de cordas, vocais de apoio, sanfona, guitarra, baixo, teclado e bateria (cada um deles apresentado espertamente em músicas diferentes). Os telões (incluindo uma tela em espiral hansdonneriana) conversavam bem com todas as músicas e a iluminação deixava sempre Gil no centro, à luz branca, enquanto a banda era iluminada com outras cores. Difícil escolher o melhor momento porque o show foi quase todo foda (as participações desta primeira noite, o funkeiro MC Hariel e a neta Flor Gil, de 16 anos, foram as mais fracas de toda a turnê até aqui), mas a transição entre “Cálice” (com participação em vídeo de Chico Buarque e coro improvisado do público clamando “sem anistia!”) e “Back in Bahia” foi daqueles instantes pra carregar no peito peloresto da vida. Obrigado por existir, mestre!
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Dos maiores nomes da canção do século 20, o inglês Nick Drake (1948-1974) ainda é um artista em expansão e um mistério a ser descoberto. Sua curta discografia – meros três álbuns – resume uma multidão de sentimentos, pensamentos e sensações abordados em versos ao mesmo tempo complexos e simples e bases instrumentais – sempre com o violão em primeiro plano – que parecem ter vindo de outro planeta – ou melhor ainda, de dentro do próprio planeta Terra. A parte inicial desta revelação musical surge agora dissecada na caixa de quatro LPs que traçam a história de seu disco de estreia. The Making Of Five Leaves Left é um trabalho de mais de sete anos debruçados sobre registros sonoros que acompanharam a maturação de um projeto único na história da música folk, o disco Five Leaves Left, lançado originalmente em julho de 1969. São mais de trinta demos das músicas do álbum gravadas desde março do ano anterior, quando Drake entrou num estúdio de gravação pela primeira vez. A caixa, que reúne o material inédito e o álbum original em quatro discos de vinil e um livro de sessenta páginas, foi supervisionada pela irmã de Nick, Gabrielle, e ainda traz um show inteiro do músico gravado no Caius College em Cambridge. Ela, que já está em pré-venda, chega ao público no dia 25 de julho, e foi divulgada nessa sexta-feira, junto com uma versão inicial de “Cello Song” gravada naquela primeira ida ao estúdio, quando ainda chamava-se “Strange Face”. Veja a ordem das músicas e ouça a nova canção na íntegra abaixo: Continue