João Donato sempre à vontade

, por Alexandre Matias

Em dois anos, o mestre João Donato comemora suas nove décadas de vida, quase oito delas dedicadas à música. O buda acreano é um dos mitos da criação da música contemporânea brasileira e já apresentava-se ao vivo no início da adolescência, antes de toda a geração que veio a influenciar – e criar a bossa nova – começasse a se envolver profissionalmente com música. E mesmo prestes a cruzar a barreira nonagenária, exibe a desenvoltura mágica que o consagrou décadas atrás, tão à vontade quanto em seus discos mais clássicos. Defendendo o ótimo Serotonina, que lançou no ano passado, numa apresentação que fez no teatro do Sesc Pinheiros neste domingo, ele fez piada com o nome do disco e celebrou todas as parcerias que fez neste trabalho ao apresentar cada uma delas (mencionando nominalmente seus novos parceiros – Maurício Pereira, Felipe Cordeiro, Rodrigo Amarante, Céu – no primeiro disco de faixas inéditas em 20 anos), mas quando começava a tocar, tornava-se pleno. Acompanhado de uma banda luxuosa e mínima – Fábio Sá no baixo elétrico, Sergio Machado na bateria, Anaïs Sylla nos vocais de apoio e Marcelo Monteiro, entre a flauta e o sax -, ele foi além do repertório do disco novo e visitou clássicos de outros tempos, como “Emoriô”, “Bananeira” e “Nasci para Bailar”, sempre à vontade com seu instrumento, sua voz e seus parceiros. Que sorte podermos conviver com um mestre destes.

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