Impressão digital #126: O futuro do Facebook

, por Alexandre Matias

Aproveitei o gancho do bilhão de cadastrados no Facebook na semana passada para falar um pouco sobre o futuro da rede social na minha coluna no Link de hoje

O primeiro bilhão do Facebook e o futuro das redes sociais
Acabou o encanto de retomar amizades

Nunca fui fã do Foursquare. Marcar presença nos lugares a que vou, para que todos vejam, me parece fútil e assustador ao mesmo tempo. Mas entendo quem usa. É prático para lembrar lugares onde você conheceu certa pessoa ou o dia de uma reunião apenas pelo histórico de check-ins. E os comentários dos usuários ajudam a escolher um restaurante próximo de onde você está.

Na semana passada, Luiz Horta, colunista de vinhos do caderno Paladar do Estado, comentou no Facebook uma outra utilidade do Foursquare: descobrir onde os chatos estão. É perfeito – antes de decidir a qual restaurante ou cinema ir, basta checar a rede social e ver se algum mala já deu as caras lá para saber onde não ir. Por dois microssegundos pensei em aderir apenas para isso. Mas logo em seguida, a vontade passou. Entrar em mais uma rede social?

O que nos traz de volta ao Facebook, que na semana passada estufou o peito para dizer que já tem 1 bilhão de usuários. O número parecia vir antes, mas essa contagem já era em conta-gotas. A marca dos 800 milhões foi atingida em setembro de 2011, enquanto a dos 900 milhões só veio em junho deste ano.

É um número impressionante e muito bem vendido. Certamente o Google conecta tanta gente há mais tempo, mas não soube faturar em cima. O bilhão do Facebook, porém, esconde uma desaceleração drástica no crescimento da rede social. No Brasil, a adoção foi tardia, beneficiando o Facebook por mais tempo. O País era considerado uma das últimas fronteiras do site. Rússia e China são as próximas. Zuckerberg não sepultou o Orkut de vez. Sua popularização por aqui desde 2010 ofuscou a rede social do Google. Mas, em 2012, a ascensão já é menos íngreme do que antes. O que nos acende duas perguntas: já passamos o ápice da grande era do Facebook? E qual a rede social tomará o seu lugar?

A primeira pergunta não pode ser respondida neste ano. O Facebook deve continuar a crescer, mas há uma diáspora lenta e gradual do condado virtual de Mark Zuckerberg e isso vem acompanhado de vários questionamentos: estamos nos expondo muito? Estamos perdendo muito tempo online? O Facebook é uma empresa confiável? Meus relacionamentos pessoais precisam ser expostos tão escancaradamente?

Já a segunda pergunta não é tão hermética, mas o presente já dá dicas de como será o futuro próximo. Eu não quero entrar no Foursquare. Eu adoro o Instagram. Tentei usar o Flickr e não me dei bem com ele. Nunca nem entrei no LinkedIn e acho interessante o funcionamento de rede social do YouTube. Cansei do Twitter (embora ainda o use) e estou familiarizado com o Facebook. Entrei em redes sociais das quais nem mais lembro a senha. Em outras palavras: não sei se existirá uma rede social para substituir o Facebook.

Vejo cada vez mais redes sociais de nicho, para reunir apenas alguns amigos sobre apenas um assunto. Acabou aquele momento de encantamento, aquela hora em que você se lembra de pessoas do passado e adiciona amigos com quem não falava há décadas. Boa parte desse encantamento é autoindulgente – adicionamos um amigo que nos faz lembrar de nós mesmos em uma determinada época de nossas vidas. É claro que há exceções e várias amizades são retomadas. Mas, de uma forma geral, vivemos um momento social em que finalmente lembramos por que esquecemos de certas pessoas de nosso passado – pois elas não tinham de serem lembradas mesmo.

O Facebook se perde ao se vender como uma máquina de publicidade. Tenho a impressão que até o fim do ano que vem estaremos nos conectando ao Facebook como se pudéssemos ver um canal de TV apenas com comerciais.

O futuro pertence a redes pequenas, que se conversam e se interligam, muitas vezes conectadas pelos logins de grandes players – Facebook, Twitter, Apple, Amazon, PayPal, Google, Microsoft. Isso, portanto, o que não quer dizer que esta nova década será menos centralizada e controladora.

A pergunta não é quem substituirá o Facebook, mas até quando ele será relevante para a maioria das pessoas.

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