Futuro insípido

, por Alexandre Matias

idoru-grimes

Se Art Angels havia levado o pop futurista da canadense Grimes para um mundo distópico e claramente artificial, em seu novo álbum, Miss Anthropocene, ela conclui esta transição abandonando completamente a graça e a leveza que ainda restavam no disco anterior. Agora ela prende-se apenas na estranheza e num futuro abstrato e descartável, que embora agradável e correto, torna-se esquecível a cada canção. Ao aliar o lançamento do álbum a dois clipes da música “Idoru” – quase idênticos, diga-se de passagem -, ela parece abandonar a paisagem do pop contemporâneo para fechar-se em uma biosfera própria, como outras artistas de sua categoria, como Björk e Billie Eilish. Mas ao distanciar-se do elemento mais incomum de seu ecossistema – as doces melodias e letras precisas, justamente o elemento pop -, ela parece concluir sua transição rumo à irrelevância. Uma pena.

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