Nesta quinta-feira morreu um herói. Sílvio Luiz era mais do que um dos melhores locutores de futebol da história do Brasil, ele me ensinou, ainda moleque, a sutil diferença entre reconhecer a importância e gostar. Cresci corintiano ouvindo-o empolgar-se pelo time que era do nosso coração e sendo severo quando precisava, sem que fosse preciso cornetar ou falar mal só pela paixão de torcer, me fez entender que a isenção é uma máscara malfeita, que todo mundo sempre vai ter o seu lado, o seu favorito, o seu querido. Mas seu Silvio mostrava que a paixão não podia ser cega e que não dava pra passar pano pra ninguém. Lições morais do futebol que carrego pra vida, inclusive profissional. E seu compromisso, jornalístico (afinal, um narrador de futebol deveria considerar-se um jornalista), era com os fatos, o que o fazia não gritar gol – e sim um de seus inúmeros bordões, o “foi, foi, foi, foi, foi, foi ele!”, que lhe dava tempo para conferir o nome e o número do jogador e dar mais detalhes sobre o que tinha acabado de acontecer. E se for falar em bordão, não tem pra ninguém: “olho no lance”, “eeeeeeeeu vi!”, “acerte o seu aí que eu arredondo o meu aqui”, “no gogó da ema”, “no paaaaaaau”, “manda o sapato daí”, “pelo amor dos meus filhinhos”, “balançou o capim no fundo do gol”, “o que é que só você viu?” e “no meio da caneta”, sempre com sua voz rasgada e grave, macia e estirada, costurando palavras improvisadas na hora misturando o tom informal da conversa na arquibancada do jogo com uma crônica bem humorada e ao mesmo tempo cética, que transformou expressões clássicas como “minha nossa senhora” e “pelas barbas do profeta” em suas. Ele já estava mal e foi internado duas vezes este ano, esta última, sem volta. Mas viveu quase 90 anos intensos, sempre reconhecido pelo público de pelas torcidas – não só a do nosso time. E a notícia de sua morte ainda nos lembra que ele foi o primeiro brasileiro a veicular um palavrão na TV brasileira, quando deu o microfone a um jogador, que xingou o juiz de “filha da puta” – isso em 1953. Obrigado, mestre! Vai em paz.
Enquanto o U2 deixava todo mundo de queixo caído no sábado passado com sua apresentação hi-tech no Sphere em Las Vegas, a torcida do time italiano Salernitana fazia a mesma coisa no mesmo dia, mas de forma artesanal, ao homenagear os 50 anos do Dark Side of the Moon, do Pink Floyd. Mandaram bem…
Estamos, eu e minha mulher, desde o mês passado, cuidando das mídias sociais do documentário Democracia em Preto e Branco, de Pedro Asbeg. O filme conta a história da democracia corinthiana de Sócrates, Wladimir e Casagrande, que peitou a hegemonia de Vincente Matheus ao mudar a hierarquia de funcionamento da equipe. Mas o documentário não é só futebol e observa o que aconteceu no Corinthians no início dos anos 80 sob dois outros prismas: o político, quando a ditadura militar começava a perder forças, principalmente a partir do movimento Diretas Já, e o cultural, quando uma nova geração de bandas começa a questionar o autoritarismo dos dias de chumbo.
Narrado por Rita Lee e com uma das últimas entrevistas do grande Sócrates, o filme vai ser exibido apenas em sessões fechadas nesse fim de semana em algumas cidades (saiba mais como comprar seu ingresso pelo site oficial do documentário) e tem pré-estréia gratuita hoje, às 20h, no Museu do Futebol, ali no Estádio do Pacaembu. É só chegar uma horinha antes pra garantir seu ingresso de graça. Olha o trailer, que delírio:
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A mordida que o jogador uruguaio Suárez deu no italiano Chiellini já é um dos marcos desta Copa do Mundo, mas o Globo Esporte manchetou a reação do presidente uruguaio Mujica sobre a mordida dando a entender que ele concordava com o comportamento animalesco do jogador. Mas a entrevista em vídeo que o Estadão fez com o melhor presidente do mundo hoje mostra que não é bem assim – e que Mujica não concorda com o uso de gravações para determinar punições que deveriam ser dadas em campo, o que é uma oooutra história.
Agradeço ao Flavio, que deu a dica do vídeo via Facebook.
Não tinha visto esse vídeo que filmaram em Moema, aqui em São Paulo, durante o Brasil x Croácia, registrando apenas o barulho da torcida em seus apartamentos:
Tudo bem que a gente tem o avião grafitado pel’Os Gêmeos, mas esse avião da seleção japonesa estampado de Pokémon é demais…
Vi aqui.
O papo com o animador Richard Swarbrick, que iria acontecer no domingo, foi remarcado para esta terça, às 19h, no Itaú Cultural. Quem vai?
Mais uma atração do Festival Cultura na Rede, realizado dias 29 e 30 de junho, acontece nesta terça-feira, dia 2 de julho, às 19h, no térreo do Itaú Cultural.
O ilustrador e videoartista inglês Richard Swarbrick promove um ciclo com alguns dos seus curtas-metragens sobre futebol. Ao final da mostra, o público poderá participar de um bate-papo com Swarbrick, mediado pelo jornalista Alexandre Matias.
O Festival Cultura na Rede – encontro sobre literatura e futebol, mostra de curtas-metragens, show e performance que abordam a relação entre o esporte e a cultura – está alinhado com o encontro internacional Cultura na Rede, que aconteceu no Museu de Arte do Rio (MAR), nos dias 27 e 28 de junho, no Rio de Janeiro, em parceria com a Fundação Roberto Marinho.
Festival Cultura na Rede – Richard Swarbrick
terça 2 de julho de 2013
às 19h
Piso Térreo
Mais informações no site do Itaú Cultural.