Eis a lista com os 50 melhores álbuns de 2022 de acordo com o júri de música popular da Associação Paulista dos Críticos de Arte, do qual faço parte. A seleção reflete o quanto a produção musical brasileira ficou represada nos últimos anos e esta seleção saiu de uma lista de mais de 300 discos mencionados por mim e pelos integrantes do júri, Adriana de Barros (editora do site da TV Cultura e colunista do Terra), José Norberto Flesch (que tem seu canal no YouTube), Marcelo Costa (do site Scream & Yell), Pedro Antunes (do vlog Tem Um Gato na Minha Vitrola) e Roberta Martinelli (dos programas Sol a Pino e Cultura Livre). Eis a lista completa abaixo:
Convidado para assumir as segundas-feiras de outubro no Centro da Terra, o cantor, compositor e guitarrista Fernando Catatau inventou Frita – uma série de encontros com velhos e novos compadres e comadres através de apresentações ao vivo em que visita composições que ainda não saíram da gaveta, engrena novas parcerias e revisita velhas canções com novas roupagens. Nas próximas semanas, ele se encontra com Juçara Marçal, Edson Van Gogh, Jadsa, Mateus Fazeno Rock, Yma e Anna Vis em apresentações feitas para o palco do teatro do Sumaré – e a temporada começa nesta segunda, dia 10, com o encontro entre Catatau e Kiko Dinucci, numa noite que reúne dois dos maiores nomes da música brasileira contemporânea. Os ingressos podem ser comprados neste link e o espetáculo começa pontualmente às 20h.
Vamos começar mais uma viagem por universos diferentes da música brasileira, quando outubro chegar para dar início a uma nova fase de nossas vidas. A primeira segunda do mês (que tem cinco segundas-feiras) ainda faz parte da temporada do selo Matraca, quando Lau e Eu encerra a leva de apresentações Tempo Presente, e a partir da outra segunda, dia 10, começamos a temporada em que Fernando Catatau convida compadres e comadres para shows únicos a partir de encontros inéditos – sua temporada, batizada apenas de Frita, conta com quatro noites que prometem ser históricas: na primeira, dia 10, ele recebe Kiko Dinucci; na outra, dia 17, é a vez de Juçara Marçal; no dia 24, ele convidou Anna Vis para dividir o palco, e na última, dia 31, é vez de ele receber Yma e Edson Van Gogh, guitarrista dos Garotos Solventes que acompanham de Jonnata Doll. Como se isso fosse pouco, a primeira terça do mês, dia 4, é com a banda Corte, liderada por Alzira E, que fez uma apresentação especial para o teatro a partir do documentário Aquilo Que Nunca Perdi, que Marina Thomé fez sobre sua história – e quem for ao show na terça pode assistir ao documentário de graça na quarta-feira, dia 5, no próprio Centro da Terra. No dia 11 de outubro é a vez da baiana Paula Cavalcante mostrar seu projeto acústico Corpo Expandido pela primeira vez em São Paulo ao mesmo tempo em que prepara o lançamento de seu primeiro álbum. No dia 18 de outubro recebemos, diretamente de Portugal, o carioca Ricardo Dias Gomes, integrante da banda Do Amor, que chega à cidade para apresentar um espetáculo solo motivado pelo momento em que o Brasil está atravessando, e no final do mês, dia 25, é a vez da irresistível banda Eiras e Beiras mostrar todo seu encanto no pequeno palco do Sumaré. Noites mágicas para inaugurar uma nova fase – garanta seus ingressos antecipadamente neste link.
Finalmente Fernando Catatau lança seu primeiro disco solo. Gravado desde 2019 e batizado apenas com seu próprio nome, o álbum, que chega às plataformas de streaming na próxima sexta (e cujo pré-save já pode ser feito aqui), traz uma leva de novas canções que o distancia do universo sonoro da banda com a qual tocou nos últimos vinte anos, o Cidadão Instigado. Foi um processo lento que começou com as pazes com Fortaleza, o reconhecimento de uma nova cena local e um mergulho para dentro de si mesmo, como ele conta em mais uma edição do meu programa sobre música brasileira, Tudo Tanto.
É muito sintomático que a foto da capa do primeiro disco solo de Fernando Catatau, que será lançado na próxima sexta-feira, tenha sido tirada no mesmo prédio que seria a capa do último disco do Cidadão Instigado, Fortaleza. O antigo Hotel São Pedro, antes símbolo luxuoso da capital cearense em seus dias de bonança, hoje está abandonado e, após ter sido tombado, passou a ser frequentado pela juventude atual apenas por diversão. Foi ali, em meio à decadência nítida do local, que a artista Jamille Queiroz tirou a foto de Fernando, vestindo uma camisa feita por ela, imagem que aparece em primeira mão aqui no Trabalho Sujo. A foto mistura tanto a queda de uma Fortaleza de outrora como o intenso mergulho para dentro que caracteriza o primeiro disco do guitarrista, disco doce e melancólico que contrasta com a obra com sua banda anterior sem perder as características de sua composição. Batizado apenas com seu nome, o disco gravado em 2019 e só agora vê a luz do dia, trazendo Dustan Gallas e Samuel Fraga como banda base e as participações de Juliana R., Yma, Giovani Cidreira, Clayton Martin e Manoel Cordeiro. Ele também antecipa o nome das músicas e a ordem das faixas a seguir.
Foto: Isadora Stefani
“Nenhum lugar é mais incerto do que o que está aqui dentro”, divaga Fernando Catatau ao final do single que materializa seu primeiro álbum solo, prometido desde antes da pandemia e que finalmente vê a luz do dia no início do mês que vem. “Nada Acontece” dá o primeiro gostinho desse disco, meio retrofuturista, mas sem deixar de lado sua paixão pela canção popular. “Acho que ela sintetiza o lugar em que quero apontar com o meu trabalho”, me explicou depois que perguntei porque ter escolhido esta canção para apresentar o álbum. “Fiz ela em parceria com a Juliana R e com o Giovani Cidreira e cada um deu sua visão sobre o que é estar vivendo nesse Brasil futurista cheio de caos e busca por uma identidade.” Ouça abaixo a música que conta com a participação dos dois coautores também nos vocais:
Esta semana trago uma ótima conversa com Fernando Catatau, do Cidadão Instigado, como principal atração do Clube Trabalho Sujo. É a quinta edição do meu programa semanal de entrevistas, Bom Saber, em que o cantor, compositor e músico cearense reavalia a história de sua banda, sua volta para Fortaleza e o mergulho em si mesmo que o conduziram ao seu primeiro disco solo, que deve materializar-se em breve. Fernando mudou-se novamente para São Paulo para consolidar esta nova fase, mas, como todos, foi surpreendido pela quarentena e teve de readequar seus planos para este novo estágio, mas de peito aberto. Assim foi a conversa com Catatau, cada vez mais tranquilo e consciente de seu papel como artista, personalidade pública e autor.
O Bom Saber é meu programa semanal de entrevistas, atualizado todo sábado em meu canal do YouTube (assina lá!). Já conversei com o Bruno Torturra, a Roberta Martinelli, o Ian Black e o Negro Leo (assista a todas entrevistas aqui) e quem colabora financeiramente com o meu trabalho (pergunte-me como no trabalhosujoporemail@gmail.com) assiste ao programa no dia do lançamento, no próprio sábado. Quem não paga, assiste na semana seguinte.