Sempre em frente!
Pharrell – “Freedom”
Emicida – “Madume”
Siba – “Marcha Macia”
Letuce – “Todos os Lugares do Mundo”
Lana Del Rey – “High by the Beach”
Cyril Hahn + Yumi Zouma – “Same”
Haim – “‘Cause I’m a Man”
Yo La Tengo – “The Ballad Of Red Buckets”
Wilco – “Where Do I Begin”
Mac DeMarco – “Just to Put Me Down”
Destroyer – “Dream Lover”
Foals – “What Went Down”
Cidadão Instigado – “Os Viajantes”
FFS – “The Power Couple”
Nação Zumbi – “Pegando Fogo”
Bixiga 70 – “Ocupai”
Estive essa semana com o jovem Leandro lá no Museu Afro Brasil e conversamos sobre o disco que ele lança essa semana, Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa em matéria para a Ilustrada:
Emicida combate o racismo com novo álbum ‘pra cima‘
Antes de definir a data de lançamento de seu “Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa”, que chega na sexta (7) a todas as plataformas de streaming digital e às lojas de disco no final do mês, o rapper Emicida fez uma escalada de monólogos contundentes em shows no Circo Voador, no Rio, e na Virada Cultural, em São Paulo.
Já apontava para um disco tão tenso, agressivo e radical quanto estes dias de 2015.
O clipe da inédita “Boa Esperança” reforçava esse rumo ao apresentar um cenário de guerra civil começando de dentro das casas, quando empregados de uma mansão pegam seus patrões como reféns depois de serem humilhados durante o trabalho.
O nome da música foi tirado de um dos irônicos nomes dos navios negreiros que traziam africanos para a América. Para dirigir o clipe, o rapper chamou João Wainer (do filme “Junho” e repórter especial da Folha) e Kátia Lund (de “Cidade de Deus”). Tudo indicava que o novo álbum viesse com sangue nos olhos.
O disco foi gravado e composto em sua primeira visita à África, quando passou por Angola e Cabo Verde, em março. “O ‘Boa Esperança’ é a expectativa mais óbvia sobre mim”, diz Emicida em entrevista no Museu Afro Brasil, em SP.
“Mas por que eu não posso cantar ‘Passarinhos’?”, pergunta sobre a bucólica canção composta no ukulele e dividida com Vanessa da Mata. “Em que momento minha poesia está distante de uma coisa positiva?”
“Sobre Quadris”¦” está longe de ser um disco pesado. Há mais momentos leves e contemplativos, como “Mufete”, “Baiana” (gravada com Caetano Veloso), a vinheta “Sodade”, a balada “Madagascar” e a já citada “Passarinhos”, e outros essencialmente positivos, como “Salve Black (Estilo Livre)”, “8”, “Mandume” e “Chapa” e até familiares, como “Mãe”.
Pra cima
Embora quase todas as músicas falem de racismo, preconceito e diferenças, Emicida não quis deixar o clima pesar de propósito. “Sabe por que é um disco pra cima? Porque quando os pretos estão reclamando, na miséria, dormindo na calçada, todo mundo acha que tá tudo no lugar certo. Mas quando eu tô à pampa, tô legal”¦”, pausa para enfatizar a quebra de expectativa.
“James Brown foi foda quando cantou ‘I Feel Good’. O mundo tá pegando fogo, os pretos tão morrendo, e ele levantou no meio daquela porra e falou: ‘Tô legal, pode continuar. Vocês não vão me derrubar’. Soa como arrogância, mas não é nariz empinado, é cabeça pra cima. O disco fala dessa pluralidade de mil coisas que os pretos são, que podem ser, mas são limitados a ser sempre a mesma coisa.”
E continua explicando por que resolveu abordar a questão: “Acho muito bacana essa ânsia do Brasil que agora quer desmascarar tudo e combater o que tá errado. Ok, então pra mim o problema mais sério do Brasil é o racismo, que ninguém fala. Tá aqui a minha contribuição, vamos desmascarar isso também”.
Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa
Artista: Emicida
Gravadora: Laboratório Fantasma
Quanto: R$ 19,90
O segundo disco de Emicida, Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa está saindo do forno e a capa é esta acima, assinada por Black Madre Atelier; assista ao making-of do clipe “Boa Esperança“, que aproveita a recente viagem que Emicida fez à África, para tratar da questão do racismo e da ligeira mudança na relação entre patrões, senhores de escravos e seus subordinados.
Naquele ritmo.
Toro y Moi + Rome Fortune – “Black Pitch”
Letuce – “Arca de Noé”
Mahmed – “AaaaAAAaAaAaA”
Garotas Suecas – “Me Erra”
Emicida + Vanessa da Mata – “Passarinhos”
Yo La Tengo – “Friday I’m In Love”
Lana Del Rey – “Honeymoon”
Passo Torto + Ná Ozzetti – “Perder Essa Mulher”
Rafael Castro – “Um Trem Passou Por Aqui”
FFS – “Collaborations Don’t Work”
Jonathan Richman – “Velvet Underground”
Formation – “Hangin”
Chemical Brothers – “EML Ritual”
St. Vincent – “Digital Witness”
Weeknd – “Can’t Feel My Face”
Boss in Drama + Karol Conká – “Lista VIP”
Depois de duas pedradas – uma dedo na cara, outra mais branda -, Emicida revela um lado mais leve de seu terceiro disco, batizado com o extenso título Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa. A faixa “Passarinhos”, dueto com Vanessa da Mata, é daquelas que vão se esgueirar no inconsciente brasileiro de até de quem não gosta de rap.
Disco do Emicida a caminho, mais uma faixa nova liberada – desta vez é a manhosa “Mufete”, que mesmo com sua levada tranquila e temática leve, não tira a mão do leme que aponta a celebração africana do próximo disco do MC, que se chama Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa, mas será lançado nos próximos dias. “Mufete” pode ser baixada no site do Natura Musical.
Essa semana ele libera outra faixa, na sexta-feira, “Passarinhos”, com Vanessa da Mata.
Tarda mas não falha.
Neil Young + Promise of the Real – “If I Don’t Know”
Tame Impala – “The Less I Know”
Letuce – “Lugar para Dois”
Silva + Lulu Santos + Don L – “Noite”
Unknown Mortal Orchestra – “Ur Life One Night”
Jamie Xx + Romy Madley-Croft – “Loud Places”
Mark Ronson – “I Can’t Lose (Lindstrøm Remix)”
Jungle – “Julia (Soulwax Remix)”
Todd Terje – “Inspector Norse (Pepe Bradock Remix)”
Cidadão Instigado – “Escolher Pra Quê?”
Emicida – “Boa Esperança”
Toro y Moi – “Lilly”
O Terno + Boogarins – “Saídas e Bandeiras No. 2”
E na mesma semana que o Kendrick Lamar lança um clipe cinematográfico estiloso, o geninho Emicida lança o dele e a faixa “Boa Esperança”, que foi lançada na semana passada e pode ser baixada gratuitamente aqui, confirma o ar de sangue nos olhos que deverá pairar sobre o próximo disco do rapper, que será lançado no final deste mês. Dirigido por João Wainer e Katia Lund, o clipe coloca Emicida como porteiro que acompanha o desenrolar dos acontecimentos em uma mansão em um condomínio de alto padrão. O conteúdo é nitroglicerina pura – e pode dar muito o que falar.
Pelo jeito aquela personalidade gente boa que Emicida sempre cultivou está sendo deixada de lado
Emicida lança a primeira faixa de seu novo disco, que apesar do nome otimista – “Boa Esperança” – é furiosa como a atitude do MC em seus shows recentes – um trecho dessa nova faixa, inclusive, foi mencionado no monólogo que ele fez no início do mês no Rio de Janeiro. O que leva a crer que seu discurso na Virada Cultural também seja menção de outra letra de uma música ainda inédita. O novo disco ainda não tem nome nem capa, mas deverá ser lançado entre o fim de julho e o início de agosto, e foi um dos contemplados do edital paulista do Natura Musical do ano passado. “Boa Esperança” tirou seu título do nome de um navio negreiro citado no último livro de José Eduardo Agualusa, A Rainha Ginga e foi produzida com o curitibano Nave e tem participação de J. Ghetto.
A música terá clipe lançado na semana que vem, dirigido por Katia Lund (de Cidade de Deus) e João Wainer (de Junho) e narra a história de um motim de empregadas domésticas. O clipe tem a participação de Mano Brown, da modelo Michi Provensi e da mãe de Emicida, Dona Jacira. O rapper faz o papel de um porteiro no clipe.
Emicida e banda subiram de branco ao palco Júlio Prestes da Virada Cultural neste fim de semana pra celebrar a tolerância religiosa, mas o rapper aproveitou pra dar o seu recado sobre as várias tensões que esticam-se sobre o Brasil atualmente. O Pedro Alexandre filmou e transcreveu, reproduzo abaixo (e vale ler seu relato completo lá no Farofa-fá, em que ele aprofunda-se nesta questão e em outras):
“E aí vira o quê? Os com-diploma versus os consciência. A Fundação é tudo, menos Casa, prum interno. É mó boi odiar o diabo, eu quero ver cê se ver lá no inferno. Não existe amor em SP? Existe pra caralho. Cês acham que as Mães de Maio chora por quê? Tendo que sobreviver ao pai que abusa, ao ferro sob a blusa, às farda que mata nós e nunca fica reclusa, ao Estado que te usa, ao padrão de beleza musa e aos otário que inda quer vim me falar de racismo ao contrário. Tempo doido, tempo doido, a espinha gela, onde as mulher é estuprada e no final a culpa ainda é delas. O problema é seu e da sua dor. Às vez eu me sinto inútil aqui, que eu não valho nada, igual o governo tem tratado os professor. Mas presses bunda mole aí que acha que nós tá dormindo, um aviso: não é porque nós tá sonhando que nós tá dormindo, viu?”.
É interessante notar a gradual transformação da persona pública do jovem Leandro, que aos poucos deixa de ser o rapaz gente boa da vizinhança pra começar a levantar o dedo pra quem levanta o dedo pra ele. É uma maturação artística que tem a ver com o seu próximo disco – que ele foi gravar na África – e o fato de ele estar aos poucos tocando instrumentos enquanto canta. Já rendeu um monólogo avassalador no Circo Voador no início do mês – e agora veio esse discurso da Virada. Sigo acompanhando.
A foto é do UOL.