Emicida 2013: “A vida é só um detalhe”

, por Alexandre Matias

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Assisti ao último dos dois shows do lançamento do novo disco do Emicida no meio desta semana (os vídeos já estão lá na TV Trabalho Sujo) e depois comento com mais sobre aquela noite. Antes disso, queria frisar a importância de seu novo O Glorioso Retorno De Quem Nunca Esteve Aqui, seu principal registro em disco. Em vez de expandir os horizontes do hip hop para outros gêneros musicais, Leandro Roque de Oliveira faz o caminho inverso, e convida outros gêneros – principalmente o samba – a entrar na arena em que hoje domina, a do hip hop nacional. O velho gênero, representado em diferentes escalas por pelo Quinteto em Branco e Preto, por Wilson das Neves, Tulipa Ruiz, Fabiana Cozza e Juçara Marçal, é o principal alvo do MC, disposto a provar sua importância e a registrar sua reverência num misto de empáfia e humildade que o tornam um dos principais nomes da música brasileira no século 21. Mas talvez o momento mais desconcertante do disco é quando ele dispensa convidados mais célebres e chama a própria mãe, Dona Jacira, para cantar em um momento único em que o drama épico do melhor do rap brasileiro ganha contornos familiares, íntimos e dolorosos, numa música que já tem seu espaço no cânone da canção brasileira. “Crisântemo” é da mesma estatura de “Deus Lhe Pague” de Chico Buarque, “Sinal Fechado” de Paulinho da Viola e “Tô Ouvindo Alguém me Chamar”, dos Racionais MCs. Emicida está no topo e ele parece saber para onde vai.

Abaixo, o vídeo que fiz da música na apresentação do Sesc Pinheiros.

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