E mais Watchmen

, por Alexandre Matias

Lembra que eu falei do livro do Gibbons? A Aleph vai lançar no Brasil.

O trecho abaixo fala do início das conversas sobre o que se tornaria Watchmen e do primeiro trabalho de Gibbons ao lado de Moore, a história O Homem que Tinha Tudo:

Eu tinha ido a uma convenção em Nova York, em 1973, como fã, mas aquela era minha primeira aparição nos EUA como convidado profissional. Eu continuava sentindo um fã ao encontrar tantas pessoas que eu conhecia anteriormente apenas pelo nome. De lendas como Julius “Julie” Schwartz a contemporâneos como Jerry Ordway.

Na segunda noite do evento, a DC deu uma festa e eu imaginei que aquela seria minha chance de falar com Dick Giordano sobre as linhas gerais de Alan. A conversa foi curta:

“Dick, sobre a proposta de Alan Moore sobre os personagens da Charlton. Eu gostaria de desenhar.”
“E o que o Alan acha disso?”
“Ele quer que eu faça.”
“Ok, Dave. É seu.”

Saindo meio zonzo dessa vitória fácil, topei com Julie Schwartz. E outra breve conversa se sucedeu:

“Então, Dave? Quando você vai desenhar um Superman para mim?”
“Que…? Ah, quando você quiser, Julie. Quem vai escrever?”
“Quem você quer que escreva?”
“Hã, Alan Moore.”
“Ótimo. Pode começar!”

As convenções de quadrinhos não melhoraram muito mais do que Chicago foi para mim naquele ano. Ao passar por Nova York, telefonei para Alan da mesa de Julie. Ele ficou tão entusiasmado quanto eu. Não somente porque podíamos começar o que viria a ser Watchmen, como também pela chance de trabalhar com o Superman sob o manejo editorial de Julie. Nós dois tínhamos crescido na fila de gibis que ele cuidava, e o Supeman era, definitivamente, a jóia da coroa dos personagens de super-heróis.

Essa história mesmo é o melhor tira-gosto do que se pode esperar de Watchmen, levando em consideração que é uma obra escrita com os principais heróis da DC – o Super-Homem, a Mulher Maravilha e Batman – e vai fundo na psicologia do Super. A história acontece no aniversário do Super-Homem, quando Batman, Robin e a Mulher Maravilha encontram o sujeito em estado vegetal com um parasita grudado no corpo. O lance é que esse parasita permite que o hospedeiro possa viver seu coma vivendo seu maior sonho, que, no caso do cara, é que Krypton nunca tenha explodido e que ele pudesse ter uma vida normal. Aí Moore pega dois fios condutores paralelos – o delírio do Super-Homem e a luta dos super-amigos para livrá-los do parasita – e vai contrapondo cena a cena, com o traço preciso, fino e sofisticado de Gibbons. A história é curtinha, mas é uma pequena obra-prima e dá pra baixar aqui.

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