Dois Carlos e um Arrigo
Arrigo Barnabé começou 2024 cantando Roberto Carlos e Erasmo Carlos nesta quarta-feira, no Bona, sem precisar recorrer a faixas desconhecidas ou momentos fora da curva da dupla de compositores. Em vez disso, amparado pelo tecladista Paulo Braga e pelo violonista Sérgio Espíndola (ambos fazendo vocais de apoio), preferiu ir no cerne da obra dos dois procurando suas músicas mais conhecidas e relendo-as com sensíveis mudanças de arranjo, vocais guturais, lembranças que aquelas faixas traziam e observações sobre as composições dos dois Carlos – como quando reforçou, quase como um alívio cômico involuntário, a onipresença da palavra “estrada” naquelas canções. E por pouco mais de uma hora, o maestro torto do Lira Paulistana invocou clássicos como “Os Seus Botões”, “Como é Grande o Meu Amor por Você”, “Como Dois e Dois”, “As Curvas da Estrada de Santos”, “Gatinha Manhosa”, “Quero Que Tudo Mais Vá Para o Inferno”, “Sentado À Beira do Caminho”, “Força Estranha”, “Sua Estupidez”, “Detalhes”, “Eu Te Darei o Céu”, “Vem Quente Que Eu Estou Fervendo” e “Se Você Pensa”, além de “Ternura Antiga”, letra de Dolores Duran musicada por Roberto, que foi tocada apenas por Mauro e Sérgio, e “Quando Eu Me Chamar Saudade”, de Nelson Cavaquinho, que Arrigo puxou após provocar Sérgio para tocar alguns sambas de Cartola, que finalmente cantou lindamente “Acontece”. Uma noite improvável e sensível, que o trio encerrou com a trágica “Cachaça Mecânica”, de Erasmo Carlos.
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