A ótima “Please” é o resultado da feliz colaboração entre uma das metades do falecido Orbital – Phil Hartnoll, que agora atua solo sob o pseudônimo-horário 8:58 – e o coração e cérebro do Cure Robert Smith. O transe eletrônico ainda conta com os vocais de Lianne Hall e é uma das principais faixas da recém-lançada estréia do novo projeto de Hartnoll, batizado apenas com seu novo nome solo.
Tenho uma história pra contar…
Kim Churchill – “Single Spark”
War On Drugs – “Lost in the Dream”
Bonobo – “Cirrus”
Randy Weston – “Tanjah”
Pedro Sorongo – “Água Viva”
Odetta – “Don’t Think Twice Its Allright”
Patsy Cline – “Strange”
Cure – “Hello Goodbye”
Metronomy – “Month of Sundays”
Saint Pepsi – “Fiona Coyne”
Say Lou Lou – “Instant Crush”
Milk & Bone – “Coconut Water”
Beverly – “All the Things”
Courtney Barnett – “Avant Gardener”
Tiê – “A Noite”
Astronomyy – “Bitch, Don’t Kill My Vibe”
Max Frost – “Sunday Driving”
E esse mashup incrível dos super-amigos com ícones do pós-punk, feito pelo curitibano Butcher Billy? Aí embaixo tem mais:
E as três horas e poucos minutos de show que o Cure fez em cada apresentação aqui na América do Sul foram tranquilamente ofuscadas pelo verdadeiro tour de force de QUATRO HORAS de música ao vivo na Cidade México que a banda de Robert Smith completou neste domingo, no mesmo dia em que o vocalista e líder da banda completava 54 anos (acho engraçado o fato de ele ser exatamente um ano mais velho que Brasília). Além do setlist idêntico ao que tocou nos shows por aqui (veja abaixo), Robert Smith ele tocou as duas sequências de músicas que alternou nas apresentações no Rio e São Paulo (em SP tocou “The Kiss”, “If Only Tonight We Could Sleep” e “Fight”; no Rio teve “Plainsong”, “The Same Deep Water as You” e “Disintegration”, no México, tocou todas as seis), se deu ao luxo de comemorar seu aniversário tocando, sozinho, “Three Imaginary Boys” e “Fire in the Cairo”, do primeiro disco da banda, e o estádio Foro Sol ainda foi chacoalhado por um terremoto que, felizmente, não causou vítimas. O editor-chefe do blog Side-Lines, Bernard Van Isacker, descreveu como foi o susto:
“I thought that I was loosing my balance as I felt the ground drifting away from under my feet. Then people started screaming and I was told that an earthquake was taking place. I could see those big station spot posts shaking back and forth as if there was a huge storm taking place. Instantly all communication via mobiles was also interrupted as thousands were trying to call their family. I guess Robert Smith had not better way to celebrate his birthday today.”
A foto que ilustra o post é da CNN.
O show foi um tico mais longo que o de São Paulo (15 minutos a mais), abriu com “Plainsong” e “Pictures of You”, teve “Primary” no lugar de “Shake Dog Shake” e a primeira parte terminou com “Disintegration” em vez de “End”. O bis do meio foi idêntico ao que rolou em SP () e o final – entre “Dressing Up” e “Killing an Arab” – foi aquela explosão de hits na mesma ordem de toda esta turnê sul-americana. Mas
não foi a ordem das músicas que vez do show de Buenos Aires ser melhor que o de São Paulo, mas as diferentes condições ao redor do palco. Principalmente o fato de não ter área vip – como no Brasil -, que colocou os fãs de verdade na cara de Robert Smith. Era visível a animação da banda inteira ao ver seu público se descabelando a cada hit ou b-side.
Precisamos rever urgente essa obsessão brasileira por área vip (a área vip argentina ficava num canto do estádio, quem pagava a mais assistia ao show com ótima visão do palco e sentado, mas longe da grade). O show também teve direito à já clássica fama do público argentino de entoar os riffs das canções como se fossem hinos de torcida e os porteños ganham ainda mais pontos por não ficarem conversando o tempo todo durante as músicas e na educação ao pedir passagem (isso sem falar na maconha, onipresente, e no álcool, ausente). Os vídeos que fiz já aí embaixo (e a foto lá de cima também é minha):
Suspendo as atividades por hora pois vou ali pra Argentina tomar outra overdose de Cure em comemoração a uma data linda – o aniversário da minha mulher. Deixo vocês com os vídeos que fiz durante o show que a banda de Robert Smith fez aqui no sábado passado – e não foram poucos. Até a volta!
Essa parte acima é só a primeira página do setlist do show da banda nesta quinta-feira, twittada pelo Globo. A lista completa, disponibilizada pelo Midiorama, segue abaixo:
Em 2011, pude presenciar três shows da banda de Robert Smith na última vez em que eles tocaram seus três primeiros discos na íntegra. As apresentações aconteceram no suntuoso Beacon Theatre, em Nova York, e como deverão ser as apresentações do grupo na nova turnê sul-americana, os shows tiveram mais de três horas, cada. Na sexta-feira foram 46 músicas, no sábado e no domingo, 48 em cada dia. Os shows saíram da sequência dos três primeiros discos da banda e a formação do grupo ia mudando a cada novo disco: nas músicas de Three Imaginary Boys, de 1979, estavam no palco apenas Bob Smith, Simon Gallup e Jason Cooper; nas de Seventeen Seconds, de 1980, este trio era acompanhado de Roger O’Donnell nos teclados; e quando começaram Faith, de 1981, Lol Tolhurst junta-se ao quarteto tocando teclados e instrumentos de percussão.
A primeira parte dos shows era composta pelos três discos tocados na íntegra. A segunda parte – um extenso bis dividido em três partes – era composto pelos lados B da banda na época destes três discos e, em seguida, literalmente por toda a coletânea Standing on a Beach, de 1986, fora as músicas que extras de cada show (o sábado teve “Do the Hansa” tocada pela primeira vez desde 1979 e o domingo teve “Close to Me”). Mais de dez horas de Cure num único fim de semana memorável, que registrei nos vídeos que posto abaixo e sirvo de aperitivo para o show de amanhã em São Paulo. O primeiro show eu filmei inteiro, o segundo quase todo e, do último, só gravei as três últimas músicas.
Mas o melhor é comparar os setlists daqueles shows e ver o proposto para o Brasil e descobrir que 70% do que vão tocar aqui eu não assisti ao vivo. E preparem-se: mesmo gordo e com o cabelo seco, Robert Smith segue com voz intacta e como um dos maiores guitarristas vivos – e sempre conversando, simpático, com seus fãs.
Em entrevista ao Calbuque nO Globo, Bob Smith lembrou do papel pioneiro de sua banda ao divulgar as próprias músicas online e aproveitou para criticar a falta de privacidade dos tempos digitais:
“Lançamos “Five swing life”, em 1997, exclusivamente na internet, e sabemos da importância dessa conexão. Nunca pensamos em processar nossos fãs por baixarem nossas músicas. Mas ao mesmo tempo, não fico contando minha rotina por aí. Não acho que seja interessante saberem o que comi pela manhã ou como estou vestido em casa. Sou de uma turma, talvez antiga, que ainda preza muito a privacidade. Pertenço ao público quando estou em cima de um palco e quando estou dando entrevistas, como essa. Fora isso, tenho uma vida bem simples, que gosto de manter fora dos holofotes.”
O resto da entrevista segue nO Globo – e o Calbuque ainda deixou uns extras de fora… A foto que ilustra o post é do Bragatto, no show de ontem do Rio, que resenhado pelo próprio.