
Duas estreias na edição deste sábado do Inferninho Trabalho Sujo no Redoma. A primeira foi uma estreia de fato, quando Isabella Gil e Zyom finalmente colocaram em prática seu projeto musical Soxy – que só existia no quarto delas e em alguns MP3s no Soundcloud. A princípio elas iam tocar sozinhas – Bella na guitarra e vocais, Zyom nos vocais -, mas por ser a primeira vez chamaram o camarada Lucas Cavallin, guitarrista da banda curitibana Marrakesh, com quem elas estão gravando os primeiros sons, para ajudá-las nesse debut e o convite deu certo, trazendo uma nova camada da fase Doug Yule do Velvet Underground à crueza blues das duas, que tocaram apenas músicas próprias em seu primeiro show, um feito e tanto. Uma bela estreia – e elas já querem fazer outros shows!
A outra estreia desta sexta-feira já é de uma banda veterana na festa, quando as Boca de Leoa tocaram pela primeira vez no Redoma. Cada vez mais entrosadas, elas também fizeram o show inteirinho autoral, salvo à exceção da bela versão trip rock que fazem para “Azul Moderno”, de Luiza Lian, que voltou para o repertório. É muito bom vê-las tocar, como a precisão discreta da baixista Duriu e da guitarrista Nina Goullos encaixa-se com a força carismática da baterista Bee Cruz e da vocalista Duda Martins, que dessa vez tocava um synth. Acompanho a carreira delas há dois anos, logo que Nina entrou na banda e fechou essa formação e é muito bom ver a evolução do quarteto. E encerraram a noite tocando duas músicas, apontando para o que já pode ser o sucessor do disco de estreia que lançaram esse ano, No Canto da Boca. Vamos lá, garotas!
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Mais uma vez levo meu Inferninho Trabalho Sujo para o Redoma e no dia 10 de outubro, assistiremos a mais uma apresentação de uma banda que cresceu com a festa e mais uma atração que estreia no nosso palco. Quem abre a noite é a dupla Soxy, formada pelas vocalistas Zyom e Isabella Gil, que também toca guitarra e faz sua estreia ao vivo fundindo de forma experimental e DIY gêneros musicais como indie/alt-rock e dream pop, com um quê de nostalgia, em formato intimista. Já a Boca de Leoa, que já passou por diferentes palcos do Inferninho, estreia no Redoma mostrando seu disco de estreia que lançou este ano, No Canto da Boca, misturando rock e brasilidade com muita personalidade. E eu toco antes, entre e depois dos shows no Redoma, que fica na rua Treze de Maio, 825-A, no Bixiga. A festa começa às 21h e os ingressos já estão à venda.

Nesta terça-feira, o mineiro Clóvis Cosmo nos conduziu rumo a um futuro brasileiro decadente que pouco lembra as distopias recentes que nos atormentam pois não se passa na periferia ou em bairros de alto padrão de megalópoles e sim no campo. O Vastopasto conjurado por suas canções é o cerrado do planalto central completamente acinzentado pela monocultura agrícola ao redor das ruínas de uma nova capital de um império próximo, chamada de Uberaba 2. Reunindo um pequeno supergrupo indie para desbravar o realismo deprimente de seu universo ficcional, ele buscava a complexidade da música caipira tradicional, dissecando-a em canções ao mesmo tempo simples e rebuscadas no gênero que cunhou como prognejo, ao adotar características do rock progressivo e da música sertaneja. Além de receber o público com um aviso sonoro totalitário ainda nas escadas do teatro, Cosmo ainda empilhou os dejetos digitais num canto do palco, ao lado de uma bucólica chaleira numa fogueira, e entre o canto, as falas, a guitarra e a flauta, vinha seguido por metade da dupla Antiprisma Victor José na viola, da cozinha do grupo Oblomov (o baixista José Eduardo e o baterista João Queiroz), das teclas e efeitos de John Di Lallo e do próprio dono do projeto Irmão Victor, o gaúcho Marco Benvegnú, tocando sopros e percussão. Uma formação de peso para uma apresentação épica, que além de trazer momentos quase individuais – quando dividiu uma música apenas com Victor José ou quando trouxe os Oblomov para cantar uma moda acompanhados apenas de sua flauta -, terminou com todos ao redor da fogueira cênica, ouvindo Pena Branca e Xavantinho, um dos maiores nomes da história da música sertaneja, conterrâneos de Uberlândia do dono da noite. Loucura.
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Nessa terça-feira, o Centro da Terra torna-se uma espaçonave para uma viagem lisérgica e rural ao mesmo tempo, quando o mineiro de Uberlândia Clóvis Cosmo apresenta seu espetáculo Do Prognejo ao Vastopasto em que antecipa seu disco de estreia, Vastopasto: …e os Cerradofuturistas Sequestraram a Relógiocomotiva. Multiinstrumentista, ele criou um universo fantástico em que o Triângulo Mineiro é devastado pelo agronegócio, que ele batizou de AgroApocalipse, transmutando a paisagem do cerrado num pasto cinzento marcado pelas ruínas high tech da sede do agroimpério, Uberaba 2. Essa saga é contada a partir da narrativa do prognejo, que funde arranjos do rock progressivos às múltiplas linguagens da música sertaneja. No palco, Clóvis vem acompanhado de Victor José. do grupo Antiprisma, Marco Benvegnú, o Irmão Victor, John Di Lallo do projeto Gengibre, José Eduardo e João Queiroz (estes dois da banda Oblomov). O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos estão à venda no site do Centro da Terra.
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O baterista e percussionista Mariano de Melo, que segura o pulso dos Deaf Kids e conta com sua carreira solo com o codinome Sarine, deu início à temporada Desmonta 18 Anos que a produtora de Guarulhos celebra às segundas deste mês no Centro da Terra fazendo a apresentação mais ousada de sua carreira. Em dupla com a iluminadora Giorgia Tolani – que optou por transições lentas e fachos de luz brancas que por vezes refletiam-se num espelho atrás do músico -, ele embrenhou–se num set com vários sintetizadores, um atabaque, piano e baixo elétrico, indo de trechos puramente jazzístico a beats eletrônicos contínuos, grooves acentuados, solos de teclas ou paisagens monocromáticas, encadeando som, ruído, pulso e melodias em transições que preencheram uma hora de show que voou como se pudesse durar poucos minutos ou para sempre. Um transe em movimento, uma boa forma de abrir os caminhos.
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Satisfação começar o mês de outubro no Centro da Terra com a temporada que celebra a maioridade da produtora e selo Desmonta, comandada pelo herói de Guarulhos Luciano Valério, que lança discos e realiza shows de artistas e estrangeiros que exploram as fronteiras sônicas possíveis e que povoa as segundas deste mês com parte de seu elenco. Nesta primeira segunda, ele reúne o percussionista e baterista dos Deaf Kids, Sarine, em um transe experimental com as luzes de Giorgia Tollani. Na outra segunda, dia 13, o anfitrião é Kiko Dinucci, que explora novas texturas em seu violão – e outros instrumentos que podem vir no percurso – em busca de novas sonoridades para seus próximos trabalhos. Na terceira semana assistiremos ao encontro do próprio autor da temporada em seu projeto MNTH ao lado de Juçara Marçal e Douglas Leal, dos Deaf Kids (que apresenta-se como Yantra) e as luzes de Mau Schramm. O final da temporada vem com a presença massiva do grupo fluminense Crizin da Z.O., mais uma vez testando os limites do ruído. Os espetáculos começam pontualmente às 20h e os ingressos já estão à venda no site do Centro da Terra.
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As duas atrações que estrearam no palco do Inferninho Trabalho Sujo nessa sexta-feira no Picles vêm de origens diferentes mas se encontraram na canção, esse porto seguro para musicar sentimentos e sensações. A noite começou com a iluminadora Olívia Munhoz mostrando sua faceta compositora – e cantora e guitarrista, com direito a ótimos solos – frente a uma banda de bambas: o baterista Pedro Gongon (no seu terceiro show no Picles em menos de 24 horas – pois ele tocou nos dois shows que aconteceram na casa na quinta-feira), a tecladista Paola Lappicy e o baixista Guilherme D’Almeida. Com um time desses – e num ambiente mais relaxado do que sua apresentação de estreia, que aconteceu no Centro da Terra -, Olívia estava bem mais à vontade para mostrar suas lindas músicas, apenas com sua banda básica – sem vocais e sopros convidados, como aconteceu na outra noite – e disposta inclusive a fazer piadas e se emocionar no palco. Quando o público pediu bis, ela voltou ao palco para tocar a única versão da noite, uma versão tranquilinha para “Antes Que Seja Tarde”, do Pato Fu. Foi bem bonito – e quem venham os próximos!
Depois da Olívia, foi a vez do trio Los Otros assumir o palco e fazer seu primeiro show (quase) inteiro com músicas próprias, meta que se propuseram no início do ano e que se materializou com o lançamento do primeiro single, “Rotina”. Além de começar o show com números mais tranquilos que o “rockzinho básico” como eles mesmos se definem, também tocaram algumas músicas novas pela primeira vez no palco e esticaram seu único single com direito a público cantando junto como último número da noite. Mas depois que a plateia pediu bis, eles preferiram voltar para as músicas alheias do que repetir uma música própria que já tivesse tocado e puxaram sua já conhecida versão para “Papai Me Empresta o Carro”. O trio engrena cada vez mais! E depois eu e a Marina, estreando nas pistas em São Paulo, levamos a pista do Picles para lugares tão diferentes quanto rap dos anos 90, indie dos anos 00, rock dos anos 80 e baladas dos anos 70. Deu certo!
#inferninhotrabalhosujo #oliviamunhoz #losotros #picles #noitestrabalhosujo #trabalhosujo2025shows 213 e 214

Nessa sexta-feira temos mais um Inferninho Trabalho Sujo e abrimos outubro com um show quase inédito, quando trazemos pela primeira vez para o palco do Picles a querida Olívia Munhoz, mais conhecida como uma das melhores iluminadoras da cena independente, que traz seu repertório autoral ao lado de uma banda formada por Gongom na bateria, Guilherme D’Almeida no baixo e Paola Lappicy nos teclados e mostrando essas canções pela segunda vez num palco. A noite conta com a abertura do trio Los Otros, banda novíssima da cena paulistana formada pelo porteño Tom Motta, a rondonense Isabella Menin e o paraense Vinicius Czaplinski, que se encontraram em São Paulo, moram juntos e acabaram de lançar o primeiro single, “Rotina”, além de ser sua estreia no Picles. E as estreias não ficam só entre as bandas, pois ao meu lado teremos a estreia da DJ Marina, que está começando sua carreira agora e toca pela primeira vez profissionalmente em São Paulo nesta sexta. O Picles fica no número 1838 da Cardeal Arcoverde e os ingressos já estão à venda.

Outubro já começou e a programação de música do Centro da Terra neste mês vem pesada! Começamos com a celebração da maioridade de uma das mais ousadas produtoras musicais brasileiras em cena, a Desmonta, que comanda por mais um herói de Guarulhos, o sagaz Luciano Valério, lança discos e realiza shows de artistas brasileiros que desafiam as fronteiras do som, além de trazer grandes nomes da exploração sônica para o Brasil. Durante as segundas de outubro, assistiremos a quatro apresentações intensas pautadas pelo selo, que reforçam a característica coletiva e de resistência cultural que lhe é característica. A primeira segunda-feira (dia 6) reúne o multiinstrumentista Sarine (que toca bateria nos Deaf Kids) à iluminadora Giorgia Tollani para, na segunda seguinte (13) trazer Kiko Dinucci experimentando sozinho novas sonoridades. Na terceira segunda do mês (20), o próprio Valério traz seu projeto MNTH ao lado do vocalista e guitarrista dos Deaf Kids, Douglas Leal, que solo apresenta-se como Yantra, da magnífica Juçara Marçal e das luzes chapantes de Mau Schramm. A temporada Desmonta 18 encerra no dia 27 com uma apresentação pesada do Crizin da Z.O. Nas terças-feiras, as apresentações começam no dia 7, com o compositor e multiinstrumentista mineiro Clóvis Cosmo abrindo a cortina para seu universo fantástico que se localiza num triângulo mineiro devastado pelo agroapocalipse num espetáculo batizado de Do Prognejo ao Vastopasto. Na segunda terça do mês (dia 14) é a vez da banda Repentina, formada a partir do encontro de Rafael Castro com Juliana Calderón, quando os dois fundiram suas carreiras solo num novo trabalho, que volta agora depois de um longo hiato com formação que inclui Ga Setúbal e Gongom numa noite chamada de Música de Amor. Na terça seguinte (21) é a vez de Juçara Marçal e Thais Nicodemo mostrarem seu encontro desafiador – Juçara cantando e soltando efeitos e Thais em seu piano preparado – no espetáculo A Gente Se F* Bem Pra Caramba. A última terça do mês (28) recebe o Duo Zimbado – formado pela vocalista e vibrafonista Marina Kono e pela pianista Amanda Camargo – que traz um repertório autoral entre o jazz brasileiro, a MPB e o samba-canção no espetáculo Zimbadoguê. As apresentações começam pontualmente às 20h e os ingressos já estão à venda no site do Centro da Terra.

Muito bom ver o Tutu Naná ampliando suas fronteiras musicais para além de gêneros – mas fisicamente, quando apresentaram-se no palco do Centro da Terra, distante da aglomeração próxima de pessoas de pé característica dos shows da banda. Tocando para um público sentado e podendo expandir o volume de seu som para além da interação com a audiência, o quarteto catarinense transitou entre o sussurro e a rugido sonoros ao intercalar doces melodias cantadas por todos seus integrantes ao volume crescente de ruído elétrico, criando mantras gigantescos que inspiram rodopios enquanto alternam a dinâmica do próprio som. Apesar de imersos num pós-punk bem amplo, bebem bastante da música brasileira e do rock clássico, temperando tudo com o humor infame característico da banda – tanto nos intervalos entre as músicas, nas letras e nas citações, como quando emendaram “Samurai” do Djavan e “Isto Aqui, O Que É?” de Ary Barroso em cima de um transe com várias camadas de microfonias que, de repente, pode soar como um samba. Só isso já seria o suficiente para garantir uma ótima noite (e abrir uma possibilidade novíssima para o quarteto, shows em teatros), mas eles ainda recriaram seu quarto disco, Masculine Assemblage, composto a partir de colagens de sessões de improviso que fizeram na casa que moram juntos, apenas para esta apresentação. Foi foda.
#tutunananocentrodaterra #tutunana #centrodaterra #centrodaterra2025 #trabalhosujo2025shows 210