Não bastasse a Caroline Polachek regravar “True Love Waits” numa versão deslumbrante em frente a telas de Monet, o grupo californiano Phantom Planet puxou, de improviso, na quarta-feira passada, uma versão para “Paranoid Android”, também do Radiohead, quando apresentou-se no White Eagle Hall, em Nova Jérsei, nos EUA. Não custa lembrar que não é a primeira incursão do grupo no tema, já que seu vocalista Alex Greenwald foi convidado para regravar “Just” no disco que projetou a carreira do produtor inglês Mark Ronson, Versions, no longínquo 2007. Ficou demais, veja abaixo:
E essa versão deslumbrante de “True Love Waits” do Radiohead que a Caroline Polachek gravou no Musée de L’Orangerie, em frente às Nenúfares de Monet? Assista abaixo:
Segura essa pedra: o Diiv, os heróis contemporâneos do shoegaze que acabaram de passar pelo Brasil, fizeram essa versão absurda para “Cream of Gold” do Pavement em sua recente ida aos estúdios da rádio SiriusXM, em Washington, nos EUA, e o resultado ficou foda demais. Muito bom ver que a banda de Stephen Malkmus está sendo finalmente reconhecida como uma das principais bandas de rock da história.
E se você estava esperando as datas dos shows da Luedji Luna cantando Sade em São Paulo anote aí: o espetáculo acontece três vezes durante o mês de novembro, além da data no Circo Voador (dia 19), que já teve seus ingressos esgotados. Na cidade, a musa toca dias 27 e 28 de novembro na mitológica sala Adoniran Barbosa, no Centro Cultural São Paulo, e no dia 30 no Festivalzinho, evento que será realizado no Parque Villa-Lobos, e pretende unir atividades para pais e filhos, trazendo shows infantis (como os palhaços Patati Patatá, o espetáculo Os Saltimbancos, a Galinha Pintadinha, o grupo Tiquequê e a banda Beatles para Crianças) e para o público em geral (e além de Luedji ainda se apresentarão Mariana Aydar com Mestrinho, Céu com seu Baile Reggae, Maria Gadú e a dupla Anavitória. Teve quem pedisse que ela fizesse esse show na abertura do show que vai fazer para Erykah Badu no dia seis de novembro, mas ela vai apresentar seu próprio show – mesmo porque além de fazer bonito frente à gringa com suas próprias músicas, ela não precisaria invocar outra diva gringa da soul music para dividir atenção com Badu. Os ingressos para os shows no Centro Cultural ainda não estão disponíveis para compra, mas os do Festivalzinho já estão à venda neste link.
Não sou propriamente fã do disco que o sambista Xande de Pilares gravou ano passado cantando Caetano Veloso porque acho que cai naquele lugar cinzento entre a MPB e o elemento fofo do cenário independente deste século, dois recortes que gentrificam – com meio século de diferença – a música brasileira (e eu que não vou entrar nessas polêmicas caça-clique, que preguiça…), mas entendo a importância do disco ao apresentar diferentes artistas para diferentes públicos, passo crucial rumo à união das duas metades de um país que sempre foi partido. Mas ao regravar “Banho de Folhas” de Luedji Luna, meu xará acerta na mosca em uma veia que precisava ser pressionada há tempos. Pois são dois artistas contemporâneos que vêm da mesma matriz mas saem de cenários distintos e a nova versão para a música de Luedji (com seu belo clipe, veja abaixo), reforça uma beleza sambista que a música original apenas insinuava – e isso sem precisar recorrer à nostalgia. A versão ficou lindona e, com isso, consagra de vez “Banho de Folhas” como um estandarte do repertório da atual música brasileira.
Imagina que no meio do show do The National a banda convida o guitarrista do War on Drugs para tocar uma música do Echo & The Bunnymen. Pois isso aconteceu duas vezes neste fim de semana, quando Adam Granduciel se juntou ao grupo liderado por Matt Berninger na sexta (em Toronto, no Canadá) e no sábado (em Cuyahoga Falls, nos EUA), para tocar o hit “Bring on the Dancing Horses”. Nada mal, dá uma sacada como foi no show de sexta…
E essa ótima versão que a dupla Kills fez para a faixa-título do segundo disco da Billie Eilish? Alison Mosshart e Jamie Hince voltaram a tocar juntos em 2023 depois de um tempão separados e ao mostrar as músicas do disco lançado naquele ano, God Games (o primeiro desde Ash & Ice, de 2016), em versão acústica na rádio norte-americana Sirius FM, despertaram o interesse da gravadora inglesa Domino em lançar um EP desta natureza. E embora a interpretação que os dois fizeram para a excelente “Happier than Ever” tenha sido o que chamou a atenção do selo, eles resolveram gravar uma versão elétrica, que compartilharam nesta terça-feira, ao anunciar o lançamento do EP Happier Girls (já em pré-venda) que será lançado nessa sexta-feira. Ouça abaixo:
Um dos melhores segredos da música pop norte-americana está mais uma vez sendo lentamente revelado quando a gravadora norte-americana Sub Pop anunciou o lançamento de um disco-tributo a uma cantora única na história da música pop: Margo Guryan, foco do álbum Like Someone I Know: A Celebration of Margo Guryan, que reúne artistas como Clairo, Tops e Frankie Cosmos para visitar a carreira da cantora, que morreu em 2021. Pianista de formação, ela desdenhava da música pop e desistiu de cantar logo que foi contratada pela gravadora Atlantic, que preferiu trabalhar seus talentos como letrista e musicista, quando trabalhou com artistas como Harry Belafonte, Don Cherry e Ornette Coleman. Mas ao separar-se do marido, encontrou refúgio emocional em “God Only Knows” dos Beach Boys e ficou encantada com aquele pop que desconhecia e aos poucos começar fazer suas pequenas sinfonias barrocas, que foram eternizadas num único disco, a obra-prima Take a Picture, em que o encontro de suas composições com sua voz pequena e macia parece algo sonhado de tão perfeito. Mas ela não quis fazer shows e nunca lançou o disco ao vivo, deixando aos poucos o mercado de música para dar aulas de piano. Mas em vários momentos de sua vida ela foi redescoberta por diferentes gerações e pode inclusive lançar novos discos em outros momentos de sua música. Agora é a vez de mais uma geração ser apresentada à sua genialidade graças ao disco que será lançado no início de novembro (e já está em pré-venda), mas que já teve três faixas reveladas: a linda “Sunday Morning” tocada pelos Tops, a faixa que batiza seu disco de 68 tocada pelo encontro de Frankie Cosmos com a banda Good Morning e a música que dá nome ao disco-tributo tocada pelo grupo Empress Of. Ouça as faixas abaixo, além de ver a capa do disco e a relação com as músicas da coletânea, e me diz se não dá vontade de ouvi-la sem parar?
Não tinha visto essa: no dia 27 de julho de 2022, a Billie Eilish foi convidada para participar de um show tributo a Frank Sinatra e Peggy Lee que aconteceu no Hollywood Bowl e, acompanhada pela Count Basie Orthestra, ela cantou uma versão fodona para a clássica “Fever” emendando uma versão para “Is That All There Is” com ninguém menos que Debbie Harry. Sente o drama:
“Stockholm Syndrome” é um dos pontos focais do mágico I Can Hear The Heart Beating As One, disco de 1997 do Yo La Tengo que é certamente o disco mais consensual do trio de Nova York – e sua beleza e simplicidade (temperada pelo solo noise de Ira Kaplan) estica o disco para o polo mais indie-pop e menos experimental do disco clássico. Não por acaso foi a escolha de Jessica Dobson, líder da veterana banda de Seattle Deep Sea Diver, para ser incluída na coletânea Every Possible Way, que o selo 3Sirens, de Nashville, nos EUA, organizou para levantar fundos para o Everytown For Gun Safety Support Fund, que tenta resolver o problemaço que os Estados Unidos têm com a facilidade de acesso a armas de fogo. A compilação reúne artistas revivendo sucessos dos anos 90 (como o White Denim tocando “Connection” do Elastica, Coco tocando “Holiday” do Weezer e os Grahams tocando “Waitin’ For A Superman” dos Flaming Lips) e lançará semanalmente cada uma das dez canções, até disponibilizar a íntegra do disco em dezembro. E a versão deste primeiro single ficou tão certinha quanto inquieta, como o original (mantendo inclusive o solo barulhento). Saca só: