Coisa fina: como foi o show do Toro y Moi em São Paulo

, por Alexandre Matias

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Que beleza foi o show do Toro y Moi na noite desta quarta-feira. Auxiliado por uma banda precisa, Chaz Bundick mostra como está evoluindo seu som, que originalmente era feito sozinho num quarto, para algo mais orgânico e arredondado, deixando a eletrônica mais como ferramenta que conteúdo. Enquanto revezava-se entre teclados, efeitos e vocais, era acompanhado de perto pelo pulso firme do baterista Andy Woodward. Ao segurar timbres, melodias e ritmos, Chaz e Andy deixavam o guitarrista e tecladista Jordan Blackmon e o baixista Patrick Jeffords livres para explorar seus instrumentos – enquanto Jordan, que também fazia os vocais de apoio, preferia uma guitarra mais ruidosa e rítmica que melódica (ecos inevitáveis do pós-punk – é um guitarrista indie), Patrick deslizava linhas de baixo que às vezes eram firmes às vezes esparsas e fluidas (um músico que veio do conservatório).

E no equilíbrio entre estes dois músicos, Chaz destilava suas canções doces e tímidas, que, contrastadas ao groove cada vez mais intenso de seu grupo, ganham uma nova dimensão (“High Living”, que infelizmente não filmei, ganhou até um inusitado, mas coerente, peso de rock clássico, perto do final). O som da banda está cada vez mais soul com toques de jazz elétrico, fazendo o black power e o vocal macio do senhor Toro y Moi me lembrar do R&B do final dos anos 90. Mas há uma feliz estranheza que não deixa o som soar fácil ou descartável – é música de pista, mas há ênfase nos trabalho humano e na presença dos músicos, portanto é um show para ser assistido e não apenas curtido.

Embora houvesse ênfase natural em relação ao material de seu disco mais recente, Anything in Return desce cada vez mais suave, o show percorreu as diferentes fases da curta carreira do Toro y Moi, como se fosse a primeira vez que a banda tocasse em São Paulo. E levando em consideração que suas outras apresentações foram em festivais para dezenas de milhares de pessoas (no Terra em 2011 e no Lollapalooza deste ano), um show feito para poucas centenas de felizardos talvez tenha sido o melhor cartão de visitas que Chaz Bundick poderia deixar no país. Muito prazer e venha mais vezes.

Abaixo, umas músicas que filmei.


Toro Y Moi – “Rose Quartz” / “Talamak” / “New Beat”


Toro Y Moi – “How I Know” / “Studies”


Toro Y Moi – “Still Sound” / “Grown Up Calls”


Toro Y Moi – “I Can Get Love”

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