Às vésperas do dia das mães, Emicida lança o clipe da faixa que abre seu segundo disco. Batizada apenas como “Mãe”, ela narra a história de dona Jacira vista pelos olhos de seu filho como se ele estivesse num sonho.
E o clipe tem uma atmosfera tão parecida com o clipe novo do Radiohead que o inconsciente coletivo parece sublinhar o fato de que estamos nos sentindo perdidos num sonho. Será que é isso mesmo?
O cantor e compositor paulistano Pélico comemora a nova fase inaugurada com seu ótimo disco Euforia, lançado no ano passado, com a inclusão da versão que fez para “Não Há Cabeça”, de Ângela Ro Rô, na trilha sonora da novela Velho Chico. A música foi gravada para o tributo à cantora lançado há três anos e ressurge agora o aproximando de um público ainda maior e para aproveitar a oportunidade produziu um clipe para a música, lançado com exclusividade aqui no Trabalho Sujo. Conversei com ele sobre esse momento de sua carreira.
Conta a história de como você gravou essa música: você já conhecia a obra da Angela Ro Rô ou foi conhecer por causa do tributo?
Em 2013 o Zé Pedro e o Marcus Preto me convidaram pra participar do Coitadinha Bem Feito, um disco em homenagem à Ro Rô. Eles me deram uma lista de cinco ou seis músicas dela, aí eu escolhi a “Não Há Cabeça”. Lembro que o Preto me sugeriu a “Não Há Cabeça”, disse que ela tinha muito a ver com o meu trabalho, e isso me deu mais certeza com a escolha da música. Eu conhecia bem o Angela Ro Rô de 79 e o Escândalo de 81. Mas, a partir do tributo, eu mergulhei mais fundo na obra dela. Adoro participar de tributos por conta disso também, você acaba mergulhando no universo do artista.
Como a música foi parar na novela? Alguma música sua já teve esse nível de exposição? Como está sendo a reação dos seus fãs e do novo público?
Sinceramente, eu ainda não sei. Eu acredito que foi uma escolha do diretor da novela, Luiz Fernando Carvalho, sei que ele é bem conectado com a “nova geração” da música brasileira. Minha produtora e eu estamos tentando entrar com contato com ele, em breve termos essa resposta. É a primeira vez que tenho essa exposição. É impressionante, toda vez que a música toca na novela, o WhatsApp e as mensagens no Facebook bombam. A reação dos fãs tá rolando muito bem. Agora, se já existe um novo público por conta da música na novela, acho que vamos sentir essa diferença um pouco mais pra frente.
Você acha que a “nova geração da MPB” – que já tem uns dez anos de estrada – finalmente está rompendo a barreira do grande público?
Caramba, é verdade, essa “nova geração” já tem uns 10 anos. Assustei! Então, eu acredito que aos poucos e mesmo sem investimentos milionários a gente tá chegando. Mas sei que ainda falta muito pra gente dividir espaço nas rádios e programas de TV mais populares com artistas do sertanejo, do forró… Onde há muito investimento, grana pesada, saca?
Também acho que não é só grana, entre outras coisas, é uma questão de postura artística também. Um artista que não faz um trabalho muito popular não precisa ter medo ou desconfiança de ser ouvido e consumido pelo grande público.
E como chegar no rádio? É a grande barreira?
Já temos espaço em muitas rádios em todo o Brasil, mas o pulo do gato é a gente conseguir, sem ter que pagar aquela graninha, entrar na programação das rádios mais populares. Eu tenho duas músicas gravadas – uma pelo Toni Ferreira e outra pelo Filipe Catto – que tocam muito nas rádios, e vi de perto a importância, principalmente fora das grandes capitais, de se ter uma música tocando diariamente nessas rádios. Muitas pessoas vão aos meus shows por conta disso, pra ouvir essas músicas, olha que nem são cantadas por mim. Ou seja, as rádios populares ainda são uma grande barreira e precisamos chegar nelas com dignidade.
Você já está trabalhando em um novo disco ou vai seguir 2016 com o trabalho do ano passado?
Esse ano continuo trabalhando o Euforia, acabei de estrear o Dos Nós, um novo show, com repertório dos meus três discos e mais releituras, num formato mais intimista – guitarra, violão, sanfona e piano elétrico. E ando compondo pra outros artistas, um trabalho que amo fazer.
Atualização: A banda acaba de lançar música nova com direito a clipe em stop motion, dirigido por Chris Hopewell:
Eis a letra (logo a seguir, uma tradução que fiz):
Stay in the shadows
Cheer at the gallows
This is a round upThis is a low flying panic attack
Sing a song on the jukebox that goesBurn the witch
Burn the witch
We know where you liveRed crosses on wooden doors
And if you float you burn
Loose talk around tables
Abandon all reason
Avoid all eye contact
Do not react
Shoot the messengersThis is a low flying panic attack
Sing the song of sixpence that goesBurn the witch
Burn the witch
We know where you live
We know where you live
E a tradução:
Fique nas sombras
Comemore a forca
Arredondando pra cimaIsso é um ataque de pânico
Cante uma música com a jukebox que passaQueime a bruxa
Queime a bruxa
Sabemos onde você viveCruzes vermelhas em portas de madeira
E se você flutuar vai queimar
Conversa solta pelas mesas
Abandone toda razão
Evite todo contato com os olhos
Não reaja
Atire nos mensageirosIsso é um ataque de pânico voando baixo
Cante uma música de seis centavos que passaQueime a bruxa
Queime a bruxa
Sabemos onde você vive
Sabemos onde você vive
Forca, portas pintadas de vermelho, referências ao clássico Homem de Palha (o original inglês), críticas à música escapista (o “sixpence” que traduzi como “seis centavos” pode ser uma referência à banda descartável Sixpence None the Richer), mulheres que eram queimadas caso não afundassem nos rios… O clima bonitinho do clipe contrasta com o teor pesado da música e da letra, antecipando que o clima do nono disco do Radiohead pode ser bem grave.
Seguimos à espera.
(O post original vem a seguir):
De repente, deu branco no Radiohead:
A banda inglesa deletou todo o histórico de suas redes sociais neste fim de semana, logo depois de mandar alguns teaser por correspondência para alguns fãs.
Umm, I just got this in the post from Radiohead. Is the new album called Burn The Witch? pic.twitter.com/zv5QKnDeGh
— Niall Doherty (@NiallMDoherty) April 30, 2016
E no início do dia eles começam a postar vídeos tipo os do Wallace & Gromit em sua conta no Instagram:
O site deles já voltou a funcionar esta manhã e exibe o segundo post do Insta como um teaser… Em comum, “Burn the witch” – “queimem a bruxa” – a internet? As redes sociais? Afinal – “sabemos onde você mora”. Ou é um comentário sobre a ascensão do novo fascismo? E lá vamos nós de novo…
O clipe de “My Toy”, do segundo disco do Breakbot, inverte o ponto de vista do clássico da sessão da tarde Mulher Nota 1000, para recriar os anos 80 como pede a música original.
O maior grupo de rap do Brasil chama o papa do funk ostentação para lançar o primeiro clipe do disco Cores e Valores
Dois dos maiores fenômenos de popularidade da periferia brasileira se encontram pela primeira vez em um clipe que é apenas o início de uma parceria. “Preto Zica” é o primeiro clipe que os Racionais MCs lançam para o disco Cores e Valores, lançado no final de 2014, e é dirigido por ninguém menos que Kondzilla, o diretor de clipes que transformou o funk ostentação em um fenômeno nacional. Com apenas dois minutos, o clipe é um curta metragem sobre o clima tenso da realidade retratada pelo grupo e deve dar a tônica dos próximos trabalhos que o grupo irá seguir fazendo com o diretor, uma trilogia de vídeos que continuará com “Somos o Que Somos” e “Eu Compro”, também do disco mais recente do grupo.
E não se assuste se essa parceria chegar até os cinemas…
Os alemães Jens “Jence” Moelle e İsmail “Isi” Tüfekçi reativaram o Digitalism depois de cinco anos sem lançar nada novo e para abrir caminho para o novo disco – Mirage, previsto para o meio de maio -, apresentam o clipe de “Utopia”, explorando um universo ainda mais eletrônico do que suas raízes maximalistas.
O produtor inglês lança mais um disco – A Mineral Love – e você sabe como as coisas ficam quando ele chega… O clipe de Light Up The Sky dá a medida.
Wayne Coyne e companhia registram seu tributo à passagem do mestre inglês no início do ano regravando uma versão quase idêntica à original de “Space Oddity” num vídeo psicodélico gravado em uma igreja cheia de balões na plateia.
Um dos mais sagazes MCs do rap brasileiro, o carioca Marechal vem adiando seu primeiro disco solo desde os tempos em que ainda fazia parte do mítico Quinto Andar, mas aproveitou o primeiro de abril para mostrar a primeira música deste disco. A faixa “Primeiro de Abril” é genialmente apresentada como um clipe de power point tosco, cheio de memes e piadas de internet, mas flui num jazz com refrão soul e é naturalmente autorreferente, mencionando a espera pelo primeiro disco, o trabalho social que desenvolveu nos últimos, além de saudar parte da cena que o viu crescer (leia a letra abaixo).
Os batidão de Jazz
Estilão quinto andar
Quinze anos depois, ó
Onde eu vim me encontrar
Não sou cantor, não
Mas sou de “vim tentar”
Deixa a tinta andar um tantin no tom
Até ter o dom de te encantar, tá?
Primeiro de Abril, dia da mentira agora acabou
Virou do “puta que pariu, tu viu Marecha fez som, gravou e lançou, carai”
Voltou, os rap que inspira, primo, agradece
Pô, vagabundo cansou de ter que parar pra ouvir esses trap de quem nunca trepou, falou
Estúdio próprio, 4 e pouco
Tô canetando até agora e tenho conteúdo pra mais cinco disco pronto
Se eu quiser conteúdo pra mais cinco, pisco, pronto
Enquanto uns quebram a cabeça pra rimar
Eu com esses riscos, monto
Foda-se o número de views
Antigamente nós contava relevância pelo número de Gabriel, D2 e Bills
Speeds e Gustavo Black
Hoje agradece BK, Síntese e Sant
Cês são o futuro, porra
(Fala pra eles que é o RAP!)
E que só existe um tipo de MC
O “foda-se o ego e vamos nos unir”
Dinheiro não tem nada a ver com vencer
Cuidado com isso aí que se não cês faz o plano do FMI
Vão sofrer com o que o banco mundial reserva pra te foder
Uns acreditam em si, outros acreditam em se
E acredito em um só, mas só se você acreditar em você, menor
Se tu se limitar e acreditar no vi pra ver, é capaz da sua imaginação não conseguir deixar isso acontecerVou partir
Quando amanhecer
Vou puxar meu bonde daqui
Meu lugar
Venho agradecer
Música não deixa eu mentirNão pense como eu penso
Ou aja como eu ajo
Apenas reaja ao senso
Seja capaz de sentir
Cuidado legal com novos amigos é no, no, no, no, no
A chapa tá igual chamou, quen te
Não tente me entender
Quero entender o que quer me tentar
O último que tentou nem tá
Não vou mentir
Faço isso pelos meus filhos
Se vierem me matar
Que a mina que eu confio
Possa entregar pra eles
Tipo ó: “papai deixou isso aí”
País feliz onde o povo pouco lê
E busca mais mostrar nas rede como vive que viver
Não consegue aprender que as rede são pra prender
Tudo é facebook e os livro na cara, cadê? Tu não vê
Igual o logo do carrefour que a parte branca é um “C”, pode crer
“Mas peraê, mané, cê diz o povo pouco lê e as lei do segredo vendeu milhões”
Eu sei, e a primeira vez que eu vi isso vender
Pensei, eles deviam editar livros é sobre os segredos da lei
Continuamo sem entender o sistema
E vivemo essa confusão
Ao invés de ações sociais, se discute tamanho de cordão
(?) de evolução, tudo é foda, foda, foda, fodão
Quer ser o melhor, vai pesquisar
Já falei isso em outro som
“(Haha) Pesquisar a onde, rapa? Cê nem tem CD”
Haha, meu disco é piada antes de sair, valeu
Ditado diz quem ri por último..
Depois de sair não reclama se o que virar piada é o seuVou partir
Quando amanhecer
Vou puxar meu bonde daqui
Meu lugar
Venho agradecer
Música não deixa eu mentir
Um dia Vamos Voltar A Realidade (cuja abreviatura em hashtag #VVAR também batiza seu projeto de educação, mostrado no clipe) sai, mas por enquanto só temos este primeiro de abril às avessas.
A dupla francesa Paradis – formada por Simon Mény e Pierre Rousseau – apresenta-se na festinha vermelha do clipe que armou para sua deliciosa “Toi et Moi”. Deixa cair…











