2020 tem sido um ano de detalhes para Billie Eilish, mas isso não quer dizer que estes sejam pequenos. Agora é a vez em que ela mostra a versão visual da canção-tema que compôs para o novo filme de James Bond, a bela balada “No Time to Die”, que a reúne com os arranjos orquestrais de Hans Zimmer e a guitarra de Johnny Marr. Billie é a artista mais jovem a compor uma música para a famosa grife cinematográfica, cuja nova versão tem a direção do Cary Joji Fukunaga que fez sua fama na primeira temporada de True Detective. O clipe chega na hora em que a produção anuncia que o próximo filme do agente secreto britânico estreia nos cinemas no mês de novembro.
E a música ficou linda.
“Faz um tempo que tenho vontade de criar dentro de um projeto, sem ser assinando meu nome e sobrenome, o que acaba sendo extremamente pessoal, e pretendo focar nessa construção a partir de agora”, ela explica, quando pergunto quais os próximos passos após o lançamento do novo single, “Se acaso a casa”, que lança nesta sexta-feira e antecipa seu clipe em primeira mão nesta quinta, no Trabalho Sujo. “O single de certa forma representou o fechamento de um ciclo – que sempre é também a abertura de outro”, prossegue. “Por ser algo ainda em gestação, não posso adiantar muito sobre a forma final pois eu mesma não sei… ”
O single canta as indecisões e incertezas de 2020, mas abre a janela para a transformação, que parece ser o próximo passo de sua carreira: “Se acaso a casa cair, a asa pode se abrir”, canta no refrão. A faixa é fruto de uma parceria com o produtor Pipo Pegoraro, que quando estava lançando seu disco Antropocósmico no início do ano, chamou a amiga cantora, que também é fotógrafa, para fazer fotos de divulgação para seu novo trabalho. Laura topou e decidiu receber pelo serviço na forma da produção deste novo single, que, por sua vez, foi feito todo à distância, uma vez que Laura mudou-se para Atibaia, no interior de São Paulo.
“Minha intenção é seguir trabalhando com o Pipo, pois achei que nossa dinâmica criativa funcionou muito bem na produção desse single”, conclui, falando na produção de um EP com músicas antigas que ainda não tinham arranjo e outras novas composições, além de esperar a possibilidade de voltar a fazer shows, pois tinha marcado de ir para Portugal. “Era meu plano para esse ano, interrompido por conta da quarentena, por ter gravado António Variações no disco anterior, fui cultivando esse desejo de apresentar minha versão por lá e assim que possível o farei.”
A vocalista inglesa Romy Madley-Croft pisa fora da igreja indie que fundou para mostrar seu primeiro trabalho solo. O clipe de “Lifetime”, a primeira música que ela mostra fora do Xx, cai na pista de dança com gosto e com estilo, num trabalho surpreendentemente astral, avesso à linha triste e cool de seu grupo original.
Que bela surpresa.
A sensação indie filipino-britânica Beabadoobee mostra mais uma música de seu próximo álbum Fake It Flowers, que sairá em duas semanas, a delicada “How Was Your Day?”. Sem a pegada mais rock dos singles anteriores, a balada se sobressai justamente por sua fragilidade, mostrando apenas com voz e violão, todo o senso pop que já havia exibido com riffs e refrões.
O grupo indie Shins lança “The Great Divide” com um clipe épico dirigido por Paul Trillo que viaja anos-luz pelo espaço sideral para atravessar eras geológicas na Terra. Bem bonito.
Mas erá que tem disco novo da banda de James Mercer vindo aí?
A rapper brasiliense Flora Matos chega de mansinho e mostra a deliciosa balada “I Love You”, que ela compôs na guitarra sobre beats com sabor baiana, que parece dar o tom do sucessor do ótimo Eletrocardiograma.
https://youtu.be/R1ea61pLQQ0
Que belezinha…
Lembro que quando Luiza Lian me chamou para escrever o texto de apresentação de seu ótimo Azul Moderno, ela já estava produzindo os clipes para o álbum – e o primeiro que começou a ser produzido, que sabia-se que não seria o primeiro da fila (escolhendo o subaquático curta da faixa-título para mostrar o disco), foi o da deliciosa “Geladeira”, todo feito a partir de fotografias analógicas. E é muito sintomático que tenha sido ele o escolhido para fechar o ciclo do disco, ainda mais que sua letra ainda acaba refletindo a sensação estranha deste 2020, e agora finalmente ela lança essa última página de seu disco, dois anos depois de seu lançamento.
Agora é saber o que ela fará a seguir…
Às vésperas do lançamento da versão deluxe para o clássico Pleased To Meet Me dos Replacements, a gravadora Rhino repete uma graça que o grupo fez há tempos ao lançar o clipe de “Can’t Hardly Wait” com as mesmas cenas feitas para um vídeo da faixa “The Legder”, que seria lançado ainda em 1987, mas que foi engavetado porque a música não foi aprovada pela MTV, sendo reutilizado no clipe de “Alex Chilton”, do mesmo disco, que a banda lançaria anos mais tarde. Primeiro, a nova versão, que também ganhou uma remasterização visual.
Depois as duas versões anteriores:
A nova versão de Pleased to Meet Me chega ao público no próximo mês e já está em pré-venda.
Robert Smith entra no time de colaboradores do projeto Song Machine, que já conta com outros convidados ilustres como Slowthai, Beck, Elton John, Kano, St. Vincent, Peter Hook e Georgia, entre outros, com a faixa que batiza o primeiro volume, ou melhor, temporada, desta empreitada. No clipe da simpática “Strange Timez”, Smith aparece como a lua e a compilação das faixas que o grupo de desenho animado está lançando desde o início do ano, chamada Song Machine: Season One – Strange Timez, foi anunciada para chegar ao público no dia 23 de outubro.
Na paralela, Smith anunciou no programa de rádio de Steve Lamacq na BBC 6 que terminou o disco novo do Cure, o primeiro em doze anos, já que o último, 4:13 Dream, foi lançado em 2008 (!). “Eu realmente sinto muito por quem tinha planos para esse ano, tem sido um desastre”, contou o líder do Cure na entrevista. “Da minha própria perspectiva, foi ótimo porque já fizemos muita coisa no ano passado. Esse ano tem sido – não só um ano – completamente estranho”, concluiu. Não custa lembrar que ainda em fevereiro, antes de entrar na quarentena, ele anunciou que o Cure já tinha “dois álbuns gravados e uma hora inteira de ruído“. E a sensação de que ele pode estar vindo com mais um disco do calibre de Pornography, Disintegration e Bloodflowers? Sabe como é o Cure na virada de décadas…
A princípio parece só um amontoado de palavras: “Lixo quiche rixa husky pixe risco rímel rumo rouge haxixe concha jaca cacho Reykijavik Vaporub mirra marreta mojito lixa lesma caixote”, cospe Tulipa Ruiz por cima de um groove tenso e quadrado, eletrônico e funky ao mesmo tempo em que soa pesado e raivoso, conduzido por seu irmão, o produtor Gustavo Ruiz, e Rica Amabis, metade da dupla de produção Instituto. Mas superpostas às imagens conduzidas por Alexandre Orion, que mistura diferentes facetas do nosso apocalipse diário em doses nada sutis de justaposição, o projeto Cactu, que os quatro mostraram no final da quarta temporada do projeto Palavras Cruzadas, ganha uma forte carga política, bem como pede este bizarro 2020. Criado a partir do convite do curador Marcio Debellian, os quatro criaram o show para duas únicas apresentações em 2015, no Rio de Janeiro, mas existia a intenção de ir além. Ressuscitado pela quarentena, o novo grupo começa a se mostrar a partir desta segunda, quando o primeiro single, “Chorume”, chega às plataformas digitais. O quarteto deve lançar outro single ainda este ano e o disco fechado fica para o início de 2021.
https://www.youtube.com/watch?v=VqxSuviF5uk&feature=emb_title









