Chega mais, Douglas Germano
Um dos segredos mais bem guardados do samba paulistano está prestes a ser revelado. Douglas Germano, autor do samba que apresentou o grande disco que Elza Soares lançou no ano passado – a poderosa “Maria da Vila Matilde” – está prestes a lançar seu terceiro disco, Golpe de Vista, um disco de forte cunho social e político escancarado na tradição de um samba que soa moderno e, ao mesmo tempo, atemporal. Pedi pro Kiko Dinucci, seu velho parceiro, fazer as honras de apresentá-lo pra cá:
“Douglas é uma espécie de clássico reinventado. Ao ouvirmos os seus sambas, temos a impressão de ouvirmos sambas descobertos em escavações, nos sentimos como um arqueólogo que de repente se depara com clássicos jamais ouvidos. Mas isso não tem nada a ver com nostalgia, são sambas que dialogam com a angústia, com a solidão das grandes cidades, com a revolta e a gana de gritar. Desde que o conheci em 97, considero-o um mestre, no mesmo patamar de um Nelson Cavaquinho, um Paulo Vanzolini ou Aldir Blanc. Douglas pega o bastão do samba e o joga para o futuro, mostrando que o samba é reinvenção constante e não um museu de regras engessadas. O samba pelas mãos de Douglas é vivo, mesmo que sobrevivendo entre escombros. É a vida que pulsa de pirraça, vazo que não quebra. Do jeito que o samba sempre foi”
Exagero? Deixa a música falar por si – o próprio Douglas antecipou três faixas pro Trabalho Sujo, a faixa-título, “Guia Cruzada” e “ISO 9000”, saca só:
Tags: douglas germano, kiko dinucci