Monstro renascido

O ritual aconteceu e o Monstro Amigo agora é Monstro Enigma. Grupo paulistano de rock progressivo liderado pelo tecladista Lukas de Vasconcellos Pessoa, passou por uma mudança de integrantes e hoje é formado pelo baterista Theo Amorim e pelo baixista Gabiroto – e a nova formação pedia a mudança de nome. Assim, Lukas transformou o Centro da Terra no palco deste ritual, quando não apenas abriu a noite trazendo o próprio Monstro Enigma ao palco (criado com lixo reciclado), como trouxe um espetáculo prog à moda antiga, com direito à apresentação de personagens, trocas de figurino e a criação de ambientes musicais completamente distintos, indo da música caipira (quando Lukas puxou um violão e misturou uma composição própria com uma música feita por seu pai, que estava na plateia) à tradição da canção brasileira (no momento em que a cantora carioca Daíra subiu ao palco), passando por delírios virtuoses ao piano, spoken word sobre virtudes e vícios, solos de baixo, incursões jazz funk com o prog brasileiro e acrobacias (com saltos ousados de Gabiroto e o tecladista solando com seu instrumento na nuca no final do show). Uma apresentação ousada e catártica, que marcou em grande estilo a nova fase dessa banda ímpar no cenário musical paulistano atual.

#monstroenigmanocentrodaterra #monstroenigma #monstroamigo #centrodaterra #centrodaterra2025 #trabalhosujo2025shows 045

Monstro Enigma: O rebatismo do Monstro

E nesta última terça-feira de março, o Centro da Terra participa do ritual de transformação de uma banda, quando o trio psicodélico Monstro Amigo se metamorfoseia em Monstro Enigma, inaugurando uma nova fase. O evento de metamorfose contará ainda com a participação da artista Daíra, que abre uma nova dimensão na carreira do grupo. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos podem ser comprados no site do Centro da Terra.

#monstroenigmanocentrodaterra #monstroenigma #monstroamigo #centrodaterra #centrodaterra2025

Salto no abismo

Na terceira noite de sua temporada Quem Vê, Pensa no Centro da Terra, os Fonsecas deram seu salto mais ousado ao se entregar em uma noite de improviso sem canções estruturadas. Mas se antes da apresentação estavam receosos do resultado, bastou subir no palco para entender que a maior dificuldade do salto era o primeiro passo – uma vez caindo no abismo os quatro lembravam que estavam juntos e a conexão musical de Thalin, Felipe Távora, Valentim Frateschi e Caio Colasante falou mais alto, criando uma liga de ritmo e harmonia que abria possibilidades extremas para a apresentação, indo de um terreiro fictício aos extremos do noise, passando por flertes com o krautrock e free jazz. Mas não estavam só e a presença de Anna Vis (soltando seu spoken word com pedais de efeito que alteravam sua voz), de Julia Toledo (equilibrando-se entre o piano preparado, teclados elétricos e synths) e de Francisco Tavares (o “seu Fran”, pai do baterista Thalin, que esmerilhou na percussão) os ajudou a descer nessa região desconhecida de sua própria musicalidade, mostrando que eles têm um show de improviso na manga, sempre que precisarem – é só ligar esse modo.

#osfonsecasnocentrodaterra #osfonsecas #centrodaterra #centrodaterra2025 #trabalhosujo2025shows 044

Um organismo vivo

Quando Rômulo Alexis e Anaïs Sylla cogitaram criar um coletivo musical que misturasse as tradições orais ancestrais africanas às ações diretas em grupo propostas por artistas nas décadas de 50 e 60 recuperaram estas tradições como uma força política, estética e artística de um ponto de vista brasileiro, sabiam que ao criar o Luz Negra estavam criando um organismo vivo, que mostrou estar em plena mutação nesta terça-feira, no espetáculo Axioma, que desenvolveram no Centro da Terra. Com seis vocalistas à frente (Ana Dan, Minarê, Cris Cunha, Belle Neri, Daisy Serena, Monaju e a própria Anaïs), transformando cantos de terreiro, poemas e canções em mantras hipnóticos eternos, o coletivo contava com uma banda formada por Marcela Reis (teclas), Henrique Kehde (bateria), Du Kiddy Artivista (guitarra), Beatriz França (baixo acústico) e o próprio Rômulo (trompete), que além dos próprios instrumentos, também engrossavam o coro vocal ao mesmo tempo em que levavam o público para locais sentimentais específicos, às vezes doces e suaves, às vezes pesados e fortes, mas sempre com a sensação de estarmos ouvindo trechos diferentes de uma mesma música. Um transe em movimento, que só tende a crescer.

#luznegranocentrodaterra #luznegra #centrodaterra #centrodaterra2025 #trabalhosujo2025shows 040

Luz Negra: Axioma

Nesta terça-feira, 18 de março, temos o prazer de receber o coletivo afrodiaspórico Luz Negra, idealizado e dirigido pelo encontro do trumpetista Rômulo Alexis com a cantora Anaïs Sylla. O grupo trabalha composição e improviso em diferentes frentes e embora parta do encontro musical, também trabalha com poesia, audiovisual e elementos cênicos, inspirado nas vanguardas experimentais afrodiaspóricas das décadas de 50 e 60, organizado de forma horizontal em arranjos colaborativos que expandem os limites entre o individual e o coletivo. Além de Rômulo e Anaïs, o grupo ainda conta com Daisy Serena, Marcela Reis, Henrique Kehde, Monaju, Giba Fluxus, Ana Dan, Belle Neri, Cris Cunha, Du Kiddy Artivista, Minarê, Beatriz França e Lucas Brandino e prega que “a política não é apenas tema, mas prática e cada interação reflete a potência das trocas afetivas e a construção de uma práxis afrodiaspórica”. O espetáculo, batizado de Axioma, começa pontualmente às 20h e os ingressos podem ser comprados no site do Centro da Terra.

#luznegranocentrodaterra #luznegra #centrodaterra #centrodaterra2025

Os Fonsecas celebram Negro Leo, John Filme, Karine Buhr, Tangolo Mangos, Vovô Bebê, Tame Impala, Mundo Vídeo e… Olivia Rodrigo!

E na segunda noite de sua temporada Quem Vê, Pensa os quatro Fonsecas se dedicaram a celebrar artistas contemporâneo na primeira apresentação que só fizeram versões e não tocaram nenhuma música própria. O grosso da apresentação foi de artistas brasileiros da cena independente e eles saudaram tanto seus ídolos que, como eles mesmos, também trabalham com jogos de palavras, mudanças de tempo e a fonética das letras como Negro Leo (“Absolutíssimo Lacrador”), Vovô Bebê (“Jão Mininu”) e Karina Buhr (“Cara Palavra”), quanto seus contemporâneos de cena dos anos 20 (cantando duas da saudosa John Filme – “Sexo em Chamas” e “Carnaval” -, uma inédita dos Tangolo Mangos – “Armadura Armadilha” – e uma do Mundo Vídeo – “Festa no Além”). Como na primeira apresentação, preferiram fazer as músicas quase emendadas entre si, com pouca conversa com o público (o que combinou com a iluminação meio na penumbra da dupla Ana Zumpano e Beeau Gomez), e surpreenderam todos ao pinçar duas pérolas gringas deste século – a o transe instrumental “Jeremy’s Storm” do primeiro disco do Tame Impala e a grudenta “Obsessed” do primeiro disco de Olivia Rodrigo, quando Thalin saiu da bateria (deixando-a na mão de Quico Dramma, da dupla Kim & Dramma) para se jogar nos vocais de uma versão punk do hit de 2023. Excelente!

#osfonsecasnocentrodaterra #osfonsecas #centrodaterra #centrodaterra2025 #trabalhosujo2025shows 039

Missa pagã ambient

Impressionante o que Paula Rebellato e Cacá Amaral fizeram ao trazer composições surgidas em improviso para o palco do Centro da Terra nesta terça-feira. Ao apresentarem-se como uma dupla batizada Qamar (lua em árabe), os dois fizeram o público circular ao redor de diferentes musicalidades de seu encontro como se fizessem questão de mostrar que mesmo pilotando cada um instrumento principal – Cacá à bateria e Paul no synth -, os dois conseguiam ampliar o espectro musical com a ajuda de outros instrumentos (ambos trabalhando com pedais e efeitos sonoros analógicos, Paula cantando e Cacá soltando loops de guitarra) mantendo uma tensão base por toda a apresentação, que começou numa vibe bem dark wave oitentista, para depois explorar samples e andamentos jazz, timbres e texturas sintéticas abstratas e ecos elétricos de pós-punk em câmera lenta, sempre mantendo o clima solene e sério, transformando assim a apresentação num ritual de transe, uma missa pagã ambient dedicada à música. Muito fino.

#qamarnocentrodaterra #qamar #centrodaterra #centrodaterra2025 #trabalhosujo2025shows 036

Qamar: Significa Lua

Dois ícones da cena experimental paulistana, o baterista Cacá Amaral (que também apresenta-se como Rumbo Reverso) e a tecladista e cantora Paula Rebellato (metade da dupla Rakta) mostram nesta terça-feira no Centro da Terra um novo projeto e apresentarão temas que em breve serão gravados em estúdio. Qamar é o nome da nova dupla e o espetáculo que farão juntos explica o nome do trabalho a partir de seu título, Significa Lua, e cria temas a partir da experimentação livre usando samplers, bateria eletrônica, teclado, percussão e vozes. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos estão à venda no site do Centro da Terra.

#qamarnocentrodaterra #qamar #centrodaterra #centrodaterra2025

Zona de conforto – por enquanto…

Os Fonsecas começaram sua temporada Quem Vê, Pensa no Centro da Terra nesta segunda-feira trazendo uma versão turbo de seu Estranho Pra Vizinha, disco de estreia que lançaram no ano passado. Mas em vez de tocar as músicas do disco como normalmente fazem nos shows, não apenas alinharam a apresentação com a mesma ordem do disco como trouxeram músicos que participaram da gravação para dar uma cara de edição deluxe à noite, inclusive sem comentários entre as músicas – o que foi um desafio para uma banda tão falante. Ao lado de Thales Castanheira, Nina Maia e Enow, Thalin, Valentim Frateschi, Felipe Távora e Caio Colasante transformaram um disco de 24 minutos em uma apresentação com mais de 40, incluindo um bis improvisado. Seguindo o ritmo direto do álbum, os quatro não paravam entre as músicas para anunciar as participações, embora fizessem pausas entre as músicas, demarcando o território musical de cada uma delas. Assim, seus convidavam entravam durante a música anterior para já ficar a postos para a participação na faixa seguinte e assim primeiro veio Thales – que faz uma dupla quase univitelina com a guitarra de Caio, tornando-o praticamente um quinto Fonseca -, depois Nina (que além de cantar tocou teclado) e finalmente Enow, cada um deles assumindo sua posição no palco – e no disco ao vivo – sem que estivéssemos cientes do que fariam. Uma catarse cerebral, mas de alguma forma ainda na zona de conforto do grupo, pois eles tocaram músicas que vêm tocando há anos. A partir da próxima segunda, no entanto, a temporada parte para o repertório inédito – e eles começam a semana que vem visitando canções de outros autores, muitos deles seus próprios contemporâneos. Aí a jornada decola…

#osfonsecasnocentrodaterra #osfonsecas #centrodaterra #centrodaterra2025 #trabalhosujo2025shows 035

Os Fonsecas: Quem Vê, Pensa

Depois da virada do ano é hora de começar a programação 2025 de vez e quem toma conta das segundas-feiras de março no Centro da Terra são Os Fonsecas, quarteto formado por Felipe Távora, Valentim Frateschi, Caio Colasante e Thalin, jovens estrelas da nova música pop paulista que mostram quatro versões de suas personalidades musicais em noites distintas na temporada chamada Quem Vê, Pensa. Eles começam dia 10, apresentando uma versão deluxe ao vivo para seu disco de estreia, Estranho Pra Vizinha, quando apresentam-se ao lado de Nina Maia, Thales Castanheira e Enow, trazendo uma nova dimensão para o álbum. Na segunda seguinte, os quatro se dedicam a fazer versões para músicas alheias – e de músicos contemporâneos inclusive. Na segunda dia 24 os quatro embarcam numa sessão de improviso para, na última noite da temporada, dia 31, mostram pela primeira vez no palco músicas inéditas. Os espetáculos começam sempre pontualmente às 20h e os ingressos podem ser comprados no site do Centro da Terra.

#osfonsecasnocentrodaterra #osfonsecas #centrodaterra #centrodaterra2025