Massacrado e ironizado pelos críticos da época, o disco que registrou a primeira aparição ao vivo de Bob Dylan no Japão será relançado no final do ano reunindo não apenas as canções lançadas à época como o duplo Live at the Budokan, como todas as outras faixas que o bardo norte-americano tocou ao vivo nas duas apresentações que fez naquele país, nos dias 28 de fevereiro e 1° de março de 1978. O disco que completou 45 anos no mês passado agora surge com o título de The Complete Budokan 1978 tanto como uma caixa quádrupla de CDs como um box com oito vinis – além de reproduções do pôster e ingressos originais, fotos da turnê e um encarte colorido com 60 páginas. Na epoca de seu lançamento o disco foi ridicularizado nos Estados Unidos pois Dylan estava justamente forçando a barra em algo que consolidou-se em sua carreira: não tocar as músicas como elas foram gravadas nos discos. Mesmo com um repertório de encher os olhos de qualquer fã, muitos desdenharam da forma como o autor dessacralizava suas próprias criações – sendo que era justamente isso que ele queria. O novo disco não faz parte da série Bootleg Series e será lançado no dia 17 de novembro – suas versões físicas já estão em pré-venda no site do mestre, que ainda oferece um disco chamado Another Budokan em vinil apenas com as músicas inéditas. Ele ainda antecipou uma das muitas inéditas do disco, a versão que fez para “The Man in Me”, com sax e coral que fizeram os fãs xiitas reclamar… Que bobagem. Abaixo você ouve a faixa inédita e vê a caixa com todas as músicas que entraram nessa nova versão:
Quando a pandemia começou, ainda nos primeiros meses de 2020 em que ninguém sabia nada e a paranoia estava ligada no último, um dos primeiros assombros artísticos foi a vinda do single “Murder Most Foul“, que, por mais de quinze minutos, Bob Dylan fazia um réquiem para o século 20 apontando o assassinato de John Kennedy como ponto focal tanto para o início da decadência dos EUA e o surgimento da cena cultural em que ele mesmo apareceu, como se a morte do presidente tivesse arruinado um sonho que só conseguiu sobreviver graças à cultura pop. Com uma música épica, Dylan temia pela própria vida, ele que estava às vésperas de completar 80 anos e se via dentro do grupo de risco pandêmico – e nos contava isso, fazendo-nos temer pela morte de seus contemporâneos. E à medida em que a pandemia foi arrefecendo e voltamos ao convívio presencial com todos os famigerados protocolos de segurança, Dylan anunciou sua primeira live, batizada de Shadow Kingdom. Mas a live não era ao vivo e sim uma versão teatralizada do que seria um show, com a banda tocando com máscaras enquanto ouvíamos instrumentos que não pareciam estar no palco. Misturando uma paródia de live com a tentativa de recriar um inferninho blueseiro (um dos temas do disco que lançou durante a pandemia, o ótimo Rough and Rowdy Ways) Dylan enfileira só clássicos do início de sua carreira – então tome “It’s All Over Now Baby Blue”, “Queen Jane Approximately”, “Just Like Tom Thumb’s Blues”, “Forever Young”, “Tombstone Blues”, “Pledging My Time” e tantas outras, além da ótima inédita “Sierra’s Theme”. O filme deve aparecer em algum desses streaming por esses dias (assista ao trailer abaixo) e a trilha sonora já é um disco que está nas plataformas digitais – Dylan está soando muito bem e o clima lyncheano deste cabaré de mentira ajuda a aumentar sua presença no palco. O velho, inclusive, está em turnê neste exato momento – imagina se ele vem pro Brasil?
Começando tranquilo… (E a partir deste programa, o Vida Fodona está no Spotify – vou subindo os programas velhos bem aos poucos)
A tradicional contagem regressiva com as melhores canções do ano passado.
Sara Não Tem Nome – “Agora”
Strokes – “Bad Decisions”
Exclusive os Cabides – “Sambinha”
LA Priest – “What Moves (Soulwax Remix)”
Céu + Liniker – “Via Láctea”
Rincon Sapiência – “Malícia”
Romy – “Lifetime”
Kalouv + Dinho Almeida – “Talho”
Pelados- “O Fim”
Lana Del Rey – “Let Me Love You Like A Woman”
Hot Chip + Jarvis Cocker – “Straight To The Morning”
Chico Bernardes – “Em Meu Lugar”
Darkside – “Liberty Bell”
Childish Gambino + Ariana Grande – “Time”
Classixx – “Whats Wrong With That (Silly Love Songs Rework)”
Hayley Williams – “Taken”
Joon – “Cruel Summer”
Tame Impala – “Borderline (Blood Orange Remix)”
Tagore + Boogarins – “Drama”
Ana Frango Elétrico – “Mama Planta Baby”
Pedro Pastoriz – “Sessão das Sete”
Rodrigo y Gabriela – “Echoes”
Washed Out – “Too Late”
Madlib + Four Tet – “Road of the Lonely Ones”
Fleet Foxes + Tim Bernardes – “Going-to-the-Sun Road”
Michael Stipe + Big Red Machine – “No Time For Love Like Now’
Whitest Boy Alive – “Serious”
Breakbot + Delafleur – “Be Mine Tonight”
Beabadoobee – “Care’
Soccer Mommy – “Circle the Drain”
Jamie Xx – “Idontknow”
Mahmundi – “Sem Medo”
Ana Frango Elétrico – “Mulher Homem Bicho”
Dua Lipa – “Levitating”
Àiyé + Vitor Brauer – “O Mito E A Caverna”
Tatá Aeroplano – “Alucinações”
Jarv Is – “House Music All Night Long”
Ariana Grande – “Positions”
Rodrigo Campos – “Meu Samba Quer Se Dissolver”
SZA + Justin Timberlake – “The Other Side”
Jessy Lanza- “Anyone Around”
Atønito + Luiza Lian – “Sentido (Parte 2)”
Pedro Pastoriz – “Fricção”
Elga Flanger – “W.T.K.U.B.L.”
Weeknd – “Blinding Lights”
Dua Lipa – “Pretty Please”
Thurston Moore – “Hashish”
Kylie Minogue – “Magic”
Letrux – “Salve Poseidon”
Megan Thee Stallion + Beyoncé – “Savage Remix”
Doja Cat + Nicki Minaj – “Say So”
Ava Rocha + Los Toscos – “Caminando sobre Huesos”
Yma – “No Aquário”
Zé Manoel – “História Antiga”
Billie Eilish – “My Future”
Stephen Malkmus – “Brainwashed”
Fiona Apple – “Ladies”
Bob Dylan – “False Prophet”
Angel Olsen – “Whole New Mess”
Fiona Apple – “I Want You To Love Me”
Avalanches + Leon Bridges – “Interstellar Love”
Mateus Aleluia + Thiago França + Pastoras do Rosário – “Pimenta Mumuíla”
Bruno Schiavo – “Amores Incriveis”
Taylor Swift + Bon Iver – “Exile”
Kim Sola – “Call Me”
Billie Eilish – “Therefore I Am”
Dua Lipa – “Love Again”
Fiona Apple – “Under The Table”
Kiko Dinucci – “Rastilho”
Fiona Apple – “Shameika”
Dua Lipa – “Break My Heart”
Haim – “The Steps”
Thiago França – “Dentro da Pedra”
Bob Dylan – “Murder Most Foul”