Cat Power canta Bob Dylan

No ano passado, nossa querida Chan Marshall, que a maioria das pessoas conhece por Cat Power, fez um show em homenagem ao clássico concerto que Bob Dylan deu em 1966 quando transitava da fase acústica para a elétrica, negando toda a expectativa que o público criava em relação a ele ser considerado a voz de sua geração. Em turnê pela Inglaterra, encarou fãs raivosos com a transição, que culminou com uma apresentação feita em Manchester, no Free Trade Hall, quando um fã levantou a voz antes da última música e gritou “Judas!” ao considerar Dylan um traidor. “Eu não acredito em você”, menosprezou o mestre, “você é um mentiroso!”, gritou antes de virar-se para sua banda – que já havia assumido o novo nome de The Band – e pedir “PLAY FUCKING LOUD” antes de uma das versões mais clássicas de “Like a Rolling Stone”. Esta apresentação tornou-se um dos primeiros discos piratas da história, outra proeza que Dylan carrega consigo, que erroneamente creditou a apresentação como se ela tivesse acontecido no Royal Albert Hall londrino. Dylan levou a lenda consigo quando relançou o álbum oficialmente nos anos 90, colocando “Royal Abert Hall” entre aspas para deixar claro que fazia referência ao disco pirata. Foi justamente esse show que Cat Power recriou no próprio Royal Albert Hall original, em novembro do ano passado, e que ela acaba de anunciar que se tornará um disco ao vivo. Cat Power Sings Dylan: The 1966 Royal Albert Hall Concert será lançado no dia 10 de novembro, já está em pré-venda e ela já liberou duas versões do disco “She Belongs to Me” e “The Ballad of a Thin Man”, que você pode ouvir abaixo, além de ler a ordem das músicas:  

Quando Bob Dylan tocou no Japão pela primeira vez

Massacrado e ironizado pelos críticos da época, o disco que registrou a primeira aparição ao vivo de Bob Dylan no Japão será relançado no final do ano reunindo não apenas as canções lançadas à época como o duplo Live at the Budokan, como todas as outras faixas que o bardo norte-americano tocou ao vivo nas duas apresentações que fez naquele país, nos dias 28 de fevereiro e 1° de março de 1978. O disco que completou 45 anos no mês passado agora surge com o título de The Complete Budokan 1978 tanto como uma caixa quádrupla de CDs como um box com oito vinis – além de reproduções do pôster e ingressos originais, fotos da turnê e um encarte colorido com 60 páginas. Na epoca de seu lançamento o disco foi ridicularizado nos Estados Unidos pois Dylan estava justamente forçando a barra em algo que consolidou-se em sua carreira: não tocar as músicas como elas foram gravadas nos discos. Mesmo com um repertório de encher os olhos de qualquer fã, muitos desdenharam da forma como o autor dessacralizava suas próprias criações – sendo que era justamente isso que ele queria. O novo disco não faz parte da série Bootleg Series e será lançado no dia 17 de novembro – suas versões físicas já estão em pré-venda no site do mestre, que ainda oferece um disco chamado Another Budokan em vinil apenas com as músicas inéditas. Ele ainda antecipou uma das muitas inéditas do disco, a versão que fez para “The Man in Me”, com sax e coral que fizeram os fãs xiitas reclamar… Que bobagem. Abaixo você ouve a faixa inédita e vê a caixa com todas as músicas que entraram nessa nova versão:  

Vida Fodona #787: Fim de semana agitado por aqui

Várias paradas rolando…

Ouça aqui:  

O reino das sombras de Bob Dylan

Quando a pandemia começou, ainda nos primeiros meses de 2020 em que ninguém sabia nada e a paranoia estava ligada no último, um dos primeiros assombros artísticos foi a vinda do single “Murder Most Foul“, que, por mais de quinze minutos, Bob Dylan fazia um réquiem para o século 20 apontando o assassinato de John Kennedy como ponto focal tanto para o início da decadência dos EUA e o surgimento da cena cultural em que ele mesmo apareceu, como se a morte do presidente tivesse arruinado um sonho que só conseguiu sobreviver graças à cultura pop. Com uma música épica, Dylan temia pela própria vida, ele que estava às vésperas de completar 80 anos e se via dentro do grupo de risco pandêmico – e nos contava isso, fazendo-nos temer pela morte de seus contemporâneos. E à medida em que a pandemia foi arrefecendo e voltamos ao convívio presencial com todos os famigerados protocolos de segurança, Dylan anunciou sua primeira live, batizada de Shadow Kingdom. Mas a live não era ao vivo e sim uma versão teatralizada do que seria um show, com a banda tocando com máscaras enquanto ouvíamos instrumentos que não pareciam estar no palco. Misturando uma paródia de live com a tentativa de recriar um inferninho blueseiro (um dos temas do disco que lançou durante a pandemia, o ótimo Rough and Rowdy Ways) Dylan enfileira só clássicos do início de sua carreira – então tome “It’s All Over Now Baby Blue”, “Queen Jane Approximately”, “Just Like Tom Thumb’s Blues”, “Forever Young”, “Tombstone Blues”, “Pledging My Time” e tantas outras, além da ótima inédita “Sierra’s Theme”. O filme deve aparecer em algum desses streaming por esses dias (assista ao trailer abaixo) e a trilha sonora já é um disco que está nas plataformas digitais – Dylan está soando muito bem e o clima lyncheano deste cabaré de mentira ajuda a aumentar sua presença no palco. O velho, inclusive, está em turnê neste exato momento – imagina se ele vem pro Brasil?  

Vida Fodona #767: Tudo vermelho

Bora nessa, Lulinha!

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Vida Fodona #750: O primeiro programa de 2022

Começando tranquilo… (E a partir deste programa, o Vida Fodona está no Spotify – vou subindo os programas velhos bem aos poucos)

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Vida Fodona #736: Sessão de descarrego

Pra espantar esse inverno mental.

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Vida Fodona #734: Aproveitar esse domingo ensolarado

Chega mais.

Ouça aqui.  

Vida Fodona #727: 80 anos de Bob Dylan

É sempre bom voltar ao mestre.

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Vida Fodona #707: As 75 melhores músicas de 2020

A tradicional contagem regressiva com as melhores canções do ano passado.

Sara Não Tem Nome – “Agora”
Strokes – “Bad Decisions”
Exclusive os Cabides – “Sambinha”
LA Priest – “What Moves (Soulwax Remix)”
Céu + Liniker – “Via Láctea”
Rincon Sapiência – “Malícia”
Romy – “Lifetime”
Kalouv + Dinho Almeida – “Talho”
Pelados- “O Fim”
Lana Del Rey – “Let Me Love You Like A Woman”
Hot Chip + Jarvis Cocker – “Straight To The Morning”
Chico Bernardes – “Em Meu Lugar”
Darkside – “Liberty Bell”
Childish Gambino + Ariana Grande – “Time”
Classixx – “Whats Wrong With That (Silly Love Songs Rework)”
Hayley Williams – “Taken”
Joon – “Cruel Summer”
Tame Impala – “Borderline (Blood Orange Remix)”
Tagore + Boogarins – “Drama”
Ana Frango Elétrico – “Mama Planta Baby”
Pedro Pastoriz – “Sessão das Sete”
Rodrigo y Gabriela – “Echoes”
Washed Out – “Too Late”
Madlib + Four Tet – “Road of the Lonely Ones”
Fleet Foxes + Tim Bernardes – “Going-to-the-Sun Road”
Michael Stipe + Big Red Machine – “No Time For Love Like Now’
Whitest Boy Alive – “Serious”
Breakbot + Delafleur – “Be Mine Tonight”
Beabadoobee – “Care’
Soccer Mommy – “Circle the Drain”
Jamie Xx – “Idontknow”
Mahmundi – “Sem Medo”
Ana Frango Elétrico – “Mulher Homem Bicho”
Dua Lipa – “Levitating”
Àiyé + Vitor Brauer – “O Mito E A Caverna”
Tatá Aeroplano – “Alucinações”
Jarv Is – “House Music All Night Long”
Ariana Grande – “Positions”
Rodrigo Campos – “Meu Samba Quer Se Dissolver”
SZA + Justin Timberlake – “The Other Side”
Jessy Lanza- “Anyone Around”
Atønito + Luiza Lian – “Sentido (Parte 2)”
Pedro Pastoriz – “Fricção”
Elga Flanger – “W.T.K.U.B.L.”
Weeknd – “Blinding Lights”
Dua Lipa – “Pretty Please”
Thurston Moore – “Hashish”
Kylie Minogue – “Magic”
Letrux – “Salve Poseidon”
Megan Thee Stallion + Beyoncé – “Savage Remix”
Doja Cat + Nicki Minaj – “Say So”
Ava Rocha + Los Toscos – “Caminando sobre Huesos”
Yma – “No Aquário”
Zé Manoel – “História Antiga”
Billie Eilish – “My Future”
Stephen Malkmus – “Brainwashed”
Fiona Apple – “Ladies”
Bob Dylan – “False Prophet”
Angel Olsen – “Whole New Mess”
Fiona Apple – “I Want You To Love Me”
Avalanches + Leon Bridges – “Interstellar Love”
Mateus Aleluia + Thiago França + Pastoras do Rosário – “Pimenta Mumuíla”
Bruno Schiavo – “Amores Incriveis”
Taylor Swift + Bon Iver – “Exile”
Kim Sola – “Call Me”
Billie Eilish – “Therefore I Am”
Dua Lipa – “Love Again”
Fiona Apple – “Under The Table”
Kiko Dinucci – “Rastilho”
Fiona Apple – “Shameika”
Dua Lipa – “Break My Heart”
Haim – “The Steps”
Thiago França – “Dentro da Pedra”
Bob Dylan – “Murder Most Foul”