O que acontece quando um agente da história também é testemunha ocular desta? Uma das possíveis respostas está em mais uma escavação que Paul McCartney faz em seus arquivos, quando torna públicas em uma exposição e um livro as fotos que fez com sua câmera Pentax no momento em que os Beatles se transformaram num fenômeno transnacional. 1964: Eyes of the Storm, lançado nesta mesma semana em que a exposição com o mesmo nome é inaugurada na National Portrait Gallery em Londres, na Inglaterra, reúne quase 300 fotos inéditas que Paul fez no início daquele ano, quando sua banda deixa de ser um fenômeno isolado do Reino Unido e passa a fazer sucesso no resto da Europa e nos Estados Unidos. As fotos mostram o ponto de vista oposto da beatlemania: lá estão as garotas berrando, os shows lotados e todo mundo tirando fotos do grupo, mas também podemos ver registro dos quatro pós-adolescentes se divertindo enquanto encantavam o mundo pela primeira vez. São fotos capturadas em seis cidades (Liverpool, Londres, Paris, Nova York, Miami e Washington) e resgatadas do acervo de Paul por um dos pesquisadores dedicados a passear por sua coleção – a maioria destas imagens nem o próprio McCartney havia visto depois que as registrou. O livro já está à venda, bem como os ingressos para quem conseguir estar na capital inglesa até o dia 1° de outubro deste ano.
Agora que abriu a porteira, já era: tem mais gente jogando capas de discos para serem expandidas por algoritmos designers. Separei umas que cogitam realidades estranhas demais para além das imagens que já conhecemos.
E o Marko viu o post que fiz nesta segunda sobre a inteligência artificial esticando as bordas de discos clássicos brasileiros e resolveu fazer essa mesma experiência com discos estrangeiros, botando Led Zeppelin, Beatles, Miles Davis, John Coltrane, King Crimson, The Who, Patti Smith, Pink Floyd, entre outros, para ampliar seus horizontes visuais à base de inspiração robô.
Neste sábado, Tim Bernardes faz seu maior show solo até hoje, quando apresenta-se no Espaço Unimed, o antigo Espaço das Américas, em uma noite que já tem ingressos esgotados. São mais de 3.300 lugares, mais gente do que as 3.200 que reuniu em duas sessões distintas no Theatro Municipal de São Paulo no fim do ano passado. Claro que Tim já tocou pra mais gente, afinal, além de tocar em vários festivais pelo Brasil e exterior, também abriu a turnê dos Fleet Foxes nos Estados Unidos no ano passado. Mas é a primeira vez que ele reúne tanta gente ao mesmo tempo para vê-lo em uma única apresentação. Aproveitando este marco em sua carreira, o vocalista d’O Terno disponibilizou para download a íntegra de seu EP The Lagniappe Sessions, em sua conta no Bandcamp. Gravado no passado para o blog norte-americano Aquarium Drunkard, o disco reúne versões para músicas de Gilberto Gil, Dirty Projectors e Beatles, e Tim comentou suas escolhas em texto que reproduzo abaixo.
Há 65 anos, um menino de 15 anos foi ver uma banda liderada por outro menino de 17 anos em uma quermesse numa igreja no subúrbio de uma cidade portuária. Depois do show, o de 15 mostrou que sabia tocar uma música que o de 17 só conhecia de ouvir no rádio – e curtiu. Foi quando John Lennon chamou Paul McCartney para entrar em sua banda. E o resto vocês sabem…
E depois de Get Back, como continuar acompanhando os Beatles? Uma opção é o documentário The Beatles and India, que estreou no HBO Max essa semana e conta a história da relação do grupo com o país milenar, desde a chegada da beatlemania ao país à caracterização grotesca feita no filme Help!, o encanto de George Harrison pela cítara, as viagens do grupo para o país e a influência do guru Maharishi Mahesh Yogi sobre John, Paul, George e Ringo. Escrevi sobre o documentário para o site da CNN Brasil.