Em erupção

Paulo Beto encerrou sua temporada no Centro da Terra nesta segunda-feira em grande estilo, depois de reunir a atual formação de seu Anvil FX para três incursões distintas: o próprio show do Anvil, o projeto paralelo Pink Opake e a participação de Fausto Fawcett, ídolo de PB com quem ele tem trabalhado diretamente nos últimos anos. A apresentação começou com o líder da noite convidando Sílvia Tape, Tatiana Meyer, Apolônia Alexandrina, Mari Crestani e Biba Graeff (esta última voltando aos palcos) para assumirem suas posições, revezando-se entre synths, guitarras e baixos para uma catarse que inicialmente pendia mais para o industrial pós-punk, depois caminhou para o synthpop e culminou com a fusão dessa sonoridade eletrônico sobre o suíngue oitentista dos raps de Fausto, que fez a banda entrar em erupção no último ato: “Tu já te eclesiastes?”, encerrou o bardo.

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Missa modular

Mais uma vez Paulo Beto ergueu um altar a uma de suas predileções musicais como nas outras noites de sua temporada no Centro da Terra, mas desta vez o ar sacro era palpável – não apenas pela postura dos músicos no palco (todos sérios, de preto, encarando seus instrumentos e vendo como soavam junto aos outros), mas pela natureza sonora da noite, quando o mineiro proporcionou uma ode ao seu instrumento-base, o sintetizador. Ao lado de Tatiana Meyer e Dino Vicente, PB subiu ao palco com um arsenal de synths de todas as épocas – inclusive um gigantesco construído pelo luthier eletrônico Arthur Joly, que deveria comparecer àquela noite, mas não pode participar, mandando seu instrumento exagerado como testemunha. A missa modular proposta por essa Church of Synth começou com um solo de Paulo Beto, seguido de três atos – com propostas bem distintas – com o trio PB, Tatiana e Dino e chegou ao fim apenas com o dono da noite e sua companheira no palco, ambos fazendo homenagem a um recorte específico do instrumento, a dance music dos anos 90, encarnada no ídolo dos dois Mark Bell, do grupo inglês LFO, que o senhor Anvil FX confessou ser a maior perda que já sentiu na história da música (quando este nos deixou em 2014). Mais uma noite espontânea proporcionada pelo mestre.

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Pós-punk instantâneo

Essa segunda noite da temporada de Paulo Beto no Centro da Terra foi absurda. Reunindo um time sem ressalvas, ele simplesmente deixou o som rolar e a química entre os músicos transformou o palco do teatro num laboratório de improvisos repentinos e composições espontâneas que iam tomando corpo a partir de pequenas doses de ritmo cogitadas por algum dos integrantes da banda Zeroum, sendo seguido ao mesmo tempo pelos outros três numa sintonia finíssima. Na bateria, Edgard Scandurra dava toda a quadratura pós-punk e por vezes kraut que pairava sobre os quatro, temperada pelos synths dessa vez discretos conduzidos por PB, mais presente na guitarra – punk-funk como deveria ser – do que em seu instrumento eletrônico nativo, o baixo de groove cavalar conduzido por Luiz Thunderbird e o vocal caótico e frito de Tatá Aeroplano, tocando seus brinquedos com pedais criando efeitos intuitivamente. Num dado momento, Thunder pegou o microfone e reforçou o caráter instantâneo das composições, reforçando que parte da energia vinha da plateia: “A gente sentiu esse lance Devo vindo de vocês”, reforçou. Uma noite memorável.

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Ave Santa Sangre!

Paulo Beto começou maravilhosamente sua temporada Selva de Pedra, em que comemora seu quarto de século em São Paulo, nesta segunda-feira no Centro da Terra, quando abriu sua safra de shows com um projeto ainda inédito, chamado Santa Sangre, em que, pilotando como sempre seus synths, cria camas sintéticas e instrumentais para solos de dois monstros em seus instrumentos: o guitarrista e violeiro Marco Nalesso, que fica num inusitado meio termo entre Adrian Belew e Ivan Vilela, que por vezes tocava sua viola caipira (ou caiçara, como corrigiu o próprio PB) com arco, e o saxofonista e flautista Paulo Casale, este conduzindo os outros dois a paragens aparentemente desérticas (mas com vida que se embrenha nos detalhes), primeiro com um pífano, depois com um sax. A noite foi encerrada com uma incursão que John Lennon fez ao Tibet com os Beatles quando o trio recebeu a mestra guitarrista Lucinha Turnbull como convidada do final da apresentação, visitando “Tomorrow Never Knows” num transe de mais de quinze minutos, com Mari Crestani fazendo luz pela primeira vez – e brilhando. Só sabe quem viveu.

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Anvil FX: Selva de Pedra – PB/SP 25 Anos

Que prazer receber nas quatro vezes em abril a celebração de 25 anos de São Paulo que o mestre Paulo Beto completa neste 2025. O mineiro criador do projeto Anvil FX chegou há um quarto de século na cidade e nos próximos quatro começos de semana comemora este aniversário com comparsas, cúmplices e camaradas de diversas frentes musicais, transformando cada apresentação em um mergulho em uma de suas facetas artísticas. Na primeira noite ele convida Marco Nalesso, Nivaldo Campopiano, Paulo Casale e Lucinha Turnbull para realizar o projeto Santa Sangre no palco do teatro. Na segunda seguinte, dia 14, ele traz Miguel Barella, Tatá Aeroplano, Edgard Scandurra e Luiz Thunderbird em mais uma mutação de seu grupo Zeroum. Depois, dia 22 (que cai numa terça, porque a segunda anterior é feriado e o teatro não abre), ele traz sua Church of Synth ao lado de Arthur Joly e Tatiana Meyer para encerrar no dia 28 com o Anvil Opake que conduz ao lado de Fausto Fawcett, Tatiana Meyer, Bibiana Graeff, Apolonia Alexandrina, Mari Crestani e Silvia Tape. Os espetáculos acontecem sempre pontualmente às 20h e os ingressos já estão à venda no site do Centro da Terra.

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Centro da Terra: Abril de 2025

Março está quase indo, por isso eis as atrações musicais de abril no Centro da Terra. Quem toma conta das segundas-feiras no teatro é o mestre mineiro Paulo Beto, que debruça seu projeto pessoal Anvil FX por quatro noites para celebrar seus 25 anos em São Paulo em noites que trarão diferentes parcerias: no dia 7 ele convida Marco Nalesso, Nivaldo Campopiano, Paulo Casale e Lucinha Turnbull para seu projeto Santa Sangre; no dia 14 ele chama Miguel Barella, Tatá Aeroplano, Edgard Scandurra e Luis Thunderbird para uma noite com seu projeto Zeroum; no dia 22 (uma terça, pois dia 21 é feriado) ele recebe Arthur Joly e Tatiana Meyer para sua Church of Synth e dia 28 faz sua versão Anvil Opake ao lado de Fausto Fawcett, Tatiana Meyer, Bibiana Graeff, Apolonia Alexandrina, Mari Crestani e Silvia Tape. As terças-feiras de abril começam com o espetáculo Noise Meditations, quando o grupo psicodélico Bike experimenta pela primeira vez ao vivo os temas que comporão seu próximo álbum. No dia 8 é a vez do grupo prog-indie Celacanto apresentar Falta Tempo, espetáculo em que mostra seu primeiro disco na íntegra antes do lançamento, que acontece ainda em abril. No dia 15, Maurício Tagliari, Victoria do Santos e Xeina Barros dividem uma noite chamada Na Linha Guia, em que apresentam canções criadas ritmicamente a partir de claves da musicalidade sagrada afro-brasileira, fruto de uma pós-graduaçao de Tagliari e preâmbulo de um futuro trabalho em que o musico, produtor e compositor mostra parcerias com mulheres musicistas. A programação de música do teatro em abril encerra no dia 29, quando o guitarrista pernambucano Lello Bezerra, conhecido por ter tocado na banda de Siba e pelas incursões de improviso livre, mostra seu próximo álbum, este baseado em canções. Os espetáculos acontecem sempre pontualmente às 20h e os ingressos já estão à venda no site do Centro da Terra.

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Transe poético-interestelar

Paulo Beto conduziu o público para anos-luz sem sair do palco do Centro da Terra. De costas para a plateia, regendo sua pequena orquestra acústica ao mesmo tempo em que pilotava seus sintetizadores e sequenciadores, ele partiu dos textos poéticos que o cientista Carl Sagan fez sobre o espaço sideral e o lugar de nosso planeta para a sua série de TV dos anos 70 chamada Cosmos e a partir de imagens concebidas pelo videoartista Jodele Larcher, que nos atiravam às galáxias, conduziu uma viagem sensorial ao lado de sua Anvil FX Orchestra, quando contou com suas camaradas Bibiana Graeff (entre p piano, o acordeão e as teclas do glockenspiels), Livia Cianciulli (com seus saxes e flautas) e Eloíse Elipse (pilotando um theremin) para sintetizar o som do espaço enquanto Rodrigo Carneiro e Tatiana Meyer liam o texto de Sagan, misturando tudo num amálgama de poesia, cacofonia, transe sonoro e visual que hipnotizou todos os presentes. Estes ainda puderam participar do grand finale, ao disparar sons de seus telefones celulares a partir de QR-Codes coloridos que foram espalhados no público antes da apresentação – a cada tonalidade estourada na tela, um link abria uma série de sons que conversavam com a música que estava sendo feita no palco. Uma noite inacreditável.

Assista aqui:  

Anvil FX Orchestra: Cosmos

O maestro eletrônico Paulo Beto resolveu fazer uma viagem interestelar à moda antiga e transformou sua banda Anvil FX em uma orquestra para uma apresentação única, nesta terça-feira, no Centro da Terra. Rebatizado de Anvil FX Orchestra, seu grupo revisita a clássica obra Cosmos, do astrônomo Carl Sagan, em uma homenagem multimídia em que textos do livro e seriado que marcaram os anos 70 lidos com uma trilha pensada para a viagem audiovisual programada para esta noite. Sua orquestra é composta por ele mesmo, que pilota sintetizadores, sequenciadores e controla loops; Bibiana Graeff, que canta, toca piano, acordeão e glockenspiel; Livia Maria que também canta e toca saxes e flautas; e Tatiana Meyer, que narra textos. Além dos quatro, o espetáculo também conta com a voz de Rodrigo Carneiro também narrando os textos e as imagens projetadas pelo lendário videoartista Jodele Larcher. Vai ser uma viagem. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos podem ser comprados neste link.

Centro da Terra: Outubro de 2023

Vamos à segunda metade do semestre, o que nos leva à fase final deste forte 2023, que nos trouxe tantos pensamentos e emoções sempre de forma intensa. E como neste outubro temos cinco segundas-feiras, a primeira delas (dia 2), foge da temporada e é uma apresentação única, em que o herói indie Lê Almeida revela em primeira mão, no palco, o disco que lançará este mês, I Feel in the Sky, que o aproxima de uma sonoridade jazz e espiritual. No dia seguinte, na terça-feira (dia 3), o músico e pesquisador Paulo Beto transforma sua banda eletrônica em uma orquestra e sob o título de Anvil FX Orchestra visita a obra Cosmos, de Carl Sagan, num espetáculo audiovisual que contará com as participações do vocalista Rodrigo Carneiro e do videoartista Jodele Larcher. Na segunda segunda-feira do mês começa a temporada de outubro, quando a cantora, compositora e musicista Paula Rebellato atravessa quatro segundas-feiras em suas Ficções Compartilhadas. Na primeira delas (dia 9), ela reúne-se aos saxofonistas Mari Crestani e Thiago França para mostrar suas novas composições. ERm sua segunda data (dia 16), ela dedica-se ao improviso com os velhos compadres Bernardo Pacheco, Cacá Amaral e Romulo Alexis. Depois (dia 23), ela mostra a avalanche kraut de seu Madrugada (ao lado de Otto Dardenne, Raphael Carapia e Yann Dardenne), para finalizar a temporada (dia 30) revisitando o clássico Desertshore da Nico ao lado de João Lucas Ribeiro, Mari Crestani e Paulo Beto. Haja coração! As duas terças seguintes ficam por conta da percussionista Nath Calan, que divide suas apresentações em duas partes: na primeira faz (dia 10), sozinha, sua apresentação de percussão cênica, área que se especializou, mostrando diferentes abordagens para seus instrumentos em cena em canções e temas de peças das quais fez parte. Na segunda (dia 17), entrega-se à música pop, cantando canções de artistas com quem já tocou bateria, de Fernanda Takai a Maurício Pereira, passando por Porcas Borboletas, Malu Maria, entre outros, acompanhada do guitarrista Carlos Gadelha e do baixista Eristhal. Na terça seguinte (dia 24), a cantora e compositora Manuella Julian, que apresenta-se como Manu Julian à frente de grupos como Pelados, Pequeno Cidadão e Fernê, começa a mostrar sua carreira solo, em canções inéditas e versões para músicas já conhecidas, com a guitarra de Thales Castanheira. E encerrando o mês na última terça-feira de outubro (dia 31), Maurício Pereira sobe ao palco do Centro da Terra mais uma vez acompanhado de seu compadre Tonho Penhasco, revisitando o repertório de seu disco mais recente, Micro, à luz de novidades que vem preparando para esta apresentação. Os espetáculos começam pontualmente sempre às 20h e os ingressos podem ser comprados antecipadamente neste link.

Sexta Trabalho Sujo #012: Anvil FX celebra Marcelo Dolabela

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O grupo eletrônico Anvil FX, liderado pelo antológico Paulo Beto, homenageia a vida do ícone do underground mineiro Marcelo Dolabela, que morreu no mês passado, na edição desta semana da Sexta Trabalho Sujo, no Estúdio Bixiga, a partir das 21h (mais informações aqui). Vamos?