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A volta das Noites Trabalho Sujo pro Alberta #3!

noites7novembro2014

Voltamos! Depois de sete meses distantes do melhor inferninho do centro da cidade, as Noites Trabalho Sujo voltam à sua pista de origem para matar saudades e fazer novos laços. Depois de um semestre entre o Subsolo do Toronto e a salinha do Apartamento Byob, nosso desfile de hits da cidade reencontra-se com você para retomar o trono de melhor sexta-feira de São Paulo. Na grande reestréia, Alexandre Matias, Luiz Pattoli e Danilo Cabral viajam por gêneros, países e épocas diferentes misturando o melhor do rock clássico com flashbacks dos anos 80, sucessos da discoteca e pérolas indie, groovezeiras espaciais e iê-iê-iê, samba rock, Britney Spears, Daft Punk e músicas de 2014 que você nunca tinha ouvido. E o esquema de nome pra lista de desconto é o mesmo de sempre – mande seus nomes pro email noitestrabalhosujo@gmail.com até às 22h. Diversão à toda!

A volta das Noites Trabalho Sujo ao Alberta #3
Com Alexandre Matias, Luiz Pattoli e Danilo Cabral
Alberta #3. Avenida São Luís, 272. Centro.
A partir das 22h.
R$ 35 / R$ 25 (com nome na lista pelo noitestrabalhosujo@gmail.com)

Cultura e tecnologia em São Paulo

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Fui convidado para participar do livro Hábitos Culturais dos Paulistas, uma pesquisa feita entre a JLeiva e o Datafolha, para falar sobre as transformações que a tecnologia impôs ao nosso contato com a cultura. A pesquisa é excelente, quebra alguns tabus e abre cenários bem interessantes para um futuro próximo – ela pode ser acessada neste site. Além do capítulo no livro (que ainda conta com textos de Hugo Possolo, dos Paralapatões, José Roberto Toledo, do Estadão Dados, entre outros), também participei de duas mesas de discussão nesta terça e quarta na Pinacoteca, com alguns dos envolvidos no livro (Baixo Ribeiro, da Choque Cultural, em um dia e Pena Schimidt e Alessandro Janoni, do Datafolha, no outro). Abaixo, o texto que escrevi para o livro, que pode ser baixado em PDF aqui.

Um país conectado

Viver no Brasil na segunda década do século 21 é habitar várias épocas ao mesmo tempo. O país atravessou o século passado sob a sombra de um epíteto infame, a frase “O Brasil é o país do futuro”.

Ela foi dita pela primeira vez, com ironia, por um personagem do livro País do Carnaval, de Jorge Amado, nos anos 1930. Virou título do livro ufanista do austríaco Stefan Zweig em 1941 e, no final dos anos 1960, foi transformada em mote nacionalista pelo ditador militar Emílio Garrastazu Médici. Hoje, por linhas tortas, ela parece ter deixado de ser futuro do pretérito para se tornar presente.

“O futuro já começou” não é mero arremedo da letra do jingle que Marcos Valle compôs para o final de ano da TV Globo nos anos 1970 – a realidade digital para onde estamos sendo tragados desde a popularização da world wide web há vinte anos vem borrando nossa sensação de futuro e nos fazendo crer em um mundo de não ficção científica. Ainda estamos longe dos carros voadores ou de morar na Lua, mas a transformação provocada pela internet na virada do milênio foi colossal e seu impacto talvez seja maior do que a urbanização do planeta, um processo que começou há pouco mais de um século e que atingirá seu auge nas próximas décadas (a ONU estima que, em quinze anos, 70% da população do mundo morará em grandes cidades).

Nossa sensação de futuro foi embaçada pela onipresença da rede e pela miniaturização dos dispositivos de acesso a ela – repare como todo filme de ficção científica produzido até 1994 ficou datado pelo simples fato de não cogitar a existência da internet no futuro.

O que antes chamávamos de “futuro” foi ultrapassado pela realidade de redes sociais e smartphones. Fazemos reservas de restaurante e compramos ingresso para o cinema apenas via celular – e sem usar a voz. O conteúdo sob demanda já está nas TVs e nos sites e logo chegará às rádios. Livros e discos eletrônicos são vendidos diretamente para o aparelho de consumo, mudando a natureza das lojas. Aplicativos nos ajudam a achar o melhor caminho para chegar em casa ou a chamar táxis mais rapidamente. Wi-fi em todo lugar. Movimentações bancárias e comerciais podem ser feitas de casa, por qualquer um, sem haver a menor necessidade de manusear dinheiro. Registramos cada passo de nossos filhos para publicar para amigos e familiares ao descobrirmos que a melhor câmera é aquela que está sempre à mão – ou melhor, no bolso ou nos próprios celulares.

Qualquer dúvida pode ser saciada com uma busca, qualquer endereço pode ser encontrado com poucos cliques, e o celular virou uma mistura de central de entretenimento com controle remoto da realidade. Todos andamos encurvados, tateando fixamente um retângulo preto nas mãos. Em pouco tempo, essa caixinha irá para os óculos e para o pulso, da mesma forma que os computadores tradicionais (notebook ou desktop) estão perdendo espaço para o smartphone. Repare: você já usa mais seu celular do que seu PC.

Nova realidade digital
Calhou de essa nova realidade digital pairar sobre o mundo no mesmo momento em que o Brasil passa a se equilibrar com as próprias pernas. Estamos saindo de nossa adolescência pátria ao mesmo tempo que o mundo se horizontaliza com a internet – e, aos poucos, estamos conquistando o planeta. De repente, “ser brasileiro” ganhou conotações completamente diferentes dos clichês do passado, que figuravam o país em algum ponto equidistante entre Carmen

Miranda, o filme Cidade de Deus, Gisele Bündchen e o funk carioca. Aos olhos estrangeiros, o Brasil sempre foi um animal bonito e exótico, mas o início de nossa maturidade cívica, escancarada nos protestos de junho de 2013, mudou a visão externa sobre o país.

E a forma como usamos a internet é crucial nessa nova abordagem para o resto do mundo. Somos o segundo país que mais consome smartphones e o vice-líder em presença no Facebook, além de dominarmos outras tantas redes sociais com uma presença massiva que só não ultrapassa a dos Estados Unidos. O Brasil é conhecido por ter se embrenhado em diferentes áreas do mundo digital e ter conseguido deter autoridade nos pontos mais remotos desse universo. Do pioneirismo da adoção do software livre em gestão pública ao maior encontro de pessoas conectadas do planeta (a Campus Party de São Paulo ultrapassou a versão original, espanhola, há dois anos), das plataformas de transparência política ao sistema bancário eletrônico (considerado superior ao de países europeus em termos de segurança), do maior festival de cultura da internet do mundo (o YouPix, em São Paulo, reúne quase 20 mil pessoas por ano) a enormes comunidades de gamers on-line, o Brasil é reconhecido constantemente como um gigante digital. E muitos desses hábitos, ainda em transformação, são detectados com clareza nesta pesquisa.

Embora a TV aberta ainda seja o hábito mais comum entre todos os entrevistados, é fácil perceber que esse cenário está mudando drasticamente – basta confrontar a quantidade de pessoas que não acessa a internet (27%, número que tende a cair) com o fato de que metade dos que responderam à pesquisa acessa a rede diariamente, seja para entrar em contato com amigos e familiares, seja para consumir conteúdo, que pode ser tanto informação como entretenimento.

É interessante notar a natureza social da rede. Ela não é usada unicamente para benefício próprio ou interesses individuais, mas é um lugar de diálogo e de relações pessoais. É onde as pessoas mantêm contato mais frequente, ainda que na forma de likes, tuítes, links e vídeos compartilhados. E reforça tanto o caráter gregário quanto o clima de festa típicos da sociedade brasileira, que podem pender essa intensidade para um lado mais depreciativo, ao qual assistimos tanto nos comentários das notícias quanto nas redes sociais. E estamos todos nelas – 90% dos entrevistados que acessam a internet participam de alguma rede social, e 83% deles têm perfil no Facebook, a maior rede social do mundo atualmente.

Pirataria
Uma das particularidades da internet brasileira é a adoção do download ilegal. O Brasil foi um dos primeiros países a abraçar o Napster, software que permite o compartilhamento de arquivos de um computador para outro, sem que ambos estejam conectados a um servidor principal, vivendo o auge da pirataria digital simultaneamente a Estados Unidos e Europa. O país se beneficiou ao ter acesso a esse tipo de conteúdo exatamente quando seus serviços de banda larga começaram a ganhar território, substituindo a obtusa conexão via linha telefônica que dominou a primeira fase de popularização da web, na última década do século passado. O usuário de internet brasileiro médio baixa música gratuitamente mais do que qualquer outro tipo de conteúdo e não se vê pagando por material digital.

Embora seja o principal conteúdo baixado, a música não está sozinha como líder de downloads ilegais. Cada vez mais gente baixa filmes pela internet em vez de assisti-los no cinema. Na pesquisa realizada, quase um em cada cinco entrevistados assiste a filmes que foram baixados da internet. É curioso perceber que não são assistidos no computador em que foi feito o download, mas na própria TV de casa. Seja conectando o computador ao televisor ou usando HDs, consoles de videogame ou pen drives para ter acesso a conteúdo audiovisual, mais da metade dos entrevistados usa um aparelho de televisão para assistir aos filmes baixados ilegalmente.

Da web para a rua
Muito se engana quem acha que uma população conectada é uma população isolada e trancafiada em apartamentos, mesmo porque boa parte das pessoas usa a internet como ponto de partida para a rua. E não se trata apenas dos protestos de junho de 2013, quando o país juntou-se ao momento histórico que reuniu importantes levantes populares, como a Primavera Árabe, os Indignados da Espanha, os tumultos em Londres e o movimento Occupy Wall Street. Mais do que protestar, as pessoas querem desfrutar de eventos culturais – muitos realizados em praça pública e ao ar livre.

Entre os entrevistados, 40% dizem se informar sobre atrações culturais por meio da internet, sendo que 23% de todos ficam sabendo das atrações por meio das redes sociais. Mais da metade dos que usam internet e redes sociais usam portais e sites de mídia para descobrir novidades sobre a programação cultural da cidade e usa as páginas oficiais dos eventos nas redes sociais para descobrir mais informações. Um dado curioso se reflete no ato da compra: a grande maioria ainda prefere adquirir ingressos para esses eventos pessoalmente, na bilheteria, em vez de usar a internet.

O que a pesquisa mostra é que a estrada digital é um caminho sem volta. Os aparelhos continuarão diminuindo até praticamente desaparecer diante de nossos olhos. Um dos melhores exemplos dessa tendência dos aparelhos “vestíveis” parece uma anomalia tecnológica ao acoplar um minimonitor a um par de óculos, mas já nasce com cara de datado, de filme de ficção científica retrô. Essa tendência de aparelhos “vestíveis” é inevitável: basta ver o smartwatch como o controle de interface de nossos smartphones, como uma “filial” do celular. Nem precisaremos tirar o telefone do bolso, basta acioná-lo – muito provavelmente por voz – usando outro pequeno computador, amarrado em seu pulso, substituindo o velho relógio.

É um futuro em que controlaremos as telas sem usar as mãos e em que nos tornaremos cada vez mais independentes do computador de mesa, da escrivaninha e do escritório. A mobilidade digital nos joga para a rua, nos tira de uma zona de conforto que, na verdade, era uma zona de medo. Já estamos retomando as ruas graças às tecnologias disponíveis. E não param de aparecer novidades, portanto, não basta esperarmos que o futuro aconteça. Ele já está acontecendo. É preciso ir ao encontro dele e começar a fazer algo.

A inteligência artificial e nós

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Outro dia comentaram comigo sobre essa entrevista que dei para o Portal A&C e que eu ainda não a tinha visto publicada. Copio-a a seguir para quem também não viu:

​“Já estamos cercados por tecnologias com inteligência artificial”
Um papo sobre avanços tecnológicos recentes e seus impactos sobre nossas vidas com o jornalista Alexandre Matias

Já parou para pensar no quanto as novas tecnologias têm mudado nossas vidas nos últimos anos? Internet e softwares, com o suporte dos mais variados tipos de dispositivos, têm modificado comportamentos, modos de produção, os fluxos de informação, influenciado o jeito de fazer arte e produzir cultura, transformado a educação e o ensino. E isso parece ser só o começo.

O jornalista Alexandre Matias tem acompanhado tudo isso de perto profissionalmente. Ao longo de sua carreira, foi editor do “Link”, o caderno de tecnologia do jornal Estado de São Paulo, editor chefe da revista de ciência Galileu, além de ter editado umas das primeiras revistas no Brasil a falar de comportamento digital, a “Play”. É também reconhecido pelo seu blog “Trabalho Sujo”. O Portal AeC conversou com Matias sobre os impactos e transformações propiciados pelas novas tecnologias e o convidou a fazer algumas apostas em relação ao futuro.

Você começou sua carreira cobrindo música, foi editor do caderno de tecnologia no Estadão, editor da Revista Galileu e seu blog Trabalho Sujo é referência para muitas pessoas. Como você enxerga hoje a profissão de jornalista? Qual é o papel dele num mundo onde se fala em excesso de informação e um baixo limiar de atenção?
Acho que a chegada da internet é uma fase de transição que parece que tem demorado para passar porque a estamos atravessando desde os anos 90. Mas quem tem 18 anos hoje não sabe o que é o mundo sem internet, provavelmente nem sequer se refere à internet desta forma – não paga contas “online”, apenas paga contas; não compra ingressos “online”, apenas compra ingressos; não sai com alguém que conheceu “online” e sim com alguém que conheceu. A maioria das profissões e dos profissionais entrou em parafuso e ainda tateia na rede – tem muita gente mais velha que a gente que está começando a acessar a rede em 2014, tendo seu primeiro email, abrindo seu primeiro perfil em uma rede social, acreditando naqueles velhos boatos que caímos em 1997 e clicando sem querer em correntes, vírus ou spywares. Tudo isso pra dizer que o cerne da profissão jornalista não mudou muito e é tão necessário (talvez mais) do que antes. É preciso apurar, editar, filtrar, checar, descobrir coisas novas, fuçar em assuntos que ninguém quer se meter – cada vez mais. Se o Facebook (ou a próxima rede social) é o blog de qualquer um e qualquer um com um blog pode ser um jornalista, somos todos jornalistas – mas isso não quer dizer que somos bons jornalistas. Cabe a esses bons separar o joio do trigo e trazer assuntos apurados, checados e analisados. O problema é que a mudança provocada pela internet vem desnudando uma série de veículos e modus operandi que não têm nada a ver com jornalismo, que fazem propaganda (comercial ou política) disfarçada disso. Então uma série de “pilares” do jornalismo vêm caindo ou se segurando para não cair, enquanto os novos nomes ainda estão surgindo, experimentando formatos, vendo como se pagam as contas. É um momento bem interessante e me sinto muito feliz em poder participar tão ativamente desta mudança. Editei uma revista que falava de comportamento digital em 2001 (a Play), editei um caderno que unificou a produção do online e do impresso pela primeira vez numa grande redação brasileira (o Link) e tenho um site que vai mudando de acordo com a minha vontade e as novidades da época (o Trabalho Sujo). São apenas três experiências pelas quais passei entre muitas outras que mostram como estamos mudando e cada vez mais conscientes desta mudança.

Um pequeno exercício de especulação e futurologia para quem acompanha o mercado tech de perto: assim como o filme Minority Report influenciou interfaces touch quando do seu lançamento, fala-se que Ela, de Spike Jonze, pode ter o mesmo impacto na design da experiência do usuário. Ou seja, interfaces menos visuais e com comandos vocais. Você apostaria nisso? Como você enxerga possíveis futuras interfaces?
Não sei, acho que o futuro está cada vez mais imprevisível – procure a internet na ficção científica do século 20 e ela só começa a ser cogitada a partir de 1984, com Neuromancer, quando a internet já existia para além das universidades e laboratórios de tecnologia. Mesmo as interfaces do Minority Report ainda não chegaram – estamos arrastando coisas na tela com o mouse, por mais que nossos dedos já deslizem os celulares e tablets. E as telas no filme de Spielberg não existiam, eram projetadas no vazio, uma interface que ainda vamos ver surgindo. Sobre Ela – e outros filmes e livros que abordam tais interfaces – vamos ver os robôs do futuro não como androides que fazem as coisas pra gente, mas como assistentes pessoais. Mas creio que eles não se tornarão tão humanos como a personagem do filme de Jonze – já conversamos com aparelhos hoje em dia (fizemos uma matéria em 2007 sobre pessoas que batizavam a voz que saía de seus aparelhos GPS). Acho que a tendência de qualquer interface é emular uma interface anterior – não à toa ainda chamamos a área de trabalho de “desktop” (escrivaninha em inglês) ou usamos termos como “pastas” e “arquivos” para nos referir a locais que não se parecem pastas e bits que não nos lembram em nada arquivos. Qual vamos escolher no futuro? Prefiro dizer que já conectaram o computador ao neurônio e que ativar as coisas com o pensamento deverá ser rotina em 20 anos. Por isso não sei se vamos precisar de uma cara ou de uma personalidade para estas coisas…

Você vê chances da inteligência artificial, num futuro próximo, ser tão fantástica e integrada à rotina do cidadão comum, como é no filme Ela?
Sim. Na verdade, já estamos cercados por inteligência artificial. É ela que nos indica amigos no Facebook, livros na Amazon, filmes no Netflix, os melhores caminhos via Waze e descobre a música que está tocando na festa via Shazam. A tendência é que esses algoritmos vão ficar mais complexos e começar a cruzar informações entre si – a ponto de saber que quando sua mãe estiver querendo falar com você, o volume do som ou da TV irão baixar automaticamente. E esse é um exemplo simples que devemos ver funcionando em poucos anos.

A internet vem alterando significativamente a forma como produzimos e consumimos cultura. Do iPod ao Netflix, passando pelo Kindle e pelo ProTools, qualquer um hoje, em teoria, pode criar o próximo best seller sem sair de casa, além de ter acesso quase imediato a tudo que a humanidade já produziu. Como você analisa este momento?
Acho que isso pode significar uma desglamourização do processo artístico, da produção cultural. Hoje qualquer um pode gravar um disco ou escrever um livro a partir de casa, e muitos já conseguem editar filmes inteiros com pouco auxílio de terceiros. Mas estamos falando de filmes, livros, discos – conceitos forjados e popularizados no século 20. Fico muito mais curioso para saber quais são os itens culturais do século 21. Games, sites e experiências interativas são apenas o rascunho do que veremos no futuro. E, com isso, “ser artista” vai ser corriqueiro e deixa de ser mítico, inalcançável. Claro que ainda vão existir grandes artistas – no que diz respeito a tamanho e qualidade – mas eles vão ser cada vez mais raros e provavelmente se lançarão por conta própria.

A internet, também, por meio de suas redes sociais, está dando voz política a cada vez mais pessoas. É chegada a era de uma democracia 2.0?
A minha dúvida maior é sobre o congresso. Como o jornal de papel que chega toda manhã na sua casa com as notícias de ontem, as assembleias legislativas tiveram uma importância fundamental para a história da humanidade. Afinal, era muito difícil saber o que toda uma cidade, um estado ou um país pensavam e queriam, daí escolher representantes pelo voto. Mas é um formato que parece fadado a morrer, mesmo porque já viciou-se em uma série falhas que pouco dizem respeito à sua função original. Mas vamos ter um plenário formado pelas próprias pessoas? Acho inviável um plebiscito para qualquer assunto. Acho que a principal mudança politica diz mais respeito à política do dia a dia, de aos poucos as pessoas perceberem que a calçada quebrada, o buraco na rua, a avenida que engarrafa e o bairro que inunda são problemas de todos e não apenas ficar esperando soluções de cima. Acho que há uma tendência à municipalização das discussões políticas e à retomada da comunidade como unidade de gerência. O escritor de ficção científica Neal Stephenson cogitou em seu livro Nevasca pequenos condomínios autônomos que conversam entre si. Não acho um futuro impossível, embora vai demorar um tempo para chegar.

Atualmente, educação é um setor que tem sido explorado exaustivamente por empresas de tecnologia: cursos via web, universidades e escolas virtuais etc. Ao seu ver, é uma nova fronteira que se abre e de fato transforma o ensino e o aprendizado ou é apenas mais uma tendência do mercado tech como foram tantas outras?
As duas coisas. A escola também foi afetada pela chegada do digital. E era um modelo idêntico ao criado na era industrial. Analisando friamente, a escola nunca foi um local de aprendizado, e sim onde os pais podem deixar os filhos quando vão ao trabalho. Ao mesmo tempo em que os filhos eram doutrinados para entender o trabalho no futuro. A escola imita a fábrica, a sirene do recreio é a mesma do intervalo, há filas, chamada, horários, etc. Mas se o próprio trabalho está mudando, é inevitável que a escola também mude. A duvida, neste caso, é saber onde vamos deixar nossos filhos quando estivermos fazendo outras coisas. E o que eles deverão aprender quando estiverem neste lugar. É melhor aprender a cozinhar ou trigonometria? É melhor aprender a gerir um negócio ou leis da física? Precisamos de uma sala de aula? O professor já não é mais a autoridade do saber que era, um adolescente com um smartphone pode descobrir uma série de enganos perpetrados por um professor de história mal intencionado, algo impossível há vinte anos.

Tendo em mente a tecnologia existe para melhorar a existência humana, para você, qual foi o maior avanço tecnológico dos últimos 10 anos?
Se fossem dos últimos 20, sem dúvida a world wide web, que tornou a popularização da internet possível. Dos últimos 10, talvez seja a mutação do telefone portátil em computador de bolso. Mas é uma revolução passageira, daqui a dez anos não carregaremos nenhum aparelho no bolso. E acho que o computador de pulso vai ser mais popular que o óculos-computador. Mas vai saber se alguém não inventa o teletransporte ou algo que torne dormir algo obsoleto…

Trabalho Sujo Subsolo neste sábado!

subsolo25outubro2014

“Vai abaixando!”

Outra Trabalho Sujo SUBSOLO que lhe convida para descer para baixo da superfície em mais uma noite naquele porão entre a Santa Cecília e o Pacaembu. Vamos mais uma vez para baixo da terra desenterrar hits de todas as épocas e apontar novos clássicos naquele inferninho delícia que você conheceu no início do mês. Eu, Danilo Cabral, Luiz Pattoli e Babee estamos prontos para te levar a mais uma noite de delírio sonoro e calor humano num sábado que promete! Os nomes pra lista de desconto podem ser mandados para o email noitestrabalhosujo@gmail.com até às 20h. Vambora!

Trabalho Sujo Subsolo
Sábado, 25 de outubro de 2014
Projeto Subterrâneo Toronto
Rua Tupi, 832. Higienópolis. 30628200.
Com: Alexandre Matias + Luiz Pattoli + Danilo Cabral + Babee
R$ 20 (com nome na lista através do email noitestrabalhosujo@gmail.com)/ R$ 30

Música, Performance e Mercado no Sesc Ipiranga

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Participo hoje, às 20h, do seminário Música, Performance e Mercado organizado nas quintas-feiras de outubro pelo Sesc Ipiranga. Falo sobre “Mídias sociais, marketing digital e a era da nuvem”, relacionando essas recentes transformações com as mudanças no mercado da música, num papo com o Vinicius Apoena da agência digital MK&Vapps. A entrada é gratuita e os ingressos começam a ser distribuídos com uma hora de antecedência no local. A mediação é feita por Thales de Menezes.