A benção, Tom Zé!

, por Alexandre Matias

“Ninguém me retira do Bom Retiro!”, Tom Zé começou o show que deu nesta quinta-feira celebrando o bairro em que a unidade do Sesc onde se apresentou fica instalada. Para receber a quase nonagenária lenda viva da música brasileira – o baiano acaba de completar 89 anos! -, o Sesc Bom Retiro preferiu fazer o show fora de seu teatro fechando a área livre da unidade para comportar mais gente, num espetáculo cujos ingressos esgotaram-se rapidamente. E a alegria contagiante do protagonista da noite começou quase instantaneamente, mesmo que tenha preferido ir de forma comedida, chamando um novo músico a cada nova música no início da apresentação. Mesmo em apresentações mais intimistas (quando dividiu “A Boca da Cabeça” apenas com o guitarrista Daniel Maia e depois quando fez “Curiosidade” com Andréia Dias, que está cantando na banda do mestre). Quando toda banda subiu no palco, pode passear, sem regras pré-estabelecidas, diferentes fases de sua carreira, emendando “Nave Maria” com “Jimmy Renda-se”, “Um ‘Oh!’ e Um ‘Ah!’” com “Jingle do Disco”, sua “2001” composta com Rita Lee com “Tô” e “Hein?” com “Politicar”. O público, boa parte formada por fãs de Tom, não fez cerimônia e fez coro em várias músicas, deixando Tom Zé à vontade para colocar todo para cantar. E dançar! Tão empolgante quanto vê-lo sorrindo enquanto canta é notar como Tom Zé mexe com seu corpo continuamente, sempre entregando-o à música, fazendo a própria dança parte de sua sonoridade. A idade pareceu pedir para encurtar o show antes da hora, mas Tom Zé voltou animado para um bis não apenas como uma, mas duas músicas, quando emendou a envolvente “Xique-Xique” com a implacável “Parque Industrial”, uma música que parece fazer ainda mais sentido em 2025 do que no ano em que foi lançada, 1968. A benção, Tom Zé!

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