Neste sábado acontece mais uma edição da nossa festa D E S A N I V E R S Á R I O, nosso encontro de adultos que eu, Clarice, Camila e Claudinho realizamos agora todo mês ali no Bubu. No cardápio, além dos hits de todas as épocas que não faz ninguém sair da pista, ainda tem a vibe deliciosa de uma festa de sábado que termina cedo pra gente conseguir aproveitar o domingo em paz, que reúne gente sintonizada na mesma frequência e só quer estar junto de mais gente legal. Eu, Clarice e Camila ambientamos a noite com aquela sequência de afagos nostálgicos que enfileiramos nas picapes, enquanto nosso anfitrião nos traz para sua ilha da fantasia, em que comes e bebes harmonizam com o alto astral da festa. Começa às 19h e vai até à meia-noite – e o ingresso dá direito a um drinque de boas vindas. O Bubu fica na marquise do Estádio do Pacaembu (Praça Charles Miller, s/n°), do lado do Museu do Futebol e a noite sempre promete… e cumpre! Nos vemos já já?
O Inferninho dessa quinta-feira foi uma sessão atordoo vindo de dois lugares extremos do ruído. A noite começou com o show inacreditável do Monch Monch, overdose de barulho elétrico concentrado e atirado em cima da plateia num ventilador de sujeira, caos cavalgado pelo carisma irrefreável do mentor da bagaça, Lucas Monch, despedindo-se do Brasil antes de embarcar numa temporada sem passagem de volta pra Portugal – e de lá vai saber pra onde. Depois veio a versão quarteto do Test – o QuarTest – e se Barata e João sozinhos já cimentavam uma parede de som extremo apenas com guitarra, vocal e batera ouvido adentro, juntos do Berna no baixo e do Sarine na percussão criavam duas novas camadas de densidade pra apresentação, cada um deles frequência sonora distinta. Depois e eu Fran seguimos na pista, abrindo os trabalhos com a nova dos Beatles e emendando Gilberto Gil com Dua Lipa e terminando a noite só no forró (é, pois é…).
E vamos ao primeiro Inferninho Trabalho Sujo deste novembro de aniversário dos 28 anos do Trabalho Sujo (serão três, vai anotando) quando reúno duas atrações incendiárias. A primeira é o último show da Monch Monch, liderada pelo geniozinho Lucas Monch, que vai sair do Brasil ainda este mês sem previsão de retorno breve. Depois vem o Test, a banda mais barulhenta do Brasil, em sua versão quarteto, com Berna no baixo e Mariano na percussão. E há a possibilidade de encontro de forças antes do fim da apresentação das duas bandas. Depois dessa colisão é a vez de retomar a pistinha com a comadre Francesca Ribeiro e vocês sabem o que acontece quando ocorre essa conjunção, né? O Inferninho acontece quinta sim quinta não no melhor buraco de São Paulo, nosso querido Picles, ali no coração moribundo do canteiro de obras chamado Pinheiros, no número 1838 da rua Cardeal Arcoverde. Vem com a gente!
Chegou novembro e com ele as comemorações de aniversário do Trabalho Sujo e o primeiro evento para celebrar este 28 anos (!) acontece nesta quarta-feira, quando realizo mais uma festa Trabalho Sujo All Stars no Bar Alto. O clima você já sabe qual é: músicas de todos os gêneros, épocas e lugares do mundo que partam da premissa de manter todo mundo dançando sem parar. E como reza essa festa, seguro discotecando a noite toda, das 19h até pra lá da meia-noite, sempre dividindo as picapes com amigos queridos. Meus parceiros dessa vez são uma tríade daquelas: Luiz Pattoli, com quem eu discotecava nas Noites Trabalho Sujo desde os tempos do Alberta #3 (mas a parceria no set vem de muito tempo antes); Marcelo Costa, o senhor Scream & Yell, que sempre segurava metade da Trackers em festas homéricas que dávamos há uns dez anos, e a querida Camila Yahn, que também conheço de outros carnavais mas só neste 2023 começamos a tocar juntos, fazendo a festa Desaniversário. Cada um com seu cardápio musical, cada um com seu rosário de hits e uma meta: deixar todo mundo cansado de tanto sorrir e dançar. A festa acontece no Bar Alto (Rua Aspicuelta 194) a partir das 19h e não precisa pagar pra entrar. É só chegar! Vamos?
Entre Chiquinha Gonzaga e Karina Buhr, as mulheres da música brasileira tiveram que fazer muito para conseguir ter seu espaço e voz, sempre pronto para ser tirado, tolhido ou apagado a qualquer minuto. Esse foi o tema da aula que Pérola Mathias deu neste sábado no Sesc Pinheiros, dentro do curso História Crítica da Música Brasileira que estou ministrando há quatro semanas e segue nos próximos dois sábados. E entre histórias tristes e desanimadoras envolvendo nomes consagrados como Gal Costa, Clara Nunes, Dona Ivone Lara, Céu, Clementina de Jesus, Elza Soares e Elis Regina, ouvimos histórias de mulheres gigantes que até hoje são desconhecidas do público em geral, como Carolina Cardoso de Menezes, Eunice Katunda, Maria D’Apparecida e Tia Ciata e que felizmente, graças ao trabalho de tantas outras pesquisadoras, musicistas e historiadoras, seguem sendo contadas. No próximo sábado, Rodrigo Faour fala das mudanças no comportamento pautaram a música brasileira e quem foram os personagens que ousaram provocar tais transformações.
A primeira vez que a palavra “samba” aparece documentada na história do Brasil foi num jornal pernambucano. O primeiro cantor a mudar a forma de cantar antes mesmo da chegada do microfone não foi Mario Reis e sim o alagoano José Luis Rodrigues Calazans, o Jararaca. O grupo Oito Batutas de Pixinguinha e Donga, antes de se vestir de terno e fazer turnês internacionais, fantasiava-se de nordestinos para tocar música regional do Recife e de Salvador, bem como o primeiro grupo de Noel Rosa e Almirante. Estas foram algumas das muitas revelações que Caçapa apresentou na terceira aula do curso História Crítica da Música Brasileira, que estou ministrando aos sábados no Sesc Pinheiros. A aula desta semana foi sobre música nordestina – ou, como se referia no começo do século passado, nortista – e o professor preferiu se debruçar nas três primeiras décadas do século 20 para mostrar como esta sonoridade ajudou a consolidar a música popular como sucesso de massas e a indústria fonográfica como plataforma para esta mesma música – e porque ninguém mais fala sobre isso hoje em dia. No próximo sábado recebo Pérola Mathias para falarmos sobre a mulher na história da música brasileira. Até lá!
Fazia tempo que eu não via o show da Yma e, vou te contar, tá melhor do que nunca. A banda está redondíssima e esta característica é imprescindível à apresentação proposta pela cantora e compositora, deixando-a à vontade para deslizar sua voz e seu carisma arrebatadores sem se preocupar, colocando o público na palma de sua mão. E vê-la tocando no Inferninho Trabalho Sujo dessa quinta-feira teve um sabor especial, justamente pelo fato de ser no Picles. O astral underground da casa parece paradoxal em relação à sofisticação pop conduzida pela banda, mas acabou sendo complementar, algo que foi traduzido no momento em que um dos senhores Picles, o grande Rafael Castro, subiu no palco para dançar com a Yma (olha o palco te chamando de volta, Rafa!), num equilíbrio entre leveza e força, dia e noite, céu e terra. Foi bonito demais – e depois só lembro que emendei “Velvet Underground” do Jonathan Richman com “The Chain” do Fleetwood Mac quando já eram quase quatro manhã…
E a felicidade de ter ninguém menos que Yma como atração da edição desta semana do Inferninho Trabalho Sujo? Um dos grandes nomes da cena independente paulistana, a cantora e compositora está aos poucos burilando o que deverá ser seu segundo disco solo, mas mostra músicas do excelente Par de Olhos e outras novidades nesta noite de quinta-feira, que tem entrada livre até às 21h. O show deve começar pelas 22h e logo após a apresentação da Yma eu e a Fran atacamos uma saraivada de hits para não deixar ninguém parado! O Picles fica no número 1838 da Cardeal Arcoverde, na meiota de Pinheiros, e a noite vai longe… Vamos?
A aula nem havia começado e Bernardo Oliveira já erguia as sobrancelhas ao olhar para o material que havia preparado enquanto os alunos entravam na sala: “Matias, não vai dar tempo!”, dizia antes de começar as três horas sem intervalo que havia preparado sobre música negra brasileira dentro do curso História Crítica da Música Brasileira, que estou coordenando no Sesc Pinheiros. Não deu, mas deu: Bernardo nos conduziu rumo a jornada que comparava as culturas de diferentes povos africanos e seu impacto em nossa história – e não apenas cultural. Falando sobre ciência, técnica e tecnologia, mostrou tradições que atravessam séculos mesmo vivendo sob violenta opressão e mostrando como elas moldam o próprio conceito de identidade cultural brasileira. E tome doses pesadas de Clementina de Jesus com audições de rituais de celebração de exu por todo o país, citações de José Ramos Tinhorão, o verdadeiro modernismo do Estácio de Sá, o papel político dos terreiros das tias que abrigavam o samba carioca, loas tecida às transformações em Mario de Andrade e como o termo “funk” está sendo descartado para explicitar a raiz africana deste gênero urbano brasileiro, sendo referido atualmente como “macumbinha”. Bernardo poderia falar mais ainda o dobro de tempo porque assunto e eloquência não faltavam, mas conseguiu condensar as principais problemáticas relacionadas à música negra brasileira, principalmente no que diz respeito ao que pode ser considerado brasileiro ou não. “Racionais é música negra brasileira? Eu acho que é, tem gente que acha que não é”, provocou.
Três horas falando sem parar sobre identidade cultural brasileira, cultura e música no século 20, apagamentos e consensos fabricados, “linha evolutiva da MPB”, o próprio conceito de MPB e como isso não tem nada a ver (e ao mesmo tempo, paradoxalmente, tudo a ver) com o conceito de música boa ou música ruim. Assim foi a primeira aula do curso História Crítica da Música Brasileira, que começou neste sábado, no Sesc Pinheiros. O curso ainda tem algumas vagas em aberto (link na bio, povo do céu) e segue nos próximos cinco sábados, sempre às 16h30. A próxima aula terá a ilustre presença do mister Bernardo Oliveira, que conduzirá a conversa sobre música preta brasileira.