Wayne Coyne: “Crie sua própria felicidade”

, por Alexandre Matias

wayne-coyne

Em 2007, o líder dos Flaming Lips, deu uma entrevista à NPR falando sobre como ele descobriu, feito uma revelação, a beleza da simplicidade da felicidade, e como ele trouxe essa sensação para sua vida.

A Aline traduziu o texto pro português:

“Eu acredito que nós temos o poder de criar nossa própria felicidade. Eu acredito que a mágica de verdade no mundo é feita pelos humanos. Eu acredito que a vida normal é extraordinária.

Eu estava sentado no meu carro em um semáforo, ouvindo o rádio. Eu estava, eu acho, perdido no momento, pensando em quão feliz eu estava por estar aquecido dentro do meu carro. Estava frio e ventoso do lado de fora, e eu pensei ‘a vida é boa’.

Agora, era um semáforo demorado. Enquanto eu esperava, eu notei duas pessoas amontoadas no ponto de ônibus. Aos meus olhos eles pareciam desconfortáveis; eles pareciam pobres. Seus casacos pareciam ter vindo de um brechó. Eles não estavam vestindo roupas da Gap. Eu sabia disso por que já estive naquela situação.

O casal parecia estar fazendo o seu melhor para se manter aquecido. Eles estavam amontoados, e eu pensei comigo mesmo ‘ah, essas pobres pessoas nesse vento tão ruim’.

Então eu vi seus rostos. Sim, eles estavam amontoados, mas eles também estavam dando risada. Eles pareciam estar dividindo uma ótima piada, e de repente, ao invés de sentir pena deles, eu os invejei. Eu pensei ‘ué, o que é tão engraçado?’. Eles não haviam percebido o vento. Eles não estavam preocupados com suas roupas. Eles não estavam olhando para o meu carro e pensando ‘ah, como eu queria ter um desses’.

Você sabe quando um simples momento parece durar uma hora? Bom, naquele momento eu percebi que havia achado que aquele casal precisava da minha pena, mas eles não precisavam. Eu assumi que as coisas estavam ruins para eles, mas não estavam. E eu entendi também que nós temos o poder de fazer os momentos de felicidade acontecerem.

Agora, talvez seja fácil falar, para mim. Eu me sinto sortudo de ter fãs por todo o planeta, uma casa com um teto e uma esposa que está sempre ao meu lado. Mas eu me senti daquela maneira quando eu estava trabalhando no Long John Silver’s. Eu trabalhei lá por onze anos fritando coisas. Quando você está num lugar por tanto tempo você vê adolescentes em seus primeiros encontros; depois eles estão casados; depois eles estão trazendo seus filhos. Você testemunha seções inteiras da vida das pessoas.

No começo, parecia um emprego fadado ao fim. Mas pelo menos era um emprego. E na verdade, era bem fácil. Depois de duas semanas eu sabia tudo que precisava saber, e isso libertou minha mente. Aquele emprego me permitia sonhar com o que a minha vida poderia vir a ser.

No primeiro ano que eu trabalhei lá, nós fomos assaltados. Eu deitei no chão. Eu pensei que ia morrer. Eu não pensava que teria alguma chance. Mas tudo deu certo. Um monte de gente vê a vida como um monte de histórias sobre tarefas miseráveis, mas depois disso eu não não era mais uma delas.

Eu acredito que isso é algo que todos nós podemos fazer: tentar ser felizes em qualquer contexto da vida que estivermos vivendo. Felicidade não é uma situação para ser ansiada ou a convergência do acaso da sorte. Através do poder de nossas próprias mentes, nós podemos nos ajudar. Nisso eu acredito.”

Abaixo, a transcrição original, em inglês:

I believe we have the power to create our own happiness. I believe the real magic in the world is done by humans. I believe normal life is extraordinary.

I was sitting in my car at a stoplight intersection listening to the radio. I was, I guess, lost in the moment, thinking how happy I was to be inside my nice warm car. It was cold and windy outside, and I thought, “Life is good.”

Now, this was a long light. As I waited, I noticed two people huddled together at the bus stop. To my eyes, they looked uncomfortable; they looked cold and they looked poor. Their coats looked like they came from a thrift store. They weren’t wearing stuff from The Gap. I knew it because I’d been there.

The couple seemed to be doing their best to keep warm. They were huddled together, and I thought to myself, “Oh, those poor people in that punishing wind.”

But then I saw their faces. Yes, they were huddling, but they were also laughing. They looked to be sharing a good joke, and suddenly, instead of pitying them, I envied them. I thought, “Huh, what’s so funny?” They didn’t notice the wind. They weren’t worried about their clothes. They weren’t looking at my car thinking, “I wish I had that.”

You know when a single moment feels like an hour? Well, in that moment, I realized I had assumed this couple needed my pity, but they didn’t. I assumed things were all bad for them, but they weren’t. And I understood we all have the power to make moments of happiness happen.

Now, maybe that’s easy for me to say. I feel lucky to have fans around the world, a house with a roof and a wife who puts up with me. But I felt this way even when I was working at Long John Silver’s. I worked there for 11 years as a fry cook. When you work at a place that long, you see teenagers coming in on their first dates; then they’re married; then they’re bringing in their kids. You witness whole sections of people’s lives.

In the beginning, it seemed like a dead end job. But at least I had a job. And frankly, it was easy. After two weeks, I knew all I needed to know, and it freed my mind. The job allowed me to dream about what my life could become.

The first year I worked there, we got robbed. I lay on the floor. I thought I was going to die. I didn’t think I stood a chance. But everything turned out all right. A lot of people look at life as a series of miserable tasks, but after that, I didn’t.

I believe this is something all of us can do: Try to be happy within the context of the life we are actually living. Happiness is not a situation to be longed for or a convergence of lucky happenstance. Through the power of our own minds, we can help ourselves. This I believe.

Tags: , , , , ,