O laboratório Segundamente parte para um novo tipo de experimento ao apresentar a sessão Sem Palavras, dedicadas a trabalhos instrumentais de diferentes artistas, que tomarão as segundas-feiras de junho no Centro da Terra. São quatro apresentações que captam o ótimo momento da cena em São Paulo – e no Brasil. Para esta primeira sessão serão quatro shows diferentes com artistas que expandem os limites desta cena para diferentes lugares. A primeira segunda-feira, dia 4, é de improviso livre com os músicos Victor Vieira-Branco, Mariá Portugal, Arthur DeCloedt e Thomas Rohrer. Na segunda segunda-feira temos a colisão do jazz com o rock do grupo Vruumm, no dia 11. No dia 18 é a vez do projeto Solaris, incursão individual do vibrafonista e baterista Richard Ribeiro. E o mês termina com o grupo Música de Selvagem, dia 25, tocando músicas de seu novo disco, Volume Único – e é a única noite que deve contar com vocais, do músico Sessa, convidado pelo grupo. As apresentações começam sempre às 20h (mais informações no site do Centro da Terra) e eu conversei com os responsáveis por cada noite para saber o que podemos esperar deste novo formato do Segundamente.
Rohrer + Decloedt + Portugal + Vieira-Branco, por Victor Vieira-Branco
https://soundcloud.com/trabalhosujo/sem-palavras-2018-rohrer-decloedt-portugal-vieira-branco
Vruumm, por Anderson Quevedo
https://soundcloud.com/trabalhosujo/sem-palavras-2018-vruumm
Solaris, por Richard Ribeiro
https://soundcloud.com/trabalhosujo/sem-palavras-2018-solaris
Música de Selvagem, por Arthur DeCloedt
https://soundcloud.com/trabalhosujo/sem-palavras-2018-musica-de-selvagem
O Vruumm, liderado pelo saxofonista Anderson Quevedo, é mais uma promissora banda instrumental a dar as caras em São Paulo e passeia por áreas diferentes da música misturando jazz, rock, funk e muito groove. O sexteto apresenta seu primeiro disco homônimo ao vivo nessa sexta-feira, no Sesc Vila Mariana, às 20h30 (mais informações aqui e descolou um par de ingressos e um par de CDs para dar a um leitor do Trabalho Sujo. Para concorrer é só escrever aí na área de comentários que outra banda – brasileira ou gringa – funcionaria bem num show com o grupo paulistano. Pra quem não connhece os caras, uma palhinha aí embaixo:
O groove funk de baixo e batera que abre “Como Diziam os Primatas”, do disco de estreia do sexteto instumental Vruumm, contrasta com o timbre de choro dado pela flauta transversal que é perseguida pelo teclado elétrico, enquanto a guitarra orna discretamente a introdução. Quando o riff pega e a música engata, no entanto, as coisas caem no lugar: estamos naquele território em que o jazz funk encontra o rock progressivo e a música brasileira, terreiro elétrico cuja umidade e a tempoeratura do ritmo varia de acordo com a pressão e empolgação dos músicos.
O time é liderado pelo saxofonista e flautista Anderson Quevedo, que reuniu um time de velhos companheiros de jam session para fazer música instrumental. “O Vruumm surgiu como uma busca pessoal minha de identidade e personalidade musical. Em 2010 eu gravei meu primeiro disco- chamado Passeio e lançado como Anderson Quevedo Quarteto -, que também é instrumental mas classificaria como jazz brasileiro, mas a cena do jazz brasileiro simplesmente não rolava para nós.” Anderson passou a trabalhar com artistas mais pop – tocando nos primeiros discos do Criolo e de Tulipa Ruiz, além de tocar com Otto e João Donato. “Comecei a ter a oportunidade de sentir na pele como é estar no palco tocando música popular da melhor qualidade atingindo milhares de pessoas mas ao mesmo tempo sempre trabalhando em grupos instrumentais.”
Além de Anderson, o grupo também conta com Marcelo Lemos na guitarra, Mauricio Orsolini nos teclado, Fernando “Perdido” Freire no baixo elétrico, Ricardo Cifas e Nico Paollielo nas baterias (são duas!), todos conhecidos desde o tempo da Faculdade de Música Santa Marcelina, onde, à exceção de Nico (que também toca no Garotas Suecas), já faziam jam sessions.
“Minha percepção é de que, na verdade, está caindo a ficha de que o faça você mesmo é o melhor caminho, em todos os âmbitos”, explica Anderson sobre a atual cena musical de São Paulo, que também faz eventos esporádicos para apresentar-se de graça, um projeto chamado Vruumm Aid. “A idéia do Vruumm Aid saiu da necessidade de se ter um local para se apresentar regularmente. Como a banda é nova, não tinha nada gravado, era bem difícil de arrumar um lugar pra tocar porque ou o dono do lugar queria ouvir o som antes de fechar alguma coisa ou exige que você leve público pra casa dele! Em uma de nossas reuniões de banda, o Nico comentou que havia feito um show com o Garotas Suecas na loja da mãe dele e que ela havia liberado para fazer outros eventos na loja dela. Então juntamos a oportunidade com a necessidade e começamos a produzir os Vruumm Aid, que já teve oito ediões e cuja entrada é gratuita. Além de ser uma maneira de manter a banda em dia, tocando ao vivo regularmente, a gente faz o bar e confeccionamos camisetas e com a venda fomos de pouquinho em pouquinho construindo nossa história.”
O primeiro disco da banda já pode ser baixado no site da gravadora MonoTune Records e eles liberaram a faixa “Baixo Centro” para tocar aqui no Trabalho Sujo.