Pé na tábua

, por Alexandre Matias

vruumm

O groove funk de baixo e batera que abre “Como Diziam os Primatas”, do disco de estreia do sexteto instumental Vruumm, contrasta com o timbre de choro dado pela flauta transversal que é perseguida pelo teclado elétrico, enquanto a guitarra orna discretamente a introdução. Quando o riff pega e a música engata, no entanto, as coisas caem no lugar: estamos naquele território em que o jazz funk encontra o rock progressivo e a música brasileira, terreiro elétrico cuja umidade e a tempoeratura do ritmo varia de acordo com a pressão e empolgação dos músicos.

O time é liderado pelo saxofonista e flautista Anderson Quevedo, que reuniu um time de velhos companheiros de jam session para fazer música instrumental. “O Vruumm surgiu como uma busca pessoal minha de identidade e personalidade musical. Em 2010 eu gravei meu primeiro disco- chamado Passeio e lançado como Anderson Quevedo Quarteto -, que também é instrumental mas classificaria como jazz brasileiro, mas a cena do jazz brasileiro simplesmente não rolava para nós.” Anderson passou a trabalhar com artistas mais pop – tocando nos primeiros discos do Criolo e de Tulipa Ruiz, além de tocar com Otto e João Donato. “Comecei a ter a oportunidade de sentir na pele como é estar no palco tocando música popular da melhor qualidade atingindo milhares de pessoas mas ao mesmo tempo sempre trabalhando em grupos instrumentais.”

Além de Anderson, o grupo também conta com Marcelo Lemos na guitarra, Mauricio Orsolini nos teclado, Fernando “Perdido” Freire no baixo elétrico, Ricardo Cifas e Nico Paollielo nas baterias (são duas!), todos conhecidos desde o tempo da Faculdade de Música Santa Marcelina, onde, à exceção de Nico (que também toca no Garotas Suecas), já faziam jam sessions.

“Minha percepção é de que, na verdade, está caindo a ficha de que o faça você mesmo é o melhor caminho, em todos os âmbitos”, explica Anderson sobre a atual cena musical de São Paulo, que também faz eventos esporádicos para apresentar-se de graça, um projeto chamado Vruumm Aid. “A idéia do Vruumm Aid saiu da necessidade de se ter um local para se apresentar regularmente. Como a banda é nova, não tinha nada gravado, era bem difícil de arrumar um lugar pra tocar porque ou o dono do lugar queria ouvir o som antes de fechar alguma coisa ou exige que você leve público pra casa dele! Em uma de nossas reuniões de banda, o Nico comentou que havia feito um show com o Garotas Suecas na loja da mãe dele e que ela havia liberado para fazer outros eventos na loja dela. Então juntamos a oportunidade com a necessidade e começamos a produzir os Vruumm Aid, que já teve oito ediões e cuja entrada é gratuita. Além de ser uma maneira de manter a banda em dia, tocando ao vivo regularmente, a gente faz o bar e confeccionamos camisetas e com a venda fomos de pouquinho em pouquinho construindo nossa história.”

O primeiro disco da banda já pode ser baixado no site da gravadora MonoTune Records e eles liberaram a faixa “Baixo Centro” para tocar aqui no Trabalho Sujo.

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