Em mais uma reunião de cúpula do Aparelho, em contraponto – ou contraponta? – ao evento ConCon que infelizmente deve pintar num horizonte próximo de você futuramente, eu, Tomate e Vlad puxamos mais uma edição do Aparelho Jornalismo Fumaça, desta vez desvendando a criação de um ícone surgido no período de transição entre a ditadura militar dos anos 60 e a redemocratização pré-constituinte dos anos 80: o jovem brasileiro. Entre transas e caretas, armações ilimitadas, roques estrelas, TVs piratas, areias escaldantes, cidades ocultas e meninos do Rio, passeamos por essa fauna que tomou conta do imaginário brasileiro naquele período a ponto de entrar em nosso inconsciente coletivo e continuar aí até hoje, entre velhos jovens que reclamam como era melhor naquele tempo.
Retomamos nossa sessão de jornalismo-fumaça na bifurcação entre Barbie e Oppenheimer e, depois de descobrir que nenhum de nós três havíamos visto nenhum dos dois filmes, descemos o desfiladeiro do The Doors guiado por Oliver Stone para chegar no vale do Conan que faz Tomate lembrar que voltou à academia, Vlad traçar um paralelo com o maconheirismo e eu misturar isso tudo com kardecismo e surrealismo. Daí partimos para o fim da contracultura, o antônimo de FOMO, as mudanças no Twitter, uma dieta de filmes de super-herói, o Hot Wheels do Lars Von Trier, cinetistas monstruosos, novos causos roleiros, o dia do Batman, bombas em bancas de jornal, os contemporâneos do Mussolini, Bloody Hell in America, a ansiedade provocada pelas redes sociais, grandes polêmicas que não duram 24 horas e como as grandes fortunas brasileiras começaram na escravidão ou na ditadura militar dos anos 60.
Demorou mas cá estamos de volta e entre elocubrações sobre música instrumental, a cena do Lauren Canyon, sommerliers de conflitos, o manual do espião analógico, a identidade real de Shakespeare, a volta da baixa fidelidade, a contracultura dos anos 60, Capital Inicial tocando Hojerizah, discotecas para exibir para os outros, Miles Davis e dub, a volta dos Titãs, a criação da personalidade pública pop, o fim da reclusão, nouvelle vague, filmes de arte(s marciais) e a inclusão da não-montagem de presépio no LinkedIn, eu, Tomate e Vlad – os últimos usuários do Zoom – deixamos o verbo correr cada um de sua cidade para questionar as relações trabalhistas entre o Homem-Morcego e seu mordomo.
Entre o método de curadoria de discos de Emerson Gasperin e a rotina de sono de Vladimir Cunha, aproveitamos mais uma edição mensal do Aparelho para fazer um balanço sobre os primeiros dias de 2023, misturando impressões culturais sobre China e Cuba com um seriado sobre a história do Poderoso Chefão, o Steven Seagal como lastro de confiança, seriados de acumuladores, fuscas voadores, o melhor cabelo do heavy metal, oito milhões de discos de vinil e terminamos com o questionamento sobre o efeito teia no vocalista do Judas Priest…
Começamos o ano de fato nessa estranha coincidência entre o fim do carnaval e Twin Peaks e comentamos as inúmeras tentativas de abordagem românticas, desde as contemporâneas do mundo digital (como usar o Letterboxd como uma nova versão do clássico “venha conhecer minha biblioteca”) até as decadentes, como a hora da música lenta, que clamamos pela volta – sem contar as mais esdrúxulas – e nichadas – como levar um livro do Thomas Pynchon debaixo do braço. E que tal um programa de rádio tipo correio elegante chamado New Romantic com “Stairway to Heaven” como música de abertura? E no meio disso tudo falamos de carros que saíram de moda, de uma importante agente cultural e política brasileira, a sobreposição entre as danças do TikTok, a Macarena e É o Tchan e a rede social do Aparelho. E nos perguntamos sobre a volta do horário de verão!
Em mais um encontro bissexto deste aparelho chamado Aparelho, cogitamos uma ideia revolucionária para mudar a forma como reconstruímos o Brasil. E tudo a partir da infelizmente incansável cruzada de pessoas que gostam de falar mal do Carnaval – motivados pelo desgosto alheio, propomos um carnaval interminável, constante e para além do calendário, mas com regras específicas para que não ultrapasse os cinco dias de folia. Como? Entre elocubrações sobre os Trapalhões, os tabajara e um seriado sobre prisão que mudou a história da TV, propomos a primeira intenção do Aparelho em 2023. Propomos ou profetizamos?
Retomando as atividades do meu canal no YouTube, começo 2023 com nova edição do infalível Aparelho, que toco com Emerson “Tomate” Gasperin e Vladimir Cunha, “O Vlad”. Uma crise existencial efêmera pareceu ter tornado o programa uma espécie de literal situacionista, mas felizmente recapitulamos nossa natureza contestatória misturando Uber e jornalismo, narrativas dos quadrinhos europeus dos anos 80 e uma possível forma de salvar Santa Catarina da extrema-direita, numa inusitada mas lógica conexão amazônica – e estabelecemos metas para o ano que começa.
Depois do hiato de um mês sem Aparelho, voltamos à ativa recapitulando os últimos dias, mas com cuidado para não falar em política – mas não há muito como contornar isso. O papo então começa indo por uma gileadzação dos festivais de rock, a consciência de classe da inteligência artificial, a nova fase do Maurício de Souza, a profecia autorrealizável de Top Gun, a esgrima do amor do sabre de luz e a invenção de uma máquina de pogo – vê se é possível uma coisa dessas. Estamos de volta, putada!
Não levamos arte ao povo, não fiscalizamos o tororó alheio nem enriquecemos com dinheiro público, mas também estamos prestes a jogar a toalha. Só não jogamos ainda porque, como ensina o mochileiro das galáxias, nunca se sabe quando se vai precisar de uma. Molhada e enrolada, por exemplo, ela se torna um argumento e tanto para um debate com os fariseus que vilipendiam a pureza do sertão. Em vez disso, porém, preferimos flanar por sinapses que valorizam o que temos de mais holístico, culminando com o grito universal de louvor que virou sinônimo de milagre. Basta acreditar!
O que o Peninha tem em comum com o Tio do Aço? Em mais um rendez-vous de nosso Jornalismo-Fumaça, eu, Tomate e Vladimir Cunha embarcamos uma trip descontrolada em busca da essência das conversas que realmente importam, enfileirando as patentes do quartel do Recruta Zero em busca do possível alvo correto do míssil disparado sem querer querendo pelas FFFFFAAAAA. Enquanto Patópolis nos funde a cuca (não a do sítio) com questionamentos existenciais, cogitamos um festival composto apenas por artistas que usam siglas e uma camiseta do popstar Nesta, enquanto lembramos da conexão entre o Kiss e o Teenage Fanclub e as previsões econômicas das ciganas.