Depois da dupla francesa, é a vez dos irmãos escoceses fazerem mistério. O lendário Boards of Canada, um dos pais da chamada IDM e talvez o maior nome da música eletrônica ambiente deste século (James Blake tem que comer muito feijão com arroz ainda), deu sinal de vida. Sem lançar nada desde 2006, os irmãos Michael Sandison e Marcus Eion lançaram, neste Record Store Day, um único 12 polegadas, na nova-iorquina Other Music. No disco, batizado com o enigmático nome de —— / —— / —— / XXXXXX / —— / ——, só se ouve uma coisa:
“9-3-6-5-5-7”.
Foi o suficiente para fazer fãs saírem à caça, principalmente no site especializado 2020k e no fórum Twoism, onde já cogitaram que o número sejam coordenadas geográficas, um código de cores, uma letra em ASCII (“m”, que se for a quarta letra de uma palavra com seis, como o título pode indicar, pode ser, por exemplo, a época em que o disco será lançado – “summer”?). Vale a pena acompanhar a discussão (em inglês) nos comentários de um vídeo em uma conta do YouTube que pode ser um perfil falso da banda – apenas pelo simples fato de ter surgido uma anotação com o nome do disco aos 4:20 do vídeo:
Outro jogo começou. Imagine se houver outros discos em lojas espalhadas pelo mundo que ainda não foram encontrados… Vi na Fact.
E por falar em Record Store Day, e o Jesus & Mary Chain que relançou seu primeiro disco com esse vinil branco manchado? Lindaço – a foto saiu do Instagram dessa menina aqui. Só existem mil cópias desta versão.
Boa notícia: a Polysom vai relançar os três discos da fase psicodélica de Ronnie Von em vinil: o homônimo de 1968, A Misteriosa Luta do Reino Parasempre contra o Império do Nuncamais, de 1969, e Minha Máquina Voadora, do ano seguinte.
Vi na Trip.
Mais uma daquelas caixas que vêm nos lembrar o quanto estamos velhos: desta vez é o clássico Last Splash, das Breeders, que recebe tratamento de luxo pesado numa edição chamada LSXX que traz nada menos que SETE vinis (ou três CDs, pra quem não tiver tanta sede). Saca a ordem das músicas logo abaixo:
E a gravadora norte-americana Light in the Attic está relançando clássicos do Marcos Valle em vinil. A obra-prima Mustang Cor de Sangue ainda não deu as caras, mas discos de peso equivalente – como Garra, Marcos Valle 1970, Previsão do Tempo e Vento Sul – já estão à venda no site da gravadora. Dá uma sacada em como ficou cada reedição nos vídeos abaixo:
Nunca abandonei o vinil (nem os CDs, livros ou revistas, guardo-os todos como relíquias pessoais mais do que registros musicais), mas 2012 me fez retomar o velho affair com os discos pretos com mais paixão na medida em que a indústria fonográfica e toda uma geração de artistas se dispunham a voltar ao velho formato. Assim, foi mais fácil ceder aos impulsos do eBay (que vinha evitando há uma década, por saber de seu potencial de caixa de Pandora) como aos encantos da PopMarket (talvez a melhor idéia da velha indústria do disco em tempos digitais para voltar a vender, inclusive CD, ao oferecer “free shipping worldwide”) quanto a reorganizar a velha coleção de discos (o tempo da licença médica ajudou nesse quesito) e até a deixar a velha vitrola portátil em segundo plano para finalmente comprar um tocadiscos profissa. Meus discos sorriem toda manhã, de felicidade. Eu também.
E essa versão vinil de luxo do clássico do Nick Drake?
De chorar.
Enquanto Frank Ocean não se decide e não lança seu clássico instantâneo Channel Orange em vinil (sempre em pre-order eterno, desde o meio do ano), tem gente que já está fazendo isso por ele…
Elas estão chegando!
Por falar nesse assunto, a Sundazed lançou essa caixa com os discos da Verve/MGM (o que exclui, de cara, o quarto disco da banda, o maravilhoso Loaded, que é da Atlantic). Para compensar, o box inclui o primeiro disco da Nico (Chelsea Girl, que conta com o Lou Reed, o John Cale e o Sterling Morrison) e o disco que o grupo não finalizou em 1969 e que seria seu quarto disco de fato – além de dois pôsteres. Coisa fina.