Um gole de Fernê

, por Alexandre Matias
Foto: Julia Maurano

Foto: Julia Maurano

O nome da banda originalmente era Folk Project e reunia amigos de diferentes escolas da Zona Oeste de São Paulo que se reuniram, como o nome entrega, para tocar folk. “Mas o projeto foi tomando outras formas na medida em que nossas personalidades ultrapassaram as referências, assim, o som foi ficando menos acústico, mais intenso e catártico”, me explica a vocalista do Fernê, Manuela Julian, em entrevista por email. Aos poucos as guitarras foram entrando nas composições, rugindo microfonias que deixavam a vocalista mais à vontade para soltar-se e liberar a banda para entrar num estágio entre o indie e o noise, mas sem nunca deixar a melodia e a melancolia sair do primeiro plano. O quinteto agora prepara-se para lançar o primeiro EP e antecipa o primeiro single, “Consolação”, em primeira mão para o Trabalho Sujo.

Além de Manu, que também canta na banda Pelados, o Fernê ainda conta com outros nomes em ascensão da cena paulistana em sua formação, como o cantor e compositor Chico Bernardes, irmão do Tim d’O Terno, que deixa o violão de lado para assumir a guitarra e vocais, e o baterista Theo Cecato, que toca com a Sophia Chablau e Laura Lavieri. Completam a formação o baixista Tom Caffe e o guitarrista Max Huszar, sendo que este último entrou após a gravação do EP, que aconteceu no ano passado. “Gravamos o EP no Estúdio Canoa, com o querido Thales Castanheira como produtor e técnico”, lembra a vocalista, “foram tardes muito gostosas onde gravamos todo o som ao vivo, direto na fita cassete. Muita música, papo e baião de dois.”

Entre as referências musicais, citam desde bandas contemporâneas como Fleet Foxes, Beach House e Grizzly Bear quanto clássicos como Nick Drake, Tortoise, Neil Young e claro, Clube da Esquina e Mutantes. “Caetano Veloso e Björk são exemplos de artistas que unanimemente ocupam um lugar especial para todos nós, chegamos a fazer covers deles por isso”, explica Manu, mencionando “Terra” e “Hunter” como versões escolhidas.

O disco, que leva apenas o nome da banda, será lançado no início de setembro, pelo selo Seloki, e devido à quarentena, o grupo obviamente não fará shows. “Já que estamos entocados e separados, infelizmente não temos previsão para um show: estamos esperando um momento mais apropriado pra nosso reencontro”, continua a vocalista, que promete que uma audição em primeira mão do EP através da conta da banda no Instagram (@ferne.insta).

“Olha, passar pelo processo de lançamento sem poder tocar ao vivo é uma tristeza, porém, estamos aproveitando esse momento para elaborar nossa linguagem visual e ideias para o projeto de maneira profunda, o que achamos que querendo ou não é um processo importante”, continua a vocalista, reforçando que eram essencialmente uma banda de shows, “estamos morrendo de saudade do palco…”.

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