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Gainsbourg incitando o público de um show em Strasbourg a cantar o hino nacional francês, “La Marseillaise”, em 1980

Em sua última década de vida, Serge Gainsbourgh abraçou mais uma nova mudança – após tornar-se um dos maiores ícones da música pop francesa, decidiu-se inconscientemente ir além da música e ser apenas pop. Para isso, remodelou sua própria personalidade para uma mídia perfeita para essa transformação: a televisão. Tornou-se um dos nomes mais conhecidos – e festejados – pelo público francês em programas vespertinos sobre futilidades, assumindo o papel de misógino, bêbado e inconseqüente que haviam lhe impingido. Reinventou até o próprio nome, surgindo como Gainsbarre – nome que tem origem num trocadilho em francês de sua música “Ecce Homo” -, um artista estritamente midiático. Este novo personagem deu origem a momentos incríveis da história do pop francês, que iam desde piadas grosseiras sendo contadas em programas familiares (vale ver o vídeo nem que você não entenda francês – só o constrangimento do apresentador já vale)…

…ou queimando dinheiro na TV para reclamar dos impostos que o governo lhe cobrava…

…ou dizendo, em inglês, que queria trepar com Whitney Houston, na cara dela…

…ou aparecendo num leilão para comprar o manuscrito original do hino francês (e provar que não estava difamando a peça ao cantar “Aux arms etc.” – comprou o original para mostrar que o “etc.” estava na primeira versão da letra).

…ou brigando com outros convidados em programas de TV…

…ou fazendo o papel do pai insuportável num clipe pop adolescente qualquer…


Julien Clerc – “Coeur de rocker”

…ou num comercial de TV (único exemplar que encontrei no YouTube – Gainsbourg fez inúmeros comerciais durante os anos 80).


Propaganda da Konica

Mas a vida é dura…

Catei do Sobremúsica.

Sobre a importância de Hermes e Renato

Eu tenho uma leve impressão que Hermes e Renato já é mais importante hoje do que a TV Pirata foi nos anos 80. Tudo bem, a TV Pirata era um ninho de cobras de altíssimo calibre (além do elenco e da direção, como falar mal de um programa que tinha Angeli, Laerte e Luís Fernando Veríssimo entre os roteiristas? – me corrijam se eu estiver errado). Mas foi tipo o rock dos anos 80, uma espécie de alívio coletivo pós-ditadura. No caso do rock, ele deixava de ser perigoso, maluco, bandido e começava a usar bermudas e a sorrir sem parar; no caso do humor, tudo que era insinuado pela geração Pasquim agora era ligalaize pra turma do Chiclete com Banana. Mas, no fundo, a TV Pirata foi mais um upgrade no humor de TV do Brasil, que andava defasado e não tinha sentido o impacto do Monty Python e do Saturday Night Live (como o rock dos anos 80 funcionou pra todo o rock que nasceu com o punk).

Já o Hermes e Renato tem o tipo do humor que o Zorra Total finge fazer e que não evolui desde os tempos do rádio (o mesmo vale para a sitcom da família – que só fugiu do padrão duas vezes, com Bronco, do Ronald Golias nos anos 80, e Sai de Baixo, da Globo): brasileiro, tirador de onda, escrotizador, vira-lata. Mas é preciso em sua descaracterização – pelo simples fato dos personagens não serem vividos por atores, mas pelos próprios roteiristas. Assim, eles se parecem muito mais com o Casseta e Planeta, mas os Casseta tiveram tempo e experiência para aperfeiçoar seu produto – eles mesmos – com muita desenvoltura na TV.

Hermes e Renato é quase amador, tosco, malfeito. Eis a graça. Todo mundo conhece pelo menos um cara que é assim, que curte esse tipo de humor, que faz vídeos toscos com os amigos e bota no YouTube. E acredito que esse seja o principal motivo da importância do Hermes e Renato. É o elemento 2.0 misturado com o reality show, o “yes we can” da choldra. Fora isso eles ainda materializam piadas e brincadeiras que não têm registro oficial, piadas de fundo de sala de aula e de ônibus que são pura história oral, fadada ao esquecimento não fosse isso que chamamos de arte. Eis o papel dos caras, é mais ou menos o motivo do sucesso do Mamonas Assassinas, mas com piadas legais.

Acredito que em pouquíssimo tempo teremos uma nova geração de humoristas, diretamente influenciadas por esses caras, uma geração que vai mostrar que essa safra de stand-up sem graça que está hoje no CQC é só isso – uma geração sem graça. Que venham os bárbaros!

E tudo isso só pra falar que essa piada idiota do “professor nãoseioque-nãoseioque-nãoseioque-amanhã”-“QUÊ?”-“PRRLL” é uma das minhas favoritas.

PS – O André e o Bruno citaram o óbvio que esqueci de lembrar: Trapalhões. Um tipo de humor essencialmente que foi quem realmente sentiu o baque da TV Pirata e do Casseta e Planeta (embora o Casseta seja responsável pela última grande fase do grupo, a fase do “Oooos pirata!”). E como pude esquecer: justo eu que nasci no dia em que o Renato Aragão fazia 40 anos…

O Vitrine esteve lá:

O programa de TV Musique and Music resolveu homenagear Serge Gainsbourg pelo duplo aniversário – em abril de 1978 ele não apenas completava 50 anos de idade como vinte anos de carreira. E assim, os produtores o convidaram para um longo bate-papo sobre sua vida e obra, intercalado por apresentações de intérpretes franceses (e Jane Birkin) de alguns dos principais clássicos de Gainsbourg. Não perca o final do show, com o próprio Serge regendo o coral masculino Garnier, que faz uma versão inacreditável para a polêmica “Les Sucettes”.


Serge Gainsbourg – “Le poinçonneur des Lilas”


Daniel Prévost – “Maria” e Alain Souchon – “Elisa”


Serge Gainsbourg – “La javanaise” e Laurent Voulzy – “Qui est in, qui est out”


Jane Birkin – “Ex-Fan des Sixties” e Michel Jonasz – “Comic Strip”


Jacques Martin – “En relisant ta lettre” e Bijou – “Les papillons noirs”


Serge Gainsbourg – “L’eau à la bouche” e Serge Gainsbourg & L’Ensemble Garnier – “Les Sucettes”

DJ Mashup Hero


Justice x Dizee Rascal


Beastie Boys x Daft Punk


Justice x Public Enemy


Vanilla Ice x MC Hammer


Daft Punk x Queen


Rihanna x Killers

É o DJ Hero… Que vai ser lançado semana que vem.


Videos tu.tv

Histórico.

Fala, Chavez

Mais uma dos caras do Autotune the News.