O mestre do quadrinho depressivo Daniel Clowes foi convidado pela HBO para fazer o poster da próxima temporada de Silicon Valley, que estreia no final deste mês, e ficou lindaço, olha só:
Falei mais sobre a série no meu blog no UOL.
Quando estreou, em 2014, o seriado Silicon Valley, da HBO, parecia prometer ser uma versão Entourage de Big Bang Theory, jogando os nerds das startups pós web 2.0 aos píncaros da glória e do sucesso. Em vez disso apresentou uma versão californiana para o The Office sem que houvesse um chefe ou um escritório de fato. Mas aos poucos foi maturando seu universo e seus persoangens e agora, às vésperas do lançamento de sua quarta temporada, promete entrar em sua melhor fase, consagrando seu criador Mike Judge (o mesmo do desenho Beavis & Butthead e do sensacional – mas subestimado – filme Como Eliminar Seu Chefe) como um dos principais observadores do cotidiano de sua geração. E tal reconhecimento veio antes do lançamento da nova safra de episódios, quando a própria HBO chamou outro grande observador desta geração para apresentar a nova temporada. E assim temos esta versão maravilhosa de Erlich (T. J. Miller), Dinesh (Kumail Nanjiani), Richard (Thomas Middleditch), Gilfoyle (Martin Starr) e Jared (Zach Woods) no traço do quadrinista Daniel Clowes, autor de clássicos modernos como a revista Eightball e as graphic novels Como uma Luva de Veludo Moldada em Ferro, Mundo Fantasma, Wilson e David Boring.
A quarta temporada de Silicon Valley começa a ser exibida a partir do dia 23 de abril – e se seguir o padrão das temporadas anteriores, a HBO Brasil deve retransmitir os novos episódios no mesmo dia de lançamento dos episódios nos Estados Unidos.
A nova série da Marvel com o Netflix, a adaptação da saga do Punho de Ferro, é um dos produtos mais vergonhosos da versão cinematográfica da casa das ideias – escrevi sobre ela pro meu blog no UOL.
Não sei se Punho de Ferro é o pior produto da Marvel em sua recente conquista do inconsciente coletivo pop através de seu universo cinematográfico, porque o terceiro filme do Homem de Ferro e o segundo filme do Thor brigam bem por esse posto. Mas é, sem pestanejar, a pior série produzida pelo estúdio – e não apenas a pior da safra realizada em parceria com o Netflix. O argumento de que a coadjuvância do personagem no universo Marvel é o motivo para o fracasso do seriado não funciona, afinal o estúdio conseguiu fazer bons filmes com personagens completamente desconhecidos do público, como Guardiões das Galáxias, Homem Formiga e Doutor Estranho. Os defeitos de Punho de Ferro são todos da série. Se você não assistiu a série e não quer saber de (poucos) spoilers, segue a clássica série de gifs animados para que você não leia algo que não queira. Não que isso importe.
O principal problema de Punho de Ferro está em seu elenco. Especificamente no elenco masculino. E por pior que seja Finn Jones, o ator que vive o personagem-título (já falo mais sobre isso), nada na série consegue superar a ruindade da dinâmica dos dois “atores” que interpretam os únicos homens da família Meachum – o pai Harold vivido por David Wenham e o filho Ward vivido por Tom Pelphrey. Não importa sua participação na história (que é importante), todas as cenas em que os dois têm de contracenar transformam imediatamente a série em algo que pior do que os piores telefilmes dos anos 80 que passavam de madrugada. Não importa sobre o que eles estão falando, as péssimas atuações transformam todos os treze episódios da primeira temporada em sessões de tortura. Some isso ao fato do pai ter feito um pacto sobrenatural que lhe tornou imortal, mas o obriga viver isolado em um apartamento frequentado apenas por seu filho, o único que sabe que não forjou a própria morte, o que faz a série ter vários destes momentos que misturam o tédio e o desespero.
Perto dos dois, o Danny Rand vivido por Finn Jones até convence – mas, na verdade, ele não convence. Em nada. Seu Punho de Ferro é um chorão egoísta preocupado apenas em descobrir o que aconteceu com seus pais e cujo superpoder é explicado de forma bem preguiçosa. Por vários momentos da série, Danny tenta explicar o que é o Punho de Ferro, uma tradição asiática milenar que foi passada para um menino ocidental que sobreviveu a um acidente aéreo nos Himalaias e foi parar em um monastério em uma cidade de outra dimensão. Em várias passagens, ele sofre para traduzir a sensação do que é ser o Punho de Ferro:
– Mas então você foi escolhido…?
– Não, não é isso… Eu mereci.
– Hein?
E fica por isso mesmo. Enquanto todas as histórias de origem da Marvel deixam claro porque aquelas pessoas se tornaram super-heróis, Punho de Ferro faz o superpoder parecer uma alergia, um condição, um entrave. Mesmo porque ele nem sabe controlar direito o poder – o tempo todo (O TEMPO TODO) ele nos lembra que só consegue convocar o Punho de Ferro quando seu “chi” está equilbrado. E tudo isso é dito com muito sofrimento, com muito sentimento, com uma atuação patética para parecer que aquela situação é muito séria. Isso sem contar como o superpoder é ridículo: apenas uma das mãos fica dourada e ganha força para derrubar portas de ferro, segurar balas ou nocautear supervilões. Algo que tanto Jessica Jones quanto Luke Cage – outros heróis das séries Marvel com o Netflix – fazem sem precisar equilibrar “chi” nenhum. Quero ver quando eles se encontrarem na próxima série, os Defensores, Jessica e Luke olhando um pro outro, cúmplices, rindo do novato: “Xi…”
O elenco feminino é um pouco melhor. A Joy Meachum vivida por Jessica Stroup sofre mais pelo fraco personagens – falas ridículas, reações bobas – do que por sua atuação em si. A Claire Temple de Rosario Dawson segue o bom desempenho de todas outras séries – sua personagem passou por todos os quatro seriados Marvel/Netflix e inevitavelmente provocará a união dos heróis – e quase engole o resto do elenco sem precisar fazer o menor esforço. E a Colleen Wing vivida por Jessica Henwick destoa completamente do resto do elenco, assumindo o protagonismo da série em alguns momentos só por sua boa atuação.
Mas mesmo um bom elenco teria dificuldade com o roteiro apresentado. A série é vaga como sua definição do poder do Punho de Ferro e tateia entre reuniões de corporações e o submundo do narcotráfico, gangues orientais e hospitais psiquiátricos (sem contar as risíveis subdivisões do Tentáculo), velhos clichês repetidos sem alma, sem vontade, sem a menor personalidade. Nem o lado da ação ajuda – as lutas podem até ser bem coreografadas, mas são mal filmadas e os cortes em todas as cenas de ação parecem ser mais ágeis do que toda a ação ao redor. Entre trocas de câmeras e golpes desferidos, o excesso de velocidade só consegue provocar preguiça.
Foi difícil atravessar todos os episódios da série e nada se salva a ponto de recomendá-la para alguém. É uma enorme perda de tempo que não chega propriamente a abalar o futuro da Marvel, embora tenha comprometido o viés narrativo místico, que foi começado com a captura das Joias do Infinito, a motivação básica de todo o universo cinematográfico até aqui, e escancarado com o ótimo Doutor Estranho do ano passado. Mas abala a relação da Marvel com o Netflix, que pode até se recuperar com os Defensores, mas não apresentará um novo herói com tanta facilidade, como já havia feito com Jessica Jones e até mesmo Luke Cage (ambas infinitamente melhores que Punho de Ferro, mesmo que Luke Cage seja a segunda ou terceira pior série da Marvel até agora).
Os criadores da série Westworld participaram de um painel sobre o remake e esclarecem uma das cenas mais polêmicas do último episódio da primeira temporada – escrevi sobre isso no meu blog no UOL.
E esse 2018 que não chega? Por mais que possam vir boas surpresas e novas séries na televisão em 2017, não há como não insistir em saber de alguma novidade sobre a segunda temporada de Westworld, um dos grandes acontecimentos do entretenimento desta década. A série que a HBO lançou no ano passado ultrapassou o conceito do filme original de 1973 e revelou-se um complexo quebra-cabeças em que diferentes linhas de pensamento se misturavam num ousado mosaico de narrativas sobre um parque temático em que robôs idênticos a seres humanos são abusados por seus frequentadores – e aos poucos tomam consciência disso.
Os produtores e o elenco da série foram reunidos neste fim de semana como uma das atrações do evento PaleyFest, em Los Angeles, nos EUA, dedicado a discutir conteúdo de televisão junto a seus criadores. Subiram ao palco do Dolby Theater tanto o casal autor de Westworld – Jonathan Nolan e Lisa Joy – bem como todos os principais atores da série: Evan Rachel Wood (Dolores Abernathy), Thandie Newton (Maeve Millay), James Marsden (Teddy Flood), Ed Harris (Man in Black), Jimmi Simpson (William) e o produtor executivo Roberto Patino. E entre os principais assuntos discutidos no sábado, a principal revelação não trouxe nenhuma novidade sobre a próxima temporada e sim em relação a uma das cenas mais discutidas do último episódio da série, quando a robô Maeve decide voltar para o parque. Se você não viu o final da série, pare de ler agora. Toma aí uns gifs animados pra você não correr o risco de ler algo que não queira.
“A forma como pensamos e como filmamos… Foi a primeira decisão que ela fez na vida”, disse Nolan, descrevendo a cena em que Maeve volta atrás e decide retornar ao parque temático, de onde havia acabado de fugir pela primeira vez. Presa entre o conflito de descobrir o mundo para além dos limites de Westworld e a lembrança de uma filha que ela sente ter perdido, a andróide interpretada brilhantemente por Thandie Newton desiste sua fuga, que havia sido programada pelo própria criador do parque em uma das inúmeras reviravoltas do último episódio, e decide voltar para o parque. “Para mim, foi um momento muito emotivo no episódio”, continuou o criador da série, finalmente abrindo o jogo sobre se a decisão de Maeve havia sido consciente ou pré-programada por seus criadores. “Vocês testemunharam o nascimento do livre arbítrio”, resumiu Nolan, segundo o relato da Entertainment Weekly.
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Pouco foi dito sobre a segunda temporada, tirando o fato de que Nolan e Joy estarem animados ao fazer um novo filme de dez horas, em referência aos dez episódios de uma hora que formam a temporada completa. E que talvez a segunda temporada seja um musical – mas isso Nolan logo revelou que era mentira. Será?
O Spoon mostrou mais duas músicas de seu disco novo, Hot Thoughts, que será lançado esta semana. O grupo de Austin oficializou o lançamento de “I Ain’t the One” ao apresentá-la ao vivo no programa The Late Late Show with James Corden, quinta passada.
https://www.youtube.com/watch?v=H8kAPovW01o
Mas no início da semana a banda já tinha mostrado a mesma faixa ao vivo, em um show em Santa Ana, na Califórnia.
A música, no entanto, já era conhecida dos fãs, pois o grupo a emprestou para o episódio “Happily Ever After” do seriado Shameless, exibido em dezembro do ano passado:
No mesmo show em Santa Ana o Spoon mostrou mais uma música inédita, “Do I Have To Talk You Into It”:
Interessante notar que as faixas mostradas até aqui – essas duas, a faixa-título e “Can I Sit Next to You?” – são as mais próximas ao Spoon tradicional do novo disco. Os toques eletrônicos de “WhisperI’lllistentohearit”, “Shotgun” e “First Caress”, o andamento sombrio de “Pink Up”, a psicodelia solar de “Tear it Down” e a fronteira jazz de “Us” – momentos que aproximam o grupo inesperadamente ao Radiohead – ainda não foram revelados ao ouvido público. Preparem-se.
E se alguém conseguisse condensar as cinco temporadas de Breaking Bad em um filme? Alguém fez isso – publiquei o vídeo lá no meu blog no UOL.
Quantos seriados assistimos pensando que alguns episódios talvez pudessem ser cortados ao meio ou em alguns casos eliminados para que a história pudesse ganhar em agilidade? Quantas séries épicas com várias temporadas e dezenas de episódios poderiam se beneficiar de um formato mais enxuto e direto como um filme com algumas horas? Breaking Bad é uma das primeiras séries a ser submetidas a este tratamento e foi reduzida a um filme de duas horas, editado por um fã. Se ficou bom? Confira você mesmo:
https://vimeo.com/video/206717304
Poderia ter ficado melhor? Pior? Diferente? Tanto faz. Há toda uma discussão sobre formatos e pós-produção que pode ser iniciada a partir deste exemplo – e quaisquer outros tipos de remixes existentes hoje em dia – que deveria estar no centro de nossa cultura atual.
Em mais uma abertura feita por um convidado – no caso Seth Green, do Frango Robô – os Simpsons invadem outros desenhos – postei essa (e outras) lá no meu blog no UOL.
Há quem diga que os Simpsons perderam a qualidade com o passar dos anos (embora seja difícil comparar com qualquer outro programa de TV, pois o desenho está em sua 28ª temporada), mas sua cena de abertura ainda segue como um dos principais pilares da cultura pop moderna, sempre buscando referências atuais para mostrar como a série continua importante. E algumas das aberturas mais geniais do desenho foram feitas em parcerias com outros autores, como eles fizeram na semana passada, ao entregar a abertura para Seth Green, o criador do desenho Frango Robô, da faixa de desenhos adultos do Cartoon Network, Adult Swim. Ele deu um sumiço no quadro com um barco que tradicionalmente orna a sala de TV dos Simpsons para fazer Homer procurá-lo em outros desenhos animados, passando por cima, inclusive, dos moleques de South Park, assista:
Não é a primeira vez que Seth Green assume o desafio de fazer uma abertura do desenho criado por Matt Groening – ele já havia feito uma versão dos Simpsons em 3D em 2013:
Tem um tempinho para assistir a todas as aberturas dos Simpsons desde a primeira até a temporada do ano passado? Então lá vai:
https://www.youtube.com/watch?v=SR8WWFzrZAg&list=PLRbf27-GCBWzCUxawlKoNdLCNT9Ay-kT4
E pra quem acha que os Simpsons não aguentam mais, más notícias: a Fox renovou com o seriado no final do ano passado para mais duas temporadas, garantindo que a família amarela alcance o posto de 30 anos em exibição ininterrupta. Nada mal…
A Fact descobriu que um comercial de 15 segundos foi ao ar nas emissoras de TV da Nova Zelândia, indicando que o próximo single de Lorde será lançado nesta quinta-feira.
https://www.youtube.com/watch?v=sVV1Rt7Cmak
Quem se animou com o andamento dance à la New Order da música? Lorde pode ser uma boa porta-voz contra a nuvem pesada que paira sobre o mundo com a ascensão de Trump, por isso a expectativa sobre seu próximo disco aumenta ainda mais…
O programa No Ar, da emissora de rádio estatal portuguesa Antena 3, registrou um especial sobre a passagem do grupo Autoramas por terras lusitanas em que eles aproveitaram para eternizar sua versão que fazem para o clássico new wave tuga do grupo Salada de Frutas, “Robot”, que tocam quando se apresentam no país.
E aqui vem a íntegra do programa, que ainda traz apresentações ao vivo das músicas “Quando a Polícia Chegar”, “Paciência”, “Música de Amor” e “Verão” e uma entrevista em que o casal Érika Martins e Gabriel Thomaz defende sua já clássica filosofia sobre rock’n’roll e diversão.
E se você não conhece o “Robot” original, prepare-se:
Genndy Tartakovsky ressuscita seu Samurai Jack para uma última e definitiva temporada – escrevi sobre o novo clássico lá no meu blog no UOL.
A criação mais radical de Genndy Tartakovsky parece que finalmente vai encontrar seu destino. Depois de anos vagando como a possibilidade de se transformar em um longa, a conclusão do épico marcial Samurai Jack finalmente acontece a partir do mês que vem, quando a quinta temporada do desenho animado encerra a saga de seu personagem-título. Serão dez episódios que resolvem uma série de questões que as quatro primeiras temporadas haviam deixado em aberto, além do drama principal de Jack. A nova temporada estreia no dia 11 de março, no canal norte-americano Adult Swim.
Samurai Jack é um samurai atirado num futuro após matar um mago vilão, Aku, seu principal nêmese. Vivendo numa época completamente diferente da sua, resta a Jack matar robôs enviados por Aku para destrui-lo. A nova temporada apresenta Jack cinquenta anos no futuro, sem envelhecer (efeito colateral das viagens no tempo), de barba e familiarizado com armas de fogo. Eis seu primeiro trailer:
Tartakovsky, cujas principais criações são os clássicos desenhos Laboratório de Dexter e Meninas Superpoderosas, além da série de longas de animação Hotel Transilvânia, decidiu retomar o desenho porque sempre que participava de eventos em escolas e universidades, ele era questionado sobre o final de Samurai Jack, cujas quatro primeiras temporadas aconteceram entre 2001 e 2004. Em entrevista à revista Empire, o artista disse que a conclusão exibida este ano é o final que ele sempre quis contar e que quebrou a cabeça nos últimos oito anos para transformar em um longa de animação. “É algo que sempre quis fazer em animação, na verdade, por muito tempo. É muito desafiador, mas se fizermos direito, vai deixar as pessoas às lágrimas.”
Eu, Tiê, Rico Dalasam e Maria Gadu fomos convidados para participar da transmissão ao vivo pelo Facebook que a TNT Brasil fez em sua página pouco antes da hora do Grammy 2017. Na transmissão conversamos sobre os indicados da edição do ano, além de particularidades sobre o mundo da música pop neste início deano.