Lindo o encerramento da temporada que o Gole Seco fez às segundas de setembro no Centro da Terra, quando puderam aprofundar suas diferentes personalidades musicais em espetáculos solo em que sempre contavam com a presença das outras três para um momento dedicado ao grupo vocal. A quinta apresentação – num mês com cinco segundas-feiras – trouxe o grupo mostrando novos arranjos em cima do repertório de seu primeiro disco, além das contribuições que cada uma trouxe para o grupo em suas apresentações individuais, funcionando como um balanço e compilação de melhores momentos da temporada. Assim, Loreta Colucci sugeriu “Derramou” de Alessandra Leão, única composição da noite que contou com um instrumento além das vozes, quando a própria Loreta puxou o violão; Giu de Castro pinçou sua parceria com o poeta alemão pré-romântico Goethe em “Distante Amor”; Niwa chamou Björk com as paisagens emocionais de “Jóga” e Nathalie Alvim fez todos chorar com os “Soluços” de Jards Macalé. Entre estas, brincaram e envolveram o público com exercícios, jogos e malabarismos vocais que ao mesmo tempo que eram uma deixa para exibir seus talentos no gogó, também tocaram a todos com uma sensibilidade à flor da pele, realçada pela bela luz de Letícia Nanni, que iluminou magistralmente as cinco noites. Foi demais!
Três artistas de gerações diferentes sincronizaram-se às frequências do Inferninho Trabalho Sujo nessa sexta-feira, quando realizamos mais uma edição no Cineclube Cortina. A noite começou com a estreia da maravilhosa Tontom, que fez seu primeiro show em São Paulo com a desenvoltura de artista estabelecida, que contrasta com seu ar pós-adolescente. Ela ainda trouxe uma banda da pesada, formada por uma parte boa da atual cena do Rio de Janeiro, com Paulo Emmery na guitarra, Vovô Bebê no baixo, Manuella Terra na bateria e Antonio Dalbo nos teclados, todos recriando o pop irresistível produzido e arranjado por Guilherme Lírio no ótimo EP Manias 2000. Ela ainda aproveitou para tocar músicas inéditas e versões, como “Gente Aberta” de Erasmo Carlos e o hit “Lunares” de sua irmã Raquel Dimantas, além de repetir seu hit “Tontom Perigosa” no bis.
Depois foi a vez do Cidade Dormitório submeter o público reunido em sua psicodelia psicodramática, que começou com o baterista Fábio Aricawa sozinho no palco com a guitarra. Foi uma introdução premonitória – e até singela – para a densa viagem promovida pelo grupo, que singrou pelos sentidos entre as paisagens emocionais desoladas das letras superpostas sobre os fractais multicoloridos do som, tudo isso conduzido pela bateria de Fábio ao lado do baixo pesado de João Mário e pelos solos em fúria e discursos intermimáveis de Yves Deluc e segunda guitarra de Lllucas, além de todos assumirem vocais em diferentes momentos do show. O público cantou junto com o grupo músicas de todos seus discos, como Esperando o Pior, Fraternidade-Terror, Verões e Eletrodoméstico e, claro, o recente Ruída ou O Começo Me Distrai, elevando o nível da noite para a catarse.
Quem fechou os trabalhos foi o grande Tatá Aeroplano, que subiu com sua Boate Invisível com duas mudanças na formação, pois dois músicos da banda estão em turnê pelo exterior – o sagaz Arthur Kunz segurou bem o ritmo de Bruno Buarque enquanto Bia Magalhães trouxe voz e carisma para compensar a ausência de Malu Maria. Mas Junior Boca, Dustan Gallas e Kika estavam lá chancelando o recente trabalho coletivo do mister, que começou a noite com músicas de seus discos mais recentes (Boate… e Não Dá Pra Agarrar), que consolidou essa nova formação de sua banda, mas também passeou por outros momentos de sua discografia, incluindo a versão que faz para “Ressurreições” de Jorge Mautner, encerrando os shows de sexta com o astral lá em cima. Foi demais!
Ao liderar uma apresentação formada por três vozes e três instrumentos, Inés Terra nos conduziu rumo ao desconhecido nesta terça-feira no Centro da Terra, quando mostrou ao lado de Paola Ribeiro e Panamby no espetáculo Língua Fora. A apresentação começou com cada uma das participantes desfiando suas vozes e instrumentos individualmente: primeiro a própria anfitriã, tocando um instrumento de corda e percussão chamado finnis terrae, tocado tanto com dedos quanto com um arco, seguida por Paola, que puxou seu berimbau, que também tocou com um arco, e finalizando com Panamby, à frente de um aya, um instrumento primo da cítara, tocado no colo. Cada uma delas usou seu instrumento como porta para suas performances vocais, os três centros da apresentação, que se alinharam ao final, em um transe entre a melodia e o ruído que nos jogou dentro do abismo. Intenso.
E Nathalie Alvim encerrou a série de apresentações solo que as quatro integrantes do grupo vocal Gole Seco vem apresentando dentro da temporada que elas estão fazendo no Centro da Terra nesta segunda-feira, ao reunir uma banda formada por Wagner Barbosa (teclados, baixo e synths), Ivan Liberato (guitarra) e Marco Trintinalha (bateria híbrida). Ancorando sua apresentação em seu primeiro EP, chamado Outro, ela aproveitou para apresentar músicas inéditas e visitar composições alheias com sua bela voz e sua presença de palco cativante, como quando visitou “Virgem” de Marina Lima acompanhada apenas de seu guitarrista ou “Soluços” de Jards Macalé acompanhada de suas parceiras de Gole Seco num arranjo escrito por ela mesma. Mas ainda não é o fim da temporada Gole a Gole, que aproveita que o mês tem cinco segundas-feiras para encerrar com uma apresentação inédita do grupo, que acontece no último dia deste mês.
“Que Xou da Xuxa é esse?”, esbravejou espantada Letrux logo no início de uma de suas apresentações no Sesc Vila Mariana neste fim de semana. Sampleando a mistura de frustração e indignação do meme recente de uma fã infantil para o contexto do show de seu terceiro álbum, Letrux Como Mulher Girafa, a vocalista Letícia Novais espantou de vez o fantasma da pandemia que ainda ficava à sombra nas últimas vezes que a vi ao vivo, ainda mostrando seu excelente Aos Prantos, segundo disco de tema trágico que teve a má sorte de ser lançado no dia em que o Brasil entrou em quarentena, há longos quatro anos. A nuvem preta que pairava sobre aquele disco e suas apresentações ao vivo já dissipou-se no horizonte (embora ela tenha feito questão de frisar que ainda sente sua inevitável presença), mas no novo show, ela juntou a força animal que dá o tom do disco para retomar a luz solar que vibrava com ela no palco, mesmo nos momentos noturnos, sejam pela melancolia ou pelo clima de balada. E foi nesse ritmo que ela abriu a noite, invertendo expectativas ao começar com a música que seria o bis, a contagiante “Flerte Revival”, chamar a banda para a frente do palco para saudar o público e apresentá-la músico a músico como se o show já estivesse no fim. Ela mesma abriu o show de fora do palco, vestida de leão, e com essa energia não deixou o clima cair em momento algum, mesmo que um fã estivesse disposto a passar o show inteiro conversando com ela – saia justa que Letícia tirou de letra. Ladeada por seus principais braços – o tecladista Arthur Braganti e a guitar heroine Navalha Carrera, ambos brilhando em momentos específicos – ela comandava uma banda que não perdia o pique, mesmo nos momentos mais intimistas e combinou músicas de seus três álbuns sem tirar o foco do disco mais recente, lançado no ano passado, sua arca de Noé particular em que reuniu canções animalescas para expurgar os anos de trevas que atravessamos. E ainda prometeu um show em que vai tocar seus três discos na íntegra. Um show intenso como sempre, mas, principalmente, alto astral.
O senhor Fabio Massari comemorou tornou-se oficialmente sexagenário nesta sexta-feira num evento em que redefiniu o conceito ligado à nova idade, afinal o Fabrique recebeu uma tríade de apresentações ao vivo que reuniu velhos roqueiros que vão para muito além do estereótipo ligado à vertente clássica do gênero, que quase sempre resvala num conservadorismo estético e, portanto, político. A bordoada sonora à qual o público que encheu a casa de shows na Barra Funda foi submetido a anticlichês que superaram probabilidades sonoras neste que esperamos que seja apenas a primeira edição do Massarifest, que poderá se tornar um encontro anual de cabeças abertas esperando por doses cavalares de ruído experimental, um recorte caro à audição do aniversariante. Perdi o show de abertura dos pernambucanos dos Devotos, mas cheguei a tempo de ver Paulo Barnabé desvirtuando andamentos e expectativas enquanto contrapunha vocais e letras tensas à frente de sua Patife Band, que além de engalfinhar-se em solos e mudanças de tempos entre a erudição e o jazz de vanguarda, ainda desfilou pérolas de seu disco de formação – o Corredor Polonês, de 1987, que inaugurou o que chamamos hoje de math rock -, fazendo o público cantar músicas como a faixa-título, “Tô Tenso” e a adaptação do “Poema em Linha Reta” de Fernando Pessoa, tocado logo após o pianista Paulo Braga entortar um improvável “Parabéns a Você”.
Mas as coisas ficaram pesadas mesmo quando o quinteto japonês Acid Mothers Temple subiu ao palco. Liderados pelo inacreditável guitarrista Kawabata Makoto e por seu comparsa Higashi Hiroshi, impávido nos synths apocalípticos, a instituição psicodélica do outro lado do mundo veio ao Brasil pela segunda vez com o novato Jyonson Tsu, que, além de cantar também alterna entre um alaúde grego chamado bouzouki e uma guitarra Telecaster japonesa dos anos 70, e uma cozinha inacreditável formada pelo baterista Satoshima Nani e pelo baixista Wolf. E apesar de Makoto ter o holofote sempre que começa a solar, é impressionante o que o baixista e o baterista fazem quando passam a conduzir as bases para o improviso sonoro, fundindo elementos de rock progressivo alemão a doses cavalares de noise e protopunk, transformando o grupo em uma usina de ruído rítmico de tirar o fôlego. Mas não há como desviar o olhar do guitarrista fundador da banda, que encarna um Jimi Hendrix alienígena, que empilha camadas de microfonia enquanto transforma seu instrumento em uma antena elétrica que capta ruídos do espaço sideral em músicas que ultrapassam os dez minutos. A apresentação culimou com uma tour de force de Makoto, quando este entregou seu instrumento para o público tocar antes de pendurá-lo no teto do palco, deixando-a sozinha ressoando ecos do cosmo. E quem ficou até o final ainda ouviu, sem saber, uma música nova dos Boogarins que o Mancha, que estava discotecando entre as bandas, tocou logo que a banda japonesa terminou.
Há um tempo venho falando que há uma nova geração na cena musical brasileira que está vindo com tudo. Uma molecada de parcos 20 anos que escuta todo tipo de música, vai atrás das referências, quer saber mais e mete a mão na massa, sem medo de quebrar a cara – afinal as coisas só acontecem quando elas são feitas. E nesta quinta-feira pudemos assistir a uma apresentação exemplar que não apenas mostra que essa geração não está para brincadeira, como estabeleceu um novo padrão de excelência. Quando Thalin, VCR Slim, Cravinhos, Pirlo e iloveyoulangelo subiram no palco do teatro do Sesc Pompeia para mostrar ao vivo aquele que é um dos principais discos de 2024, eles extrapolaram todas as expectativas e não apenas fizeram o melhor show do ano como elevaram o disco a um outro patamar. Podendo exibir no palco o disco Maria Esmeralda como o que ele realmente é – uma obra conceitual, com começo, meio e fim, que mistura referências gringas e brasileiras para contar uma história de perda, dor, sofrimento e redenção. E fizeram isso não apenas chamando quase todos os convidados do disco (Doncesão, Servo, Yung Vegan, Quiriku e Rubi – só Tchelo Rodrigues ficou de fora), como criando toda uma ambientação para apresentar tudo de forma espetacular: do cenário minimalista que criava uma sala de estar com sofá e poltrona, às projeções que misturavam cenas em preto e branco gravadas previamente com imagens captadas durante o próprio show, à luz de Olivia Munhoz e um roteiro redondo e fechado como um filme (com direito a créditos finais e sem bis), num show enxuto de menos de uma hora em que todos puderam brilhar sem perder o compromisso com o todo. Desde as bases disparadas por VCR Slim e Pirlo, aos vocais de Iloveyouangelo, Cravinhos (que também tocou lindamente violão e guitarra) e, em especial, a força que é Thalin, um MC único, de flow interminável, carisma natural e diferentes personagens em sua voz, a grande estrela da noite. Mas mesmo o brilho inacreditável dele não tirou o foco da história que estava sendo contada, que não pode ter a presença de Marília Medalha (escalada para a apresentação, não se sentiu bem para subir no palco, mas passa bem), mas teve duas faixas inéditas, participação de Matheus Coringa e fez o quinteto atingir um novo padrão de excelência tanto para os artistas de sua geração para os das anteriores. Parabéns ao Sesc Pompeia, que peitou uma ideia ousada de jovens que estão com sangue nos olhos e mostram os novos horizontes que estão despontando. A lua cheia no final só consolidou uma noite perfeita. O bom da música, já disseram, é que quando ela bate não dó.
Esta quarta-feira assistiu a um acontecimento ímpar e insólito: Jards Macalé tocando no palco do Picles! Não pelo fato do Macalé ser um gigante da MPB que só toca em casas de grande porte ou que o Picles nunca tenha recebido artistas maiores que o underground, mas pelo fato de conectar duas histórias contraculturais ainda em curso. Por toda sua vida Jards tocou para milhares ou dezenas de pessoas, com banda ou só com seu violão, então o palco do Picles em si não era uma novidade, mas pelo fato de sua presença dar uma espécie de bênção ao sobrado mais agitado do bairro de Pinheiros, chancelando a trajetória do Picles a uma história de cultura marginal que atravessa a história do Brasil. Sentado em uma poltrona de hotel cinco estrelas (especialistas em cadeiras devem reconhecer melhor o trono dado ao mestre), Jards subiu com seu violãozinho e contando causos entre as várias pérolas que trouxe para a noite, premiou o público da noite com uma apresentação de mais de uma hora, feliz e falante. No repertório, clássicos de seu primeiro álbum (“Farinha do Desprezo”, “Revendo Amigos”, “Mal Secreto” “Movimento dos Barcos” e “Let’s Play That”), vários hinos dos anos 70 (como “Negra Melodia”, “Boneca Semiótica”, “Anjo Exterminado”, “Soluços”, “Só Morto” e “Sem Essa”), duas bossas-novas (“Corcovado” e “O Pato”, em que fez um scat como se fosse uma dessas aves – ou seria um squack?) e músicas mais recentes (como “Falam de Mim”, “Meu Amor Meu Cansaço”, “Coração Bifurcado” e a novíssima instrumental “Um Abraço do João”, quando contou a história já clássica de seu telefonema para João Gilberto), boa parte delas cantada em uníssono pelo público fanático que lotava o Picles. A emoção era recíproca e Jards chegou a esquecer como se começava uma de suas músicas mais emblemáticas, “Vapor Barato”, que emendou com “Hotel das Estrelas” quase no final. Quando o encontrei depois do show, ele me explicou que sempre confunde o começo de “Vapor Barato” com “Movimento dos Barcos”, porque as duas começam com o autor falando em estar cansado. “Os anos 70 eram muito cansativos”, confessou, tirando todo o glamour que damos àquela década. E Jards repete o feito nesta quinta, quando toca pela segunda vez no Picles – também com ingressos esgotados.
Não foi apenas uma maravilha o encontro do Bufo Borealis com o guitarrista Lucio Maia no palco do Centro da Terra nesta terça-feira. A apresentação, batizada pela banda instrumental de Um Passo à Frente, realmente avançava adiante a cada minuto em que a noite mergulhava em sua escuridão, cada vez mais mexendo nas cabeças e corações do público que encheu o teatro para entrar naquela viagem. O amálgama jazz funk idealizado por Rodrigo Saldanha, Juninho Sangiorgio, Anderson Quevedo, Paulo Kishimoto, Tadeu Dias e Vicente Tassara começou a noite mostrando músicas de seu terceiro álbum, que ainda não tem data de lançamento definida mas deve sair entre este ano e o próximo, para só então receber o guitarrista pernambucano. Acompanhado do Bufo Borealis Lucio primeiro mostrou músicas de seu único álbum solo, o disco batizado com seu nome que lançou em 2019, para depois seguir o sexteto em composições de seus discos anteriores. E a cada nova jam, que atravessava minutos como se fossem horas e segundos ao mesmo tempo, o encontro das duas partes ia mostrando-se mais intenso e próximo, mas ninguém estava preparado para o que aconteceu quando os músicos caminharam rumo ao delírio cósmico que nos proporcionaram ao entrarmos num dos maiores momentos de melancolia psicodélica já ouvidos, quando erigiram um monumento não-palpável à tour de force que George Clinton provocou seu guitarrista Edie Hazel (à época da gravação, em 1971, com parcos 17 anos) a celebrar a dor da perda e a alegria da luz em homenagem à passagem de Jimi Hendrix. Ouvir “Maggot Brain”, do Funkadelic, esticada por dezesseis minutos no palco do Centro da Terra foi certamente um dos grandes momentos de 2024 – e não apenas para quem esteve presente nessa sessão especial. Afinal, essas frequências sonoras ainda estão por aí…
Que preciosidade a apresentação de Giu de Castro nesta segunda, quando o Gole Seco fez a terceira noite de sua temporada no Centro da Terra. Enquanto suas colegas Niwa e Loreta Colucci desdobraram seus trabalhos autorais nas noites anteriores, Giu, que ao contrário das duas primeiras (ainda) não tem seu primeiro disco solo, resolveu transformar o palco em sua primeira obra musical autoral, dividindo-a em quatro partes. Na primeira sentou-se ao piano para cantar duas músicas próprias sem letras, melodias profundas e apaixonadas cantaroladas sobre as teclas. Na segunda parte, convidou a poeta Antonia Perrone para acompanhá-la ao piano, enquanto Giu cantava versões musicadas por ela mesma – mais densas e pesadas que as primeiras – de poemas escritos por aquela amiga, depois de apresentar o contexto da criação ao projetar no telão uma conversa por Whatsapp entre as duas. Na terceira parte, chamou Loreta, Niwa e Nathalie Alvim, suas companheiras de grupo vocal, num jogo de luz e sombras e juntas cantaram a noturna “Noite Passada Uma Coruja Pousou no Meu Parapeito e Disse” e uma versão musicada para “Distante Amor”, do poeta alemão Goethe. Mas o centro da noite foi a última parte, quando apresentou Manual do Tempo de Um Dia, composto em parceria com o poeta e ator Gabriel Góes, separando quatro belíssimas canções univitelinas com a ajuda do piano de Nicholas Maia e do próprio Gabriel, que além de interpretá-las cenicamente e fazer pontuais segundas vozes, também fez as artes em texto no telão que também contextualizavam o processo criativo dos dois num híbrido de vídeo-arte com poesia concreta e, de novo, conversas de whatsapp. Manual… é uma obra pronta que mistura música, teatro, poesia e performance e é um começo arrebatador para uma carreira solo autoral – pois mesmo que as letras não sejam de Giu, as músicas e a concepção da apresentação são. “Compor um disco usando a mesma poesia”, como resumia um dos versos. Ela voltou para o bis quando cantou sozinha o poema de Goethe ao piano. Obrigado Giu pela linda noite mágica, – que espero ver rodando muito por aí…