Sente o nível da programação que apresentamos na Sala Adoniran Barbosa durante o mês que começa na semana que vem:
4/4 – Tom Zé apresenta um show em comemoração ao cinquentenário de seu disco de estreia, A Grande Liquidação
5/4 – Zé Geraldo, patrono do rock rural
7/4 – Voluntários da Pátria, tocando seu único disco com a mesma formação da gravação, incluindo Miguel Barella, Nasi, Gaspa, Thomas Pappon e Giuseppi Fripp
11/4 – Smack, a mítica banda pós-punk volta ao seu clássico Ao Vivo no Mosh, com Sandra Coutinho, Edgard Scandurra, Fabio Golfetti e Thomas Pappon
12/4 – Semiorquestra mostra seu disco de estreia, Jogos e Quitutes, em show gratuito
13/4 – Ascensão, de Serena Assumpção, é lançado em vinil, em show com Anelis Assumpção, Tulipa Ruiz e Curumin
14/4 – Dois clássicos grupos de rock de São Paulo, Skywalkers e Continental Combo, apresentam-se conjuntamente
18/4 – E Se Rupestre Vingaroda? é uma performance interativa idealizada por Mahal Pita, do BaianaSystem
19/4 – O grupo Bazar Pamplona mostra seu novo disco de graça
20 e 21/4 – Jards Macalé apresenta seu Besta Fera em duas apresentações
25/4 – Jonas Sá mostra seu ótimo disco Puber
27/4 – Ana Cañas apresenta seu disco Todxs
28/4 – Hamilton de Holanda apresenta sua homenagem a Jacob do Bandolim dentro da programação do evento Paulista Cultural
A cantora carioca Ava Rocha leva seu sensacional Trança para o palco da Adoniran Barbosa no Centro Cultural São Paulo nesta quinta, acompanhada de Tulipa e Gustavo Ruiz (mais informações aqui).
A programação de fevereiro no Centro Cultural São Paulo está quente! Dá uma sacada:
2, às 19h – Young Lights + Oceania, duas bandas indies da nova cena mineira
3, às 18h – Phill Veras, lançando seu disco Alma
7, às 21h – Saulo Duarte, lançando seu disco Avante Delírio
9, às 19h – Hurtmold com o músico Panda Gianfratti e abertura de Philip Somervell
10, às 18h – Magnolia Orquestra, com Bruno Morais e Tika, cantando músicas dos anos 40 e 50
14, às 21h – Síntese e Lucio Maia, juntos no mesmo show
16, às 19h – Maurício Pereira, lançando seu disco Outono no Sudeste
17, às 18h – Mãeana, direto do Rio de Janeiro
21, às 21h – Ava Rocha, lança seu disco Trança com a participação de Tulipa e Gustavo Ruiz
23, às 19h – Karnak apresenta a ópera-rock Nicodemus
24, às 18h – Forgotten Boys, fazendo uma retrospectiva em sua carreira
28, às 21h – Holger e Raça, bandas paulistanas com novos trabalhos
Mais informações lá no site do Centro Cultural São Paulo
Tulipa encerra o ciclo de seu ótimo Dancê neste fim de semana, quando consegue reunir todos os convidados de seu terceiro disco no palco do Sesc Pompeia. É um senhor time: o trio Metá Metá, pai e filho Cordeiro (seu Manoel e Felipe), o baterista Sergio Machado e o guru João Donato juntam-se à banda dela – que ainda conta com seu pai Luiz Chagas numa guitarra e seu irmão Gustavo Ruiz na outra – para tocar músicas do álbum de Tulipa e outras de seus repertórios – e é caminho natural para o disco de encontros que foi Dancê, nas palavras da própria cantora, que, à distância, consegue entender o EP Tu, lançado no ano passado, como desdobramento deste processo. Bati um papo com ela sobre o show destas noites de sábado e domingo (mais informações aqui) e ela chegou até a falar em disco novo…
Três anos depois, como você vê Dancê?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/tulipa-ruiz-2018-tres-anos-depois-como-voce-ve-dance
Qual foi o principal aprendizado deste disco?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/tulipa-ruiz-2018-qual-foi-o-principal-aprendizado-deste-disco
Como o disco conversa com Tu, que você lançou antes de encerrar o Dancê?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/tulipa-ruiz-2018-como-o-disco-conversa-com-tu-que-voce-lancou-antes-de-encerrar-o-dance
Fazer um show com todos os convidados sempre esteve nos planos?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/tulipa-ruiz-2018-fazer-um-show-com-todos-os-convidados-sempre-esteve-nos-planos
Dá pra esperar alguma surpresa deste show?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/tulipa-ruiz-2018-da-pra-esperar-alguma-surpresa-deste-show
E quais os próximos passos a partir deste show de encerramento?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/tulipa-ruiz-2018-e-quais-os-proximos-passos-a-partir-deste-show-de-encerramento
23 em quase sete horas.
Red Hot Chili Peppers – “One Hot Minute”
Linguachula – “Língua”
Karnak – “Cala A Boca Menina(o)”
Beck – “Novacane”
DJ Shadow – “What Does Your Soul Look Like, Pt. 4”
Olivia Tremor Control – “Define a Transparent Dream”
Legião Urbana – “Leila”
Blur – “Look Inside America”
Yo La Tengo – “Autumn Sweater”
Grenade – “Rubber Maid Heart”
Chemical Brothers – “Elektrobank”
Radiohead – “Electioneering”
Racionais MCs – “Tô Ouvindo Alguém Me Chamar”
Beastie Boys – “Three MCs and One DJ”
Massive Attack – “Exchange”
Pulp – “This is Hardcore”
Suede – “Everything Will Flow”
Flaming Lips – “The Spark That Bled”
Built to Spill – “Center of the Universe”
Planet Hemp – “12 Com Dezoito”
Mundo Livre S/A – “O Mistério do Samba”
Avalanches – “Since I Left You”
Wado – “Uma Raiz, Uma Flor”
Los Hermanos – “Retrato pra Iaiá”
Playgroup – “Number One”
N*E*R*D – “Run to the Sun”
Casino – “Samba-Dada”
Daft Punk – “Something About Us”
De Leve – “Essa é pros Amigos”
Marcelo D2 – “A Maldição do Samba”
BNegão + Seletores de Frequência – “V.V.”
Gabriel Muzak – “Estética Terceiro Mundo”
Danger Mouse – “My 1st Song”
Outkast – “Roses”
Curumin – “Solidão Gasolina”
Mombojó – “Absorva”
Hurtmold – “Chuva Negra”
Wilco – “At Least That’s What You Said”
Nação Zumbi – “Na Hora De Ir”
Supercordas – “3000 folhas”
Kassin + 2 – “Futurismo”
Gnarls Barkley – “Crazy”
Spoon – “Rhthm & Soul”
National – “Brainy”
Apples in Stereo – “Energy”
Vanguart – “Semáforo”
Benji Hughes – “You Stood Me Up”
Cut Copy – “Hearts on Fire”
Midnight Juggernauts – “Into the Galaxy”
Ladyhawke – “Paris is Burning”
Miami Horror – “Sometimes”
Xx – “Crystalised”
Cidadão Instigado – “Contando Estrelas”
Céu – “Bubuia”
Nina Becker – “Toc Toc”
Tulipa Ruiz – “A Ordem das Árvores”
Breakbot + Irfane – “Baby I’m Yours”
Metronomy – “The Bay”
Washed Out – “Eyes Be Closed”
Destroyer – “Kaputt”
Lana Del Rey – “Video Games”
Rapture – “Miss You”
Chromatics – “Lady”
Sexy Fi – “Looking Asa Sul, Feeling Asa Norte”
Frank Ocean – “Lost”
Poolside – “Harvest Moon”
Sambanzo – “Capadócia”
Arcade Fire – “Porno”
Glue Trip – “Elbow Pain”
My Bloody Valentine – “New You”
Unknown Mortal Orchestra – “So Good at Being in Trouble”
Lorde – “Royals”
Kendrick Lamar – “Bitch Don’t Kill My Vibe”
Sia – “Chandelier”
Criolo + Juçara Marçal – “Fio de Prumo (Padê Onã)”
Bixiga 70 – “100% 13”
Taylor Swift – “Blank Space”
Siba – “O Inimigo Dorme”
Ava Rocha – “Transeunte Coração”
Boogarins – “6000 Dias (Ou Mantra Dos 20 Anos)”
Tame Impala – “Let It Happen (Soulwax Remix)”
Emicida – “Mandume”
Beyoncé – “Formation”
Rihanna – “Needed Me”
Solange – “Cranes in the Sky”
BaianaSystem – “Cigano”
Otto – “Soprei”
Don L – “Eu Não Te Amo”
Flora Matos – “10:45”
Thundercat – “Friend Zone”
Angel Olsen – “Special”
Courtney Barnett – “Need a Little Time”
Stephen Malkmus + The Jicks – “Kite”
Karol Conká – “Fumacê”
Baco Exu do Blues + Tuyo – “Flamingos”
Luiza Lian – “Mira”
O grupo mineiro Porcas Borboletas apresenta um desdobramento de seu disco mais recente, Momento Íntimo, em única apresentação no palco do Centro da Terra, na próxima segunda-feira, dia 1° de outubro. Banheiro Químico parte dos dilemas do homem moderno apresentados no disco do ano passado para se aprofundar num aspecto ainda mais épico desta questão – “sondar a beleza deste ícone da modernidade”, como diz o vocalista Danislau. Para isso, a banda formada por Danislau TB (voz), Enzo Banzo (voz e guitarra), Moita Matos (guitarra), Chelo Lion (baixo), Ricardo Ramos (Synth e MPC) e Pedro Gongom (bateria), convidou nomes de peso para participar da única apresentação, como Tulipa Ruiz, Luiz Chagas, Nath Calan e Rafael “Chicão” Montorfano, além de iluminação de Gabriela Luiza e a trupe da Panamá Filmes. Conversei com Danislau e Enzo sobre o que eles irão aprontar nesta segunda.
O que é Banheiro Químico?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/porcas-borboletas-o-que-e-banheiro-quimico
Como este espetáculo se relaciona com o disco mais recente de vocês?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/porcas-borboletas-como-este-espetaculo-se-relaciona-com-o-disco-mais-recente-de-voces
Qual a diferença de apresentar este show num teatro?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/porcas-borboletas-qual-a-diferenca-de-apresentar-este-show-num-teatro
Como esse espetáculo pode se refletir nos próximos passos da banda?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/porcas-borboletas-como-esse-espetaculo-pode-se-refletir-nos-proximos-passos-da-banda
Pai de Tulipa e Gustavo Ruiz e guitarrista do Isca de Polícia, a mítica banda de Itamar Assumpção, o mestre Luiz Chagas finalmente começa a revelar seu faceta solo a partir das 20h desta quinta-feira, no Itaú Cultural, quando mostra músicas que vinha guardando na gaveta num show chamado Música de Apartamento acompanhado de uma banda que conta com Fábio Sá no baixo, Biel Basile na bateria, o filho Gustavo no violão e Chicão Montofarno nos teclados, além da presença de Ná Ozzetti, Suzana Salles, Gustavo Galo, Juliana Perdigão, Tulipa Ruiz, Felipe Cordeiro e Manoel Cordeiro (mais informações aqui). Conversei com o seu Luiz sobre esta nova fase de sua carreira.
Como surgiu a ideia de começar um novo trabalho a partir de um show?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/luiz-chagas-2018-como-surgiu-a-ideia-de-comecar-um-novo-trabalho-a-partir-de-um-show
O que é “Música de Apartamento”?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/luiz-chagas-2018-o-que-e-musica-de-apartamento
Quem é a banda que tocará contigo neste show?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/luiz-chagas-2018-quem-e-a-banda-que-tocara-contigo-neste-show
Você já irá gravar o disco ou é um processo que está sendo maturado ao vivo?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/luiz-chagas-2018-voce-ja-ira-gravar-o-disco-ou-e-um-processo-que-esta-sendo-maturado-ao-vivo
A volta do Isca de Polícia foi determinante para este novo trabalho?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/luiz-chagas-2018-a-volta-do-isca-de-policia-foi-determinante-para-este-novo-trabalho
Como este trabalho conversa com o seu trabalho com a Tulipa e o Isca de Polícia?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/luiz-chagas-2018-como-este-trabalho-conversa-com-o-seu-trabalho-com-a-tulipa-e-o-isca-de-policia
Quais os próximos passos a partir deste show de quinta-feira?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/luiz-chagas-2018-quais-os-proximos-passos-a-partir-deste-show-de-quinta-feira
Chego neste fim de semana na minha terrinha pra conferir a edição deste ano do PicNik, que tem Curumin, Anelis Assumpção, Rakta, Garotas Suecas, Tulipa Ruiz e muito mais (mais informações aqui).
Encontrei com os irmãos Tulipa e Gustavo Ruiz na véspera do lançamento de seu novo disco, batizado apenas como Tu, e eles ainda estavam decidindo questões de última hora. Tulipa me mostrava a capa recém-mudada do disco (“sem as bolinhas”, dizia lembrando da versão anterior) enquanto Gustavo se orgulhava da contracapa que havia acabado de ser fechada, bem como o lançamento físico do disco. Entendo errado e pergunto se havia entrado uma versão de “Físico”, um dos carros-chefes do disco mais recente, Dancê, de última hora no disco, mas eles falavam do lançamento em CD. “Ia ser só digital, mas as pessoas começaram a pedir o CD, então a gente resolveu fazer CD”, emenda a cantora. Me espanto com o “só digital” e eles entendem na hora: “Não, vinil a gente sempre vai querer fazer”, respondem quase juntos e rindo, concordando.
Os dois são uma unidade de trabalho, que dividiu-se em duas metades por questões práticas: uma delas expande-se protagonista, a outra retrai-se coadjuvante. Mas são o mesmo ser, a divisão é natural: Tulipa foi para os holofotes e Gustavo manteve-se coautor, músico e, principalmente, produtor. A união torna-se evidente a partir do próprio conceito do novo disco, que apesar de ser batizado a partir do apelido de Tulipa, também fala da parceria ao ser nomeado como o pronome da segunda pessoa e também com a sonoridade de dois, em inglês.
Tu é um disco a dois, apenas de voz e violão. “Ia ser um disco de releituras com as minhas zonas de conforto, mas o processo levou a gente pra outro lugar”, explica Tulipa, que conta que este formato em dupla com o irmão no violão vem sendo testado desde o início de suas apresentações, antes do lançamento de seu primeiro disco, em 2010. “Principalmente quando íamos para o exterior”, completa Gustavo.
“No ano passado a gente fez bastante esse formato, que eu chamo de ‘nude'”, conta Tulipa, a partir de variações da banda que a acompanhou no lançamento de seu terceiro disco, Dancê, de 2015. “Tínhamos três formatos, o full, com a metaleira, o redux, só com a banda, e o nude. E a gente começou a fazer muito show nesse formato e as músicas foram ficando diferentes, maduras ao mesmo tempo em que elas voltavam a ser como elas já tinham sido, voltando pra sua essência, que era quando compúnhamos a dois. Ficamos com a vontade de gravar esse disco, tirar uma foto desse momento.”
“Nossa intenção era gravar isso no México, que a gente tem ido com frequência, e lançar um disco ao vivo num teatro”, continua Gustavo. Mas um terceiro elemento entrou na equação e ajudou a mexer no destino daquele disco, que ainda era uma ideia.
“Desde quando fazíamos esse formato na época do Efêmera (seu primeiro disco), o Stepháne (San Juan, cantor, compositor e percussionista) falou que queria gravar a gente daquele jeito. Ele sempre esteve muito próximo da gente nos três discos, dando pitacos inclusive além da música, na arte. E ele sempre nos lembrava que esse formato era muito forte e aos poucos íamos percebendo isso, que ele tem uma força que chega mais perto do que com a banda, nas letras, na melodia”, lembra a cantora. “Daí o encontramos esse ano e ele está numa ponte Rio de Janeiro-Nova York porque agora ele é percussionista da banda do Bernard Purdie (um dos bateristas de James Brown) e ele tá nesse trânsito, terminando o disco dele com o Scotty Hard (produtor nova-iorquino que já trabalhou com a Nação Zumbi e Mamelo Sound Sytem). E, durante um almoço ele nos falou sobre isso e falou sobre gravar nesse formato, da conexão com o Scotty e, de repente, ‘por que a gente não grava nós três?'”
Os irmãos assentiram na hora – e estamos falando de agosto deste ano, três meses atrás. “Eu só começo a pensar em disco novo depois que acaba a turnê”, lembra Tulipa, explicando que a turnê do Dancê ainda tem shows marcados pra fevereiro do ano que vem. “E de repente aconteceu isso de um disco novo aparecer enquanto o outro disco ainda não tinha acabado. E no ano que vem eu quero gravar disco com banda de novo, por isso se a gente não gravasse aquilo ali, na hora, o momento ia passar. Era um negócio 1-2-3 e já, grava agora, lança agora. Porque depois pode ser que nem faça mais sentido.” Ela também gostou de ter anunciado um disco de surpresa, sem criar expectativas ou publicar foto que é o primeiro dia de gravação. “Isso parece que faz as pessoas cansarem do disco antes de ele sair. Eu mesmo canso!”
Mas o disco acabou ganhando outros contornos. “Achei que fosse ser um disco intermediário, um projeto intermediário só de releituras entre dois discos de inéditas, mas aos poucos ele foi ganhando corpo de quarto disco”, explica, enquanto lembra que, na semana anterior à ida para Nova York, ela e Gustavo compuseram cinco novas músicas. “Elas surgiram ainda aqui, na semana que a gente ia viajar” e lembra como compuseram a música em espanhol “Terrorista del Amor” durante um paad-thai oferecido por Ava Rocha em sua casa, que contou com a presença de Saulo Duarte e da fotógrafa Paola Alfamor.
“A gente tinha um monte de música a mais que íamos gravar, mas elas foram caindo. E também culpa desse 2017 transformador e difícil, que pautou muito a gente e ajudou a definir os critérios pra entender quais músicas que estariam no disco. Por conta desse momento difícil e conservador eu sabia que tinha que cantar ‘Pedrinho’ e ‘Desinibida’ de novo, que aliás são as mesmas pessoas, só que em corpos diferentes. Eu preciso me cercar desses personagens, ter eles do meu lado. A mesma coisa ‘Dois Cafés’ e ‘Algo Maior’, que têm coisas que a gente precisa dizer novamente.”
Esta última, gravada com o Metá Metá no finzinho de Dancê, nunca foi tocada ao vivo, à exceção de uma única apresentação, no Loki Bicho, quando os irmãos tocavam neste formato. “A Juçara (Marçal, do Metá Metá) estava lá e eu chamei ela na hora. E foi tão bonito, eu tava com dúvida na letra, postei a letra no Instagram e todo mundo cantou junto. Ela é uma espécie de mantra que é importante repetir, repetir, repetir…”
A entrada de Stepháne no novo disco, gravado no estúdio de Scotty no Brooklyn nova-iorquino, foi crucial para enxugar ainda mais as gravações. “É um disco falso simples”, continua Tulipa. “Ele só tem uma voz, sem coro, e eu adoro cantar coro. Ele só tem um violão. É muita síntese. A gente criou uma série de regras e ficou meio assustado, mas ficou assim, desse jeito, e o Stepháne foi muito importante nisso, pra me fazer achar uma voz, um jeito mais flat de cantar”. Só há overdubs de percussão em todo o disco e a única participação externa do disco é a de Adan Jodorowsky, filho do mago cineasta Alejandro, que Tulipa conheceu em duas oportunidades no México, num festival de literatura e outro de cinema, sempre recebendo homenagens pelo pai. Ao gravar em espanhol, ela queria entrar no idioma com um anfitrião nativo, para não parecer intrometida, e a sugestão do nome de Adan também surgiu às vésperas da gravação. E ao conectar Adan a uma música composta com Ava, ela não deixa de notar a conexão entre os pais cineastas, ambos românticos idealistas de outra época – “terroristas del amor”, afinal.
“O disco também vem de uma necessidade de fazer as coisas de um jeito mais simples. Precisei fazer um disco olho no olho, com o máximo de verdade e amor. A gente tá cansado, o colesterol tá alto nas hipernarrativas de tudo, as produções são todas megalomaníacas, e a linguagem, que é o básico, sempre fica por último”, continua a cantora. “Tu vem dessa necessidade de, no simples, ser muito legal. Nossa tecnologia mais de ponta é o humano”.
Tu já tem shows agendados para esse ano no Rio de Janeiro (dia 21 de novembro no Teatro Net), em São Lourenço (cidade mineira onde os dois foram criados, dia 8 de dezembro, em praça pública) e em São Paulo (no Sesc Pinheiros, dias 9 e 10 de dezembro) e no ano que vem em Salvador (no Teatro Castro Alves, dia 26 de janeiro) e no Psicodália (festival em Rio Negrinho, Santa Catarina, dia 13 de fevereiro).