Transcendendo entre o orgânico e o sintético

Maravilhoso o encontro entre Juçara Marçal e Thais Nicodemo que aconteceu nesta terça-feira no Centro da Terra. De frente uma pra outra, elas vinham em suas estações sonoras díspares: Juçara, além de cantar, soltava samples inusitados (sobrou até pro Hermeto!) e criava texturas eletrônicas estranhas, enquanto Thais, passeando por seu piano preparado, dava ao instrumento acústico timbres improváveis e tortos, além de ela mesma também cantar. Foi assim que atravessaram mais de uma hora no palco com seu espetáculo A Gente Se F* Bem Pra Caramba, usando canções para criar cápsulas de tempo para seguir o roteiro de cada música e desvirtuá-lo no percurso. Assim, a dupla abriu começou a noite com uma música da própria Juçara (“De Reis”, que ela escreveu para a peça Avenida Paulista, de Felipe Hirsch) e seguiu com músicas do Clima (“Isso É o Que Se Diz Irmão” em parceria com Guilherme Held, “Não Reparem”, esta com Juçara, e “Eu Não Duro” de seu primeiro disco solo), Rodrigo Campos (“Cavaquinho” e “Japonego”, outra parceria com Juçara), Brigitte Fontaine (“Il Se Passe des Choses”), Maria Beraldo (“Maria”), Manu Maltez (“Gasolina Cabaré”), Kau (“Merecedores”), Negro Leo (“Eu Lacrei”) e Kiko Dinucci (“Quem Te Come” e a música que dá título ao show, que encerrou a primeira parte da noite com o público sussurrando o mantra do refrão), além de “Hermética”, de Ava Rocha, que funciona como um bom exemplo da transposição da escritura original rumo à transcendência sonora criada a partir do atrito entre sons orgânicos e sintéticos. Um arraso musical que ainda pode contar com o chiaroscuro da luz de Olívia Munhoz como alicerce cênico.
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