Um pacto de sangue com Jards Macalé

JardsMacale

O bardo torto do samba carioca Jards Macalé segue atiçando a expectativa para seu novo disco, produzido por Kiko Dinucci, Thomas Harres e Rômulo Froes. Ainda sem título e com previsão de lançamento para fevereiro, seu disco foi introduzido pela pesada “Trevas” e que agora vem com uma face mais ensolarada e melódica com a faixa que compôs com Tim Bernardes, o samba-canção “Buraco da Consolação”, inspirado pela afinidade que os dois descobriram que tinham pelo disco Jamelão interpreta Lupicínio Rodrigues, gravado com a Orquestra Tabajara. Os arranjos de cordas são feitos por Thiago França.

Além da faixa nova, o resto do disco é descortinado num faixa a faixa feito exclusivamente para o Trabalho Sujo. Ele fala sobre as músicas que fez ao lado de Kiko (“Vampiro de Copacabana”), Tim (“Buraco da Consolação”), Rômulo, Kiko e Thomas (“Meu Amor, Meu Cansaço”), Kiko e Rodrigo Campos (“Peixe”, que conta com Juçara Marçal), Kiko, Thomas e Clima (“Longo Caminho do Sol”, dueto com Rômulo Froes), além das adaptações de poemas de Gregório de Mattos (“Aos Vícios” virou “Besta Fera”), Ezra Pound (“Canto I” que virou “Trevas”), Helio Oiticica (“Obstáculos”) e Capinam (“Pacto de Sangue”), esta última minha faixa favorita do novo álbum. Fala Jards!

Um mergulho no Álbum Branco

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Camilo Rocha e Guilherme Falcão me convidaram para participar de mais uma edição do Escuta, podcast do Nexo sobre música, que revisita o Álbum Branco, clássico disco duplo dos Beatles que comemora 50 anos neste 2018, com a presença de outros convidados, como Ricardo Alexandre, Tim Bernardes, Lorena Calabria e Regis Damasceno. Ouça abaixo:

https://soundcloud.com/escuta-nexo/07-album-branco

Música de Selvagem no CCSP

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O grupo instrumental finalmente junta os quatro vocalistas com quem gravou o disco Volume Único – Luiza Lian, Pedro Pastoriz, Tim Bernardes e Sessa – numa apresentação inédita nesta quinta-feira, no Centro Cultural São Paulo, a partir das 21h (mais informações aqui).

Professor Duprat – Maestro da Invenção

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Maior satisfação anunciar meu primeiro projeto como diretor artístico, que concebi ao lado dos novos compadres Arthur Decloedt, Charles Tixier e João Bagdadi. O espetáculo Professor Duprat – Maestro da Invenção, que acontece nos dias 6 e 7 de setembro, no teatro do Sesc Pompeia, começou como a ideia de uma celebração dos 50 anos da Tropicália que fugisse do trivial. Chamei João, do selo RISCO, para me ajudar a estruturar a produção, que por sua vez chamou Arthur (do Música de Selvagem) e Charles (do Charlie e os Marretas) para fazer a direção artística. Originalmente havia pensado na recriação do disco que o maestro Rogério Duprat havia lançado naquele 1968 – A Banda Tropicalista do Duprat -, mas logo ampliamos a homenagem para além da efeméride, contemplando todo o alcance de uma obra ainda desconhecida pela maioria do público, diferente de grande parte das músicas que arranjou.

Duprat, que entrevistei para a falecida revista Bizz no segundo semestre do ano 2000 ao lado do Fernando Rosa, mexeu nas bases de canções que hoje fazem parte do imaginário brasileiro: além das tropicalistas “Domingo no Parque” e “Baby”, grande parte das músicas d’Os Mutantes e de Gilberto Gil no início de suas carreira, “Construção” de @Chico Buarque, todo Ou Não de Walter Franco, “Maria Joana” de Erasmo Carlos, todo o Tropicália ou Panis et Circencis e outras tantas. Também foi pioneiro na música eletrônica no Brasil (estudou com Karlheinz Stockhausen e John Cage e foi colega de classe de Frank Zappa), célebre na música erudita contemporânea brasileira e trabalhou com trilha sonora para o cinema, publicidade e até tradução de livros.

A banda montada para apresentação inclui, além dos diretores musicais no baixo e bateria, André Vac (do Grand Bazaar), Mariá Portugal, Rafael “Chicão” Montorfano e Maria Beraldo (do Quartabê), Filipe Nader (também do Música de Selvagem e Trupe Chá de Boldo) e o mestre Thiago França, e o espetáculo ainda conta com Curumin, Tiê, Luiza Lian, Tim Bernardes, Jonas Sá e Jaloo como intérpretes das músicas imortalizadas com arranjos do maestro, morto em 2006. Mas como um espetáculo não é só música, convidamos Gui Jesus Toledo para fazer o som, Caio Alarcon para operar o monitor, Olivia Munhoz para cuidar da direção cênica e iluminação, Gabriela Cherubini e Flávia Lobo de Felício para ficar com o figurino e Maria Cau Levy para criar a identidade visual e a Francine Ramos para a assessoria de imprensa. Abaixo, o texto que escrevemos para apresentar o espetáculo, orgulhosos que estamos da homenagem que estamos fazendo para este farol de nossa música, que muitos ainda não conhecem (mais informações aqui).

***

Há meio século o Brasil conheceu o trabalho de um compositor erudito e professor acadêmico que revolucionou a música brasileira. O maestro Rogério Duprat é mais conhecido por sua imagem iconoclasta na capa do disco-manifesto Tropicália ou Panis et Circensis, onde, entre os jovens multicoloridos Gil, Caetano, Mutantes, Tom Zé e Gal Costa, aparecia adulto e monocromático segurando um penico como se fosse uma xícara de chá. A representação – referindo-se ao mictório de Duchamp – talvez seja a melhor tradução para a colossal contribuição deste músico não apenas ao movimento tropicalista quanto à música brasileira desde sua aparição.

O espetáculo Professor Duprat – Maestro da Invenção parte desta efeméride para jogar luz na biografia musical do maestro paulista. Influente não apenas no movimento que ajudou a conceituar (a Tropicália), como na história da música brasileira, Duprat é um dos principais compositores eruditos contemporâneos brasileiros, um dos grandes nomes na música para a publicidade do país, compositor de trilhas sonora para filmes como O Anjo da Noite e Marvada Carne, pioneiro na utilização de computadores na música (há mais de 50 anos), tradutor do único livro de John Cage publicado no Brasil, aluno e colega de nomes como Karlheinz Stockhausen, Pierre Boulez, Gilberto Mendes e Frank Zappa. E, claro, arranjador e maestro de obras de diferentes artistas como Mutantes, Caetano Veloso, Gal Costa, Chico Buarque, Gilberto Gil, O Terço, Nara Leão, Walter Franco, Sá, Rodrix e Guarabyra, Frenéticas, Erasmo Carlos, entre muitos outros.

A proposta da apresentação é trazer parte do repertório produzido por Duprat interpretado por artistas atuais que foram diretamente influenciados por seus feitos criativos. Concebido pelo jornalista, curador e crítico musical Alexandre Matias, do site Trabalho Sujo, com direção musical dos produtores Arthur Decloedt e Charles Tixier e produção executiva de João Bagdadi do Selo RISCO, para o palco do Teatro do Sesc Pompeia. O espetáculo costura músicas conhecidas do grande público (como”Domingo no Parque”, “Cabeça”, “Ave Lúcife”, “Construção”, Tuareg”, “2001”, “Irene”, “Não identificado”, “Índia”, “Futurível” e “Baby” entre outras) com arranjos ousados e a influência comercial e erudita de Duprat.

As canções serão apresentadas de forma não-linear e não-cronológica, ecoando diferentes épocas da biografia do maestro através de artistas como Curumin, Tiê, Jaloo, Tim Bernardes, Jonas Sá e Luiza Lian acompanhados por uma banda formada por Charles Tixier (Charlie e os Marretas), Arthur Decloedt (Música de Selvagem), Filipe Nader (Trupe Chá de Boldo), Thiago França (Metá Metá), Maria Beraldo Bastos, Mariá Portugal e Rafael “Chicão” Montorfano (Quartabê) e André Vac (Grand Bazaar).

Ficha técnica

André Vac: guitarra, violão e violino.
Arthur Decloedt: contrabaixo e MPC.
Charles Tixier: bateria, synths e MPC.
Curumin: vocal e bateria
Filipe Nader: sax alto e barítono, clarinete alto e souzafone.
Jaloo: vocal
Jonas Sá: vocal
Luiza Lian: vocal
Maria Beraldo: vocal, clarinete e clarone
Mariá Portugal: vocal, bateria e MPC
Rafael “Chicão” Montorfano: piano, synths e teclados.
Thiago França: sax tenor e flauta.
Tim Bernardes: vocal e guitarra
Tiê: vocal

Equipe:
Direção artística: Alexandre Matias, Arthur Decloedt e Charles Tixier.
Concepção e curadoria: Alexandre Matias
Direção musical: Charles Tixier e Arthur Decloedt.
Produção executiva: João Bagdadi.
Som: Gui Jesus Toledo.
Monitor: Caio Alarcon
Luz: Olivia Munhoz
Figurino: Gabriela Cherubini e Flavia Lobo de Felicio
Identidade visual: Maria Cau Levy
Assessoria de Imprensa: Francine Ramos.

SERVIÇO:
Professor Duprat – Maestro da Invenção
Dias 6 e 7 de setembro. Quinta, às 21h, e sexta, às 18h
Teatro
Ingressos: R$9 (credencial plena/trabalhador no comércio e serviços matriculado no Sesc e dependentes), R$15 (pessoas com +60 anos, estudantes e professores da rede pública de ensino) e R$30 (inteira).
Venda online a partir de 28 de agosto, terça-feira, às 12h.
Venda presencial nas unidades do Sesc SP a partir de 29 de agosto, quarta-feira, às 17h30.
Classificação indicativa: Não recomendado para menores de 12 anos.
Sesc Pompeia – Rua Clélia, 93.

Vida Fodona #562: As 75 melhores músicas de 2017

VidaFodona562

Depois de um tempo offline, mais de cinco horas de músicas do ano passado.

Taylor Swift – “Look What You Made Me Do”
MC G15 – “Cara Bacana”
Simone & Simaria + Anitta – “Loka”
Missy Elliott + Lamb – “I’m Better”
Xx – “Say Something Loving”
Phoebe Bridgers – “Motion Sickness”
Katy Perry – “Chained To The Rhythm”
Frank Ocean – “Provider”
Anelis Assumpção – “Receita Rápida”
Nill – “Minha Mulher acha que eu sou o Brad Pitt”
MC Fioti – “Bum Bum Tam Tam”
Busy P + Mayer Hawthorne – “Genie”
Elo da Corrente + Geovana – “Mariana”
Arcade Fire – “Creature Comfort”
Criolo – “Menino Mimado”
Gorillaz + Popcaan – “Saturnz Barz”
MC Kevinho + Wesley Safadão – “Olha a Explosão”
Lana Del Rey + The Weeknd – “Lust for Life”
Four Tet – “Planet”
Washed Out – “Get Lost”
N*E*R*D + Rihanna – “Lemon”
Dua Lipa – “New Rules”
Major Lazer + Anitta + Pabllo Vittar – “Sua Cara”
Beck – “I’m So Free”
Paramore – “Hard Times”
Nego do Borel + Anitta + Wesley Safadão – “Você Partiu Meu Coração”
Lana Del Rey – “Love”
Criolo – “Lá Vem Você”
Cardi B – “Bodak Yellow”
Lorde – “Green Light”
Pabllo Vittar – “K.O.”
Audac – “Hollanda”
Luiza Lian – “Oyá”
Giovani Cidreira – “Vai Chover”
Don L + Diomedes Chinaski – “Eu Não Te Amo”
Frank Ocean – “Chanel”
Tyler the Creator + Frank Ocean – “911” / “Mr. Lonely”
Otto – “Soprei”
Rincon Sapiência – “Ponta de Lança (Verso Livre)”
Anitta – “Paradinha”
Floating Points – “Ratio”
Haim – “Want You Back”
Elza Soares + Pitty – “Na Pele”
Rodrigo Ogi + Marcela Maita – “Nuvens”
Kendrick Lamar – “DNA”
Letrux – “Além de Cavalos”
Ed Sheeran – “Shape of You”
Giovani Cidreira – “Movimento da Espada”
Charlotte Gainsbourg – “Deadly Valentine (Soulwax Remix)”
Rakta – “Rodeados pela Beleza”
Courtney Barnett + Kurt Vile – “Let it Go”
Lorde – “Perfect Places”
Fleet Foxes – “Third of May / Odaigahara”
Maglore – “Clonazepam 2 Mg”
The War on Drugs – “Thinking of a Place”
Letrux – “Coisa Banho de Mar”
LCD Soundsystem – “How Do You Sleep?”
Brian Eno + Kevin Shields – “Only Once Away My Son”
Metá Metá – “Odara Elegbara”
Rincon Sapiência – “Crime Bárbaro”
Far From Alaska – “Cobra”
Flora Matos – “Perdendo o Juízo”
Thundercat – “Friend Zone”
Spoon – “Hot Thoughts”
Boogarins – “Foimal”
Kamasi Washington – “Truth”
Kelela – “LMK”
Kendrick Lamar – “Humble”
Rincon Sapiência – “Meu Bloco”
Baco Exu do Blues – “Te Amo Disgraça”
Tim Bernardes – “Ela”
Letrux – “Que Estrago”
Kiko Dinucci + Juçara Marçal – “Chorei”
Angel Olsen – “Special”
Chico Buarque – “As Caravanas”

Tem também no Spotify com as músicas que têm no Spotify:

Aliás, siga-me no Spotify por aqui.

As 75 melhores músicas de 2017: 5) Tim Bernardes – “Ela”

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“Mas eu vejo, eu vejo…”

Os melhores discos de 2017: 8) Tim Bernardes – Recomeçar

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“A dor do fim vem pra purificar”

Os indicados de 2017 da APCA

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Mais uma leva de indicados às categorias anuais da categoria de melhores do ano em Música Popular de acordo com o júri da Associação Paulista de Críticos de Arte, do qual faço parte. Depois das duas levas de discos (do primeiro e do segundo semestre), agora é a vez de saber quem são os indicados nas categorias artista do ano, show do ano, artista revelação e música do ano. A Adriana os antecipou em sua coluna no UOL e eu os trago pra cá. São eles:

ARTISTA DO ANO
Anitta
Chico Buarque
Mano Brown
Rincon Sapiência
Tim Bernardes

SHOW DO ANO
Cidadão Instigado – 20 anos
Curumin – (Boca ao vivo)
Far From Alaska – (Unlikely ao vivo)
Luiza Lian – (Oyá Tempo ao vivo)
Mano Brown – (Boogie Naipe ao vivo)

ARTISTA REVELAÇÃO
Baco Exu do Blues
Giovani Cidreira
Linn da Quebrada
My Magical Glowing Lens
Pabllo Vittar

MÚSICA DO ANO
Baco Exu do Blues – “Te Amo Disgraça”
Chico Buarque – “As Caravanas”
MC Fioti – “Joga o Bum Bum Tam Tam”
Pabllo Vittar – “K.O.”
Rincon Sapiência – “Meu Bloco”

Além de mim, votaram também nos indicados Marcelo Costa e José Norberto Flesch. O resultado da votação será divulgada na semana que vem.

25 discos brasileiros para o segundo semestre de 2017

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Eis os 25 brasileiros escolhidos na categoria melhor disco do segundo semestre deste ano pelo júri da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), do qual faço parte.

1) Apanhador Só – Meio Que Tudo é Um
2) Baco Exu do Blues – Esú
3) Barbara Eugenia e Tatá Aeroplano – Vida Ventureira
4) Chico Buarque – Caravanas
5) Djonga – Heresia
6) Edy Star – Cabaré Star
7) Far From Alaska – Unlikely
8) Flora Matos – Eletrocardiograma
9) Guilherme Arantes – Flores e Cores
10) João Bosco – Mano Que Zuera
11) Letrux – Em Noite De Climão
12) Linn da Quebrada – Pajubá
13) Maglore – Todas as bandeiras
14) Nação Zumbi – Radiola NZ
15) Negro Leo – Action Lekking
16) Nina Becker – Acrílico
17) Os Paralamas do Sucesso – Sinais do Sim
18) Otto – Ottomatopeia
19) Pato Fu – Música de Brinquedo 2
20) Paulo Miklos – A Gente Mora No Agora
21) Rimas & Melodias – Rimas & Melodias
22) Rodrigo Ogi – Pé no Chão
23) Tiê – Gaya
24) Tim Bernardes – Recomeçar
25) Vitor Ramil – Campos Neutrais

É a segunda lista de discos que soltamos este ano – a do primeiro semestre pode ser lida aqui. O júri é composto por mim, José Norberto Flesch e Marcelo Costa e o Pedro a publicou em primeira mão linkando todos os discos para ouvir em seu blog no Estadão.

Vida Fodona #559: Um upgrade, né?

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Retomando a periodicidade…

Holy Fuck – “Red Lights”
Angel Olsen – “Specials”
Electrelane – “The Valleys”
Maglore – “Quando Chove no Varal”
Metá Metá – “Angoulême”
Hüsker Dü – “Pink Turns to Blue”
Hüsker Dü – “She Floated Away”
Hüsker Dü – “Never Talking to You Again”
Hüsker Dü – “Green Eyes”
Hüsker Dü – “She’s A Woman (And Now He Is A Man)”
Hüsker Dü – “Turn on the News”
Deee-Lite – “Deee-Lite Theme”
BaianaSystem + Titica – “Capim Guiné”
Glue Trip – “La Edad Del Futuro”
Tatá Aeroplano + Bárbara Eugenia – “Luz no Fim do Mundo”
Tim Bernardes – “Ela Não Vai Mais Voltar”
Rimas & Melodias – “Origens”
Baco Exu do Blues – “Te Amo, Disgraça”
Flora Matos – “Perdendo o Juízo”
Bonifrate – “Lei de Remédios”
Depeche Mode – “Heroes”
Courtney Barnett + Kurt Vile – “Continental Breakfast”
Gus Gus – “Polyesterday”
Neil Young – “Ride My Llama”
The National – “Nobody Else Will Be There”