No calar de 2014 Thom Yorke lançou mais uma música nova ao mesmo tempo em que abriu sua conta no Bandcamp.
so continuing the ‘experiment’ (kind of !!) Tomorrow’sModernBoxes is now on @BandCamp
http://t.co/N9NPkMYFrs
— Thom Yorke (@thomyorke) December 26, 2014
Segundo Thom, Bandcamp é “menos técnico para algumas pessoas do que o BitTorrent e ele funciona em dispositivos móveis da Apple, incluindo o streaming”. A nova música chama-se “Youwouldn’tlikemewhenI’mangry” – e não custa lembrar que o Radiohead está gravando disco novo para este ano…
Será?
Queen – “Crazy Little Thing Called Love”
Beyoncé – “Rocket”
Ramona Lisa – “Dominic”
Yumi Zouma – “A Long Walk Home for Parted Lovers”
Slow Club – “Suffering You, Suffering Me”
Céu – “Piel Canela”
Criolo – “Pegue pra Ela”
Aphex Twin – “produk 29”
Thom Yorke – “Guess Again!”
Ty Segall – “Manipulator”
Flying Lotus – “Tesla”
Caribou – “Your Love Will Set You Free (c2’s Set U Free RMX)”
Panda Bear – “Mr Noah”
AlunaGeorge – “Supernatural (Pomo Remix)”
Sylvan Esso – “Coffee”
Bryan Ferry – “Loop De Li (Leo Zero Remix)”
Vambora!
Eric Clapton – “For Jack”
Thom Yorke – “Guess Again!”
Maurício Takara – “Limpo”
Aphex Twin – “Xmas_Evet10 (Thanaton3 Mix)”
Flying Lotus + Kendrick Lamar – “Never Catch Me”
MØ – “Walk This Way (Slowolf Remix)”
André Paste + We Are Pirates – “Island”
Taylor Swift – “How You Get The Girl”
Paula – “Totally Nice”
Melody’s Echo Chamber – “Shirim”
Grauzone – “Eisbär”
Onyeabor – “When The Going Is Smooth & Good”
Inevitável falar do disco novo de Thom Yorke na minha coluna no Brainstorm9, afinal, mais uma vez voltamos a questionar o sentido de cobrar por algo que todo mundo pode ter de graça?
A natureza da rede
O Radiohead expande seus experimentos ao lançar um disco solo de Thom Yorke via torrent pago
Falei pra ficar de olho no Radiohead.
No início de setembro o grupo lançou a atualização do aplicativo PolyFauna, que comentei numa coluna anterior. Há três semanas, o vocalista da banda Thom Yorke twittou uma imagem de um vinil branco, causando furor na enorme base de fãs do Radiohead sobre a possibilidade do grupo estar realmente voltando – e de já ter um disco prontinho e prensado.
Na semana seguinte ele twittou que estava no segundo dia de gravação do próximo disco da banda, ao mesmo tempo em que causou dúvidas sobre qual seria aquele vinil branco que havia publicado anteriormente.
Eis que na sexta passada ele anunciou a novidade – que estaria lançando seu novo disco solo, o segundo produzido por Nigel Godrich, seu parceiro tanto como produtor do Radiohead quanto na banda Atoms for Peace, que ainda conta com Flea, o baixista dos Red Hot Chili Peppers, na formação.
Tomorrow’s Modern Boxes, no entanto, não é só um disco. Foi anunciado abruptamente não só como uma continuação do trabalho solo de Thom Yorke, mas, principalmente, como um experimento. No site do Radiohead um texto explica que o lançamento não é apenas um novo disco. É um experimento.
“Como um experimento estamos usando uma nova versão do BitTorrent para distribuir o novo disco de Thom Yorke.
Os arquivos Torrent devem ser pagos para se ter acesso a alguns arquivos.
Os arquivos podem ser qualquer coisa, mas neste caso eles são um “álbum”.
É um experimento para ver se as mecânicas do sistema são algo que o público em geral pode se envolver.
Se funcionar bem pode ser uma forma eficaz de permitir o controle do comércio via internet de volta às pessoas que criam o trabalho.
Permitindo que elas possam fazer tanto música, vídeo ou qualquer tipo de conteúdo digital para elas mesmos colocar à venda.
Ultrapassando os autodenominados seguranças na porta de entrada.
Se funcionar qualquer um pode fazer como nós fizemos.
O mecanismo torrent não requer nenhum servidor para fazer upload ou custos de hospedagem ou esse papo-furado de “nuvem”.
É uma vitrine de loja embutível e autocontinda…
A rede não apenas carrega o tráfico de dados, ela também hospeda os arquivos. Os arquivos estão na / são a rede.”
Em outras palavras, Thom Yorke lançou o primeiro torrent pago da história da música. Embora atualizações via torrent sejam comuns no mundo dos games, esta é a primeira vez que um artista de tal grandeza utiliza um formato amplamente difundido mas pouco comercializado.
O torrent, para quem não conhece, é a continuação da horizontalização da distribuição de conteúdo digital que começou com o Napster, em 1999. Naquela época, o programa permitia que qualquer computador pudesse funcionar como servidor e qualquer um poderia baixar músicas – ou qualquer outro tipo de arquivo – direto do computador de outras pessoas, seja um vizinho de porta ou alguém do outro lado do planeta.
Essa mudança de lógica subverteu completamente o parâmetro dos downloads digitais na última década do século passado. Antes era preciso encontrar um servidor em que você pudesse hospedar os arquivos que queria distribuir para o público – e naquele tempo pré-Dropbox, pré-Google Drive, pré-”nuvem” e pré-banda larga isso não era fácil de se fazer. Se criar um site para publicar conteúdo em texto ainda era uma tarefa complicada (que veio ser simplificada quando a PyraLabs de Evan Williams inventou o Blogger e popularizou o conceito de blogs), fazer o mesmo com arquivos em áudio era trabalho para poucos nerds que manjavam de internet e programação de computadores (atividades que ainda não haviam se misturado).
O Napster permitiu que todo mundo pudesse baixar conteúdo de todo mundo, sem que fosse preciso se pendurar num servidor principal – traduziu para os downloads o próprio conceito da internet. Mas ainda era preciso esperar um download acabar para o próximo começar e a solução para isso foi a criação da tecnologia torrent – um tipo de arquivo que picota em milhares de pedaços o conteúdo digital e distribui esses pedaços entre as pessoas que estão o compartilhando.
Isso quer dizer que você não precisa esperar todo um arquivo baixar para começar a permitir que ele seja baixado por outra pessoa, a partir da sua máquina. Se um pedacinho de um disco ou filme já está em seu HD, ele já pode ser baixado. O programa de torrent avisa quando todos os pedaços forem baixados e o download estiver completo.
O formato torrent é o motor do Pirate Bay, o maior site de downloads ilegais do mundo. Sua brecha jurídica é que ele não está permitindo o download dos filmes em si – apenas de um arquivo que permite que várias pessoas baixem um arquivo de outra pessoa. Quanto mais gente baixando, melhor a qualidade da conexão e mais rápido chega o download – ao mesmo tempo que torna-se mais difícil descobrir quem é o pirata original.
Filmes, séries, softwares, discos, livros e videogames são baixados às toneladas diariamente por milhões de pessoas no mundo inteiro – de graça. O desafio lançado por Thom Yorke é meio parecido com quando a banda perguntou ao público quanto ele queria pagar pelo disco In Rainbows, de 2007. A evolução vem em duas partes: a primeira permite o download gratuito de algumas faixas do disco, que funcionam como um aperitivo, e a segunda vem com a utilização do formato torrent.
Essa é a mudança interessante de paradigma. Por mais que os torrents sejam populares, o Radiohead acredita que eles podem ser populares inclusive para conseguir que o público pague por conteúdo digital – e não apenas música. Se o experimento do segundo disco de Thom Yorke der certo, tudo indica que o Radiohead tentará utilizar esse mesmo formato para seu próximo disco (e seus próximos clipes? Seus próximos aplicativos?) e abrirá, mais uma vez, uma nova trilha para artistas de toda sorte tentar buscar novo contato com seu público. A banda sabe que está falando também com gente que nunca baixou um torrent na vida e fez questão de explicar o passo a passo no site do BitTorrent.
Em uma semana de lançamento, o disco foi baixado um milhão de vezes, entre as versões paga e gratuita. Quem vende um milhão de discos em 2014?
Mas há um conceito bem mais interessante do que simplesmente como comercializar conteúdo na internet escondido no final do manifesto, na parte em que diz que os arquivos “são/estão na rede”. É uma reflexão interessante que não diz respeito apenas à natureza da internet para além das simples conexões estruturais (afinal, para que serviria a rede se não existissem pessoas?) como também sobre o futuro da rede, que pode misturar forma e conteúdo cada vez mais, mudando, inclusive, os rumos da arte, do comportamento e da cultura. E, portanto, do que é ser humano.
Vamo acelerar o ritmo?
Tiê – “Isqueiro Azul”
Adriano Cintra – “Animal”
Metrô – “Cenas Obscenas”
Hall & Oates – “You Make My Dreams Come True”
Bonnie Tyler – “Total Eclipse of the Heart”
Journey – “Don’t Stop Believin'”
Johnny Thunders – “You Can’t Put Your Arms Around a Memory”
Carpenters – “I Need to Be in Love”
Pink Floyd – “Summer’68”
Simplício Neto & Os Nefelibatas – “Segunda-feira em Oz”
Jaloo – “Downtown”
Amadou & Mariam – “Ce N’est Pas Bon (A JD Twitch edit)”
Thom Yorke – “There Is No Ice (For My Drink)”
Aphex Twin – “Produk 29”
Jamie Xx – “Girl”
É isso aí: o vinil branco de Thom Yorke é seu segundo álbum solo, chamado Tomorrow’s Modern Boxes, que, além do vinil, também será vendido e distribuído via… torrent! Abaixo, a declaração dada pelo Radiohead em seu site, um claro manifesto:
Como um experimento estamos usando uma nova versão do BitTorrent para distribuir o novo disco de Thom Yorke.
Os arquivos Torrent devem ser pagos para ter acesso a alguns arquivos.
Os arquivos podem ser qualquer coisa, mas neste caso é um “álbum”.
É um experimento para ver se as mecânicas do sistema são algo que o público em geral pode se envolver.
Se funcionar bem pode ser uma forma eficaz de permitir o controle do comércio via internet de volta às pessoas que criam o trabalho.
Permitindo que elas possam fazer tanto música, vídeo ou qualquer tipo de conteúdo digital para elas mesmos colocar à venda.
Ultrapassando os autodenominados seguranças na porta de entrada.
Se funcionar qualquer um pode fazer como nós fizemos.
O mecanismo torrent não requer nenhum servidor para fazer upload ou custos de hospedagem ou esse papo-furado de “nuvem”.
É uma vitrine de loja embutível e autocontinda…
A rede não apenas carrega o tráfico de dados, ela também hospeda os arquivos. Os arquivos estão na / são a rede.
Tomorrow’s Modern Boxes já está à venda via Torrent (algumas faixas podem ser baixadas de graça, o disco inteiro custa seis dólares) e também em vinil, no site da banda. Segue um aperitivo, além das faixas abaixo:
“A Brain in a Bottle”
“Guess Again!”
“Interference”
“The Mother Lode”
“Truth Ray”
“There is No Ice (For my Drink)”
“Pink Section”
“Nose Grows Some”
Mas isso não quer dizer que o Radiohead não venha com algo novo por aí…
Aconteceu neste fim de semana: Thom Yorke twittou uma foto em seu tumblr em que mostrava apenas um disco branco girando numa vitrola (que foi retwittado em seguida por Nigel Godrich, produtor do Radiohead e colaborador de Thom no projeto Atoms for Peace):
— Thom Yorke (@thomyorke) September 21, 2014
Já fomos avisados através de uma atualização de aplicativo que algo está acontecendo no universo do Radiohead em 2014. Será que o novo disco já está pronto pra chegar?
Thom Yorke segue twittando pistas e, entre letras antigas e velhos desenhos do colaborador Stanley Donwood, que trabalha com a banda há vinte anos, anunciou em um tweet cifrado, que o Radiohead estaria em seu segundo dia de estúdio. Eis uma compilação dos tweets recentes:
Stanley & me going thru15years of discarded words & pictures..!while overdubs happen in Radiohead studio.2nd day only pic.twitter.com/XP3TZVeMzq
— Thom Yorke (@thomyorke) September 23, 2014
— Thom Yorke (@thomyorke) September 23, 2014
— Thom Yorke (@thomyorke) September 23, 2014
— Thom Yorke (@thomyorke) September 23, 2014
— Thom Yorke (@thomyorke) September 23, 2014
Eles não explicam, no entanto, o misterioso vinil branco que apareceu rodando em um tweet do vocalista da banda na semana passada. Como foi retwittado por Nigel Godrich, que é produtor do Radiohead mas também integrante da banda paralela de Yorke, Atoms for Peace, muitos cogitam que talvez seja um novo lançamento do projeto, não necessariamente um disco novo – mesmo porque a imagem mostrava um material gráfico semelhante ao do primeiro disco solo de Thom e ao do último disco do Atoms…, Amok.
Mas há dois meses Yorke vem postando em seu tumblr cenas inóspitas de árvores alienígenas ou tocos de árvores e obeliscos solitários. A temática visual do disco mais recente do Radiohead, The King of Limbs, de 2011, era toda inspirada em árvores cheias de galhos – e agora ele vem com essa…
Na minha terceira coluna para o Brainstorm #9 pego como gancho o update do aplicativo do Radiohead para falar da importância do grupo de Thom Yorke hoje em dia.
“Você não é um aplicativo”
Por que prestar atenção no Radiohead
Setembro de 2014 começou com uma expectativa parecida com a do final de setembro de 2007: com a iminência de um novo disco do Radiohead, anunciado de supetão. No início deste ano, em fevereiro, o grupo inglês anunciou o lançamento de seu próprio aplicativo para celulares, chamado PolyFauna. O app misturava imagens e músicas do disco mais recente da banda, The King of Limbs, funcionando como um acessório multimídia ao disco, um extra digital que anunciava, à entrada que “sua tela é a janela para um mundo em evolução”.
A evolução começou a acontecer no início deste mês, quando o grupo atualizou o aplicativo com novas trilhas e imagens. O mundo pop ergueu suas orelhas: tem um disco novo do Radiohead a caminho. Os cínicos de sempre menosprezaram a notícia como se a banda precisasse de um truque de marketing para chamar atenção, tratando a novidade como se fosse uma atitude idêntica ao recente truque do U2 de embutir seu novo disco no novo iPhone (uma “novidade” que Ivete Sangalo já tinha apresentado em 2007 ao empacotar seu novo disco dentro do w200 da Ericsson).
Ainda nem sabemos se o disco novo virá mesmo através de um aplicativo – isso pode ser anunciado de repente, sem o menor alarde -, mas em se tratando de Radiohead a novidade está longe de ser uma “grande sacada” definida em uma reunião para saber como chamar atenção no próximo disco.
O app tem mais a ver com os experimentos multimídia de Björk – que também lançou um aplicativo completmentar a seu disco mais recente, Biophilia – mas não é só isso. É mais um passo na luta do grupo em conseguir um diálogo mais direto com seus ouvintes sem precisar lidar com intermediários gigantescos que pouco respeitam a estética da banda. Vale rebobinar um pouco a história para nos lembrarmos de outros atos protagonizados pelo grupo.
Depois de aparecer com o hit “Creep” do disco Pablo Honey, o grupo começou a distanciar-se do britpop e até do grunge (sério, muita gente chamava o Radiohead de “resposta inglesa ao Nirvana”) em seu segundo disco, The Bends, de 1995. Dois anos depois afastavam-se de vez do que sua geração estava fazendo ao atirar-se na música eletrônica e no rock progressivo em seu primeiro clássico, OK Computer, que lhe rendeu uma reputação que a permitiu tomar o tempo que precisava para gravar seu novo álbum.
No ano 2000 o grupo lançaria o enigmático Kid A, um disco em que a paixão do Radiohead pela eletrônica de vanguarda da gravadora Warp (casa de nomes como Aphex Twin, Boards of Canada e Autechre) foi exacerbada ao ponto de fazer as canções entrarem em colapso e começarem a se misturar com texturas, efeitos, vocais e riffs desconexos, melodias esparsas. Não bastasse isso, o disco ainda foi atropelado pelo recém-lançado Napster, o programa que permitia a qualquer um baixar músicas de graça dos computadores de outras pessoas. Ou foi Kid A que atropelou o Napster?
A data de lançamento do disco era outubro, mas, de alguma forma (muitos apostam ter sido a própria banda), o disco apareceu no Napster três meses antes do lançamento original. Além de causar desconfiança entre os ouvintes – afinal, o disco era muito diferente de tudo que o grupo já havia lançado – ainda inverteu a expectativa da indústria fonográfica, que apostava que aquele seria um dos grandes lançamentos do ano.
Mas a estranheza do disco e o fato de Kid A ter sido baixado milhares de vezes antes de seu lançamento fez muitos acharem que o auge da banda havia passado. O disco foi lançado e o grupo foi o primeiro artista inglês a ficar três semanas com um disco no topo das paradas americanas na história, além de terminar entre os 20 mais vendidos daquele ano nos EUA, deixando popstars como Kid Rock e Britney Spears para trás.
Corta pra 2007 e, no segundo semestre daquele ano, o grupo começa a dar pistas em seu site de que um disco novo estaria sendo finalizado. Notícias começam a especular sobre data de lançamento, cogitando a chegada às lojas em março do ano seguinte. Mas poucos dias depois das primeiras pistas o grupo volta a dizer que o disco está pronto e será lançado online em dez dias.
E no meio da novidade súbita um experimento inusitado: qualquer um poderia dizer quanto queria pagar pelo disco – mesmo que nada. Bastava indicar um preço na área de compras para dizer quanto você estaria disposto a pagar. In Rainbows foi o primeiro disco da banda lançado fora de uma grande gravadora, por conta própria, e deu início à transformação da banda em uma entidade própria, descolada de grandes grupos e disposta a experimentar formatos inclusive no que dizia respeito à forma de comercialização de sua música.
No início de 2011, ao apresentar seu novo The King of Limbs, o grupo chegou à conclusão de que era preciso por um preço no disco, mesmo sabendo que quem quisesse baixá-lo de graça o faria de alguma forma. E há um ano, no início desta era de serviços de streaming pago que estamos vivendo hoje, o líder da banda Thom Yorke causou polêmica ao retirar suas músicas do Spotify, logo depois de dar uma entrevista ao site mexicano Sopitas. Com a palavra, Thom Yorke:
“A forma como as pessoas lidam com música está passando por uma grande transição. Acho que como músicos nós temos que lutar contra essa coisa chamada Spotify. Acho que o que está acontecendo com o mainstream agora é o último suspiro da velha indústria. Quando ela morrer, o que vai acontecer, outra coisa irá acontecer. Tudo está relacionado com as mudanças que estão acontecendo na forma que ouvimos música, o que irá acontecer a seguir em termos de tecnologia e em termos como as pessoas falam umas com as outras sobre música. Muita coisa vai ser ruim, mas eu não endosso essa coisa que muitos da indústria vêm dizendo, que ‘ah, isso é só o que sobrou’, eu não engulo isso.”
“Quando fizemos o In Rainbows o mais excitante era a idéia de que você poderia ter uma conexão direta entre você como músico e seu público. Você corta tudo fora, e deixa só isso e aquilo. E então todos esses putos entram no caminho, como o Spotify que de repente tenta ser o segurança na entrada de todo o processo. Mas nós não precisamos que façam isso. Nenhum artista precisa fazer isso. Nós podemos fazer nossas coisas nós mesmos, então foda-se. Porque eles estão usando músicas velhas, eles estão usando as majors…E as majors estão com eles porque eles vêem uma forma de revender todas as coisas velhas de novo, ganhar mais dinheiro e não morrer.”
“É por isso que esse papo de Spotify pra mim faz parte de uma batalha maior. Porque é sobre o futuro de toda a música. É sobre se acreditamos que há um futuro para a música. O mesmo vale pra indústria de filmes e pros livros. Pra mim o lance não é o mainstream, isso é o último peido, o último peido desesperado de um corpo prestes a morrer. O que vai acontecer depois disso é que deveria ser a parte importante.”
“Por exemplo, sabe aquele cara Adam Curtis? Ele é um jornalista político que colaborou com o Massive Attack e fomos o assistir noite passada no centro da cidade e foi incrível, porque era disso que ele estava falando. Somos grandes fãs dele, eu e Nigel (Godrich, produtor do Radiohead e integrante da banda Atoms for Peace com o próprio Thom) e ele falava disso, que estamos entrando numa era em que, potencialmente, toda criatividade pode acabar. O passado forma o futuro e assim não temos outro futuro, etc. E ele está certo! Pessoas como ele, o Massive Attack, a gente, nós temos que confrontar toda essa merda. Isso não acabou.”
“Por que é como um truque, todo mundo falando que ‘com a tecnologia tudo estará em uma só nuvem e toda a criatividade se transformará em uma coisa só e ninguém mais vai ser pago e é uma coisa super inteligente’. Porra nenhuma. É difícil pensar nisso o tempo todo, porque acho que a coisa mais importante que está acontecendo hoje. É como a invenção da prensa de tipos móveis, o que aconteceu depois daquilo? É isso que está acontecendo hoje. Estou obcecado com este livro do Jaron Larnier chamado ‘Você Não é um Aplicativo’, você tem que ler, dá para entender melhor do que eu estou falando. É meio frustrante porque eu acho difícil explicar o que está acontecendo e esse livro explica bem.”
Por isso quando o aplicativo do Radiohead é atualizado, isso não diz respeito apenas a marketing pop ou a arte digital, mas também sobre o futuro de como nos relacionamos com a música. Mais novidades em breve.