Thom twittou: Atoms for Peace é o nome de sua nova banda, com quem vai tocar no Coachella:
E o Lívio pergunta e eu reforço: Atoms for Peace no Terra desse ano ia cair benzaço.
“Good times are comin’,/ I hear it everywhere I go”
Falando em mashup de Radiohead com outro ícone da década, deixo aqui meu comentário sobre a onda Crepúsculo no cinema, que, mesmo sem ter um filho para usar como desculpa, fui assistir para tentar entender. O primeiro filme, Crepúsculo, é bem feitinho: tem um bom filtro que azula a luz como o que esverdeia Matrix e Amelie Poulain, a química – ainda que imóvel – do casal protagonista funciona e os momentos sentimentalóides não são tão ridículos quanto poderia se supor (a cena do namoro de Anakin Skywalker e a princesa Amigdala no Episódio 2 do Guerra nas Estrelas é muito mais vergonha alheia). O segundo, Lua Nova, sofre da crise de sucesso financeiro e o que era discreto e esperto em Crepúsculo fica meio exagerado e desnecessário. O próprio casal Bella/Edward padece disso (eles parecem ter acabado de sair do salão de beleza, ao contrário da naturalidade do primeiro filme), mas isso ecoa de formas diferentes na produção.
É claro que são filmes para adolescentes, mas estão mais próximos da nova geração Sessão da Tarde (pense em Superbad, Juno e Pequena Miss Sunshine como um novo gênero) do que da safra de cinema fantástico de Harry Potter e Senhor dos Anéis. Não vão mudar a sua vida e talvez não valham o ingresso do cinema. Mas diz muito sobre a época em que vivemos.
A própria metáfora do vampiro já foi esvaziada antes de Crepúsculo. Se antes o mito misturava o conflito romântico do século 19 com a consciência do tempo pós-revolução industrial, a importância arquetípica do personagem aos poucos vai se “humanizando” enquanto o vampiro passa ser visto menos como monstro e mais como um ser fantástico, parente dos super-heróis, só que carregando o fardo da vida eterna. Essa “humanização” sentimental está em quase todas as adaptações da lenda para a cultura atual – nos vampiros andróginos de Anne Rice, no Drácula do Coppola com o Gary Oldman, nos vilões de Buffy, na série de cinema Underworld e nos vampiros pervertidos de True Blood. Ela também é aliada da mudança de atitude entre o vampiro e a presa, em que o vampiro aos poucos se torna mais sensível e delicado enquanto sua presa passa a ser mais decidida em relação ao seu papel. Não é exclusividade dos vampiros – é só um reflexo das transformações de gênero a que os papéis do homem e da mulher foram submetidos na segunda metade do século passado. O casal protagonista de Crepúsculo é um ótimo exemplo destas mudanças.
O vampiro Edward vivido por Robert Pattinson faz a ponte entre o “novo homem” detectado por Jack Kerouac nos anos 50 (o caubói que não tem vergonha de chorar, o homem que dança, o início do macho sensível) e que jogava Elvis, James Dean e Marlon Brando como novo parâmetro de masculinidade, com a geração emo, sem apelar para a androginia. Kristen Stewart, por sua vez, com sua beleza crua e discreta, faz uma musa arredia, que não quer ser social e prefere ler livros a fazer as compras. É como se fosse uma versão indie da Mina Harker, protagonista do livro Drácula original, reinventada por Alan Moore na Liga Extraordinária, que passa a ser uma espécie de ícone protofeminista. A personagem Bella é quase pós-feminista, tão decidida a tomar a dianteira que passa toda a saga querendo ser mordida, abocanhada, possuída – sem sucesso. Assim, Crepúsculo é menos onda adolescente do que termômetro social – e detecta esse baile de emos e indies que se tornou a velha guerra dos sexos.
Mas a cena com “Hearing Damage”, do Thom Yorke, é boa.
De volta à rotina, depois do especial Serge Gainsbourg – e lá vem o Vida Fodona Soundsystem de novo…
Gossip – “Heavy Cross (Fred Falke Remix)”
Miami Horror – “Sometimes”
Calvin Harris – “You Used to Hold Me”
Annie – “Don’t Stop”
Vitalic – “Poison Lips”
Thom Yorke – “Hearing Damage”
People Under the Stairs – “Trippin”
N*E*R*D. feat. Santigold – “Soldier”
Amanda Blank – “Might Like You Better (GRVRBBRS Remix)”
Miike Snow – “Cult Logic”
Simian Mobile Disco – “Audacity Of Huge (Naum Gabo Remix)”
Delorean – “Apocalypse Ghetto Blast”
LCD Soundsystem – “Bye Bye Bayou”
Pnau – “Embrace (Fred Falke and Miami Horror Remix)”
Lobsterdust – “Alone With Chu”
Air – “Sing Sang Sung”
Thom Yorke – “Harrowdown Hill”
Mombojó – “Amigo do Tempo”
Scarlett Johansson & Pete Yorn – “Relator”
Crookers – “Put Your Hands on Me (featuring Kardinal)”
Dando um tempinho na Temporada Sem Parar para mais um Vida Fodona tradicional, cheio de falação aleatória entre as músicas – e o programa ainda marca a inauguração de novas instalações e o início da despedida da unidade móvel da UAM.
Cidadão Instigado – “Escolher Pra Quê?”
Flaming Grooves – “Have You Seen My Baby?”
Gossip – “Vertical Rhythm”
Friendly Fires – “Skeleton Boy (Grum Remix)”
Franz Ferdinand – “Womanizer”
Noah & the Whale – “Love of an Orchestra”
Thom Yorke – “The Present Tense”
Fernanda Takai – “There Must Be An Angel (Playing With My Heart)”
Lucas Santtana – “Cira Regina e Nana”
Florence and the Machine – “Halo”
Miami Horror – “Make You Mine (Fred Falke Remix)”
Passion Pit – “Sleepyhead (Starsmith Remix ft. Ellie Goulding)”
Arctic Monkeys – “Dangerous Animals”
Erasmo Carlos – “Noite Perfeita (Uma Farra no Tempo)”
Mick Ronson e David Bowie – “Like a Rolling Stone”
Gabriel Thomaz & Móveis Coloniais de Acaju – “A Shot in the Dark Sim, E Daí?”
Wado – “Estrada”
Killing Chainsaw – “The Woke of Jo”
Cat Power – “Dreams”
Falei desse show na semana passada e agora ele apareceu inteirinho para download, tanto só o áudio como em vídeo também.
Thom Yorke – “Harrowdown Hill”
Thom Yorke – “There There”
Raro show do vocalista do Radiohead (que não faz shows sozinho desde o lançamento de seu disco solo, em 2006) aconteceu domingo passado, no festival Latitude, na Inglaterra. E entre faixas do Radiohead e do Eraser, ele solta essa música inédita.
Thom Yorke – “Present Tense”
O Lício descolou “Harrowdown Hill”, “True Love Waits” e essa nova pra download, além de deixar o testemunho dele sobre o evento, se liga:
Passa um filtro com fator 1000 aí, hein, Thom. Ó a insolação…
Os chilenos também estão esperando…
E se você achou essa montagem tosca, é porque não viu o original onde colaram a cabeçorra do Yorke.
Tadinha, né. A dica é do Carbone.