Começamos os trabalhos da curadoria de música do Centro da Terra em 2019 já com algumas mudanças. A sessão de segunda-feira, Segundamente, segue no formato já estabelecido, mas a terça-feira se desmembra para além das temporadas mensais também receber shows únicos ou curtas temporadas. E é com o maior prazer que anuncio as atrações de fevereiro, o primeiro mês de atividades do ano do teatro no Sumaré, que já trazem as mudanças na prática, com shows de Rodrigo Campos, Fernando Catatau, Juliano Gauche e Josyara.
O sambista paulistano Rodrigo Campos é o dono das segundas-feiras na temporada Qualidades Primordiais, em que recebe convidados toda segunda para mostrar diferentes facetas da sua musicalidade. A cada dia um elemento básico é representado pelo encontro entre temperaturas e umidades. Na primeira segunda, dia 4, é o dia da terra: no show Frio e Seco ele recebe os percussionistas Fumaça, Raphael Moreira e Victória dos Santos. Na segunda segunda, dia do fogo, dia 11, Quente e Seco, Rodrigo convida a instrumentista Maria Beraldo. O convidado do dia 18, dia da água, Frio e Úmido, é Kiko Dinucci e Rodrigo encerra a temporada no dia 26, com a noite Quente e Úmido, dia do ar, com as presenças de Maurício Badê e Thiago França (mais informações aqui).
As terças-feiras começam com o guitarrista do Cidadão Instigado, o cearense Fernando Catatau, mostrando as composições de seu trabalho solo na minitemporada Luz do Fim de Tarde em duas apresentações, dias 5 e 12. Acompanhado apenas de programações eletrônicas, violão e guitarra, ele abre para o público composições inéditas que ainda estão sendo desenvolvidas, rascunhos abertos para testar o formato e a natureza das músicas (mais informações aqui). Depois é a vez do capixaba Juliano Gauche apresentar o espetáculo Entre Árvores, na terça-feira dia 19, em que experimenta o repertório de seus dois discos no formato semi-acústico e minimalista, além de fazer versões para outros autores e trazer músicas inéditas, acompanhado de Kaneo Ramos, nos violões, e de Klaus Sena, no piano (mais informações aqui). O mês de fevereiro termina dia 26, uma terça-feira, com o espetáculo Abraça, em que a cantora baiana JosYara mostra seu repertório ao lado da cantora Luê e da atriz Bárbara Santos, que ajudam a desconstruir o disco mais recente da cantora, o belo Mansa Fúria (mais informações aqui). E é só o começo das novidades do ano!
Maurício Pereira e Luiza Lian são convidados da noite Fugitivos, organizada pelo Coral Jovem do Estado na Sala Jardel Filho do Centro Cultural São Paulo, de graça, a partir das 19h. Os dois cantam músicas do próprio repertório arranjadas por nomes como Arthur Decloedt e Thiago França ao lado do Coral e uma banda formada por Henrique Alves no contrabaixo, Tonho Penhasco no violão e guitarra, Charles Tixier na bateria e Gabriel Levy no piano (mais informações aqui).
As segundas de setembro no Centro da Terra ficam na mão do grupo Metá Metá, que volta à sua formação inicial – o trio composto por Kiko Dinucci, Juçara Marçal e Thiago França – para começar a pensar no quarto álbum. O grupo lançou o ótimo MM3 há dois anos e não parou quieto, tanto fazendo shows pelo Brasil ou turnês pelo exterior, quanto tocando trabalhos paralelos que seus três integrantes agitam paralelamente. Agora é hora de parar e, na frente do público, começar a rascunhar o que pode se tornar o próximo disco na temporada Ojo Aje, concebida para a sessão Segundamente desde seu título (“segunda-feira”, em iorubá). Há algumas intenções pré-determinadas, mas tudo pode acontecer no decorrer deste intenso setembro de 2018 que começa a se descortinar em frente aos nossos olhos. Conversei com os três sobre esta nova temporada e o que podemos esperar deste novo momento do grupo.
O que você fez após o lançamento do disco MM3?
Juçara:
https://soundcloud.com/trabalhosujo/meta-meta-o-que-voce-fez-apos-o-lancamento-do-disco-mm3
Kiko:
https://soundcloud.com/trabalhosujo/meta-meta-o-que-voce-fez-apos-o-lancamento-do-disco-mm3-1
Thiago:
https://soundcloud.com/trabalhosujo/meta-meta-o-que-voce-fez-apos-o-lancamento-do-disco-mm3-2
Como vocês começaram a pensar que era a hora de fazer um quarto disco da banda?
Thiago:
https://soundcloud.com/trabalhosujo/meta-meta-como-voces-comecaram-a-pensar-que-era-a-hora-de-fazer-um-quarto-disco-da-banda
Juçara:
https://soundcloud.com/trabalhosujo/meta-meta-como-voces-comecaram-a-pensar-que-era-a-hora-de-fazer-um-quarto-disco-da-banda-1
Kiko:
https://soundcloud.com/trabalhosujo/meta-meta-como-voces-comecaram-a-pensar-que-era-a-hora-de-fazer-um-quarto-disco-da-banda-2
A temporada é só vocês três. Qual a importância de se trabalhar a três?
Kiko:
https://soundcloud.com/trabalhosujo/meta-meta-a-temporada-e-so-voces-tres-qual-a-importancia-de-se-trabalhar-a-tres
A temporada pretende reproduzir a dinâmica entre vocês três? É um ensaio aberto?
Thiago:
https://soundcloud.com/trabalhosujo/meta-meta-a-temporada-pretende-reproduzir-a-dinamica-entre-voces-tres-e-um-ensaio-aberto
Como é fazer o Metá Metá voltar a ser um trio, depois da consolidação do formato banda?
Juçara:
https://soundcloud.com/trabalhosujo/meta-meta-como-e-fazer-o-meta-meta-voltar-a-ser-um-trio-depois-da-consolidacao-do-formato-banda
A temporada deve refletir as tensões políticas pelas quais o país vem passado?
Kiko:
https://soundcloud.com/trabalhosujo/meta-meta-a-temporada-deve-refletir-as-tensoes-politicas-pelas-quais-o-pais-vem-passado
Qual a diferença entre realizar este tipo de experimento diante do público e não em uma sala de ensaio?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/meta-meta-qual-a-diferenca-entre-realizar-isto-diante-do-publico-e-nao-em-uma-sala-de-ensaio
O que o público pode esperar desta temporada?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/meta-meta-o-que-o-publico-pode-esperar-da-temporada
Você vai tocar só violão ou vai usar guitarra nos shows da temporada?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/meta-meta-voce-vai-tocar-so-violao-ou-vai-usar-guitarra-nos-shows-da-temporada
Que instrumentos você vai tocar nesta temporada?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/meta-meta-que-instrumentos-voce-vai-tocar-nesta-temporada
Thiago França reuniu mais uma vez sua Space Charanga – desta vez em forma de quarteto – para uma nova viagem pelo espaço sideral do som. Ao lado de seus broders de Metá Metá Sergio Machado (bateria) e Marcelo Cabral (baixo acústico) e do trompete de Amilcar Rodrigues, o músico paulistano parte em mais uma jornada rumo ao desconhecido em seu recém-lançado Suíte Intergaláctica (já nas plataformas digitais mas que pode ser baixado aqui), que ele considera o disco mais de jazz que já fez. Aproveitei o lançamento para conversar com ele sobre a história da Space Charanga (“um spin-off da Charanga do França”, conta às gargalhadas), da influência de Sun Ra e do espaço sideral em sua criação – que vai muito além da ficção científica.
Como surgiu o conceito da Space Charanga e da influência do Sun Ra nessa versão da Charanga?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/space-charanga-2018-como-surgiu-o-conceito-da-space-charanga-e-qual-a-influencia-do-sun-ra-no-grupo
Como a Space Charanga conversa com o Charanga do França?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/space-charanga-2018-como-a-space-charanga-conversa-com-o-charanga-do-franca
Fale sobre a Suíte Intergaláctica.
https://soundcloud.com/trabalhosujo/space-charanga-2018-fale-sobre-a-suite-intergalactica
Fale de sua relação com a música e o conceito do espaço sideral.
https://soundcloud.com/trabalhosujo/space-charanga-2018-fale-de-sua-relacao-com-a-musica-e-o-conceito-do-espaco-sideral
Maior satisfação anunciar meu primeiro projeto como diretor artístico, que concebi ao lado dos novos compadres Arthur Decloedt, Charles Tixier e João Bagdadi. O espetáculo Professor Duprat – Maestro da Invenção, que acontece nos dias 6 e 7 de setembro, no teatro do Sesc Pompeia, começou como a ideia de uma celebração dos 50 anos da Tropicália que fugisse do trivial. Chamei João, do selo RISCO, para me ajudar a estruturar a produção, que por sua vez chamou Arthur (do Música de Selvagem) e Charles (do Charlie e os Marretas) para fazer a direção artística. Originalmente havia pensado na recriação do disco que o maestro Rogério Duprat havia lançado naquele 1968 – A Banda Tropicalista do Duprat -, mas logo ampliamos a homenagem para além da efeméride, contemplando todo o alcance de uma obra ainda desconhecida pela maioria do público, diferente de grande parte das músicas que arranjou.
Duprat, que entrevistei para a falecida revista Bizz no segundo semestre do ano 2000 ao lado do Fernando Rosa, mexeu nas bases de canções que hoje fazem parte do imaginário brasileiro: além das tropicalistas “Domingo no Parque” e “Baby”, grande parte das músicas d’Os Mutantes e de Gilberto Gil no início de suas carreira, “Construção” de @Chico Buarque, todo Ou Não de Walter Franco, “Maria Joana” de Erasmo Carlos, todo o Tropicália ou Panis et Circencis e outras tantas. Também foi pioneiro na música eletrônica no Brasil (estudou com Karlheinz Stockhausen e John Cage e foi colega de classe de Frank Zappa), célebre na música erudita contemporânea brasileira e trabalhou com trilha sonora para o cinema, publicidade e até tradução de livros.
A banda montada para apresentação inclui, além dos diretores musicais no baixo e bateria, André Vac (do Grand Bazaar), Mariá Portugal, Rafael “Chicão” Montorfano e Maria Beraldo (do Quartabê), Filipe Nader (também do Música de Selvagem e Trupe Chá de Boldo) e o mestre Thiago França, e o espetáculo ainda conta com Curumin, Tiê, Luiza Lian, Tim Bernardes, Jonas Sá e Jaloo como intérpretes das músicas imortalizadas com arranjos do maestro, morto em 2006. Mas como um espetáculo não é só música, convidamos Gui Jesus Toledo para fazer o som, Caio Alarcon para operar o monitor, Olivia Munhoz para cuidar da direção cênica e iluminação, Gabriela Cherubini e Flávia Lobo de Felício para ficar com o figurino e Maria Cau Levy para criar a identidade visual e a Francine Ramos para a assessoria de imprensa. Abaixo, o texto que escrevemos para apresentar o espetáculo, orgulhosos que estamos da homenagem que estamos fazendo para este farol de nossa música, que muitos ainda não conhecem (mais informações aqui).
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Há meio século o Brasil conheceu o trabalho de um compositor erudito e professor acadêmico que revolucionou a música brasileira. O maestro Rogério Duprat é mais conhecido por sua imagem iconoclasta na capa do disco-manifesto Tropicália ou Panis et Circensis, onde, entre os jovens multicoloridos Gil, Caetano, Mutantes, Tom Zé e Gal Costa, aparecia adulto e monocromático segurando um penico como se fosse uma xícara de chá. A representação – referindo-se ao mictório de Duchamp – talvez seja a melhor tradução para a colossal contribuição deste músico não apenas ao movimento tropicalista quanto à música brasileira desde sua aparição.
O espetáculo Professor Duprat – Maestro da Invenção parte desta efeméride para jogar luz na biografia musical do maestro paulista. Influente não apenas no movimento que ajudou a conceituar (a Tropicália), como na história da música brasileira, Duprat é um dos principais compositores eruditos contemporâneos brasileiros, um dos grandes nomes na música para a publicidade do país, compositor de trilhas sonora para filmes como O Anjo da Noite e Marvada Carne, pioneiro na utilização de computadores na música (há mais de 50 anos), tradutor do único livro de John Cage publicado no Brasil, aluno e colega de nomes como Karlheinz Stockhausen, Pierre Boulez, Gilberto Mendes e Frank Zappa. E, claro, arranjador e maestro de obras de diferentes artistas como Mutantes, Caetano Veloso, Gal Costa, Chico Buarque, Gilberto Gil, O Terço, Nara Leão, Walter Franco, Sá, Rodrix e Guarabyra, Frenéticas, Erasmo Carlos, entre muitos outros.
A proposta da apresentação é trazer parte do repertório produzido por Duprat interpretado por artistas atuais que foram diretamente influenciados por seus feitos criativos. Concebido pelo jornalista, curador e crítico musical Alexandre Matias, do site Trabalho Sujo, com direção musical dos produtores Arthur Decloedt e Charles Tixier e produção executiva de João Bagdadi do Selo RISCO, para o palco do Teatro do Sesc Pompeia. O espetáculo costura músicas conhecidas do grande público (como”Domingo no Parque”, “Cabeça”, “Ave Lúcife”, “Construção”, Tuareg”, “2001”, “Irene”, “Não identificado”, “Índia”, “Futurível” e “Baby” entre outras) com arranjos ousados e a influência comercial e erudita de Duprat.
As canções serão apresentadas de forma não-linear e não-cronológica, ecoando diferentes épocas da biografia do maestro através de artistas como Curumin, Tiê, Jaloo, Tim Bernardes, Jonas Sá e Luiza Lian acompanhados por uma banda formada por Charles Tixier (Charlie e os Marretas), Arthur Decloedt (Música de Selvagem), Filipe Nader (Trupe Chá de Boldo), Thiago França (Metá Metá), Maria Beraldo Bastos, Mariá Portugal e Rafael “Chicão” Montorfano (Quartabê) e André Vac (Grand Bazaar).
Ficha técnica
André Vac: guitarra, violão e violino.
Arthur Decloedt: contrabaixo e MPC.
Charles Tixier: bateria, synths e MPC.
Curumin: vocal e bateria
Filipe Nader: sax alto e barítono, clarinete alto e souzafone.
Jaloo: vocal
Jonas Sá: vocal
Luiza Lian: vocal
Maria Beraldo: vocal, clarinete e clarone
Mariá Portugal: vocal, bateria e MPC
Rafael “Chicão” Montorfano: piano, synths e teclados.
Thiago França: sax tenor e flauta.
Tim Bernardes: vocal e guitarra
Tiê: vocal
Equipe:
Direção artística: Alexandre Matias, Arthur Decloedt e Charles Tixier.
Concepção e curadoria: Alexandre Matias
Direção musical: Charles Tixier e Arthur Decloedt.
Produção executiva: João Bagdadi.
Som: Gui Jesus Toledo.
Monitor: Caio Alarcon
Luz: Olivia Munhoz
Figurino: Gabriela Cherubini e Flavia Lobo de Felicio
Identidade visual: Maria Cau Levy
Assessoria de Imprensa: Francine Ramos.
SERVIÇO:
Professor Duprat – Maestro da Invenção
Dias 6 e 7 de setembro. Quinta, às 21h, e sexta, às 18h
Teatro
Ingressos: R$9 (credencial plena/trabalhador no comércio e serviços matriculado no Sesc e dependentes), R$15 (pessoas com +60 anos, estudantes e professores da rede pública de ensino) e R$30 (inteira).
Venda online a partir de 28 de agosto, terça-feira, às 12h.
Venda presencial nas unidades do Sesc SP a partir de 29 de agosto, quarta-feira, às 17h30.
Classificação indicativa: Não recomendado para menores de 12 anos.
Sesc Pompeia – Rua Clélia, 93.
Maior satisfação em deixar o grande Guizado tomar conta das terças-feiras de maio, com a temporada O Multiverso em Colapso, feita durante a gravação de seu próximo disco, no Centro da Terra. O disco foi pré-produzido pelo grande Miranda e deverá ser gravado exatamente no meio do mês, quando a banda formada por Guizado (um time de peso que inclui nomes como os guitarristas Regis Damasceno e Allen Alencar, o baixista Meno Del Picchia no baixo, Zé Ruivo nos sintetizadores e Richard Ribeiro na bateria) recebe diferentes convidados para visitar os multiversos abertos pelo trompetista durante estas quatro terças: na primeira, dia 8, ele reúne Maurício Takara, Negro Leo e Kiko Dinucci; para a segunda, dia 15, ele chamou o rapper Edgar, de Guarulhos; na terceira terça é a vez de uma sessão descarrego com Junior Boca e Thiago França; para terminas na última terça do mês com as presenças de Ava Rocha, Sandra Coutinho das Mercenárias e as meninas do Ema Stoned (mais informações aqui). Conversei com o Guizado sobre este novo trabalho, com influência de free jazz, política e histórias em quadrinhos.
O que é o Multiverso em Colapso?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/guizado-multiverso-em-colapso-o-que-e-o-multiverso-em-colapso
Como a temporada se relaciona com o seu próximo disco?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/guizado-multiverso-em-colapso-como-a-temporada-se-relaciona-com-o-seu-proximo-disco
Fale sobre as noites. Como será a primeira terça-feira?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/guizado-multiverso-em-colapso-fale-sobre-as-noites-como-sera-a-primeira-terca-feira
Quem é o convidado da segunda terça?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/guizado-multiverso-em-colapso-quem-e-o-convidado-da-segunda-terca
Quem fará as participações na terceira terça?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/guizado-multiverso-em-colapso-quem-fara-as-participacoes-na-terceira-terca
Quem são as convidadas da última terça?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/guizado-multiverso-em-colapso-quem-sao-as-convidadas-da-ultima-terca
Quem são os músicos que tocarão em todas as apresentações?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/guizado-multiverso-em-colapso-quem-sao-os-musicos-que-tocarao-em-todas-as-apresentacoes
Em todas as noites vocês tocarão o mesmo repertório?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/guizado-multiverso-em-colapso-em-todas-as-noites-voces-tocarao-o-mesmo-repertorio
Fale sobre o papel do Miranda na pré-produção deste disco?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/guizado-multiverso-em-colapso-fale-sobre-o-papel-do-miranda-na-pre-producao-deste-disco
Carnaval chegando e Thiago França já está à toda com sua Espetacular Charanga, que antecipa o clima do Carnaval deste ano, com mais um disco pré-fervo, Bomba, Suor e Bapho (que pode ser baixado no site do músico). “O disco todo foi gravado ao vivo, com 34 pessoas no estúdio”, ele me explica numa troca de áudios, contando que incluiu na formação músicos que conheceu na oficina de sopro que puxa em nome da Charanga. A gravação foi à moda antiga – dois microfones em cada canto da sala, músicos alinhados de acordo com a proximidade de seu instrumento em relação ao microfone (“mixagem física”, ele me explica, “trumpete tá alto? Dá um passo pra trás”) e captura o clima quente da apresentação, gravada e mixada em um dia.
“Não sei se vou conseguir manter essa história de ficar lançando um disco todo ano”, confessa, lembrando que a Espetacular Charanga lançou discos com repertório próprio desde o início. Thiago não quer se obrigar a fazer lançamentos anuais também devido ao período de virada de ano e ao próprio conceito de disco em tempos digitais: “O disco não precisa mais ter dez faixas, ter meia hora…” O disco conta com quatro músicas instrumentais e duas com vocal, uma com letra composta por Lucas Santtana e outra cantada por Suzana Salles.
Como todo ano, a Charanga sai na segunda-feira de Carnaval mas desta vez começa pela manhã, para enfatizar a natureza musical do bloco e deixar o lado da acabação em segundo plano. “De manhã a gente dribla também um pouco um público que tá se aproximando cada vez mais do carnaval de rua, que é a galera “HT topzêra”, que é um público que ainda necessita de muita educação cívica pra poder saber fazer as coisas na rua”, explica. “Os blocos que essa galera frequenta no ano passado tiveram muito caso de assédio, de violência mesmo, de homem batendo em mulher… Eu temo isso pra Charanga. É um bloco de bairro mesmo, menor”, conclui.
A primeira curadoria que exerci em 2017 começou no ano anterior, quando a Keren me chamou para assumir o papel de curador de música do Centro da Terra. Para mim o desafio era simples mas ao mesmo tempo complexo: chamar artistas para valorizar o espetáculo e criar novos projetos a partir do próprio local (ele mesmo uma viagem para dentro, como o próprio tom do meu 2017). Uma matemática irracional me fez criar o projeto Segundamente, em que artistas têm quatro segundas-feiras para criar um projeto próprio, de preferência inédito. Assim, tivemos os 15 anos de carreira do Tatá Aeroplano em março, o Chega em São Paulo de Negro Leo em abril, o Mergulho de Tiê em maio, o Depois a Gente Vê de Thiago França em junho, o Na Asa de Luísa Maita em julho, o Música Resiliente em Camadas Lentas do Maurício Takara em agosto, o Mete o Loco de Rafael Castro em setembro, o Persigo SP de Saulo Duarte em outubro e o Enfrente de Alessandra Leão em novembro, além dos shows individuais de Iara Rennó (Feminística), Luiza Lian (Oyá: Centro da Terra) e Papisa (Tempo Espaço Ritual), nos meses com cinco segundas-feiras. Foram meses de aprendizado e preparo, intensos e emocionantes, com o desafio de fazer o público da região do Sumaré sair de casa nas segundas-feiras para ver shows que não veria em nenhum outro lugar. Ainda teve o sensacional encontro com todos estes artistas na primeira segunda de dezembro, provando que a música vibra sem precisar de regras ou planos. É só deixar rolar. Agradeço imensamente a todos os artistas que convidei e também a todos que foram convidados por estes artistas, transformando o Centro da Terra em um núcleo de produção musical avançada numa época em que fazer cultura parece ser subversivo – porque talvez o seja.
Encerrando a programação do CCSP, temos mais uma vez a Charanga do França botando todo mundo pra dançar a dois de graça na Sala Adoniran Barbosa, a partir das 18h30 (mais informações aqui). Vamos bailar!
Eis a íntegra do show que encerrou o ano no Centro da Terra, reunindo treze cobras da atual música brasileira: Alessandra Leão, Saulo Duarte, Thiago França, Luísa Maita, Papisa, Negro Leo, Luiza Lian, Tatá Aeroplano, Maurício Takara, Iara Rennó e Tiê, além dos convidados Marcelo Cabral, Rafa Barreto e Charles Tixier.
Que noite!