Radiohead – “Feral”

É de fã, mas ficou foda.

The King of Limbs em menos de 24 horas

Materinha que escrevi no Link de hoje, sobre a banda Robotanists, que regravou o King of Limbs em menos de um dia após seu lançamento.


Foi o tanto de milésimos de segundos que a banda Robotanists levou para tirar de ouvido e gravar sua versão para o 8º disco do Radiohead, lançado na semana passada. Ao mesmo tempo, Thom Yorke virava um meme

Começou há duas semanas. Quase quatro anos sem lançar nada, o grupo inglês Radiohead anunciou que tinha gravado o novo disco e que o lançaria em menos de uma semana. A estratégia foi parecida com a do lançamento do disco anterior, mas com algumas novidades. Em vez de perguntar ao público quanto valeria o disco, estabeleceu preço para o download. Chamou o disco de “newspaper album” (álbum-jornal) sem explicar o que seria isso. E anunciou o título do disco: The King of Limbs. Era uma segunda-feira. O novo disco estaria disponível para download no sábado.

Antes mesmo de seu lançamento o disco já causava burburinho entre os fãs da banda – e junto da expectativa, especulações que cruzavam músicas tocadas ao vivo que não haviam entrado em discos com artistas que o Radiohead havia elogiado em entrevistas. Mas, nos Estados Unidos, um grupo de amigos aguardava o novo álbum e transformou a espera num desafio. Juntos, os cinco formam a banda Robotanists, que se propôs à tarefa de tirar todas as músicas do disco e regravá-las em menos de 24 horas após seu lançamento.

“Quando o Radiohead anunciou que lançaria um novo disco, queríamos voltar ao estúdio e ao mesmo tempo pensamos que isso poderia ser uma oportunidade única de nos propor um desafio musical”, me explica a vocalista da banda, Sarah Ellquist. “Seria um exercício interessante tentar gravar um disco que nunca havíamos ouvido num curto período de tempo. Fizemos isso apenas para nos desafiarmos, somos grandes fãs do Radiohead, por isso tentamos manter a integridade original das canções, forma e harmonia, dentro das condições em que trabalhamos.”

A banda começou a trabalhar um dia antes, já que o Radiohead antecipou o lançamento, que aconteceria no sábado, para a sexta anterior. E começou por onde todos os fãs da banda começaram: “Lotus Flower”. Faixa de trabalho do disco, ela chegou à internet antes mesmo do resto do álbum em um inusitado clipe que trazia o vocalista do Radiohead, Thom Yorke, dançando sozinho quase aleatoriamente, num meio-termo entre a cara de pau e a dança moderna.

A dancinha virou hit – e na própria sexta gente do mundo inteiro começou a superpor as cenas do Yorke dançarino a todo tipo de música. No Brasil, duas em especial pegaram na veia – em uma versão, o vocalista do Radiohead dançava Claudinho e Buchecha, em outra, sambava feito a Globeleza. Enquanto isso, os Robotanists fritavam para tirar o disco nota por nota.

“O mais difícil foi descobrir a métrica e a forma das músicas”, continua Sarah. “São canções complexas que vão por caminhos incomuns, então tínhamos de pensar nelas como compositores. ‘Little by Little’ foi a mais difícil, de longe. Ela tem uma métrica padrão, mas passa uma sensação de ritmo atravessado, por isso penamos para escolher a batida e acertar os vocais”.

Além do fato dos vocais das músicas serem interpretados por uma mulher, uma das melhores coisas de Robotanists Does Radiohead The King of Limbs in 24 Hours é perceber que, apesar das texturas e beats que lembram música eletrônica, o disco é todo tocado por músicos de verdade, como o próprio álbum original.

A diferença básica é que se no Radiohead é difícil perceber o que é humano e o que é eletrônico, isso não acontece com os americanos. Tachado de “difícil”, The King of Limbs caiu nas graças dos Robotanists instantaneamente: “Quando você passa tanto tempo fazendo uma coisa só, você acaba descobrindo suas falhas, mas ficamos surpresos e animados a cada nova música com a sutileza geral do disco. O Radiohead segue expandindo o vocabulário musical de seus fãs. Se você não gostou do disco à primeira audição, passe mais tempo com ele, pois este tipo de complexidade é cada vez mais rara na música popular atual”, conclui Sarah. O disco pode ser baixado no site da banda, Robotanics.com. De graça.

4:20

4:20

Thom Yorke em Namorada de Aluguel

E continuam…

4:20

Impressão digital #0048: The King of Limbs, do Radiohead

A minha coluna no 2 de ontem foi sobre o The King of Limbs, e mesmo tendo sido fechada antes do lançamento do disco, na sexta, não invalida o que foi publicado ontem.

Sem medo de ousar
Radiohead e o artista do século 21

Aconteceu de novo, na semana passada. Depois de mais de três anos do lançamento de seu disco mais recente, In Rainbows, o grupo inglês Radiohead pegou todo mundo de surpresa ao anunciar, na segunda-feira, que seu novo disco estava pronto e seria apresentado ao mundo em menos de uma semana. Foi exatamente como aconteceu em 2007. Na época, o Radiohead começou a postar notícias cifradas em seu site para, em menos de uma semana, anunciar que tinha disco novo pronto e que ele seria lançado online em menos de uma semana. Não bastasse isso, o grupo liderado por Thom Yorke ainda ousou ao propor que o próprio público dissesse quanto gostaria de pagar pelos MP3 – mesmo se não quisesse pagar nada.

Corta para 2011 e o anúncio de The King of Limbs foi feito igualmente no susto. A grande diferença, no caso, foi que desta vez a banda não perguntou quanto valia a obra. E propôs preço para o disco ainda inexistente: US$ 9. Além da versão digital, a banda também avisou que lançaria uma edição “física” do álbum, que incluiria, além do CD, dois discos de vinil, cartões e “625 pequenas obras de arte”, seja lá o que isso queira dizer. Também anunciou que o disco talvez fosse o primeiro “álbum-jornal” do mundo, também sem explicar nada sobre o que seria isso. Quem comprar a versão não digital teria de desembolsar US$ 48, preço de envio incluso, e esperar para recebê-lo a partir do dia 9 de maio.

Até o fechamento desta coluna, o álbum ainda era um mistério, mas é bem provável que hoje, pleno domingo, você já tenha lido as primeiras impressões sobre ele e talvez já o tenha até ouvido. Mas mesmo que você nem saiba o que é Radiohead (na minha nada modesta opinião, a melhor banda do mundo hoje, ponto final), saiba que eles são os pioneiros e talvez o maior nome entre os grandes do entretenimento mundial na forma de lidar com o mercado digital.

Basicamente porque eles não têm medo de experimentar. E não só musicalmente. Há uma reclamação constante de que para o Radiohead é muito fácil fazer isso, uma vez que a banda surgiu e cresceu nos tempos em que as grandes gravadoras mandavam no que deveríamos ouvir. Mas eles poderiam simplesmente continuar vendendo seus discos sem nenhuma novidade. Ao contrário, eles não apenas abraçam a novidade como não têm medo de ousar.

E sabem que, para o artista do século 21, arte e mercado têm de ser vistos como se fossem a mesma coisa.

4:20

It’s raining Thom Yorke

Quem ainda aguenta? Esse é do Fred.

O último! Juro!

Ou ao menos por hoje. E esse você vai curtir clicar…