Dia de festa.
TLC – “Waterfalls”
Lorde – “Green Light”
Positive Force – “We Got the Funk”
Gnarls Barkley – “Crazy”
David Bowie – “Young Americans”
Candi Station – “Young Hearts Run Free”
Talking Heads – “Love for Sale”
Suzi Quatro – “48 Crash”
Echo & the Bunnymen – “Bring on the Dancing Horses”
Cardigans – “Lovefool”
Lulu Santos – “Um Certo Alguém”
Clash – “The Magnificent Seven”
Commodores – “Brick House”
Maria Bethânia – “Festa”
M.I.A. – “Paper Planes”
Ultramagnetic MCs – “Critical Beatdown”
Dr. Dre – “Let Me Ride”
Sade – “Paradise”
Spoon – “Hot Thoughts”
Rapture – “Whoo! Alright-Yeah… Uh Huh”
Pixies – “Gigantic”
Beck – “Loser”
Dizzee Rascal”- “That’s Not My Name”
Sandra de Sá – “Olhos Coloridos”
De Menos Crime – “Fogo Na Bomba”
Run DMC – “It’s Tricky”
Gary Numan – “Cars”
Hard-Fi – “Hard To Beat”
Knife – “Heartbeats”
Titãs – “AA-UU”
Daryl Hall + John Oates – “Kiss On My List”
Mesmo assim sigo firme.
Talking Heads – “The Overload”
Doors – “Cars Hiss By My Window”
Nina Becker – “Toc Toc”
Garotas Suecas – “Bucolismo”
Letuce – “Quero Trabalhar com Vidro”
Giancarlo Ruffato – “Alfredo”
Boogarins – “Despreocupar”
Cornelius – “Smoke”
Nicolas Jaar – “Keep Me There”
Music Go Music – “Warm in the Shadows”
Paulinho da Viola – “Roendo As Unhas (Victor Hugo Mafra Redit)
Cesar Camargo Mariano + Nelson Ayres – “Os Breakers”
TLC – “Waterfalls”
Chegou tarde, mas veio.
Emicida – “Inácio da Catingueira”
Velvet Underground – “Here She Comes Now”
Nill + With Love Nika – “Tarsila”
Mahmundi – “Alegria”
Unknown Mortal Orchestra – “The Internet of Love (That Way)”
Quartabê – “Morena do Mar”
Elza Soares + Edgar – “Exu nas Escolas”
Gilberto Gil + João Donato – “Tartaruguê”
Kanye West + Pusha T – “Runaway”
Isaac Hayes – “Never Can Say Goodbye”
Rodrigo Campos – “Clareza”
Josyara – “Cochilo”
Thundercat – “Friend Zone”
Talking Heads – “The Overload”
Caetano Veloso – “In The Hot Sun Of A Christmas Day”
Otto – “Carinhosa”
Cara de programa clássico.
Beck – “Sexx Laws”
Courtney Barnett – “I’m Not Your Mother, I’m Not Your Bitch”
Gang of Four – “Not Great Men”
Smack – “Onde Li”
Letrux – “Coisa Banho de Mar”
Garotas Suecas – “Pode Acontecer”
Arcade Fire – “Porno”
Daft Punk – “Fragments of Time”
Divine Fits – “Would That Not Be Nice”
Gilberto Gil – “Toda Menina Baiana (Tahira Edit)”
Poolside – “Harvest Moon”
Clash – “Guns of Brixton”
Strokes – “Welcome to Japan”
Jimi Hendrix Experience – “Still Raining, Still Dreaming”
Sambanzo – “Capadócia”
Talking Heads – “Cross-Eyed and Painless”
Prince – “When Doves Cry”
Um hit dos Talking Heads e vários spoilers da terceira temporada de Twin Peaks.
Obrigado a quem misturou os dois. Dica da Ana.
Há quatro décadas, o grupo liderado por David Byrne inventava o pós-punk em seu disco de estreia, 77 – escrevi sobre esse disco no meu blog no UOL.
Enquanto o punk inglês ainda borbulhava no underground londrino prestes a estourar a cultura do faça-você-mesmo para todo o planeta, a versão nova-iorquina que inspirara o novo levante musical inglês fechava sutilmente seu primeiro ciclo. Nascida no meio da década de 70, a cena que cresceu ao redor do antigo bar de motoqueiros CBGB’s traçava uma genealogia que tinha suas raízes tanto nas bandas de garagem dos anos 60 quanto na contracorrente musical puxada pelo Velvet Underground dez anos antes e continuada com o surgimento de bandas como os Stooges de Iggy Pop, o MC5 (estas duas bandas da região de Detroit) e os Modern Lovers de Jonathan Richman.
O lugar descoberto pelo Television de Tom Verlaine serviu como palco para bandas desgarradas em Nova York que não gostavam de hard rock, heavy metal, folk rock ou rock progressivo, algumas das principais tendências musicais da época. Nomes como o Patti Smith Group, os Ramones, os Dictators e os Stilettoes (que mais tarde mudariam seu nome para Blondie) buscavam outras fronteiras musicais e misturavam riffs pontiagudos de guitarra, baixos duros e vocais com o dedo na cara do ouvinte com poesia, quadrinhos, pop bubblegum, música de vanguarda, surf music, política, literatura e a arte com A maiúsculo. Aos poucos estabeleciam-se como uma nova cena que aos poucos era reconhecida pelo apelido de “punk” (“podre” ou “sujo”, em inglês), nome de uma revista caseira feita por alguns dos frequentadores do CBGB’s. Tudo era feito por conta própria, embora as gravadoras – que ainda não eram majors como se tornariam na década seguinte – ainda tivessem um vínculo com o que acontecia fora do showbusiness e, aos poucos, cada uma dessas bandas foi lançando seus discos de estreia, a partir de 1975.
A última banda desta safra a conseguir lançar seu primeiro disco era um trio de universitários de Rhode Island que havia se mudado para Nova York depois de tentar fazer música em sua pequena cidade-natal. David Byrne e Chris Frantz, alunos da Rhode Island School of Design, tinham um grupo chamado The Artistics e a namorada de Chris, Tina Weymouth, fazia as vezes de roadie da banda. Os três desistiram da banda e mudaram-se para Nova York, quando Chris convenceu Tina a tocar baixo. Como um trio, fizeram seu primeiro show abrindo para os Ramones ainda em 1975. O novo nome havia sido tirado de um termo técnico usado no meio televisivo para designar programas que eram “só conteúdo, sem ação”. Os Talking Heads – cabeças falantes, como programas de debates ou de entrevistas – poderiam ter começado sua carreira ainda naquele ano, como um trio, quando foram sondados pela gravadora CBS. Gravaram uma série de demos que depois se tornariam um dos principais registros pirata da história da banda, mas que foram declinadas pela gravadora.
No ano seguinte começaram uma relação com a gravadora Sire, que assinou contrato com a banda e bancou seu primeiro disco. Jerry Harrison, ex-integrante dos Modern Lovers, aproximou-se do grupo e assumiu o papel de tecladista da banda. Com esta nova formação gravaram seu primeiro disco, batizado apenas de Talking Heads: 77, lançado exatamente há quarenta anos, no dia 16 de setembro de 2017. O fato de terem sido a última banda da cena punk nova-iorquina a lançar seu próprio disco teve um efeito direto na sonoridade do grupo. À medida em que o impacto sônico das bandas anteriores começava a ser assimilado pela crítica e pelo pequeno público boêmio em Nova York, os Heads foram lapidando seu som, deixando-o mais minimalista e ainda mais direto, ao mesmo tempo em que em vez de atacar o sistema preferiam descrevê-lo, ridicularizá-lo, criticá-lo. Os Talking Heads foram a primeira banda pós-punk do mundo.
Talking Heads: 77 é a essência deste novo som, que iria encontrar pares em outros norte-americanos novatos, como os grupos Devo e Pere Ubu, e, principalmente, na cena inglesa que ressurgiria depois da morte de Sid Vicious e do fim dos Sex Pistols, que incluía nomes como Joy Division, Smiths, U2, Public Image Ltd., Gang of Four, Cure, Killing Joke, Siouxsie & the Banshees, Echo & the Bunnymen, Bauhaus, Slits, entre inúmeros outros. A sonoridade seca e crua dos instrumentos, sua frequência mecânica, sua inclinação política e crítica sem necessariamente ser agressiva, seu vocal quase falado e um groove quadrado. O disco também é o molde para o pentateuco dos Talking Heads, os cinco primeiros lançamento de sua discografia (77, More Songs About Buildings and Food, Fear of Music, Remain in Light e Speaking in Tongues), que forjaram sua sonoridade e reputação.
Visualmente a banda também distanciava-se ao máximo do punk. Ao entender a fauna visual que começava a surgir ao redor do CBGB’s, Byrne e sua banda passaram a se comportar de forma cada vez careta e convencional. Vestiam-se como se estivessem indo para entrevistas de emprego e faziam questão de enfatizar um aspecto entre o ingênuo e o jovial, que contrastava diretamente com as letras de Byrne, ácidas críticas à sociedade moderna em forma de orações à rotina das grandes cidades. Faixas como “New Feeling”, “Don’t Worry About the Government”, “Pulled Up”, “First Week/ Last Week… Carefree” e, claro, o hit “Psycho Killer” colocavam a banda a uma certa distância do punk original, antes mesmo deste ganhar sua faceta ainda mais popular, via Inglaterra. Outras faixas, como “Happy Day”, “Tentative Decisions”, “Who Is It? e “No Compassion” com seus riffs dedilhados e groove sincopado já apontavam para as fronteiras musicais que o grupo descobriria nos anos seguintes, quando passou a desbravar primeiro o Caribe depois a África musical.
Mais do que isso, Talking Heads: 77 é o registro de uma banda em ponto de bala, no exato momento em que ela deveria ter gravado seu primeiro disco. Se seu álbum de estreia fosse lançado no 1975 cogitado pela CBS talvez o grupo tivesse incorporado características – que depois se tornariam clichês – do punk na primeira hora. Parido dois anos depois, o debut dos Talking Heads assiste sua apresentação mais centrada, mais decidida e convicta, o que fez que ela se tornasse uma das grandes bandas daquele período e crescesse sua moral na década seguinte. Moral que permanece intacta, principalmente pelo fato de que eles são uma das únicas bandas – num recorte que inclui nomes pesados como os Beatles, os Sex Pistols e o Velvet Underground – que nunca voltaram a tocar juntos, salvo uma ou outra ocasião. Poderiam voltar a fazer turnês e ganhar rios de dinheiro, mas preferem explorar novos rumos individualmente, uma sabedoria estética assumida ainda nos tempos do punk rock.
Show dos Talking Heads dirigido pelo recém-falecido Jonathan Demme também redefiniu o conceito de música com imagens – escrevi sobre isso no meu blog no UOL.
Jonathan Demme, cuja morte foi anunciada nesta quarta-feira, era um diretor de trajetória única na história do cinema. Foi cult e pop, célebre e desconhecido, comercial e alternativo, embora não tenha uma filmografia robusta para exibir. É autor de filmes importantes como Filadélfia e O Silêncio dos Inocentes ao mesmo tempo em que flerta com o trivial em comédias aparentemente leves (Totalmente Selvagem, Melvin e Howard e O Casamento de Rachel) ou com o meramente comercial (como o remake desnecessário – mas bem executado – de Sob o Domínio do Mal). Do ponto de vista estritamente cinematográfico, ele é um Ridley Scott menos comercial, um Ron Howard com voz própria, um Spielberg menor. Mas sua importância cresce quando vemos que sua relação com a cultura vai além do cinema e que ele é destes raros cineastas que entende tanto de cinema quanto de música.
Demme dirigiu videoclipes no início de sua carreira, como o de “The Perfect Kiss” do New Order, o da versão de “I Got You Babe” que o UB40 fez com a Chrissie Hynde nos anos 80 e o de “Streets of Philadelphia” de Bruce Springsteen, que trouxe para a trilha sonora de seu filme sobre Aids, o primeiro a tratar do assunto. Sua relação com a música seguiu nos anos seguintes, quando dirigiu uma trilogia de documentários com Neil Young (Neil Young: Heart of Gold, Neil Young Trunk Show e Neil Young Journeys), outro sobre o músico inglês Robyn Hitchcock e acompanhando a turnê do disco mais recente de Justin Timberlake, em seu último filme, Justin Timberlake + the Tennessee Kids, do ano passado.
E, claro, sua grande obra, Stop Making Sense, que também é o melhor registro em filme de uma banda ao vivo, gravado com os Talking Heads em 1984. É por O Silêncio dos Inocentes que Demme sempre será lembrado, principalmente por levar o grand slam do cinema comercial norte-americano ao ser dos raros filmes que ganharam os cinco prêmios principais do Oscar (melhor filme, melhor ator, melhor atriz, melhor diretor e melhor roteiro). A sombra da influência do filme que conta a história de um canibal elegante paira sobre nossa cultura pop até hoje – desde a sobriedade firme dos agentes do FBI depois da Clarice Starling de Jodie Foster até a violência gratuita e gráfica que permeia as principais obras norte-americanas deste século.
Mas Stop Making Sense, o filme em que Demme filma um show dos Talking Heads em seu auge, é mais do que isso: é a obra-prima de Demme. Ele está sim contando uma história, a história não-verbal que é um show de rock. Vai desenvolvendo um crescendo literal ao colocar músico a músico no palco ao mesmo tempo em que mostra um show sendo montado no palco, com os instrumentos entrando pouco a pouco enquanto o palco também vai sendo montado. É como se o show fosse também o making of do show.
Ele também encontra em David Byrne o ator perfeito para seus delírios visuais. O gestual de Byrne e seu olhar perdido, sua dança robótica e sua interação com o público (“alguém tem alguma pergunta?”, diz após o súbito fim de uma música) acompanhada de um groove pós-punk pesado, em que a edição e a forma como os músicos são mostrados acompanha o ritmo de perto. O ritmo do show é incessante e tanto a banda quanto seus convidados (o tecladista do Parliament-Funkadelic Bernie Worrell, o guitarrista dos Brothers Johnson Alex Weir, o percussionista Steve Scales e as vocalistas Lynn Mabry e Ednah Holt) não param de dançar um minuto. Sem contar os elementos de palco inventados pelo diretor junto com a banda, como os telões monocromáticos, o hoje clássico enorme paletó de David Byrne ou a inclusão de um abajur como objeto cênico – e parceiro de dança.
Stop Making Sense é como o show reage a era do videoclipe, novidade comercial do mundo da música no início dos anos 80, mas também reposiciona o espectador de volta à plateia. Antes dele, filmes de shows clássicos – como o Last Waltz que Scorsese dirigiu para a The Band ou The Song Remains the Same do Led Zeppelin – colocam o espectador bem próximo da banda, criando uma cumplicidade inexistente em shows daquela proporção. São filmes que mostram o público como a banda o vê, uma situação que, de verdade, a audiência nunca irá passar. Demme posiciona a maioria de suas câmeras no público e assistimos ao show como se estivéssemos na plateia. E assim ele isola uma sensação que a maioria dos diretores de shows tenta recriar até hoje: a que realmente estamos assistindo a um show como se estivéssemos lá. Poucos diretores chegaram perto disso (Scorsese mesmo é um deles, principalmente no Shine a Light que filmou com os Stones), mas nenhum conseguiu de forma tão empolgante quando o falecido Johnathan Demme.
Veja com seus próprios olhos:
https://www.youtube.com/watch?v=-gUsGYtozko&list=PLVSlPiUUcHnDAesZb1ES7nyb07eVLdMzM
Mais do que um grande diretor, Jonathan Demme, que morreu nesta quarta, também foi um dos grandes diretores de vídeos musicais – em especial de um favorito pessoal, o impressionante Stop Making Sense, dos Talking Heads, que pode ser assistido na íntegra neste vídeo abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=EoUKMRtv0Fk
Grande perda.
Pensativo.
Jorge Ben – “O Filósofo”
Calvin Harris – “Merrymaking at My Place”
!!! – “Heart of Hearts”
Blood Red Shoes – “It’s Getting Boring By The Sea (Blamma! Blamma! Red Shoes Mix)”
We Are Scientists – “Chick Lit (Danger TV Remix Edit)”
Edu K + Marina Vello – “Me Bota Pra Dançar”
Simian Mobile Disco – “Hustler”
Whitest Boy Alive – “The Golden Cage (Fred Falke Remix)”
Mano Brown + Seu Jorge + Dom Pixote – “Dance, Dance, Dance”
Quinto Andar – “Som Pra Pista”
Knife – “We Share Our Mother’s Health”
George Michael – “Freedom ’90”
Happy Mondays – “24 Hour Party People (Jon Carter Mix)”
B-52’s – “Rock Lobster”
Gang 90 + Absurdetes – “Românticos a Go-Go”
Talking Heads – “I Zimbra”
Fall – “Rollin’ Danny”
Erasmo Carlos – “Mané João”
João Donato – “Cala Boca Menino”
Odair José – “Com o Passar do Tempo”
Pink Floyd – “Free Four”
Pavement – “Father To a Sister of Thought”
Bruce Springsteen – “Glory Days”
Isaac Hayes – “By the Time I Get to Phoenix”
Segue o frio – e que frio!
Clash – “Should I Stay or Should I Go?”
Stooges – “T.V. Eye”
Inocentes – “Ele Disse Não”
Smack – “Rádio Smack”
The Fall – “Living Too Late”
New Order – “Every Little Counts”
LCD Soundsystem – “Dance Yrself Clean”
You Can’t Win, Charlie Brown – “Above the Wall”
Konk – “Konk Party”
Painel de Controle – “Relax (Extended Waxist Version)”
Sequence – “Funk You Up (Long Version)”
Daft Punk + Julian Casablancas – “Instant Crush”
Paul Simon – “The Werewolf”
Talking Heads – “Papa Legba”
John Carpenter – “This is Not a Dream”
Giorgio Moroder – “74 is the New 24”
Hot Chip – “Flutes”
Céu – “Varanda Suspensa”
Hurts – “Lights”
Radiohead – “Identikit”
Tatá Aeroplano – “Cadente”
Michael Kiwanuka – “Love & Hate”
Wilco – “If I Ever Was a Child”