E se o Hans Donner inventasse o iPad?

Ia rolar download de mulher, imagina.

Impressão digital #0043: O futuro da televisão

E na minha coluna do Caderno 2 ontem continuei falando sobre porque eu acho que o iPad é só uma fase.

O futuro da televisão
E o que o celular tem a ver com isso

Na coluna da semana passada, falei sobre como os tablets dominaram a Consumer Eletronics Show (CES), maior feira de tecnologia para o consumidor do mundo, que acontece sempre em janeiro, em Las Vegas, nos EUA. Dizia que, por mais que o sucesso do iPad abrisse uma nova linha de produtos tecnológicos (lançados às pencas em Las Vegas), não seria o substituto do computador – seja desktop ou notebook – como o conhecemos.

Houve quem discordasse com veemência. Fãs da Apple têm dessa mania: se foi feito por Steve Jobs é o certo, correto e não tem por que discutir. Discuto, pois acho o iPad muito grande para a geração digital que hoje já se comunica mais com o celular do que com o computador. Mas um dos motivos que me fazem crer que o iPad é só um aparelho intermediário e não o computador do futuro parte de outras duas novidades que também foram atrações na CES da primeira semana de 2011.

Além de quase todas as principais empresas de tecnologia lançarem seus tablets, as outras duas atrações da feira foram novos modelos de smartphone e as chamadas “smart TVs”. Os novos celulares foram apelidados de “super smartphones” devido a um novo tipo de processador interno, que permite que esses aparelhos tenham um desempenho que os deixa mais próximos dos computadores atuais do que dos smartphones que estão no mercado.

As TVs inteligentes levam esse adjetivo pois se conectam com a internet e permitem um tipo de interação própria da rede na programação, um recurso que não só é inédito como vai de encontro à natureza da TV.

Explico: por décadas, a televisão se firmou como um dos principais aparelhos na casa das pessoas. Começou a ser desafiada a partir dos anos 80, com a chegada do computador, mas só na década seguinte passou a disputar as atenções familiares. Com a internet, o computador deixou de ser uma estação isolada de entretenimento e trabalho para assumir o papel de meio de comunicação.

E aí a TV começou a ser vilanizada. Enquanto o computador era festejado por permitir a interação, o diálogo, a colaboração e a participação, o televisor era tido como um aparelho que estimulava a passividade, o tédio e a apatia. Até a postura das pessoas frente às duas máquinas foi usada como metáfora para o que ambos faziam com seus usuários: o computador fazia o sujeito se inclinar para frente, como se o puxasse para dentro do monitor; a TV o largava para trás, deitado no sofá.

Isso começa a mudar com essas TVs que se conectam à internet, que ainda estão em sua infância. Online, a televisão corre o risco de recuperar sua posição central na casa – ou pelo menos de tirar esse trunfo do computador. É difícil apostar que ela volte a se tornar o principal aparelho do lar justamente por causa da evolução dos smartphones. São eles que vão fazer a ponte entre o lar e a rua, a TV gigante na sala e o conteúdo que você quer levar no bolso – o celular funcionando como uma espécie de versão em miniatura e acessório inteligente do aparelho principal. E é aí que o tablet – seja da Apple ou não – fica sobrando.

Link – 10 de janeiro de 2011

CES 2011: O que muda com os tabletsOs novos computadoresA CES dos tablets inaugura uma briga de formatos10 anos de Wikipédia: Uma década colaborativaNa mira: Brasil, África e ÍndiaPersonal Nerd: 10 anos de WikipédiaPor uma internet mais livreMarco Civil da Internet prevê a neutralidade de rede no BrasilChile: pioneiro no mundoTintin no cinema: Novos horizontesEstágio no Link, Banda larga, MySpace, Double RainbowVida Digital: Jonathan Rothberg

Impressão digital #0042: Tablets – só uma fase?

Minha coluna de ontem no Caderno 2 foi sobre a febre dos tablets na CES da semana passada – e você.

Pranchetas digitais
Você precisa mesmo de um tablet?

O iPad foi praticamente uma bomba-relógio – armada para estourar um ano depois. Os rumores sobre um possível tablet da Apple começaram logo após o Natal de 2009 e só eles foram suficiente para fazer as ações da empresa subirem de valor – e botar o mercado para correr. E na Consumer Electronics Show (CES) de 2010, realizada em janeiro do ano passado algumas semanas antes do anúncio oficial do iPad, havia quem anunciasse seu próprio tablet antes mesmo de saber se o da Apple era de verdade ou não. Quem tentou lançar o seu – a Microsoft foi uma das empresas que, a toque de caixa, quis sair na frente com seu Slate – ficou só com a fama de querer correr atrás da novidade alheia.

Corta para 2011 e voltamos a Las Vegas, para a mesma CES que tentou antecipar o que poderia ser o mundo dos tablets antes da Apple, e que surpresa… Todos têm seu tablet pronto para o mercado. Samsung, LG, RIM, Asus, Lenovo, Motorola e até a Microsoft apresentaram novas versões de dispositivos portáteis de acesso à internet que mais se parecem com uma prancheta do que um celular ou um laptop. Até o Google entrou na briga – não com um aparelho –, mas apresentou a nova versão de seu sistema operacional para celulares (o Android) que funciona também em tablets desse tipo. Por isso, não há dúvidas de que o tablet foi uma das principais estrelas da CES 2011, que começou na quinta passada e termina hoje.

Mas isso quer dizer que 2011 será o ano em que você comprará um tablet? É o que o mercado quer, mas será que você precisa de mais um aparelho digital portátil – além do computador?

Como disse na coluna da semana passada, é questão de tempo para que o desktop – o bom e velho computador de mesa – perca seu espaço como principal aparelho digital da casa. O celular já assume algumas dessas funções, o laptop já ultrapassou o número de computadores tradicionais vendidos no Brasil e a TV aos poucos começa a lançar seus tentáculos rumo à internet.

O tablet surge, em 2011, como um meio-termo entre o televisor, o celular e o PC. Mas ainda não é – nem acredito que vá ser – o principal aparelho eletrônico de uso individual. Seu reinado parece ter prazo limitado, até que alguém finalmente conecte esses três aparelhos (TV, celular e PC) sem precisar colocar uma prancheta eletrônica entre um e outro como ponte digital.

Por isso, por mais que o mercado pareça dizer que você precisa ter um tablet em 2011, resista à tentação consumista de um aparelho que deve se tornar obsoleto em pouco tempo. Mas se o seu negócio é ter as novidades quando elas saem, bem, isso é outra história…

Link – 15 de novembro de 2010

Mania de primeiroRockmelt: um convite à distração Personal Nerd – WebTVNem Google, nem ApplePara onde vai o jornalismo online Tropical e digitalMais um recordistaAs regras do jogo, escritas em chinêsServidorDepois do PC e do celular, é chegada a hora dos tabletsVida Digital: Peter Grünberg

Link – 10 de maio de 2010

21 dias depois: nem notebook, nem celular, iPad ocupa novo lugarA vantagem do aparelho de uma tarefa sóLivraria Cultura vira palco para o LinkSó a Justiça pode tirar conteúdo do ar, redefine anteprojeto do Marco CivilComo registrar seu domínioA tecnologia dos celulares regerá o futuro dos tablets‘Prince of Persia’ vira filme dando sequência à evolução dos gamesE depois do anúncio do Plano Nacional de Banda Larga?A invasão dos ‘Androidphones’Vida digital: No espaço sideral

O iPod das letras

Textinho meu no site do Link de hoje.

Apple pode mudar tudo hoje – de novo

Anúncio do novo tablet que acontece em São Francisco às 15h de Brasília pode matar o Kindle e criar um iPod das letras

É verdade… Estou testando o tablet da Apple pelas últimas duas semanas e ele é impressionante“.

twitter-calacanis

O silêncio já vinha sendo quebrado desde antes do fim do ano, quando apenas rumores sobre um anúncio que seria feito pela Apple no início de 2010 fizeram as ações da empresa saltar, e à medida em que janeiro passava, surgiam ainda mais notícias e novidades relacionadas a mais um produto da empresa de Steve Jobs, cujo anúncio ocorre nesta quarta-feira, em São Francisco, nos EUA, a partir das 15h (em Brasília). Até que o blogueiro e empreendedor Jason Calacanis começou a twittar na madrugada desta quarta-feira, 27:

A melhor parte do tablet é um sintonizador de TV digital com gravador de vídeo – além de um jogo de xadrez“, “o tablet da Apple é realmente impressionante para jornais. A videoconferência é super estável, mas nada novo“, “o preço será entre US$ 599, 699 e 799 depenendo do tamanho e da memória no tablet. Ele também tem um teclado sem fio e conexão do monitor para a TV“, “sim @HappyDrew, o tablet da Apple tem um sistema operacional parecido com o do iPhone com a possibilidade de manter múltiplos aplicativos rodando simultaneamente“, “ele conta com duas câmeras: uma na frente e outra nas costas (ou pode ser apenas uma lente dupla), assim ele grava tanto você quanto o que está à sua frente“, “os games do tablet da Apple são ótimos. Do nível de inovação da Nintendo. O aplicativo para o Farmville é insano. Mark Pincus (dono da Zynga, criador do Farmville) fará uma demonstração do aplicativo amanhã“.

São muitas novidades. Ao que parece, o novo dispositivo da Apple não será meramente um “iPhonão” como previsto – não é apenas um dispositivo que permite acessar a web como conhecemos hoje de forma menos espremida do que no celular. Também não parece ser só um meio termo entre o netbook e o smartphone, um aparelho que permite conectar-se à internet de forma prática e de qualquer lugar. Pelos relatos e rumores que já surgiram, especula-se que o território que a Apple quer desbravar não é apenas o da interação e conectividade, mas também o de conteúdo e entretenimento. Especula-se que o novo dispositivo da Apple venha elevar o conceito proposto pelo Kindle – o leitor eletrônico 1.0 – a um nível sequer sonhado pelo dispositivo da Amazon – aí sim, multimídia, interativo e diferente de tudo que já foi visto antes.

O que se espera é que a Apple lance o que a Amazon parecia ter lançado: um iPod das letras. E não apenas dos livros, como o Kindle. Mas que abranja para além do mercado livreiro, o editorial como um todo, incluindo não apenas jornais e revistas, mas provedores de conteúdo online e, em última instância, até blogs. Mais do que isso: o dispositivo, se for tudo o que promete, pode integrar de vez conteúdo multimídia ao texto, provocando um terceiro salto evolutivo em uma série de tecnologias que estão mudando nossa relação com o conteúdo. Primeiro veio a web, que tornou possível livro, jornal, TV, música, telefone, rádio e cinema num mesmo ambiente, ainda que primitivo. Depois veio a web móvel, que reempacotou tudo isso em nosso bolso – e em que a Apple foi capital (primeiro com o iPod, depois com o iPhone). E é possível que estejamos às vésperas de um salto ainda maior, que torne nossa relação com a web móvel tão corriqueira e natural quanto o manusear de uma revista ou de um jornal e nos livre, de vez, do computador.

No final de uma matéria de segunda-feira no LA Times em que o jornal detalhava os acordos que algumas empresas (como a editora Conde Nasté e o jornal New York Times) vinham fazendo com a Apple em relação ao novo tablet, o analista do Instituto Gartner Allen Weiner explicava que haveria muita tentativa e erro antes que os editores tradicionais descubram o que fazer com suas edições digitais.

“Ninguém vai comprar um tablet para ler e-books. O Sony Reader mais barato custa 199 dólares e é ótimo para ler livros. Mas onde está a oportunidade? Está em criar experiências de leituras. É colocar vídeos e atualizações feitas pelo autor em um livro de culinária. É uma oportunidade porque você pode cobrar algo extra por isso”.

O que nos leva a um post de setembro do ano passado do Fake Steve Jobs, o blogueiro que posta como se fosse o fundador da Apple falando sem papas na língua (mas que na verdade é o jornalista David Lyons), quando a especulação sobre o tablet já existia. Ele começa citando outro blog, o Gizmodo:

“O Brian Lam do Gizmodo dá uma dica esta manhã, mas vale uma explicação mais profunda. Uma pequena dica: não é sobre tecnologia. Eis o trecho do artigo de Lam sobre como ele acha que nós estamos querendo reinventar jornais, livros e revistas:

‘O objetivo final é fazer com que editores criem conteúdo híbrido que tenha áudio, vídeo e gráficos interativos em livros, revistas e jornais, onde o layout no papel é estático. Com as datas de lançamento do Courier da Microsoft ainda à distância (a MS apresentou seu tablet na CES deste mês, o Slate) e o Kindle preso à tinta eletrônica relativamente estática, parece que a Apple está se movendo rumo à liderança na distribuição da próxima geração de conteúdo impresso (…)’

O itálico em ‘conteúdo híbrido’ é meu. Pois aí está o ponto central. E é isso que Brian acerta quando ele fala sobre ‘redefinir’ jornais e outros produtos feitos de árvores mortas.

Novas tecnologias abrem novas formas de contar histórias. Eis o que é verdadeiramente excitante aqui. Não é o tablet, mas o que ele significa para as notícias, para o entretenimento, para a literatura. Sacou? É isso que o Tchekov queria dizer quando falava que o meio é a mensagem. E é por isso que o tablet é tão profundo.

Não faz sentido mudar para e-readers se formos fazer só o que já fazemos em papel. É por isso que o Kindle é tão ruim. Eles só abriram a picada. E é por isso que seguramos o nosso tablet – não porque não tínhamos a tecnologia, mas porque quem lida com conteúdo é tão devagar que eles não conseguem criar algo que valha a pena ser colocado no tablet.

É impressionante como poucos grandes nomes do mercado editorial realmente entendem isso. Nós convidamos alguns deles para reuniões e enquanto estávamos conversando, nós meio que passávamos um pequeno questionário para eles resumido em uma única pergunta: para onde você acha que o mercado editorial irá? A maioria deles não conseguia pensar em outra coisa a não ser no que já vinham fazendo no passado. Para eles é só um detalhe, uma pequena mudancinha em seus negócios, como os jornais deixando de ser preto e branco para ganhar cores ou mudando de formato, por exemplo.

Mas não tem nada a ver com isso. Estamos falando de uma forma completamente nova de transmitir informação, uma que incorpore elementos dinâmicos (áudio e vídeo) com estáticos (texto e fotos) mais a habilidade para o ‘público’ se tornar criador, não apenas consumidor.

O engraçado é que os caras do mercado editorial se consideram do lado ‘criativo’ do negócio, mesmo que eles não tenham visão alguma. Para eles, nós que lidamos com tecnologia somos um bando de parasitas. E se perguntam porque, em plena era digital, somos nós quem estamos colhendo a recompensa financeira.

Minha aposta é que o conteúdo verdadeiramente revolucionário não virá dos editores de velha guarda. Virá dos novos, dos moleques que cresceram no digital. Esta noção de fundir elementos é natural para eles. E em algum lugar há um gênio esperando ser descoberto – o Orson Welles da mídia digital, alguém que irá criar uma linguagem completamente nova para contar histórias. Se você estiver lendo isso, Orson Jr., entre em contato. Temos algo que queremos mostrar para você”

Pode ser ficção, pode vir em tom de piada, pode ser ríspido em vários trechos (e eu peguei leve na tradução), mas o fato é que as considerações do Steve Jobs de mentira têm um efeito profundo à luz do que a Apple de verdade pode anunciar mais tarde.

Link – 25 de janeiro de 2010

20 jogos nota 10Games com tudo para ser nota 10‘Link’ estreia novos site e blogsEstadão na Campus PartyInfografistas do ‘Link’ apresentam projetoA importância de um evento de tecnologiaAmeaçado, Google negocia permanência na ChinaQuarta tem anúncio da Apple: é o tablet? • As melhores maneiras de conversar • Vida Digital: Scott Goodstein e Peter Giangreco

Link – 11 de janeiro de 2010

2010: de zero a cem em onze diasRealidade alternativaCES 2010, a maior feira de tecnologia do mundoGoogle lança telefone: o que ele quer com isso?Expectativa: E o tablet da Apple, hein?O dia em que o reality show encontrou a webEspiando a web pela TVA anti-mídia social e a invsão no ‘Big Brother’ • Aproveite as férias para dar uma geral no seu computador • iPhone de machoTV e 3G em um plugueSem distorção e sem potênciaRoteiro sob escrutínioQual o futuro da memória?Marcelo Branco, da Campus Party

2010 ao quadrado

Materinha de apresentação da edição do Link de hoje.

2010: de zero a cem em onze dias

Ninguém poderia prever. Mas a década mal havia começado e uma notícia pegou todos de surpresa. Um gigante online entrava com tudo num mercado tradicional pagando bilhões de dólares. Quando a America Online anunciou a compra do grupo Time Warner por US$ 164 bi no dia 10 de janeiro de 2000, há exatos dez anos e um dia, o mundo parou para discutir a importância daquilo que parecia ser apenas uma novidade da década anterior e que, ano recém-começado, dava pistas de que deixava de ser uma rede de contatos entre adolescentes, tecnófilos e acadêmicos para mexer de forma agressiva no resto do mundo.

2010 não começou com um único anúncio bilionário, mas com várias notícias de diversas áreas distintas que sacramentam a importância assumida pelo mundo digital. A começar pela maior feira de tecnologia do mundo, a Consumer Electronics Show (CES), em Las Vegas, que em todo janeiro, desde 1967, apresenta produtos e tendências que irão dominar o ano. Se em 2009, a feira foi abalada pelas notícias da crise econômica mundial, em 2010 ela já prometia a recuperação do mercado de tecnologia.

Se fossem só as novidades da CES 2010, já teríamos motivo para começar o ano com boas notícias: TVs e carros que acessam a internet, entretenimento doméstico incorporando o 3D, novas marcas se estabelecendo no mercado, computadores cada vez menores e integrando funções de outros aparelhos, tecnologia “vestível”, rivais para o Kindle. O Link esteve em Las Vegas e mostra nesta edição as principais novidades da feira que terminou no domingo.

Duas notícias paralelas à CES mexeram com a própria feira. O anúncio do Nexus One, o telefone do Google, não foi feito na terça-feira passada por acaso – ele simplesmente ofuscou quaisquer outros celulares que foram apresentados em Las Vegas, pelo simples fato de ter sido feito pelo Google.

O anúncio do novo aparelho – cujas expectativas foram aquém do esperado – pode, de cara, mudar completamente o relacionamento entre fabricantes e operadoras. E mostra uma faceta inesperada para a empresa – não bastasse ir para o mercado de celulares com seu sistema operacional, o Android, o Google agora atua no mercado de hardware.

A outra novidade que abalou a CES nem sequer é notícia, mas apenas um rumor que começou a circular no final do ano passado e causou até a subida das ações da Apple. Um suposto lançamento anunciado para o final deste mês jogou luz sobre um aparelho que estava fora do foco das novidades tecnológicas. E bastou uma especulação para que concorrentes apressassem o lançamento de seus próprios tablets. Pois é sabido que, como aconteceu com o MP3 player e o celular com muitas funções, uma vez que a empresa de Steve Jobs lança um determinado produto novo, é o suficiente para que outras marcas se animem e corram para entrar neste mercado.

A outra novidade é brasileira e veio na quarta-feira, quando a TV Globo anunciou os participantes da décima edição do Big Brother Brasil e nada menos do que cinco dos novos candidatos do reality show são personalidades que já eram conhecidas em diferentes nichos da internet.

Pode parecer bobagem, mas é uma prova de que até a principal emissora do País passa a dar atenção para a cultura digital em sua programação – o que é bem diferente de exibir URLs na tela da TV ou acessar a programação via internet. A fusão entre reality show e web 2.0 veio apenas escancarar uma suspeita – a de que, independente da plataforma em que as pessoas estejam, seja TV ou internet, é cada vez mais comum exibir-se para os outros e não se preocupar com a própria privacidade. A nova edição do Big Brother Brasil, que começa amanhã, pode acelerar essa tendência, além de desafiar a disposição das celebridades de nicho num veículo de massa.

Em entrevista recente ao Link, o futurólogo Alvin Toffler afirmou que estava cada vez mais difícil fazer previsões sobre o futuro da tecnologia. O próprio anúncio da compra da Time Warner pela America Online, que parecia criar um novo gigante online, deu com os burros n’água e foi eleito neste ano, pelo jornal inglês Telegraph, como a pior fusão de empresas da década passada.

Mas do mesmo jeito que aquela notícia antecipou a importância da internet na década passada, será que estas primeiras notícias de 2010 podem funcionar como um aperitivo dos próximos dez anos? Ou será que é melhor chutar o que pode acontecer na próxima década? Na dúvida, escolhemos as duas opções.