Falei do Super 8 na minha coluna no Caderno 2 de domingo.
A nova inocência
‘Super 8’ e o coração de uma geração
A promessa se confirmou. Super 8, que estreou neste fim de semana no Brasil, o terceiro filme de J.J. Abrams é tudo aquilo que parecia ser quando seu trailer de pouco mais de um minuto apareceu online há um ano. Ele é conhecido como Midas da TV pós-internet ao usar pistas e dicas colocadas online para aumentar a exposição e, portanto, a audiência de suas séries. Alias, Lost e Fringe são os melhores exemplos desse tipo de estratégia que também foi testada e aprovada no cinema. Mas até Super 8, J.J. só havia lidado com obras alheias – sua estreia na direção foi no terceiro Missão: Impossível e seu segundo filme acertou na mosca ao conseguir trazer a mitologia de Jornada nas Estrelas para uma nova geração.
Com Super 8, ele partiu para uma história nova e autoral. E, para isso, resolveu aliar-se a um de seus ídolos do cinema, Steven Spielberg, que chamou para produzir o filme. E como J.J. não é bobo nem nada, aproveitou a deixa para fazer o que melhor sabe: puxar links e referências para enriquecer seu trabalho – e fazer fãs enlouquecidos procurarem por essas pontas soltas dentro e fora da internet.
E o alvo, nesse caso, foi o próprio Spielberg. Mirando no ídolo como se olhasse num espelho, ele procurou um ponto em comum em sua filmografia para captar algo específico para a própria carreira. E escolheu os anos 80 consagrados pelo diretor. Depois de salvar Hollywood da bancarrota ao criar o formato blockbuster em Tubarão (1975), Spielberg se dispôs a dar a tônica de seu tempo. E, ao dirigir filmes como Contatos Imediatos do Terceiro Grau e E.T. e produzir outros como Goonies e De Volta para o Futuro, ele fez questão de celebrar seu novo público – os adolescentes dos anos 80. Walkman, videogame, computadores, rock, skate, grafitti – tudo que parecia modismo ou descartável para uma geração mais velha que a sua foi canonizado por Spielberg nesses filmes. Mais que isso, deu a uma geração que poderia crescer desesperançosa uma sensação de pureza e ingenuidade. Próxima àquela impregnada nos anos 50 dos EUA.
E agora J.J. Abrams quer repetir o feito. Já havia apostado na recuperação dessa inocência em sua primeira produção, o seriado Felicity, e todas as suas séries, por mais estranhas que fossem, nunca deixavam a emoção de lado. Lost era sobre amor e amizade, Fringe e Alias também tratam sobre a relação entre pais e filhos. Ao retratar o início dos anos 80 com o mesmo cuidado que Spielberg deu aos anos 50 (a conexão da viagem no tempo de De Volta Para o Futuro, que interliga 1955 e 1985 é crucial para entender isso), ele está às vésperas de conquistar corações e mentes da geração digital. De uma vez por todas.
Escrevi sobre o Super 8, que estreia hoje, na capa do Divirta-se do Estadão. Assinei o especial com o Ramon, ficou massa.
A soma de tudo
Dirigido por J.J. Abrams e produzido por Steven Spielberg, ‘Super 8’ chega hoje (12) aos cinemas e une os diretores mais criativos de duas gerações
Em 1975, Steven Spielberg deixou de ser uma das promessas da nova Hollywood para mudar completamente a história do cinema. Com ‘Tubarão’, ele apostou suas fichas em transformar o cinema numa montanha russa de emoções, com a ajuda de efeitos especiais. É bem provável que o filme tenha sido uma das primeiras grandes epifanias do jovem Jeffrey Jacob Abrams – na época com 9 anos–, que cresceu, como muitos, sob a influência do diretor e criador de universos pop Spielberg.
Tanto que ninguém estranhou quando os dois anunciaram que fariam um projeto juntos – Spielberg produzindo um filme dirigido por Abrams, que hoje assina como J.J. e é, ele mesmo, uma espécie de Spielberg do novo século.
Afinal, como o ídolo, ele deu uma sobrevida a uma indústria à beira do precipício. E se Spielberg havia salvo os estúdios da mesmice, Abrams salvou a TV da fobia em relação à internet.
E, mesmo lançando um trailer escuro e violento no meio do ano passado, a expectativa era que a união dos dois fosse além de alienígenas e tramas conspiratórias. Ao colocar um elenco de pré-adolescentes como protagonistas do novo filme, os dois pareciam dispostos a recuperar a inocência no cinema pop.
E Super 8 faz isso. Acompanhando um grupo de amigos que querem fazer um filme de zumbi na marra (em 1979, usando a câmera que batiza o filme – uma piada sutil com o excesso de tecnologia das produções atuais), J.J. os faz presenciar um acidente de trem espetacular, que liberta um alienígena encarcerado pelo governo. O clima de ‘Cloverfield’ com ‘Contatos Imediatos do Terceiro Grau’ fica em segundo plano à medida em que somos apresentados à rotina de uma pacata cidade norte-americana, que nos remete a clássicos dos anos 80 com o dedo de Spielberg – especialmente à atmosfera brincalhona de ‘Goonies’ e à pureza de ‘E.T. – O Extra-Terrestre’. O filme é uma resposta sutil e sincera para quem ainda duvidava do talento de J.J. Abrams.
Dois ícones modernos se encontraram na semana passada, pra falar do filme novo do Jota Jota, Super 8 (que só estréia por aqui em agosto, apesar da gracinha no início da entrevista). Vale assistir a todo o programa, principalmente a parte que o Jon escrotiza o debate dos republicanos. O programa pode ser visto todo, na íntegra, em seu site oficial.
Minha coluna no Caderno 2 foi, mais uma vez, sobre Super 8, J.J. Abrams e Spielberg.
J.J. Abrams & Spielberg
…e o futuro do cinema
Super 8, o novo filme de J.J. Abrams, estreou na sexta-feira passada nos EUA. É um momento decisivo tanto para sua carreira quanto para a de Steven Spielberg, que produz o filme. Para Abrams, a expectativa diz respeito à primeira incursão do diretor e produtor no cinema em um título próprio. J.J. é conhecido como Midas da TV graças à sequência de seriados bem-sucedidos que produziu: Felicity, Alias, Lost e Fringe. Mas, no cinema, só dirigiu dois filmes, o terceiro Missão: Impossível e a nova versão para o cinema da série Jornada nas Estrelas. Não havia dirigido nenhum filme cuja ideia original fosse sua, até agora.
Spielberg, por outro lado, tem outro tipo de preocupação. Diretor que se firmou ao reconectar o público de cinema com uma audiência adolescente, à medida que foi se estabelecendo como diretor, começou a ir rumo a assuntos sérios, o que lhe rendeu alguns Oscars que não fossem de efeitos especiais. Mas ao remoer lembranças de guerra e conflitos judeus, deixou de lado a diversão e o entretenimento puros e simples. Tentou retomá0-los ao voltar à ficção científica no início do século, visitando Kubrick (Inteligência Artificial), Philip K. Dick (Minority Report) e H.G. Wells (Guerra dos Mundos), mas sem conseguir vincular-se a um público mais jovem. Só conseguiu recuperar isso ao produzir os filmes de Michael Bay (especialmente Transformers), mas sua marca não era percebida como assinatura.
Até que J.J. Abrams resolveu fazer uma homenagem ao ídolo e o chamou para esse tal Super 8. Abrams, que é conhecido por empilhar referências em suas obras, resolveu transformar o filme em uma grande ode ao cinema de Spielberg, especificamente à sua filmografia nos anos 80.
E, como é do seu feitio, Abrams não deixou barato e levou seu novo filme, mesmo antes do lançamento, a diversas mídias diferentes – colocou gente para montar um curta a partir de pedaços soltos pela web e até a criar uma HQ que seria concluída pelo público.
As primeiras impressões sobre o filme não são suficientes para tentar prever algum sucesso, mas tudo indica que Spielberg e Abrams conseguiram alcançar o que estavam tentando: uma história fantástica, um thriller de ficção científica e uma fábula pré-adolescente.
Mas a premissa inicial de Super 8 – em que uma turma de jovens brinca de fazer cinema e, sem querer, filma algo que não devia – parece ser outra homenagem de Abrams, desta vez a uma previsão de Francis Ford Coppola, em uma entrevista dada nos anos 70: “Um dia, uma gordinha em Ohio será o novo Mozart e fará um lindo filme com a câmera portátil de seu pai e quando isso acontecer todo esse profissionalismo em relação a filmes será destruído para sempre e o cinema se tornará uma arte”. Ainda não chegamos lá, mas será que um dia chegaremos? Super 8 chega ao Brasil apenas em agosto.
“Um dia, uma gordinha em Ohio será o novo Mozart e fará um lindo filme com a câmera portátil de seu pai e quando isso acontecer todo esse profissionalismo em relação a filmes será destruído para sempre e o cinema se tornará uma arte”
O clássico trecho de uma entrevista que o Coppola deu ainda nos anos 70 parece conversar – e bem – com o novo projeto de J.J. Abrams, que começou a se materializar de fato essa semana, afinal a estréia acontece nessa sexta, nos EUA.
Conseguiram montar os pedacinhos do filme que J.J. Abrams espalhou por aí e, como disse o Bleeding Cool, o que podemos assistir é 95% história anterior ao filme e 5% spoiler. E aí, tem coraji?
Mais uma do Super 8 antes do lançamento: uma história em quadrinhos que você completa o último quadrinho. O próprio J.J. Abrams escreveu ao lado de um de seus muitos colaboradores (David Baronoff que trabalhou na produção de Lost), uma história que foi ilustrada por Tommy Lee Edwards (que desenhou 1985, uma das mais belas homenagens à HQ de super-herói, escrita por Mark Millar) e cuja capa foi pintada por Alex Ross (de Marvels). Muito foda, dizaê.
Aqui tem mais informações sobre o tal concurso (que só rola nos EUA).
Se liga no barulho do monstro antes do trailer completar 30 segundos…
…sim, preciso falar mais sobre esse filme.
Minha coluna no Caderno 2 de domingo foi sobre os 20 minutos de Super 8 que assisti na semana passada, mas depois eu esmiuço isso melhor por aqui.
Super 8 vem aí
J.J. Abrams ataca mais uma vez
J.J. Abrams ataca de novo. Nem bem encerrou em grande estilo a terceira temporada de um dos seriados que produz – Fringe – e anunciou o lançamento de nova série no ano que vem – Alcatraz, de novo em uma ilha –, o produtor de Lost começa a concentrar esforços em seu grande projeto de 2011: Super 8. É seu terceiro filme na direção e, mais do que isso, sua primeira parceria com um de seus ídolos, Steven Spielberg, que produz o filme.
Quando lançou o primeiro trailer no ano passado, em um minuto e meio de imagens, fãs de Abrams e Spielberg conseguiram achar pistas que uniam tanto as produções de J.J. quanto as de Steven.
No mês passado, alguns veículos no exterior receberam caixinhas da Kodak com rolos de filmes que continham apenas alguns segundos de um misterioso comunicado confidencial do governo norte-americano. Fazia parte do início da estratégia de divulgação do filme. O curta tinha sido picotado em pedaços minúsculos e espalhado para diferentes lugares, na esperança de que os fãs reunissem esses trechos e chegassem à mensagem final.
E, durante o festival de Cannes deste ano, foram exibidos 20 minutos de Super 8, trecho que foi mostrado para a imprensa brasileira na semana passada – e que tive a oportunidade de assistir.
Em duas longas cenas, vemos uma turma de adolescentes brincando de fazer filme minutos antes de assistirmos ao mais espetacular acidente que já foi registrado no cinema. Se você é desses que reclama do alto barulho dos filmes atuais, essa cena não foi feita para você. Explosões grandiosas e pedaços de trem se retorcendo no ar garantem uma visão de cair o queixo de qualquer um que goste de filme de ação ou de catástrofe.
A outra cena mostra o bicho que fugiu do trem (que viria da mítica Área 51, onde teoricamente o governo dos EUA mantém informações sobre vida alienígena) atacando uma loja de conveniência em um posto de gasolina. Em dado momento, a câmera filma o reflexo do monstro no chão, que lembra o protagonista de Cloverfield, outro filme de J.J. Será que ele vai amarrar todas as pontas de sua obra?