A música nova dos Strokes foi recebida com estranhamento na sexta-feira, especialmente no Brasil: enquanto os fãs da banda lamentaram a sonoridade oitentista (bem mais próxima do disco solo de Julian Casablancas do que qualquer outro disco dos Strokes), os fãs de tecnobrega saudaram a nova sonoridade do grupo – até mesmo seus principais protagonistas (Gaby Amarantos e a Gang do Eletro) comemoraram o parentesco sonoro em suas contas do Twitter:
E logo vem a internet, implacável, e lança suas paródias, como esse “clipe oficial” inspirado no mashup que o Tiago Lyra fez do Trenzinho Carreta Furacão com “Lisztomania”, do Phoenix:
E o DJ Jak empilhou as referências mais citadas (“Xirley” de Gaby Amarantos, “Take on Me” do A-ha e a própria “Lisztomania”) num mesmo remix esquizofrênico.
A citação a “Take on Me” vem do fato do riff da nova dos Strokes ter certo parentesco com o maior hit pop da história da Noruega – e é inevitável lembrar do remix do mítico DJ Cremoso – criação anônima recifense inventada para satirizar o tecnobrega – para a canção do A-ha:
Esta citação é a chave para essa conexão Strokes com o tecnobrega, pois as duas partes tiveram a base de sua sonoridade fundada durante uns anos 80 sintetizados. Repare nesse clássico do Jean-Michel Jarre de 1981 e veja se não tem a ver tanto com a música nova dos Strokes, o solo de Casablancas e a batida do tecnobrega):
Mas alguém apontou a semelhança da melodia de “One Way Trigger” com essa música do Maná (?!):
O pior é que tem a ver… E a música nova dos Strokes pode ser baixada no site deles.
Isso é sério? DJ Cremoso e tecnobrega influenciando os Strokes? Cuma?
E por falar em Strokes, tem uma promoção de vinil deles em um dos melhores segredos (e melhores idéias nos últimos tempos) da indústria fonográfica, o Popmarket. Os quatro discos deles em vinil tão saindo por pouco mais de cem dólares, sem frete, pro mundo todo. Vai lá.
21 de dezembro do ano 2000 e os Strokes eram um pouco mais que uma banda nova com alguns MP3s circulando na internet, hype da semana, banda do filho do dono da agência de modelos – foi quando eles se apresentaram na mítica WFMU e tocaram, entre outras, uma versão de “Someday” diferente da que foi parar no CD, abaixo:
A lista é da Paste, não tem ordem (aparentemente), mas tem desde banda que eu nem conhecia a outras que eu nem sabia que tinham logo, passando por versões específicas de bandas que nunca tiveram logo fixo. Mas o pior é a sensação de achar que estão faltando alguns, quem lembra? E de artistas brasileiros?
Ou nem deu pra sentir saudade?
Dirty Beaches – “Sweet 17”
Beck – “Pressure Zone”
Broken Social Scene – “Shampoo Suicide”
Black Keys – “Sister”
Mayer Hawthorne – “Work to Do”
Kassin – “Potássio”
Girls – “Love Like a River”
Foster the People – “Machu Picchu”
Spoon – “I Turn My Camera On”
Caxabaxa – “Selembra Quando A Gente Era Tudo Amigo?”
Bárbara Eugênia – “Por Querer (Todas)”
Silva – “Imergir”
Cícero – “Pelo Interfone”
Fabio Góes – “Amor na Lanterna”
Mallu Magalhães – “Por Que Você Faz Assim Comigo”
Bonifrate – “Naufrágios”
Smiths – “Heaven Knows I’m Miserable Now”
Falei hoje mesmo do Cícero e a Izadora, do Rock’n’Beats, me avisou que ele é um dos participantes da coletânea que o site está fazendo em homenagem aos 10 anos do primeiro disco do Strokes. Olha a versão dele pra “Barely Legal” aí… Eu curti.
Cícero – “Barely Legal“ (MP3)
Alguém esperava por essa?
Enquanto a Spin celebra duas décadas do Nevermind, o Stereogum elege o primeiro disco dos Strokes pra transformar em disco-tributo, chamando alguns conhecidos (Peter Bjorn & John, Real Estate) e uma porção de anônimos para celebrar a importância do tal disco. Mas Stroked consegue ser pior que o Newermind (que já era fraco) e só uma música passou pela minha peneira, e isso porque eu curto o Computer Magic:
O resto fica entre o óbvio e redundante ou o ridículo. O disco todo pode ser baixado de graça no Stereogum. Valeu a boa intenção, pero…