Tudo bem que é o Spielberg mais uma vez trabalhando com o Tom Hanks, fórmula de sucesso para o público norte-americano mesmo que o ator trabalhava com a versão B do diretor (Robert Zemeckis, com quem ele fez Forrest Gump e Náufrago). Mas Ponte de Espiões pode diferenciar das outras colaborações entre a dupla (O Resgate do Soldado Ryan, Prenda-Me Se For Capaz e Terminal) por contar ninguém menos que os irmãos como roteiristas. Não que dê pra perceber algo disso nesse primeiro trailer genérico, mas você sabe como são os trailers de hoje em dia…
Mas é interessante perceber como este tema – espionagem – é um assunto cada vez mais recorrente nas produções recentes, não percebe?
O pessoal do Cinefix disseca a clássica cena em que somos apresentados ao mítico Indiana Jones pouco antes de vê-lo fugindo de uma pedra gigante descendo a ladeira.
Um clássico.
Quem curte ficar reeditando filmes é Steven Soderbergh, que diz ter abandonado a direção no cinema, mas segue tocando vários projetos por aí. Um deles é seu próprio blog, em que ele de vez em quando desova rascunhos como uma versão que superpõe os dois Psicoses – o original de Hitchcock e o cover de Gus Van Sant. O filme está inteirinho superposto no site do diretor, mas se você quiser ter uma idéia do resultado indo direto ao ponto basta ver a cena abaixo, uma das únicas em que ele permite que a cor da versão de Gus Van Sant “vaze” para o mashup, todo feito em preto e branco.
Outro experimento foi realizado com o primeiro filme da série Indiana Jones, Os Caçadores da Arca Perdida. Soderbergh tirou o som e a cor do filme apenas para enfatizar a beleza e a inteligência da direção de Spielberg, que funciona mesmo sem esses elementos. Para deixar as coisas ainda mais estranhas, ele ainda colocou como trilha sonora músicas compostas por Trent Reznor, o trilheiro oficial de David Fincher, que também responde pelo nome de Nine Inch Nails. Dá uma sacada no site dele pra ver como ficou. Fico imaginando se a arte do futuro não vai ser toda assim: postada discretamente em sites para ser descoberta aos poucos, em camadas…
Esse papel só podia ser dele:
Parece bom, a começar pelo elenco encabeçado pelo Daniel Day Lewis (podia ser o Tom Hanks, né?), mas lembre-se o quanto Spielberg pode começar piegas e terminar esquecível em alguns filmes…
Dá pra ver que, além da arrogância nerd (ele não parece o Bill Gates?), o que deve ter feito o Spielberg desandar depois de uns anos (uns quinze, mas ainda assim) é estar cercado de um bando de puxa-sacos como esses do vídeo…
Um vídeo-ensaio de Kevin B. Lee sobre a assinatura visual de Steven Spielberg.
O futuro do cinema
Spielberg, Jackson e Tintim
Um amigo meu comentou outro dia, com certo alívio, que estava feliz por ler que as primeiras impressões à adaptação para o cinema das aventuras de Tintim estavam sendo boas. O alívio veio porque assim ele poderia dizer que gostou sem culpa de estar assistindo a um mico filmado, pois gostaria de qualquer jeito. Afinal, o personagem criado pelo belga Hergé é um dos principais nomes do quadrinho europeu e sua adaptação definitiva para o cinema vem sendo aguardada com muita expectativa.
Ainda mais pelo fato da adaptação ter sido encampada pela dupla Steven Spielberg e Peter Jackson. O primeiro dispensa apresentações. O segundo também, mas vale frisar que o trabalho que desenvolveu em seus filmes – principalmente em O Senhor dos Anéis e em King Kong – e no épico 3D de James Cameron, Avatar, funcionou como preparação para o grande desafio que é o novo filme, também gerado na fábrica de ilusões de Jackson na Nova Zelândia, os estúdios Weta, o melhor estúdio de efeitos especiais do mundo hoje.
As Aventuras de Tintim já estreou na Europa, só chega aos EUA no final do ano e no Brasil no meio de janeiro de 2012 e não é o principal passo dos dois diretores em suas carreiras, mas pode determinar o futuro do cinema. Pois utiliza atores apenas na captura de movimento e vozes, mas sem usar suas imagens – estas, todas geradas por computador. Isso já havia sido feito em Avatar, mas os personagens de Tintim são cartuns, e não humanos hiperrealistas.
Assim, os dois podem estar dando o passo definitivo para fundir cinema e animação e concretizar um sonho perseguido há décadas por George Lucas, que queria fazer Guerra nas Estrelas sem precisar filmar ninguém (não conseguiu), e por em prática uma inveja que o velho Hitchcock tinha de Walt Disney – ao resmungar sobre o quanto este último era feliz por poder simplesmente “apagar” um ator quando não gostava dele.