Vida Fodona #579: Um Vida Fodona tranquilo

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Ciclos se fechando ao fim de 2018.

Serge Gainsbourg – “69 Annee Erotique”
Yo La Tengo – “Shadows”
Maurício Pereira – “Os Amigos ou O Coração é Um Órgão”
Lambchop – “Up with the People”
Metá Metá – “Toque Certeiro”
Djonga – “De Lá”
Blood Orange – “Charcoal Baby”
The Internet – “Look What U Started”
Arctic Monkeys – “One Point Perspective”
Sonic Youth – “Incinerate”
New Order – “Age of Consent”
Kinks – “People Take Pictures of Each Other”
Boogarins – “Mario de Andrade/Selvagem”
Buzzcocks – “What Do I Get?”
Outkast – “Behold a Lady”
Kanye West + Pusha T- “Runaway”
Lorde – “Tennis Court”

“Alternativo a quê?”

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Quando este livro de capa azul foi lançado, a cena independente brasileira já tinha entendido a internet (que ainda estava em seus primeiros passos, o Napster ainda existia e a banda larga era uma novidade – e ninguém usava celular) e começava a ligar os pontos tanto internamente – conectando capitais entre si – quanto com o que acontecia nos mercados independentes em outros países. E foi muito significativo perceber que aquele período conversava bastante com o que havia acontecido nos EUA nos anos 80, quando a lógica do faça-você-mesmo do punk persistiu depois que o hype do punk esfriou. Atravessando o país em vans apertadas, de ônibus ou de carona, bandas brasileiras suspiravam aliviadas ao saber que grupos como Sonic Youth, Black Flag, Hüsker Dü, Fugazi e Mudhoney passaram por perrengues parecidos antes de se estabelecerem como artistas consagrados. Não que o estrelato fosse meta, pelo contrário: todos – os brasileiros e os gringos – queriam apenas viver de música, do jeito que dava.

Mas não havia informação sobre estas bandas – até a chegada de Our Band Could Be Your Life. O livro de Michael Azerrad, lançado em 2001, funcionou como uma bíblia para pelo menos duas gerações de bandas independentes do Brasil, que ajudaram a moldar a paisagem atual. E por mais que o livro já tenha sido lido e relido por várias pessoas, a barreira do idioma ainda é um entrave – até que a produtora Powerline resolveu traduzir e lançar o livro no país. A primeira atividade do lançamento acontece nesta quinta-feira, às 13h30, na Sim São Paulo, quando seu autor, Michael Azerrad, fala pessoalmente sobre aquela cena com mediação feita pelo Dago Donato e pela Raquel Francese, também da Powerline, com a participação de ninguém menos que o baterista do Sonic Youth, Steve Shelley (mais informações aqui).

E é muito legal ver que o Nossa Banda Poderia Ser Sua Vida – que pode ser comprado neste link – está sendo lançado no Brasil pela editora do Leandro Carbonato, o bom e velho Emo, que foi estagiário do próprio Dago na Trama Virtual, há uns quinze anos. Dago – como muitos da nossa geração – tinha o livro como referência para quem queria trabalhar com música e obrigava todos que trabalhavam com ele a lê-lo, como um manual de instruções. Deu certo: além de lançar o livro, Emo hoje está por trás de turnês de bandas indies como Built to Spill e L7 – só pra ficar nas mais recentes – e promete mais novidades por aí. Michael ainda participa de uma tarde de autógrafos na sexta, às 19h (mais informações aqui) e possivelmente fará alguma outra atividade para lançar o livro. Bati um papo com ele por email sobre seu livro e sua relação com a cena independente brasileira – e lá embaixo tem um trecho do capítulo sobre o Sonic Youth.

Foto: Haley Dekle

Foto: Haley Dekle

Qual é a sua relação pessoal com o período que você retrata no livro?
Eu tocava bateria numa banda nesta época – chamávamos Love Gods e poderia dizer que éramos influenciados pelos Talking Heads, Meat Puppets e Violent Femmes, mas nunca diria que éramos parte da comunidade sobre a qual escrevo no livro – apesar de termos aberto uma vez para os Flaming Lips no CBGB’s e eles foram muito legais com a gente. Eu vi a maior parte destas bandas do livro, mas, mais uma vez, não diria que eu fazia parte desta comunidade – eu só gostava da música.

Como você teve a ideia para escrever este livro?
Uma noite há vinte anos, eu estava no sofá vendo um documentário – em uma fita VHS – sobre a história do rock. A parte sobre punk rock começava com os Ramones, os Sex Pistols e tudo mais, mas de repente ia direto dos Talking Heads para o Nirvana. Não fazia sentido. Cadê o Black Flag? Os Replacements? Sonic Youth? Tantas outras grandes bandas que aconteceram entre os Talking Heads e o Nirvana. Eles simplesmente pularam os anos 80!
Eu não conseguia acreditar. Achava que alguém deveria fazer algo em relação a isso. Então eu mesmo decidi fazer. E fazia muito sentido: seria uma introdução à minha biografia sobre o Nirvana (Come As You Are: The Story of Nirvana) que é o único livro sobre a banda que contou com a cooperação de todos seus integrantes. Escrever sobre isso foi uma experiência transformadora para mim. Documentar a história anterior ao Nirvana seria uma boa forma de devolver à altura – foi como quando Kurt Cobain começou a usar camisetas de seus músicos favoritos, como os Melvins ou Daniel Johnston. Era um trabalho enorme, mas eu tinha de fazê-lo.

Quais foram as melhores e piores surpresas que você descobriu ao fazer este livro?
Acho que a melhor e pior surpresas foi descobrir que os Butthole Surfers enfiaram cinco pessoas, duas baterias, dois amplificadores, duas guitarras, duas luzes de estrobo e uma pitbull fêmea chamada Mark Ferner of Grand Funk Railroad num Chevy Nova 71, que é um carro muito pequeno. E eles fizeram isso sem cortar a separação entre o porta-malas e o banco de trás, de forma que três pessoas poderiam deitar no banco de trás com a cachorra. Eles viajaram por todos os Estados Unidos assim, o que é tão horrível quanto maravilhoso. Isso é dedicação!

Como você vê esta cena hoje em dia? Estas bandas são uma espécie de novo rock clássico?
Tem gente que diz que o Nossa Banda… estabeleceu um cânone do indie rock norte-americano dos anos 80, um conjunto de bandas que são amplamente reconhecidas como ótimas. Mas não acho que elas formam um “novo rock clássico”, porque o rock clássico é a música comercialmente bem-sucedida mais pesadamente hypada em toda a história da humanidade. O rock independente americano dos anos 80 era muito obscuro e até hoje, comparando, poucas pessoas sabem que ele existiu. Mas as pessoas que sabem o lembram com muito carinho, talvez por isso você esteja falando disso.
Mas muitas bandas daquela comunidade ou continuaram trabalhando ou voltaram quando esta música voltou a ser falada e é bom saber que eles tiveram reconhecimento – e um pouco de dinheiro também – que eles mereciam. Mission of Burma, Dinosaur Jr e Mudhoney fizeram ótimos discos e fazem shows incríveis neste novo milênio.
Quando olho para esta comunidade hoje, penso na música, nos shows e nas histórias, mas também penso na forma como eles foram tremendamente influentes na cultura como um todo: na época, muito pouca gente sabia o que “indie” queria dizer, mas agora é uma palavra muito atraente para vender tudo, de filmes a cosméticos. Movimentos culturais grandes normalmente são antecipados pela música e a cena indie não foi nenhuma exceção.

nossabanda

Como você vê a evolução desta cena nos EUA desde a chegada da internet?
Responder isso tomaria muito tempo. Mas uma grande coisa que aconteceu foi que a amplitude musical explodiu. Como a distribuição física não é mais a única forma de vender música, selos podem trabalhar em uma escala bem menor, de forma que eles podem tratar de subgêneros musicais bem específicos. Então agora existem 50 tons de black metal, por exemplo, todo o tipo de música eletrônica, toneladas e toneladas de subgêneros do hip hop e por aí vai. E isso é bom para a música.

Os termos “indie”, “alternativo” e “college rock” significam alguma coisa hoje em dia quando falamos sobre música?
“Indie” era usado para designar selos que trabalhavam fora do sistema das grandes gravadoras. Depois virou um termo para descrever um tipo de som – normalmente pop-rock barulhento tocado com guitarras e cantado por pessoas que não cantavam bem. E agora se tornou uma descrição para um estilo de vida.
Ninguém usa mais o termo “alternativo”. Acho que, por um lado, devido ao fato da mídia digital ter nivelado os campos de atuação e não haver mais distinção entre música mainstream e independente. E era um termo besta, pra começar. Quando você queria soar esperto, você respondia “alternativo a quê?”
Já o termo “college rock” eu não ouço há década.

O que você sabe sobre a cena indie brasileira?
Eu não sei nada sobre a atual cena independente brasileira, mas estou querendo ouvir na minha visita à Sim São Paulo. O Brasil produz uma das melhores músicas do mundo, por isso acho que esta música deve ser espetacular.

Você está trabalhando em algum novo livro?
Eu acabeui de publicar Rock Critic Law, que é um compêndio de clichês de introdução à crítica de rock, cada um deles ilustrado por Edwin Fotheringham. Eu não sei o quanto as pessoas escrevem sobre rock em português, mas em inglês existem muitas, muitas construções preguiçosas usadas pelos escritores. Eu vinha percebendo isso há anos, até que finalmente coloquei todos eles num livro de forma que ninguém mais precisasse usá-los.
Agora estou trabalhando em uma versão em áudio para o Nossa Banda, com as pessoas que foram inspiradas por estas bandas lendo um capítulo cada. Jeff Tweedy do Wilco está lendo o capítulo sobre o Minutemen, Colin Meloy dos Decemberists está lendo o capítulo sobre o Hüsker Dü, o comediante Fred Armisen está lendo o dos Butthole Surfers chapter e anunciaremos mais nomes nas próximas semanas. É muito divertido e eu não vejo a hora de lançá-lo – dia 21 de maio.

Um trecho do capítulo sobre o Sonic Youth
Tradução de José Augusto Lemos e Marina Melchers

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No mundo mainstream do início dos anos 80, uma mulher tendo papel de destaque em uma banda ainda era novidade. Mas não no punk rock.

Tanto Moore quanto Ranaldo vinham tocando guitarra desde o ensino médio, já Gordon estava recém aprendendo a tocar baixo, e foi necessário um salto relativamente grande para que ela subisse no palco. “Eu pensei nisso mais como sendo algo emocional, e não em termos de tentar tocar música”, diz Gordon. “Eu não conseguiria fazer nada se eu pensasse nesses termos — eu sempre preciso criar uma visão diferente para mim mesma.”

“Como mulher eu me sentia um pouco invisível no meio de tudo aquilo, de qualquer jeito”, continua Gordon. “Eu estava lá praticamente na posição de voyeur”, ela acrescenta com uma risadinha. Não muito confortável em estar sob os holofotes, Gordon preferia ter um papel principal que não fosse obviamente principal, o que descreve perfeitamente o baixo. “É tão importante — é um instrumento de apoio mas é…”, ela diz, sua voz desaparecendo. “Gosto de coisas assim. É algo que se encaixa com minha personalidade.” Gordon preferia ser uma força sutil porém decisiva fora do palco também, então enquanto Moore geralmente instigava tudo, desde a composição das canções aos contratos com gravadoras e Ranaldo operava como o maestro, Gordon era geralmente a consciência estética (e de negócios) da banda.

Logo no início, Moore a ensinou a tocar partes simples no baixo. Ele mostrava discos de reggae, para ilustrar o quão eficazes mesmo apenas algumas notas poderiam ser. A abordagem simples funcionou a favor deles mesmo assim — linhas de baixo mirabolantes teriam criado confusão nas composições que já eram carregadas.

Ainda que nem Moore nem Ranaldo tivessem uma técnica refinada para tocar seus instrumentos, isso não impedia que criassem densos dilúvios de som. “E ela nunca toca dessa maneira”, diz Ranaldo sobre Gordon. “As coisas que ela faz são todas frugais e minimalistas e ainda assim são complexas. Existe algo na maneira como ela pensa, tanto em ritmo quanto em harmonia, que é realmente incrível para mim.” Como vocalista, Gordon desenvolveu uma espécie de grito indiferente, como uma criança chamando os amigos para falar de algo incrível que encontrou mas tentando não parecer empolgada demais com o assunto.

Gordon era uma artista que simplesmente transferia sua estética altamente refinada para o rock, um gênero que, como o punk provou, exigia sensibilidade além de técnica. “Ela vinha completamente de um background de escola de arte”, diz Bert. “E era isso que fazia a banda.”

Máquina do Tempo: 18 de outubro

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O Sonic Youth lança seu disco mais emblemático, John e Paul tocam juntos pela primeira vez, a BBC entra no ar e Rod Stewart entra no Faces – eis o passeio da Máquina do Tempo do site Reverb neste 18 de outubro – dá só uma sacada lá.

17 de 2017: 15) Lee Ranaldo

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Pude ver dois shows e conhecer melhor um dos fundadores de minhas bandas favoritas – e, mais que isso, produzir um show do cientista louco do Sonic Youth no CCSP, misturando satisfação pessoal e profissional numa noite mágica. Foi o oitavo show solo do Lee Ranaldo que assisti (sem contar os seis shows que vi com sua antiga banda), o entrevistei em minha cidade-natal e, maravilhado, ouvi-lo dizer que a volta do Sonic Youth não é impossível.

Lee Ranaldo no Centro Cultural São Paulo

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É com a maior satisfação que anuncio a vinda de Lee Ranaldo ao Brasil para um bate-papo e um show acústico no Centro Cultural São Paulo, no próximo dia 12, na Sala Jardel Filho. Pela segunda vez no Brasil neste ano, o ex-guitarrista do Sonic Youth vem sozinho prestigiar o lançamento de seu primeiro livro em português: JRNLS80s, lançado pela novíssima editora Terreno Estranho, e que reúne os diários que Lee escrevia na década que forjou a reputação de seu antigo grupo, um prefácio escrito por Amanda Mont’Alvão e Vinicius Castro (do ótimo site Sounds Like Us), um texto do reverendo Fábio Massari sobre o show do grupo que ele viu em Londres em 1987 e uma introdução escrita pelo próprio Lee para a edição brasileira. O livro já está em pré-venda, bem como os ingressos para o show e você encontra mais informações neste link.

Thurston Moore no improviso

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O guitarrista do Sonic Youth Thurston Moore se une ao baterista Charles Hayward, que tocou com o Gong, foi integrante do Quiet Sun ao lado do Phil Manzanera e do Brian Eno e do This Heat para uma tarde – e um disco – espontâneo. Improvisations reúne sete temas sem título gravados em uma tarde no início do ano no estúdio Lynchmob, em Nova York, e terá apenas 500 cópias.

E abaixo segue a capa do disco, que já está em pré-venda.

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Um papo com Mr. Lee

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Lee Ranaldo produzindo a banda Animal Interior, em Brasília (Foto: Gustavo Galvão /Divulgação)

Conversei com o Lee Ranaldo, que se apresenta nesta quinta-feira no Sesc Bom Retiro, sobre Brasília, o filme que ele veio fazer no Brasil, o novo disco que ainda nem saiu, a fase acústica e, claro, Sonic Youth. Tudo lá no meu blog no UOL.

Encontrei-me com Lee Ranaldo, guitarrista do Sonic Youth que atualmente atravessa o país em turnê solo, em minha cidade-natal, Brasília, poucos dias após ele ter chegado na cidade. Antes de começar a turnê, que passa por São Paulo nesta quinta-feira, com show no Sesc Bom Retiro, ele foi convidado a passar alguns dias na capital produzindo uma banda fictícia chamada Animal Interior para um filme nacional, Ainda Temos a Imensidão da Noite, dirigido pelo brasiliense Gustavo Galvão. “Quando estive aqui em setembro do ano passado, uma garota veio me falar que estava participando de uma banda que faria parte de um filme que se passava em Brasília e em Berlim, dizendo que estava procurando alguém para produzir a banda e me convidou em nome do diretor”, lembra o eternamente grisalho guitarrista, em uma conversa num dos hotéis mais antigos do Setor Hoteleiro de Brasília.

“Na superfície, o filme é sobre esta banda, mas, pelo que entendi, no fundo, é uma forma de falar sobre o estado atual da vida política no Brasil, como as coisas estão acontecendo aqui, como os jovens entendem isso”, explica o guitarrista, em Brasília pela segunda vez. Ele é fascinado pela capital brasileira desde os tempos do Sonic Youth e lamenta não ter conhecido a cidade anteriormente. “Demorou muito tempo para o Sonic Youth vir para o Brasil, nos anos 80 e nos anos 90 era muito difícil vir para cá, isso começou a mudar no fim dos anos 90, começo da década passada, e nós finalmente conseguimos vir e começamos a vir cada vez mais, mas quando o Sonic Youth vinha pra cá, ele nunca ia pra Brasília, era sempre Rio e São Paulo. E eu realmente gosto daqui, amo vir para o Brasil e aqui sempre me fascinou, tanto o país quanto as pessoas. E eu realmente gosto de arquitetura, sempre admirei o trabalho de Niemeyer e sempre ia ver seus prédios em outras cidades, mas não conhecia Brasília. Então quando houve a possibilidade de vir pra Brasília no ano passado, ainda calhou de conseguir ser o primeiro show da turnê e consegui vir uns três dias antes, pra ver todos os prédios. E agora voltar e ficar dez dias é muito satisfatório. Sempre soube sobre Brasília, por anos eu sempre quis vir pra cá no Brasil, não só por causa dos prédios, claro, mas também por ser uma cidade planejada e nascida no nada, no meio da savana ou como vocês chamam aqui.” “Cerrado”, corrijo-o.

“A primeira vez que vim para cá fiquei nessa mesma região e uma das primeiras coisas que fiz foi subir na Torre de TV para ver a cidade de cima e o que me surpreendeu é que não era uma cidade para quem anda. Eu não tinha percebido isso. Quando você passa pela Esplanada e vê os prédios, você acha que consegue andar por todos eles, mas não, é muito longe, e percebi que era uma cidade feita para os carros. Quase de propósito, desde o começo, para carros. É muito interessante dirigir aqui, porque foi feita para dirigir, as curvas arredondadas para entrar nas quadras. Ainda estou explorando-a. A coisa das asas do avião que são onde ficam as casas que as pessoas moram e o corpo do avião ser formado pelos prédios do governo. E eu amo o clima desértico, seco. Estive no Napa Valley, na Califórnia, e o clima é meio parecido, muito seco e quente de dia, muito frio de noite. É o tipo de clima que eu gosto.”

Lee Ranaldo e o diretor Gustavo Galvão acompanham a gravação da trompetista Ayla Gresta (Foto: Cristiane Oliveira/Divulgação)

Lee Ranaldo e o diretor Gustavo Galvão acompanham a gravação da trompetista Ayla Gresta (Foto: Cristiane Oliveira/Divulgação)

Lee explica melhor o trabalho que veio fazer na cidade. “Não foi compor a trilha sonora e sim produzir a banda. Estou produzindo tanto o disco da trilha sonora, por assim dizer, quanto o som quando eles tocam no filme. Outras pessoas compuseram as músicas e estou trabalhando com eles em relação a extrair o melhor som destas canções, mexendo na estrutura. Eles começam a filmar em setembro, por isso que eles querem as músicas antes. São cinco músicas, três em português e duas são instrumentais.”

O diretor Gustavo explica melhor a lógica por trás da vinda de Lee para seu filme. “A ideia era montar uma banda para o filme, no início tudo se resumia a isso. Com o tempo reparei que precisava de um produtor musical, alguém que tirasse o melhor desses músicos e desse um toque especial para a banda. Sabia muito bem o que eu queria com a banda e o Sonic Youth era uma das referências imediatas para mim. Foi natural começar a pensar no Lee ou no Thurston Moore como possibilidades”.

Ele continua contando que o convite aconteceu quase por acaso. “Já havia comentado com a Ayla (Gresta, vocalista e trompetista da banda) sobre o desejo de ter Lee ou Thurston no projeto. Na noite de 9 de setembro de 2016, ela foi ao show do Lee em Brasília e mandou um whatsapp com um vídeo do show. ‘Fala com ele do filme!’, respondi no mesmo minuto. Ela foi ao camarim, falou do projeto e ele abraçou a ideia desde o primeiro instante. Muitas coisas o motivaram a vir: o formato não-convencional da banda – com uma trompetista para quebrar o padrão baixo-guitarra-bateria – foi um deles, assim como o vínculo do projeto com Brasília, cidade que ele gosta muito, e a particularidade de fazer um filme sobre músicos com músicos nos papéis principais. Sinto que ele embarcou mesmo quando me perguntou certa vez, em um Skype: ‘Vai ter cenas com esses músicos tocando por tocar?’. Eu disse que sim e ele falou: ‘Legal, estou dentro’.” Além de Ayla, a banda conta com Gustavo Halfeld na guitarra, Vanessa Gusmão no baixo e Hélio Miranda na bateria, tocando músicas compostas por Munha da 7 (da banda Satanique Samba Trio) e Nicolau Andrade, com letras do diretor e da vocalista. Uma vez que a trilha ficou pronta, os próximos passos do filme são as filmagens, que acontecem em setembro em Brasília e em outubro em Berlim. “Teremos um ano de finalização pela frente depois disso. O lançamento acontecerá em 2019, primeiro em festivais e depois no circuito comercial”, conta o diretor, sobre seu terceiro filme.

Lee Ranaldo, o guitarrista Gustavo Halfeld, a baixista Vanessa Gusmão e o diretor Gustavo Galvão na bateria (Foto: Cristiane Oliveira/Divulgação)

Lee Ranaldo, o guitarrista Gustavo Halfeld, a baixista Vanessa Gusmão e o diretor Gustavo Galvão na bateria (Foto: Cristiane Oliveira/Divulgação)

A turnê que Lee faz pelo Brasil começou sábado em Ribeirão Preto, passou por Curitiba no domingo, segunda no Rio e nesta quarta passa por Belo Horizonte para terminar no show do Sesc Bom Retiro em São Paulo nesta quinta, cujos ingressos já estão esgotados. Ele toca sozinho apenas com um violão, um formato que foge da fama de músico experimental que o acompanha desde os tempos do Sonic Youth, cantando canções em vez de improvisar instrumentais, padrão que vem determinando sua carreira solo desde o fim da banda, em 2011.

“Meu primeiro disco solo, Between the Times and the Times, foi feito no ano antes do fim do Sonic Youth. Tínhamos gravado nosso último disco, The Eternal, e estávamos excursionando com esse disco e entre as turnês tínhamos dois meses aqui, dois meses ali e eu comecei a fazer essas músicas. Eu sempre tinha escrito músicas e deixado-as em segundo plano, gravado em fitas e esquecido-as em gavetas”, lembra o músico. “Quando chegou nesse ponto eu pensei que era hora de colocá-las para fora e fazer meu disco solo. E comecei a juntá-las e a gravá-las quando o Sonic Youth não estava gravando e de repente tudo aquilo aconteceu com Thurston e Kim (Thurston Moore e Kim Gordon, fundadores da banda, eram um casal e o fim da relação dos dois fez a banda terminar), eles se separaram e a banda acabou. Foi estranho porque na hora em que a banda terminou eu tinha aquele disco de canções pronto. Fiquei feliz que não foi aquela situação em que a banda termina e você tem que gravar um disco solo. Quando a banda acabou eu tinha o disco solo feito. Eu achei que fosse apenas lançá-lo e não teria tempo para tocá-lo ao vivo porque o Sonic Youth iria me manter ocupado. E aí o Sonic Youth acabou e eu fui montar a minha banda.”

Violão experimental
Ele pensa sobre a importância de abraçar canções tradicionais do ponto de vista de um músico de vanguarda. “Eu tenho uma longa história com música experimental, continuo fazendo muitas coisas improvisadas e experimentais com outros músicos, o trabalho que faço com a minha esposa, Leah Singer, com a projeção de filmes e a guitarra pendurada, é bem experimental. Eu amo fazer isso. Mas acho que já estava na hora de fazer um disco solo assim. E uma das coisas que também fez esse disco acontecer foi um amigo meu na França, que promove shows, me pediu para tocar em um festival que eles estavam fazendo no sul da França e ele me pediu para fazer o show solo acústico. E eu nunca tinha feito isso desde que o Sonic Youth começou, embora eu tenha começado a tocar no violão. Então concordei em fazer isso, mas eu tinha que descobrir como tocar sozinho acústico, eu tinha aquelas músicas prontas, ia começar a fazer turnês, foi quando eu percebi que, para mim, tocar acústico e sozinho era uma coisa muito experimental. E foi assim que eu abordei isso. Comecei a brincar que o show era de um ‘cantor folk experimental’, porque eu não sou conhecido por isso e mesmo porque mesmo com o violão eu uso muitos pedais, uso amplificador de guitarra, não é nada puro. Eu toco de um jeito muito primitivo, mesmo apenas no violão, e isso é muito experimental. E toda essa progressão de trabalhar com canções, tem funcionado e tem sido muito experimental. É como uma saída pela esquerda. Sonic Youth sempre foi sobre canções por um lado e um lado experimental por outro. E eu tenho muita relação com a música experimental, mas quando o Sonic Youth terminou eu comecei a pensar qual seria minha relação sobre canções. Quis ter uma relação mais firme com isso. E quando comecei a tocar violão fiquei cada vez mais envolvido com as composições e na forma como as canções soam. E hoje eu toco basicamente violão. Ainda toco guitarra, mas tenho tocado cada vez mais violão. Quando estou compondo em casa é sempre no violão. Eu estou ficando muito fascinado com os instrumentos e estou comprando violões do mesmo jeito que o Sonic Youth comprava guitarras. Eu estou cheio de violões em casa, cada um deles é um indivíduo e tem sua personalidade e um tipo diferente de música nele.”

Lee Ranaldo tocará músicas de seus dois primeiros discos e do terceiro, Electric Trim, que ainda não foi lançado, gravado ao lado do músico e produtor espanhol Raül Fernández. “Quando fiz meu segundo disco Last Night on Earth, em 2013, ele foi realmente feito como um disco de banda. Eu trouxe as canções para gravar com a minha banda, então passamos alguns meses no estúdio tocando aquelas músicas juntos, acertando as coisas e quando estava na hora, quando sabíamos todas as músicas, colocamos os microfones nos lugares e fizemos o disco. Já esse disco novo é completamente diferente. Estava excursionando com a minha banda na Espanha e teríamos que ir a um festival maluco no Marrocos, mas em cima da hora a data caiu e eu fiquei uma semana inteira na Espanha sem ter o que fazer. E meu promotor na Espanha sugeriu fazer um disco acústico com a minha banda, com baixo acústico, e nós gravamos. E foi um disco gravado pelo selo do festival Primavera, que se chama Acoustic Dust. De certa forma é meu terceiro disco, apesar de só ter sido lançado na Espanha e ter músicas dos dois primeiros discos feitas de forma acústica, com algumas versões de músicas do Neil Young, Sandy Denny, Monkees… E eles chamaram esse cara chamado Raül Fernández, de Barcelona, para produzir o disco e nós tivemos uma boa relação juntos, eu não o conhecia. E no final ele falou que adoraria fazer um disco novo comigo, em vez de gravar músicas velhas.”

Estúdio como instrumento
Foi o início de uma relação que deu origem ao novo disco, um sonho que Lee queria realizar desde sempre. “É um projeto completamente fascinante, uma das coisas mais interessantes que eu já fiz. Foi feito de uma forma completamente diferente da forma que eu trabalho. Eu sempre sonhei em gravar um disco como aqueles discos clássicos dos anos 60, como Pet Sounds, Revolver… Em que eles usam o estúdio como sua principal ferramenta. Foi fascinante.”

Ele detalha como foi o trabalho com Raül: “Comecei a mandar demos gravadas no violão, sem vocais, bem cruas, e num dia 25 de abril ele me disse que estava indo para Nova York por algumas semanas e ele perguntou se eu não queria tentar algo com ele. E começamos a trabalhar, só nós dois e ficou claro imediatamente que algo ótimo estava acontecendo entre a gente. Então começamos a trabalhar juntos, então por cerca de um ano a cada mês ou a cada seis meses ele vinha pra Nova York e ficava umas semanas e trabalhávamos todos os dias e então ele voltava e nós ouvíamos um tanto e depois eu ia para lá…”

E continua: “Nós começávamos gravando coisas no violão e depois trabalhávamos na estrutura da música pelo computador. Raül não é um garoto, mas ele é mais jovem que eu, deve estar nos seus 40 e poucos anos, e por isso é mais versado nessas técnicas de gravação mais recentes. E então ele começava a por sons diferentes, bateria eletrônicas, ritmos diferentes, samples, percussões… E do nada as canções cresciam. E durante essas semanas tentávamos coisas diferentes: piano, guitarra elétrica, órgão, marimba, pandeiro, o que vier… E à medida em que as canções ficavam mais prontas nós começamos a chamar mais gente, os caras do Dust, Steve Shelley, Alan Licht, Tim Luntzel, Niels Cline, Sharon Van Etten canta seis canções, incluindo uma música que dividimos vocais, Kill Millions da banda Oneida toca bateria em algumas canções… Tem muita música tocada ao vivo no disco, mas também tem muita eletrônica, bateria eletrônica… E todo mundo que veio acrescentou coisas para as faixas que nós depois decidíamos em que canções iríamos usar. Usamos tudo de uma forma muito fluida, até os músicos eram apenas um dos elementos das faixas no estúdio. Há músicas que têm Steve Shelley na bateria da estrofe, Kid Millions na bateria do refrão e bateria eletrônica no trecho intermediário. Tudo estava ali para ser movido. Niels veio tocar em sete ou oito músicas e só gravamos quatro com eles. Com a Sharon usamos tudo que ela gravou. Nós construímos o disco dessa forma. Mixamos três músicas em Nova York e seis em Barcelona. Todo o disco foi feito de uma forma muito experimental, sem banda, bem diferente da forma como eu vinha trabalhando meus discos nem como fazia discos com o Sonic Youth, em que basicamente capturávamos o som da banda no estúdio. Foi um disco que eu sempre sonhei em fazer, onde você realmente usa o estúdio e manipula os gravadores.”

Outra mudança foi o acréscimo de outro parceiro para escrever as letras. “As letras de seis das nove músicas foram coescritas com um escritor norte-americano chamado Jonathan Lethem, que ele é bem conhecido nos EUA. Ele meio que tem a minha idade, um pouco mais novo, ele é um dos autores mais famosos nos EUA hoje, ele tem muitos livros conhecidos, como Motherless Brooklyn, The Fortress of Solitude… E ele também escreve muito sobre música, tem entrevistas bem importantes com nomes como Dylan, James Brown… Nós já nos conhecíamos e nos últimos discos eu percebia que queria ter mais alguém para colaborar comigo nas letras, queria alguém que me desse uma perspectiva diferente. Então embarquei nesse procedimento experimental com Jonathan, ele mora e dá aula na Califórnia, apesar de ele ser de Nova York. Eu propus para ele que fizéssemos isso em Nova York e ele topou. Falei algumas coisas pra ele, ele voltou pra Califórnia, e ficamos trocando coisas pra lá e pra cá. Foi um processo bem experimental.”

“Muitas canções começavam apenas com uma ideia, em alguns casos eram apenas dois ou três versos”, ele continua. “Então comecei a mandar para ele demos sem letras, só instrumentais, para ele ir escutando as músicas. Eu mandava letras para ele com espaços onde eu precisava de algumas palavras, alguns versos… E o resto da música não tinha nada ou só algumas sílabas sem sentido, só um blablabla cantado em que eu sabia da forma, da métrica, quantas sílabas, mas não tinha as palavras. E Jonathan é o cara das palavras e ele me retornava as letras com todos os espaços completos e eu cortava algumas coisas, reescrevia outras inspirado pelo que ele havia escrito e mandava de volta para ele. E íamos completando isso como um quebra-cabeças. Às vezes eu tinha a letra quase pronta, que precisava de alguns versos e ele me mandava, e às vezes ele me mandava uns versos que não cabiam em nenhuma canção, tipo ‘toma aí’. Em um caso ele me mandou quatro versos que eram inspirados em títulos de Edgar Allan Poe e me disse: ‘eu guardei esse versos na gaveta por vinte anos, eu sei que é algo especial, só não sei para que’ que imediatamente virou o refrão de uma música, deu totalmente o foco para a música. Assim que comecei a tentar cantar, soou perfeitamente.”

O processo de trabalho fluiu bem com o escritor. “Teve outra música que desenvolvemos mais para o fim, que eu gostava muito da música, mas não tinha ideia para letra, só para o refrão, mas o refrão e a estrofe eram muito diferentes e eu não sabia o que fazer com as estrofes. Minha ideia é que essa música tivesse uma cara meio faroeste hippie, nos anos 70, as pessoas de São Francisco começaram a fazer músicas com cara de músicas de velho oeste, como o Quicksilver Messenger Service, Renaldo and Clara e uma música que John Philips fez chamada ‘Me and My Uncle’, que foi gravada por Joni Mitchell e pelo Grateful Dead… Uma música que os hippies podiam tocar e usar chapéu de caubói, como os Eagles faziam, misturando a cultura do faroeste com a cultura fora da lei dos hippies. Eu queria que essa música tivesse essa conexão com o oeste. Era só uma ideia. Bem no começo, Jonathan me mandou umas letras que se chamava ‘Let the Skeleton Breathe’, que tinha essas letras estranhas sobre esqueletos, carne caindo do osso… Eu vi isso e parecia muito estranho, achei que não era pra mim. Não sabia, mas fazia parte de um livro que ele estava escrevendo na época, que acabou de sair, chamado A Gambler’s Anatomy. E no final do processo, estávamos quase terminando o disco e Raul me disse que embora eu tinha gostado daquela música não daria pra usar, porque ela não tinha letra, disse para esquecer e usar no próximo disco. E eu não queria deixá-la para trás, mas eu não queria fazer isso, porque ela acrescentava um som muito especial para o disco, que era muito diferente das outras músicas. Pensei que eu tinha que fazer algo e fui lá pegar aquelas letras estranhas do Jonathan. E elas se encaixaram perfeitamente no lugar, foi impressionante. Elas deram uma cara para a música e é uma das canções mais importantes do disco. A forma de fazer música e a mesma coisa aconteceu com as letras, foi um processo muito novo e experimental.”

Nunca diga nunca
Lee Ranaldo acha que não irá tocar músicas do Sonic Youth em seu show de São Paulo, já que sua carreira solo já conta com três discos. E aí é inevitável perguntar sobre uma possível volta da banda, que ele não descarta, mas não está pensando nisso agora. “Thurston, Kim e eu estamos todos super ocupados e super felizes, eu tenho contato com todos eles o tempo todo, vejo bastante Thurston e Steve, eles ainda moram em Nova York, eu e Thurston fizemos algumas coisas juntos, tocando em alguns shows juntos. Mas não estamos pensando em nada. Trinta anos foram ótimos, acabou. Ainda estamos ativos, ainda temos nosso estúdio, nossos equipamentos e estamos ocupados com relançamentos, material de arquivo e coisas do tipo. Para a gente ainda continua. Não há novos shows nem novas composições, mas o arquivo de trinta anos ainda tem muita coisa que a gente quer mostrar para os outros. Eu, Thurston e Kim estamos tão envolvidos no que estamos fazendo agora… E o Sonic Youth ainda informa o que estamos fazendo, estou fazendo artes visuais, uma nova exposição, foi fazer apresentações em algumas galerias, foi juntar coisas que escrevi para editoras, talvez um livro sobre minhas idas ao Marrocos nos anos 90. Todo mundo pergunta se vamos voltar a tocar juntos e só a Kim disse que nunca mais vamos tocar de novo, mas quem sabe? A minha sensação é que você nunca deve dizer nunca, porque até você morrer, tudo pode acontecer. Mas nenhum de nós está pensando nisso, não cogitamos. Eu não quero que aconteça agora, porque estou fazendo tantas coisas. E sempre que falam isso falam que a gente pode ganhar muito dinheiro e isso é a parte menos interessante dessa história. Nunca fizemos isso por dinheiro, não vamos fazer isso agora. Acho que se voltássemos, minha esperança era voltar com músicas novas, pra ver se ainda havia motivo para tocarmos juntos. Não voltar para tocar ‘Teenage Riot’ e ‘Kool Thing’ de novo. Tantas bandas fizeram isso, não vou mencionar quais, que só tocam as mesmas músicas antigas e isso é bem chato. E veja o Dinosaur Jr, que resolveram todos os problemas pessoais que tinham e estão fazendo discos novos e não têm que se preocupar com isso, são uma banda com uma nova carreira. Se o Sonic Youth voltasse, gostaria que fosse assim.”

E ele sabe da importância do grupo no país. “Nós temos uma relação muito especial com o Brasil, muito também pelo fato do último show ter sido aqui. Sabemos da influência da banda por aqui”, termina, sorrindo.

Lee Ranaldo no Brasil!

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Mais show do Lee Ranaldo no Brasil? Por mim, tinha todo ano! O cientista louco do Sonic Youth mostra sua faceta domesticada em sua nova carreira solo, quando lida com canções mais do que experimentos sônicos, e traz seu recém-lançado Electric Trim em uma pequena turnê que passa por Ribeirão Preto (dia 12 de agosto), Curitiba (dia 13), Rio de Janeiro (dia 14), BH (dia 16 – Lirra n’A Obra, imaginem isso!) e finalmente chega a São Paulo, no dia 17. Mais informações no site da Desmonta, que está trazendo o mestre.

O “cessar fogo” de Thurston Moore

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Thurston Moore deve estar perto de lançar disco novo, pois acaba de lançar single novo (que pode ser baixado gratuitamente aqui) ao mesmo tempo em que anuncia, em seu site, uma turnê pelos Estados Unidos e Europa neste primeiro semestre. O single, “Cease Fire”, é mais uma música de teor político como seu lançamento mais recente “Chelsea’s Kiss”, que ele escreveu em apoio à delatora que vazou as informações sobre atividades ilegais do Pentágono, a ex-militar Chelsea Manning, que ainda encontra-se presa. A nova canção é um libelo a favor do desarmamento mundial e descamba numa ruidosa como as que ele conduzia em sua banda original, o Sonic Youth. “Armas são feitas para matar e nós, como seres humanos não-violentos, somos contra matar quaisquer pessoas ou animais. A música também é sobre o poder do amor, em toda sua liberdade de escolhas. Um poder que nenhuma arma pode extinguir, já que o amor sempre vencerá. Derretam suas armas e beijem seus vizinhos”, escreveu.

Vida Fodona #531: Frio do inverno

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Mesmo com sol…

Paul Simon – “Wristband”
Glue Trip – “Le Edad del Futuro”
Whitney – “Follow”
Beach Boys – “‘Till I Die”
Sebadoh – “Everybody’s Been Burned”
Yo La Tengo – “Our Way to Fall”
Belle & Sebastian – “A Summer Wasting”
Neil Young + Sadies + Garth Hudson – “This Wheel’s on Fire”
The Band – “The Weight”
Bob Dylan – “Tangled Up in Blue”
Arnaldo Baptista – “Será Que Eu Vou Virar Bolor?”
Sonic Youth – “Incinerate”
Cramps – “Human Fly”
Autoramas – “Carinha Triste”
The Fall – ” Victoria”
Ira! – “Farto do Rock’n’Roll”
Doors – “Soul Kitchen”
Blood Orange – “E.V.P.”
Jamie Xx + Romy Madley Croft – “Loud Places (John Talabot’s Loud Synths Reconstruction”
Lana Del Rey – “Blue Jeans (Penguin Prison Remix)”
Tame Impala – “Let it Happen (Soulwax Remix)”
BaianaSystem – “Azul”
Beck – “Jack-Ass”