Imagine, só imagine, que alguém liga pro nosso compadre Lirra e pergunta se ele não quer vir pro Brasil no ano que vem – trazendo outro velho conhecido, o mano Shelley, pra tocar junto. E já que estamos aqui, dá um alô em outro chapa, o galalau Thurston, pra repetir o improv que fizeram sexta passada em Nova York numa escala um pouco maior em São Paulo (e já sopra pro agente dele e pra alguém que tenha editora por aqui pra armar o lançamento suas lembranças de 2023, Sonic Life: A Memoir, no Brasil). Quando? Em maio do ano que vem, quando a irmã Kim estará por aqui. O último show do Sonic Youth foi no Brasil, em 2013. Por que o reencontro dos quatro – nem precisa ser show, só a reconexão – não pode acontecer aqui? Questões pessoais são superáveis, Kim e Thurston não são Waters e Gilmour e ainda compartilham os mesmos valores e visões, algo que não só está em falta hoje em dia como está em xeque… Só imagine… Muitos acham impossível, mas para o impossível acontecer primeiro precisamos imaginá-lo…
Vou deixar em aberto o fato de que a audição online de Walls Have Ears, o disco ao vivo de 1985 que o Sonic Youth lançou nessa sexta-feira de carnaval, que aconteceu nesta quinta, ter reunido Thurston Moore, Lee Ranaldo e Steve Shelley depois de muito tempo, apenas para te lembrar que o disco já está em todas as plataformas e que você deveria tirar um tempinho específico (pode ser depois do carnaval, tudo bem) pra ouvi-lo, porque é um absurdo.
E o Sonic Youth, que acabou faz quase dez anos mas segue lançando discos? Desta vez é o pirata Walls Have Ears que vai ser relançado oficialmente no início do ano que vem. O disco registra a segunda turnê que o grupo fez pelo Reino Unido, quando já era a atração principal (diferente de 1983, quando abriu para Danielle Dax e SPK), e o fim da primeira fase da banda, pouco antes do baterista Bob Bert deixar o grupo para a entrada de Steve Shelley. O disco duplo foi lançado originalmente em 1986 e sua nova versão já está em pré-venda. O grupo antecipa uma das faixas do álbum, a versão encurtada (encurtada mas com oito minutos!) de “Expressway To Yr. Skull”. E quando é que o Sonic Youth volta, hein?
O papa do underground nova-iorquino Lou Reed uniu dois discípulos de diferentes gerações em uma de suas canções mais emblemáticas de sua carreira solo. A jovem Lindsey Jordan (que também atende como o grupo de uma mulher só Snail Mail) e o velho Thurston Moore (um dos pilares do Sonic Youth) se uniram para celebrar o fundador do Velvet Underground numa versão correta e bonita para o clássico “Satellite of Love”, que Reed gravou em seu disco mais memorável, Transformer, de 1972.
Todo fã brasileiro do Sonic Youth sabe (ou pelo menos deveria saber) que a banda encerrou sua carreira no palco de um festival em nosso país, no dia 14 de novembro de 2011 com uma versão de onze minutos para o hino “Teen Age Riot” (eu tava lá e filmei), mas sabe como é americano, né, gosta de querer contar sua própria versão da história e agora o grupo está transformando o pirata conhecido como The Last Show em um produto oficial. Depois de ressuscitar alguns shows clássicos em sua conta no Bandcamp durante a pandemia, o grupo nova-iorquino acaba de anunciar que lançará como um disco duplo o show que fez no dia 12 de agosto daquele ano à beira-mar do parque Domino, em Williamsburg, em sua cidade-natal. Depois deste, o grupo ainda faria cinco (!) shows na América do Sul, todos como um quinteto, com o ex-baixista do Pavement, Mark Ibold, na formação e Kim Gordon tocando guitarra (TRÊS GUITARRA!) e penduraria as chuteiras poucos dias após o show no festival que aconteceu em Paulínia, interior de São Paulo, há mais de dez anos. A vantagem deste show que será lançado como disco oficial no dia 18 de agosto (que já está em pré-venda) é que por não ser um show em festival, o grupo pode fazer um longo setlist, que incluía algumas músicas que não tocavam há muito tempo, como “Brave Men Run (In My Family)”, que não era tocada desde 1985 (ouça abaixo, onde também mostro a capa e listo todas as músicas), incluindo a única versão que o grupo fez para “Psychic Hearts”, faixa do primeiro disco solo de Thurston Moore.
O Marko segue expandindo capas de discos por inteligência artificial e eu dei um toque nele pra fazer alguns clássicos do indie rock.